O Cristo Crucificado
A pregação do evangelho é humanamente impossível. Crer em um Deus que se fez homem, foi rejeitado, humilhado, morreu pendurado numa cruz e ressuscitou, é uma estupidez para o homem natural. A fé em Cristo vem da gloriosa obra do Espírito Santo.
Prosseguindo no evangelho de Marcos, vamos agora olhar para Marcos 15:22-32, onde temos a crucificação de Jesus Cristo.
Como aprendemos em nosso estudo de porções anteriores das Escrituras, uma farsa impressionante, inigualável e blasfema foi perpetrada contra Jesus Cristo, que foi visto pelo povo como uma piada, um pretendente ridículo a ser o rei, o rei de Deus, o Messias de Deus, o Filho de Deus, o Escolhido.
A Bíblia não foca nos aspectos físicos do sofrimento de Jesus, nos detalhes da sua flagelação e nem de sua crucificação. Não há frases descritivas e não há discussão sobre o que foi a crucificação.
Mas o que é cuidadosamente descrito é a zombaria blasfema contra ele na farsa de seu julgamento no Sinédrio, no desprezo público diante de Pilatos e na crucificação. Ele foi tratado com desprezo, zombaria e cruel desdém, tal como vimos no sermão anterior.
Pilatos foi culpado por sua covardia e atos injustos. Os soldados romanos, que prosseguiram com o escárnio e a zombaria, carregarão eternamente o peso de seus próprios erros.
Mas a nação foi a maior culpada. Diante de Pilatos, a multidão bradou: “Fora! Fora! Crucifica-o! Não temos rei, senão César!” (Jo 19:15). Eles pronunciaram a sentença final contra Jesus. E sobre a liderança religiosa de Israel, Jesus disse a Pilatos: “quem me entregou a ti maior pecado tem” (Jo 19:11).
Uma corte religiosa, composta pelo sumo sacerdote, escribas, especialistas religiosos, anciãos, os mais sábios dos sábios e os principais sacerdotes, os mesmos que deveriam intervir entre os homens e Deus, foram aqueles que lideraram a rejeição da nação contra o Filho de Deus.
Eles rejeitaram a própria Escritura Sagrada que diziam defender e conhecer. Eram apóstatas que deliberadamente proferiram blasfêmias contra o Deus encarnado. Zombando do Filho de Deus eles zombavam do próprio Deus.
Muitos questonam: “Mas, tal blasfêmia não deveria ter sido imediatamente respondida por Deus? Eles não deveriam ter sido imediatamente aniquilados e catapultados para o inferno? Não deveria cair fogo do céu e queimá-los? O chão não deveria se abrir e engoli-los inteiros no inferno? A penalidade da blasfêmia na era a morte (Lv 24:16)? Por que Deus não está fez nada?”
Se Moisés estivesse lá, talvez tivesse dito: “O Senhor disse que a montanha era tão sagrada que se alguém tocasse nela, morreria (Ex 19). Mas cuspir no rosto do seu Filho não traz tal julgamento? O que está acontecendo aqui? Como isso pode ser assim?”
Os blasfemadores blasfemavam contra o Filho de Deus, no entanto, eles o acusavam de proferir blasfêmias. Terrível! Deus tinha todo o direito sagrado de matá-los, de julgá-los imediatamente naquele momento.
O relato de Marcos sobre a crucificação de Jesus
Marcos 15
22 E levaram Jesus para o Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
23 Deram-lhe a beber vinho com mirra; ele, porém, não tomou.
“Gólgota” pode ter sido uma colina em forma de crânio ou pode ter recebido esse nome por ser um lugar onde eram realizadas crucificações, no qual se acumulavam caveiras. Nenhum dos Evangelhos menciona que existia ali uma colina. Em Lucas 23:33 encontra-se o termo “Calvário”, do latim cavaria, “caveira”.
