O Falso Buscador de Deus
Continuando nossa trilha no Evangelho de Marcos, vamos olhar agora para Marcos 10: 17-22. Eu intitulei este evento no ministério de Jesus como “a tragédia de um buscador egoísta”.
Ouvimos muito hoje na igreja evangélica contemporânea sobre buscadores, há até equipes direcionadas para serem amigáveis com os pretensos buscadores. Há uma suposição que o mundo está cheio de buscadores e que a igreja precisa oferecer exatamente o que eles estão procurando, e que isso os levará, de alguma forma, à salvação.
A verdade é que o mundo está cheio de “buscadores”, mas não de “buscadores de Deus”. Romanos 3:11 diz que “não há quem busque a Deus”. O mundo está cheio de buscadores desonestos, que querem uma vida satisfatória neste mundo e, como brinde extra, o céu (um atrativo extra).
Eles querem tudo de acordo com seus próprios termos, são apenas buscadores egoístas. A religião está cheia de buscadores egoístas. Eles ainda dizem que estão buscando a Deus, seu reino e o céu. São pessoas religiosas superficiais, que estão centradas em si mesmas.
E o texto de Marcos 10: 17-22 é um exemplo disso. Esse relato do encontro de Jesus com esse jovem é tão importante que foram também registrados em Mateus 19: 16-30 e Lucas 18: 18-30.
Marcos 10
17 E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
18 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.
19 Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe.
20 Então, ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude.
21 E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me.
22 Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.
O texto relata um encontro real, não é uma parábola. Trata de uma questão absolutamente crítica para entendermos. O interesse superficial na vida eterna deve ser confrontado. Não podemos acomodar buscadores egoístas. Jesus deixou claro que “estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram” (Mateus 7:14).
Aqui aprendemos com Jesus a realidade de como lidar com um buscador egoísta e superficial que, neste caso, é extremamente religioso. E o ponto central desse encontro é que pessoas orgulhosas e egoístas – por mais que digam que desejam a vida eterna – não estão preparadas para recebê-la.
Este jovem falhou no maior teste de sua vida. Foi-lhe oferecida uma escolha entre ele e Deus, entre a realização aqui e agora e a realização na vida por vir. A pergunta era: O que era mais valioso para ele? Deus e a vida futura ou sua própria vontade e a vida presente?
E quaisquer que tenham sido os detalhes desse encontro, havia apenas um detalhe que realmente importava, e Jesus acertou precisamente. Talvez tenha havido mais coisas ditas nesse diálogo, mas tudo o que precisamos saber sobre como confrontar um buscador superficial está aqui.
O ponto principal é que ele queria a vida eterna, mas não o suficiente para desistir de seu orgulho e de suas posses. Essa é a linha de fundo. Ele não questionou o que Jesus disse, não se esquivou e não discutiu, apenas se afastou e foi embora. Mas há coisas muito evidentes aqui que se tornam cristalinas para nós.
O que quer que Jesus estivesse oferecendo custaria a ele seu orgulho e suas posses, e o preço era alto demais, mesmo para a vida eterna. Ele queria a vida eterna apenas como um acréscimo ao que já possuía. Ele amava a si mesmo, não a Deus. Ele amava a terra, não o céu. Ele amava o material, não o espiritual.
Muito do trabalho que fazemos no evangelismo é convencer as pessoas de que existe algo como a vida eterna, embora a maioria das pessoas acredite que exista. É meio que embutido no ser humano. Mas às vezes temos que lhes dizer que existe vida eterna e convencê-los de que existe vida eterna no inferno ou no céu.
Mas não era o caso do jovem rico. Ele sabia sobre a realidade de dois destinos eternos. Pelos padrões evangélicos atuais, Jesus precisava fazer um tipo de boas relações públicas com aquele jovem. Mas não foi isso que Jesus fez. O homem saiu da mesma forma que veio, foi embora vazio e no rumo das trevas.
- Jesus falhou?
- Jesus perdeu uma oportunidade que estava bem na frente dele?
- Ou nossas ideias atuais de evangelismo acusam Jesus?
- Temos uma maneira melhor do que Jesus? Claro que não.
O contexto do incidente
Marcos 10
17 E, pondo-se Jesus a caminho…
Jesus estava no lado leste do Rio Jordão, bem ao sul, nos últimos dias de Seu ministério em Perea. Marcos 10:32 diz que Jesus e os discípulos estavam a caminho de Jerusalém. Eles primeiro chegaram a Jericó e subiram a colina até Jerusalém. Então é o fim do Seu ministério na região chamada Perea.
Quem era aquele jovem homem?
Marcos 10
17 E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Então o que aconteceu? Um homem correu até Ele e se ajoelhou diante Dele. Isso é muito incomum. Sabemos pelo relato em Lucas 18:18 que ele era um dos principais, provavelmente governante de uma sinagoga. E Mateus 19:20 diz que ele era jovem.
