O Cristão e a Morte

O cristão desfruta da alegria e segurança da certeza de sua salvação. Ele se regozija no conhecimento de Deus como seu pai e da sua relação com Ele através do Nosso Senhor Jesus Cristo. Diante  de toda grandiosidade dessa dádiva celestial, a Palavra nos exorta ao desenvolvimento de uma vida frutífera. 

II Pedro 1
5 Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
6 Com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;
7 Com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
8 Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem ociosos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.

O problema de muitos é a ociosidade. São muito ativos para tantas coisas, mas indiferentes em relação ao mais importante.

Deus não está interessado em atividade por amor à atividade. Não está interessado em esforços mecânicos. Na igreja atual multiplicam-se atividades produzindo pessoas tremendamente ativas. Mas não é dessa atividade que as Escrituras falam.

O apóstolo Pedro não exorta a buscar fazer coisas, mas anima a lutar para que cada qual se torne semelhante a Cristo. Por isso ele exorta a buscar com diligência as virtudes e graças de Cristo. Se houver abundância nisso, não haverá ociosos e infrutíferos. Um homem santo se tornará necessariamente produtivo. Essa é a diferença entre o método bíblico e o ativismo carnal

A atividade do santo é determinada pelo Espírito Santo, e não por excitamento carnal, não pela pressão do nervosismo, não pelo prazer de estar ocupado e ser alguém ativo. O produzir do santo é resultado de sua natureza semelhante à de Cristo, que ia por toda a parte espargindo a glória de Deus.

Por outro lado, o mero ativismo mecânico é frustrante. E a igreja moderna multiplicou os meios de agitar as pessoas, conduzindo-as a um complexo ativismo infrutífero.

Mas se a igreja se concentrar em desenvolver o genuíno caráter cristão, a atmosfera celestial, fruto de uma congregação de pessoas cheias do Espírito Santo, compassivas, graciosas e santas, exercerá impactante influência sobre o mundo.

Daí quando outros vierem a ter conosco com aflição e angústia na alma, estaremos habilitados a dar a razão da esperança que há em nós, estaremos habilitados a guiá-las a Cristo e confortar seus corações com o evangelho. Mas, o ativista carnal não tem o que passar adiante.

Esse processo segue validando a vida do cristão ao longo dos anos. E o que vai finalmente testar o valor da nossa fé professa é a maneira pela qual encaramos a velhice e a morte.

Por vezes é decepcionante ver a tragédia espiritual de certos idosos que professam a fé cristã. Aquele que gastou sua vida dependendo de seu próprio ativismo carnal, à medida que as forças naturais vão diminuindo, passa a demonstrar a fragilidade existente no seu interior. Um cristão pode viver da sua pregação em vez de viver de Cristo. E esse engano vai se revelar à medida que o tempo passa.

Por outro lado, à medida que o tempo passa, um homem que viveu em total dependência de sua comunhão com Deus e toda sua atividade foi movida pelo Espírito Santo, exibe uma fragrância suave e preciosa.

Um idoso que andou por muito tempo no caminho da justiça é um tesouro de sabedoria, de experiências e de compreensão. É um cristão triunfante que lutou batalhas e foi vitorioso, que experimentou tudo o que os jovens estão esperando para experimentar. É um grande tesouro para a igreja. 

II Pedro 1
11 Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
12 Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas

Como vamos morrer? Pedro diz: Vocês morrerão gloriosa e triunfalmente. Um cristão verdadeiro sabe que a morte é a entrada para uma vida gloriosa. Por outro lado, a morte é uma expectativa sombria para o homem desprovido da esperança eterna.

Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo (Isaías 43:1,2)

O cristão encara a morte com sobriedade porque a cada dia procura conhecer Cristo mais de perto. E quando sabe que a morte está próxima, ele não se sente solitário e temeroso, ele sabe que Cristo nunca o deixará e nunca o desamparará.

2 Coríntios 4
16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.
17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,
18 não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.

O cristão tem conhecimento da terra para onde vai. Ele vive na expectativa das coisas invisíveis e eternas e pensa nas coisas de cima e não nas temporais.

Colossenses 3
1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.

O cristão encara a morte como uma partida para estar com Cristo, algo muito mais excelente que estar em qualquer outro lugar. Ele diz, como o apóstolo: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp. 1:21).

Mas, a cada momento de sua vida, seu pensamento é somente este: “Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Fp. 1:20). Essa é a vida de um cristão conduzido pelo Espírito Santo e não pelo ativismo vazio.

João 10
27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.
28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.

O medo da morte é algo estranho ao cristão, ele sabe com exatidão e certeza seu destino eterno e glorioso, não há dúvidas e objeções em sua mente. Ele sabe das promessas e garantias eternas que temos em Cristo e que “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Fp. 1:6).

Há uma alegria imensa em atendermos o chamado do apóstolo Pedro para sermos diligentes em buscar o genuíno caráter produzido por Cristo em nós, para não sermos ociosos e nem ativistas carnais. Assim evitaremos os pesares de lamentações por uma vida cheia de falhas e erros, as sensações de tempo desperdiçado e a frustração de dizer: “Ah! Se o tempo voltasse atrás, eu seria melhor”.

O cristão sob o domínio do Espírito Santo não acumulará amargas lamentações, ele está certo e seguro da ampla e abundante entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não é salvo apenas “como que pelo fogo” (I Cor. 3:15).

Aplique toda sua diligência em abastecer sua fé com a virtude, o conhecimento, a temperança, a paciência, a piedade, a bondade fraternal e o amor – ou a ministrar essas graças para sua fé. Esse é caminho da abundante entrada no Reino Eterno.


Martyn Lloyd Jones
Sintetizado do texto “Vida e Morte”, parte do Livro “2 Pedro, sermões expositivos”, Editoria PES.


Leia também: As Certezas Cristãs


 

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1 Response

  1. Virginia disse:

    Já me vi neste ativismo carnal, foi muito frustrante. Tive que parar tudo e voltar as principais disciplinas espirituais: Palavra, meditação, oração, administração do tempo. Só pela graça estou sendo mais seletiva para buscar a melhor parte e preciso estar continuamente atenta.

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