Não sabemos onde fica realmente aquele lugar. Mas isso não importa, era um local histórico conhecido pelas pessoas, o que reforça a realidade deste evento. Foi ali que Jesus foi pregado numa cruz para uma morte lenta, dolorosa e humilhante.
Com o objetivo de suavizar temporariamente a dor, os romanos permitiam que vinho com mirra fosse administrado às vítimas de crucificação, provavelmente não por compaixão, mas para evitar que se debatessem durante a crucificação.
Os judeus tinham o costume, baseado em Provérbios 31:6, de administrar uma medicação analgésica misturada com vinho às vítimas de crucificação, com o objetivo de amortecer a dor. Ao sentir o gosto, Jesus “não tomou”.
Por que ele não tomou? A fim de que seus sentidos não ficassem entorpecidos antes de completar a sua obra. Ele beberia o cálice da ira do Pai em plena consciência. Ele precisava de suas plenas capacidades mentais para as horas que estavam por vir, para, por exemplo, ministrar ao ladrão arrependido à beira da morte (Lc 23:43).
Marcos 15
24 Então, o crucificaram e repartiram entre si as vestes dele, lançando-lhes sorte, para ver o que levaria cada um.
Nenhum dos relatos dos Evangelhos faz uma descrição do processo real de crucificação. Marcos resume tudo dizendo: “E então o crucificaram”. Sem adjetivos e sem descrições. A crucificação foi descrita pelo escritor romano Cícero como “a mais cruel e hedionda de todas as punições”.
A crucificação romana conduzia, de forma proposital, a uma morte lenta. Os romanos haviam aperfeiçoado a arte da tortura lenta, mantendo a vítima viva por mais tempo.
Algumas vítimas eram comidas vivas pelas aves de rapina ou por animais selvagens. Alguns ficavam pendurados na cruz por dias antes de morrer por exaustão, desidratação, febre traumática ou, muito provavelmente, asfixia.
Outra coisa que acontecia na crucificação era repartir as vestes da vítima e lançar sortes para decidir o que cada um deveria levar. Marcos apenas nos dá uma referência geral a isso. O evangelho de João descreve isso com mais informações:
Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será. Para que se cumprisse a Escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, E sobre a minha vestidura lançaram sortes. Os soldados, pois, fizeram estas coisas. (Jo 19:23-24).
A profecia cumprida que João se refere está em Salmos 22:18, que diz: “Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa”. Os soldados que crucificaram Jesus pegaram suas vestes e a dividiram em quatro partes. Depois pegaram sua túnica e lançaram sortes. Os soldados não sabiam, mas estavam cumprindo a profecia.
A soberania de Deus na crucificação de Jesus
Marcos 15
25 Era a hora terceira quando o crucificaram.
Na noite do dia anterior (quinta-feira) Jesus e os discípulos celebraram a Páscoa no cenáculo, cantaram um hino e saíram (Mc 14:12-26). E eles foram para o Jardim do Getsêmani, no Monte das Oliveiras, e Jesus orava enquanto os discípulos dormiam (Mc 14:32-43).
Judas apareceu com uma enorme comitiva e Jesus foi preso nas primeiras horas daquela sexta-feira (Mc 14:43-50). Na madrugada e início da manhã de sexta, Jesus sofreu o julgamento religioso e o julgamento perante Pilatos.
O julgamento religioso foi feito sem qualquer acusação, mas finalmente eles resolveram condená-lo à morte por blasfêmia, porque ele se declarou Filho de Deus (Mc 14:53-65).
Mas os romanos não consideravam isso como crime e o direito de execução era exclusivo de Roma. Então perante Pilatos eles levantaram diversas calúnias (Jo 18:29-32; Lc 23:1-2 etc.), mas sem sucesso.
E finalmente, os líderes religiosos confessaram o verdadeiro motivo de ódio deles contra Jesus: “Temos uma lei, e, de conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus” (Jo 19:7).
Mas como tal declaração não se constituía crime, Pilatos reconheceu a inocência de Jesus. Mas, a multidão bradava “crucifica-o”. E Pilatos, mesmo sabendo que estava condenando à morte um inocente, de forma covarde, o entregou para ser crucificado (Mt 27:23-26).