Ele não seria um escriba ou fariseu, necessariamente, mas um leigo muito rico, muito jovem, que havia ascendido a ser o líder leigo em uma sinagoga, que geralmente era reservada para um homem mais velho, alguém mais sábio, que viveu mais, normalmente chamado de ancião.
Sabemos que ele era muito rico porque Lucas 18:23 e Mateus 19:22 dizem isso. Ele era um “jovem governante rico”, que possuía muitas propriedades e alcançou status espiritual ao ser nomeado chefe de uma sinagoga. Isso significa que as pessoas tinham grande respeito por ele.
Mas ele não ganhou sua riqueza imoralmente, ele gozava de respeito público. No entanto, existia em seu coração um profundo medo de que ele não possuía o que é realmente importante: a salvação, a vida eterna, a esperança do céu.
Pontos positivos na abordagem que o jovem fez a Jesus
Bem, vamos olhar para ele e ver o que há de louvável nele. Primeiro de tudo, ele veio correndo publicamente em busca de Jesus, a quem a liderança religiosa rejeitou e tentava matar. E mais, ele se ajoelhou publicamente diante de Jesus, de forma humilde. Foi uma cena surpreendente.
Ele reconhece Jesus como um bom mestre, no sentido de virtuoso e bondoso, e não como alguém a ser rejeitado.
Havia nele um grande senso de urgência. Ele diz: “O que devo fazer para herdar a vida eterna?”. Ele está sentindo a dor da dúvida. Em Mateus 19:20 registra que ele perguntou: “O que me falta?”.
Ele quis dizer: “Subi a escada religiosa até o degrau mais alto. O que eu deixei de fora? Há um buraco na minha vida?”. Ele tinha medo de não ter um relacionamento com Deus que poderia ser definido como vida eterna.
Para os judeus a vida eterna era um tipo de vida para sempre, uma vida que pertence a Deus. É como se ele dissesse: “Tenho a vida que pertence ao homem, mas quero a vida que pertence a Deus. Eu quero aquela vida que é a vida de Deus”. Esta era uma busca muito espiritual para ele. Ele estava com temores e precisando de respostas.
Ele veio sabendo o que queria, de forma urgente, humilde e respeitosa. E ele procurou a pessoa certa, pois Jesus é vida eterna (1 João 5:20). Para ele e para os judeus, o conceito de vida eterna era a salvação, o tipo de vida de Deus.
O erro fatal do jovem
Ao olhar para isso, você diz: “Bem, parece que tudo está no lugar certo aqui. Onde está o problema aqui?”.
O problema está onde você menos pensa: na palavra “bom”. É uma palavra que o mundo não entende. Se você perguntar a qualquer pessoa na rua: “Você é uma boa pessoa?”. O que eles vão dizer? “Claro, sou uma boa pessoa”.
O mundo sempre teve uma definição errada de bem. Tudo indica que ele não sabia que Jesus é Deus. Ele o viu apenas como um mestre enviado por Deus, tal como Nicodemos também considerou (João 3:2), portanto, “bom” deveria se aplicar a ele.
Ele se considerava bom, assim como eram bons todos com quem ele se associava, assim como todas as pessoas da sinagoga. Penso que ele estava elogiando Jesus ao usar a palavra “bom”. E esse é o problema. E se você entender que essa palavra é o problema, então você entenderá a resposta de Jesus.
Ele perguntou a Jesus: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Marcos 10:17).
Em João 6:28 houve uma pergunta da multidão para Jesus: “Que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?”. Foi uma forma de perguntar de como podemos fazer parte do reino de Deus. E Jesus respondeu: “A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou” (João 6:29).
Em atos 16:30, o carcereiro perguntou a Paulo e Silas: “Senhores, que me é necessário fazer para me salvar?”. Eles responderam: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (Atos 16:31).
É essa resposta que damos a todos que perguntam pela salvação. Mas essa não foi a reposta de Jesus. Havia algo a ser confrontado: arrependimento. A questão aqui é o pecado. E Jesus deixou isso claro em uma declaração profunda:
Marcos 10
18 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.
Jesus desafiou o jovem a ponderar sobre as implicações de atribuir a ele o título “bom”. Uma vez que somente Deus é intrinsicamente bom, estaria ele preparado para reconhecer a divindade de Jesus? Por meio dessa indagação Jesus não negou sua divindade, pelo contrário, ele a afirmou.
“Ninguém é bom, senão um, que é Deus”. Isso muda sua definição de bom? Sim. De forma absoluta. Não é que existem uns melhores que os outros, mas há somente um bom. Foi um golpe esmagador para um legalista.