Tudo isso aconteceu entre a madrugada de sexta e antes das 9 horas da manhã. E às 9 horas (hora terceira) Jesus foi crucificado. Por que os líderes judeus tiveram tanta pressa? Eles temiam a reação do povo (Lc 22:2).
Mas, na verdade, Deus é quem estava realmente no comando de tudo. Estava no plano de Deus que Jesus deveria morrer às 3:00 da tarde, no exato momento em que os cordeiros da Páscoa eram sacrificados. Jesus era o Cordeiro de Deus, o único Cordeiro verdadeiro (Jo 1:29).
Um Messias crucificado era algo inaceitável para os judeus. Para eles era uma prova de que Jesus seria apenas uma farsa. Ainda é assim hoje. E também é uma loucura para os gentios. É por isso que Paulo diz:
Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus (1Co 1:22-24).
Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado (1Co 2:1-2).
Foi isso que tornou a pregação do evangelho tão difícil, tão humanamente impossível. A explicação para o impacto do evangelho no estabelecimento de igreja não é que porque ele é uma mensagem atraente. A igreja verdadeira sempre pregou que um judeu crucificado é Deus, o Messias, o único Salvador e Senhor.
Ser servo de um Deus que se fez homem, foi rejeitado e humilhado, morreu pendurado numa cruz e ressuscitou, é o cúmulo da estupidez para o homem natural. A única explicação para o arrependimento e a fé em Cristo sempre foi e sempre será a gloriosa e poderosa obra do Espírito Santo nos eleitos.
Muitos antes de existir a morte por crucificação, Davi descreveu a crucificação de Jesus cerca de 1.000 antes de acontecer:
Contra mim abrem a boca, como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte. Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim. Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes (Sl 22:13-19).
Cerca de 700 anos da crucificação de Jesus, Isaías profetizou: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele…” (Is 53:5). Zacarias profetizou: “Eles olharão para Aquele a quem traspassaram e prantearão” (Zc 12:5).
João, sob inspiração divina, escreveu: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” (Ap 1:7).
Ele carregará as feridas de Sua perfuração, mesmo em seu retorno. Incrível que o Antigo Testamento conhecesse os detalhes e os expusesse. Você vê na crucificação de Jesus: a apostasia do homem, a ira de Deus e a veracidade da Sagrada Escritura.
O placa da zombaria na cruz
Marcos 15
26 E, por cima, estava, em epígrafe, a sua acusação: O Rei dos Judeus.
Esse cartaz foi escrito pelos romanos. João diz que os principais sacerdotes protestaram, mas Pilatos manteve o escrito (Jo 19:21-22). Eles queriam que Pilatos alterasse a placa para indicar que ele se dizia rei dos judeus, e não que ele era o rei dos judeus.
Quando alguém estava sendo levado para ser crucificado, era obrigado a desfilar pelas ruas a fim de que muitas pessoas pudessem vê-lo. Na frente do condenado um homem carregava um cartaz em que estava escrito o crime pelo qual o indivíduo foi condenado.
Mas não havia nenhum crime a ser exposto no caso de Jesus, porque ele era inocente. No último ato do julgamento romano, Pilatos disse: “Estou inocente do sangue deste justo” (Mateus 27:24).
Então, já que não havia crime para colocar lá, Pilatos viu isso como uma oportunidade de se vingar dos líderes religiosos por causa das constantes chantagens que sofria deles.
E no caso do julgamento de Jesus, eles ameaçaram denunciar Pilatos a Cesar se Jesus fosse solto (Jo 19:12). Para que Jesus fosse condenado, eles declararam que César era o rei deles (Jo 19:15), mas Pilatos sabia da falsidade de tal declaração.
Pilatos então aproveitou para escarnecer deles, dizendo que o rei dos judeus era um condenado, que foi espancado, ferido, desfigurado e pendurado numa cruz para uma morte terrível e humilhante.
Era como se dissesse: “Se esse é o rei desse povo, o que será os demais?” Foi um esforço de Pilatos para humilhar e zombar dos líderes religiosos de Israel.
A zombaria do povo ao Cristo crucificado
Marcos 15
27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda.
28 [E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado.]
29 Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas!
30 Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!
Talvez querendo incitá-los ainda mais, Pilatos quis o “Rei dos Judeus” crucificado como um criminoso comum ao lado de dois ladrões condenados à morte. A palavra grega indica que eram dois bandidos ferozes, provavelmente envolvidos na rebelião assassina liderada por Barrabás (Lc 23:19).
A declaração no versículo 28 que diz: “E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado”, não está nos manuscritos mais antigos, por isso provavelmente não fazia parte do evangelho original de Marcos. Traduções modernas a coloca entre colchetes. No entanto, é verdade que isso foi profetizado em Isaías 53:12.
A crucificação foi concebida para humilhar e rebaixar suas vítimas, o envio de uma mensagem clara sobre as consequência de ser inimigo de Roma. Era uma lugar de dor agonizante, de vergonha e de desgraça ao ser executado publicamente de uma forma tão degradante.
Os judeus consideravam alguém pendurado em uma árvore ou uma cruz uma pessoa amaldiçoada por Deus (Dt 21:23; Is 53:4,10; Gl 3:10-13). Por isso Paulo escreveu: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3:13).
Aqueles no meio da multidão que gritavam horas antes pela morte de Jesus (Mc 15: 13-14) se juntaram aos líderes religiosos meneando a cabeça e blasfemando contra ele, num gesto de ódio e desprezo.
Eles repetiam uma das falsas acusações contra Jesus: “Ah! Tu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas!” (Mc 15:29; cf. 14:58).
E ainda diziam: “Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!” (Mc 15:30). Mateus 27:42 registrou: “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se.” Palavras carregadas de deboche.
A zombaria dos líderes religiosos ao Cristo crucificado
Marcos 15
31 De igual modo, os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo, entre si diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se;
32 desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos. Também os que com ele foram crucificados o insultavam.
Antes de sua ida final para Jerusalém, Jesus havia dito aos discípulos que: “era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse”.
Na sua última semana em Jerusalém, Jesus disse aos discípulos: “Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26:2).
E na sequência Mateus relata: “os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado Caifás; e deliberaram prender Jesus, à traição, e matá-lo” (Mt 26:3-4).
A liderança religiosa de Israel efetivou sua conspiração e o levou à cruz. Mas não pararam por aí. Na cruz eles destilaram todo seu ódio e desprezo por Jesus. E aquela zombaria na cruz foi descrita por Davi com aplicações messiânicas:
Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no Senhor! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer (Sl 22:7-8).
Jesus declarou sua divindade e que Deus era seu Pai, fazendo-se igual a Deus (Jo 5:18; 8:58; 14:9). Então eles disseram: “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se, desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos” (Mc 15:31-32).
Foi uma provocação desdenhosa, uma negação sarcástica de sua divindade e poder. Eles sabiam sobre seus milagres, o que eles não podiam negar (Jo 11:47). No entanto, apesar das obras surpreendentes de Jesus, eles deliberadamente se recusaram a crer nele (Jo 5:36; 10:38), pois eles amavam seus pecados e suas posições (Mt 23).
Aqueles zombadores pensavam estar insultando Jesus, mas não sabiam que estavam declarando uma verdade profunda do evangelho: o Senhor Jesus, de forma submissa, recusou resgatar a si mesmo da cruz, e por isso Ele é capaz de salvar os outros do pecado e da morte (Mc 10:45; Rm 5:19; Fp 2:5-8; Hb 2: 9-10; 5: 7-8).
Durante seu ministério, Jesus declarou:
[Jesus] dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres (Mc 14:36)
Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu? (Jo 18:11)
Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder? (Mt 26:53-54)
Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto (Jo 12:23-24)
Eles perseguiram e blasfemaram contra Jesus em todo seu ministério e até no momento de sua crucificação. E continuaram no mesmo comportamento após sua ressurreição e contra seus discípulos após o estabelecimento da igreja. Quando ele se revelou a Saulo, um perseguidor da igreja e blasfemador, disse: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9:4).
A misericórdia de Cristo ao pecador arrependido na cruz
Marcos apenas relata que Jesus foi crucificado ao lado de dois ladrões, um a sua direita e outro a sua esquerda (Mc 15:27). Mas, por incrível que pareça, de acordo com Mateus, eles passaram a insultar a Jesus com as mesmas palavras de desprezo e blasfêmia da multidão e da liderança religiosa (Mt 27:44).
Deus poderia ter destruído todos os blasfemadores daquele local e resgatar o Seu Filho na cruz. Apenas um anjo matou 185.000 homens do exército dos assírios (2Rs 19:35; Is 37:36). E na sua prisão, Jesus disse a Pedro: “pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26:53-54).
Mas, em vez de devastar todos aqueles blasfemadores, “todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado” (Is 53:10). Naquela cruz ele resgatou da morte eterna muitos blasfemadores, tal como o apóstolo Paulo (1Tm 1:12-14).
E, naquele momento de terrível humilhação e sofrimento, quando seria humanamente impossível alguém reconhecer que Jesus era o Messias, o Rei, o Filho de Deus e o Redentor prometido, Lucas relata a tremenda misericórdia, graça e amor de Deus para com um daqueles ladrões blasfemadores.
Um deles ficou irredutível e continuou blasfemando, dizendo: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também” (Lc 23:39).
Mas ao outro foi revelado divinamente quem era Jesus. Ele, arrependido, refutou o outro ladrão: “Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez” (Lc 23:40-41).
E então ele se volta a Jesus e clama: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (Lc 23:42).
Em atitude de arrependimento, ele reconheceu que era um pecador digno do inferno; reconheceu a santidade e autoridade de Jesus; creu em Jesus como o Rei, Redentor e Senhor; e clamou por salvação. Jesus, de forma graciosa, lhe respondeu: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43).
Após o Pentecostes, Lucas relata: “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (Lc At 6:7). Possivelmente alguns sacerdotes que blasfemaram se converteram a Cristo.
O apóstolo Paulo, que era um fariseu antes de sua conversão, assolava a igreja com terríveis perseguições (At 8:3; 9:1), opondo-se ao Senhor Jesus. No entanto, pela sua graça, Deus transformou esse blasfemo assassino em um missionário corajoso. Como Paulo explicou a Timóteo:
Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (1Tm 1:12-13,15).
A salvação de blasfemadores e pecadores só é possível porque “[Jesus] carregando-o em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1 Pedro 2:24).
De acordo com o Seu propósito eterno de redenção: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Cor. 5:21). Por causa do Seu sacrifício substitutivo, todos os que colocarem sua fé nele serão salvos da ira divina e receberão a vida eterna (Jo 20:31; Rm. 10: 9-10; At 16:31). Vamo orar.
Pai, nós te agradecemos pelo poder desta porção da Tua Palavra. Que privilégio. Que bênção. Eu apenas oro para que cada mais almas conheçam o perdão completo fornecido em Cristo. Amém.
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.
Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.
Este texto é uma sistese de três fontes:
1) Sermão “Divine Mercy for the Blasphemers”, de John MacArthur, em 22/5/2011;
2) Notas da Bíblia de Estudos MacArthur;
3) Livro “The MacArthur New Testament Commentary, Mark, Vol. 6″.
O sermão “Divine Mercy for the Blasphemers” pode ser ouvido integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/41-81/divine-mercy-for-the-blasphemers 22 5 2011
A Bíblia de Estudos MacAthur e a coleção “The MacArthur New Testament Commentary”, de John MacArthur, podem ser adquiridas em portais diversos, inclusive no formato “kindle”.
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.