Jesus desafiou o senso de bondade daquele jovem. Não há como uma pessoa vir a Deus se não reconhecer seu estado de miséria espiritual. O novo nascido reconhece que o melhor de sua justiça vale tanto quanto o lixo para Deus (Isaías 64:6). O pecador só pode vir a Jesus em profunda humildade e lamentando seus pecados (Mateus 5:3-4).
Aquele jovem não tinha nenhuma ideia verdadeira de bondade, ele não tinha um entendimento real da lei de Deus, a qual ele estudou meticulosamente. Se tivesse entendimento, jamais ele sairia por aí chamando alguém de “bom”.
Como líder religioso judeu, ele deveria conhecer alguns Salmos:
Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um (Salmos 14:3)
Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há algum que tenha entendimento, que busque a Deus. Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um. (Salmos 53:2-3)
O Antigo Testamento dá o testemunho de que ninguém é bom. É uma realidade absoluta. O que isso significa?
Porque eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo (Levítico 11:44)
E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus (Levítico 20:26)
Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal (Habacuque 1:3)
É justiça perfeita, santidade perfeita, bondade absoluta. A lei é dada para revelar isso. Quão pervertido o judaísmo apóstata se tornou quando eles tomaram a lei como um meio de estabelecer sua própria bondade, quando o propósito da lei era revelar a bondade de Deus à qual eles nunca poderiam alcançar. Você entende a diferença?
O testemunho do apóstolo Paulo
O testemunho de Paulo seria muito parecido com esse jovem, mas após sua conversão, tudo mudou. Vejo muitos paralelos. O apóstolo Paulo estava indo muito bem no seu legalismo. Ele relatou:
Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. (Filipenses 3:5,6)
Ele declarou: “Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Romanos 7:7). Quando ele começou a realmente entender a lei de Deus, ele viu o quão pecador ele era. Qual é a lei de Deus? A lei de Deus, que define para nós pecado e santidade, é simplesmente uma revelação da natureza de Deus. Ele continuou:
Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte… (Romanos 7:13).
A verdadeira bondade é a natureza de Deus, e a verdadeira bondade da natureza de Deus é revelada na lei de Deus. E quando você se compara à lei de Deus, você percebe o quanto é pecador.
Você diz: “Qual é o propósito disso?”
Para que você seja esmagado e quebrado. Assim “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gálatas 3:24). O propósito da lei é mostrar como Deus é perfeitamente bom e como o homem é totalmente mau.
Bem, o jovem rico perdeu totalmente isso. Totalmente. Ele tinha uma visão superficial da lei, como todos os legalistas, todos os falsos religiosos. Sua resposta é consistente com a natureza do homem caído, que pensa que é bom.
E aquele jovem religioso e legalista tinha a certeza de que ele era bom. Ele atendia às exigências da lei. E ele pensava que Jesus também era bom porque era um mestre enviado por Deus.
Esse é o maior engano e ilusão que o ser humano pode acreditar: Pensar que é bom. Não há qualquer esperança para todos que pensam assim, eles estão totalmente separados e distantes de Deus.
A pergunta do jovem e sua afirmação absurda
Então o jovem perguntou: “que farei para herdar a vida eterna? (Marcos 10:17). Jesus fez um teste com aquele jovem e respondeu:
Marcos 10
19 Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe.
Esta é a segunda metade dos Dez Mandamentos. A primeira metade trata da relação com Deus e a segunda das relações entre as pessoas.
E qual foi a resposta dele?
Marcos 10
20 Então, ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude.
Que resposta lamentável! Ele estava vivendo em uma ilusão, ele não entendia a profundidade da lei. Por isso no sermão da montanha Jesus teve que dizer várias vezes: “Ouviram o que foi dito? Eu, porém, vos digo…” (Mateus 5: 20 a 48). Jesus estava ensinando a profundidade da lei para aqueles que só a entendiam superficialmente.
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento.Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. (Mateus 5:21,22)
Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. (Mateus 5:27-29)
O judaísmo apóstata não conhecia a profundidade da lei. Se aquele jovem tivesse entendido, jamais chegaria diante de Jesus proclamando ser um fiel e irretocável guardador da lei.
Ele não só violava a segunda metade dos dez mandamentos, como também violava a primeira, que trata do relacionamento do homem com Deus, com destaque para a idolatria. Veja o que Jesus lhe questionou:
Marcos 10
21 E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me.
Ele era um blasfemador. Jesus tratou com ele sobre a parte dos dez mandamentos que diz: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3).
E Deus exigia exclusividade: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Deuteronômio 6:5). E se alguém não agir assim, é porque possui ídolos. E foi isso que Jesus identificou e confrontou aquele jovem.
E a reação dele foi lamentável:
Marcos 10
22 Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.
Quão longe de ser bom ele estava. Seu coração estava totalmente voltado para si mesmo e para seus bens. Cada vez que ele se exibia em uma sinagoga, estava na verdade pronunciando o nome de Deus em vão e sendo um hipócrita.
Marcos 10:21 diz que Jesus sentiu amor por ele, talvez lágrimas tenham corrido por seu rosto como as lágrimas que Ele derramou quando lamentou a incredulidade de Jerusalém.
Ele ficou triste e se compadeceu daquele jovem, porque ele era um blasfemador, mas não sabia disso. Era um violador da lei, mas se considerava um exemplo no cumprimento da lei. Era um homem mau, precisando se humilhar e se arrepender, mas considerava-se bom.
Aí vem a exposição: “Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me”.
Ele recuou, ficou triste e foi embora, pois era dono de muitas propriedades. O deus dele era o dinheiro, por isso ele era um blasfemador, ele tinha outro deus, um ídolo. Ele não amava a Deus de todo o coração, alma e mente.
Foi a única coisa que Jesus lhe pediu para fazer: Livre-se do seu ídolo e abrace o verdadeiro Deus! Mas ele seguiu adiante em sua idolatria e blasfêmia.
Lições que aprendemos com este incidente
Ninguém pode chegar ao evangelho, que é a boa notícia, até que aceite a má notícia, a condenação da lei. Ou seja, ninguém se torna uma nova criatura antes que reconheça seu estado de miséria espiritual.
E é assim com todas as pessoas que recusam o evangelho, que nunca chegam ao evangelho. Se a lei não levar a pessoa a Cristo, ela o levará ao inferno em seu próprio orgulho espiritual.
Aquele jovem era um blasfemador que tinha outro deus, ele precisava livrar-se do falso deus e amar o Senhor de todo o coração, alma e mente.
Muitos tentam se aproximar de Cristo, mas estão amarrados em sua própria auto adoração, no seu próprio orgulho, na sua própria realização, sem vontade de reconhecer a profundidade e o poder condenatório do pecado. Ignoram a condenação da lei, em vez de permitir que a lei seja o tutor que os conduza a Cristo, deixando que ela os conduza ao inferno. A justiça que o homem pensa ter, só pode ser alcançada como um presente por meio do sacrifício de Cristo.
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. (2 Coríntios 5:21).
E quem escreveu este isso foi Paulo, um homem que tinha alto conceito no sistema legalista. Ele declarou:
Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. (Filipenses 3:7-9)
Você não pode entrar na vida eterna a menos que seja tão bom quanto Deus, e a única maneira de ser bom como Deus é ter a bondade de Cristo creditada a você, de forma imerecida e graciosa. Esse é o evangelho. Cristo leva o seu castigo, paga pelo seu pecado e dá a você a Sua bondade perfeita.
Cuidado com o buscador egoísta, iludido sobre sua própria bondade. Pare o buscador egoísta em seu caminho com a lei, o julgamento e uma definição bíblica do que realmente significa ser bom.
Vamos orar.
Senhor, esta é a tua Palavra para nós, e como ela é convincente. Como é instrutiva. Somos tão enriquecidos. Acabamos de ser literalmente envolvidos em riqueza espiritual hoje, doce comunhão com aqueles que estão sentados ao nosso redor, a bênção desta maravilhosa família da igreja e os louvores que entoamos a Ti. Agora fomos banhados novamente na verdade das Escrituras, esse tesouro incalculável e inigualável.
Nós te agradecemos, Senhor. Agradecemos por Tua verdade. Agradecemos porque houve um dia em que a lei nos matou e o evangelho nos deu vida. Que morremos e ressuscitamos em Cristo. Agradecemos por essa retidão, por essa bondade, por essa perfeição que é nossa, não porque a conquistamos ou a merecemos, mas porque é dada como um presente para nos cobrir por meio da fé Nele.
Sim, o evangelho é crer no Senhor Jesus Cristo, mas crer Nele fora de nossa pecaminosidade e miséria com um coração penitente, recebendo uma justiça que não é nossa, mas a que vem de Deus.
Senhor, ajude-nos a entender que enquanto o evangelho é o fim, a lei é o começo. Podemos entender como eles andam juntos de maneira tão importante, para levar o pecador à resposta certa, como eu herdo a vida eterna?
Que o Espírito Santo convença, a cada um aqui que não te conhece, do pecado, da justiça e do julgamento, e que a gloriosa luz do evangelho irrompa no coração morto do pecador para dar luz e vida. E nós oramos, Senhor, que faças a tua obra nos corações. Pedimos em nome de Cristo. Um homem.
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos
Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série
Este texto é uma síntese do sermão “The Blasphemy of the Rich Young Ruler ”, de John MacArthur em 05/12/2010
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/41-51/the-blasphemy-of-the-rich-young-ruler
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno