O Caráter do Servo do Senhor
1. SER BOM OUVINTE (TG. 1:19)
Ter habilidade de ouvir os outros
- Entender plenamente o que a pessoa diz. Não é fácil ouvir. Nada julgue antes. Isto não implica um tempo sem limite, mas o tempo suficiente para que falem.
- Ouvir e entender o que os outros não dizem. Temos de discernir do Senhor o que elas evitaram dizer.
- Devemos estar aptos para detectar o que os outros dizem no espírito.
Ter habilidade de ouvir e entender
- Não devemos ser subjetivos.
- Nossa mente não deve vagar. Muitos só têm espaço para os pensamentos próprios, jamais podem entender o que os outros pensam. Suas mentes estão sempre inquietas.
- Devemos compartilhar dos sentimentos dos outros. Ter empatia pelos outros. Ter sensibilidade. Deus tem um padrão alto para os que lhe servem. Um servo do senhor não tem tempo para sentir-se feliz ou triste consigo mesmo. Se nos entregarmos aos nossos risos e lágrimas, e às preferências e aversões, não teremos espaço no nosso íntimo para as necessidades dos outros. Um homem que não conhece a cruz não é útil na obra do Senhor.
Temos que saber que tipo de pessoa nós somos
- A coisa mais importante com relação ao obreiro do Senhor não é o seu grau de conhecimento, mas o seu ser. Deus nos usa para avaliar os outros. Se nosso ser estiver errado, Deus não poderá usar-nos. Não avaliamos o que é tangível, caso fosse seria fácil. Muitos são incapazes de ouvir, e o pior, estão nas trevas.
2. TER DISPOSIÇÃO PARA SOFRER (II Tim. 2:12)
Devemos perceber que Deus não exime seus filhos da provação ou do castigo (Hb. 12: 6-7 ; I Ped. 3: 14).
- Deus não hesita em provar e castigar seu filho, se assim for necessário.
Temos que sofrer de bom grado, por amor a Cristo (Mt. 5: 10-12).
- Muitos recuam no momento que a aflição surge. O pior é que muitos sofrem sem ter esta disposição. O senhor só considera precioso o sofrimento com disposição. Até onde o sofrimento é por escolha? Ou será que murmuramos, sentimos dó de nós mesmos e nos justificamos? É possível passar um terrível desgosto e adversidade sem o desejo de sofrer.
Não podemos parar simplesmente porque uma dificuldade surge no caminho ou porque uma provação nos perturba (II Cor. 6: 1-10).
- Se não tivermos disposição para sofrer, Satanás usará aquilo de que temos medo para atacar-nos e, com isso, seremos vencidos.
- Devemos persistir quando vierem provações à família ou doenças no corpo, e mesmo quando a fome ou o desconforto surgirem no caminho.
- Devemos orar pedindo misericórdia para saber o que é disposição para sofrer. É uma decisão tomada no íntimo que consiste em estar ao lado do Senhor, a despeito do que reserva o futuro e das circunstâncias a enfrentar.
- O caminho do serviço para um cristão não é o do sofrimento, mas o de ter disposição para sofrer. Não ensinamos a busca do sofrimento e muito menos desejamos que um irmão sofra, mas devemos perceber que a disposição para sofrer é muito necessária, pois este pode ser o nosso caminho.
Até onde devemos estar preparados para sofrer? O padrão bíblico é: “Sê fiel até a morte” (Ap. 2:10).
- Temos que abrir mão de nossa própria vida. Uma vez que limitamos a prontidão para sofrer, não poderemos ir muito longe.
- Mas, também podemos perder a vida sem ter esta disposição. Temos que ter o cuidado para que nosso trabalhado não seja vão (ver I Cor. 15:58 e Fp. 3: 10-11).
3. ESMURRAR O CORPO E REDUZÍ-LO À SERVIDÃO (I Cor. 9:23-27)
Se o corpo não estiver subjugado, não poderemos servir a Deus.
- Não se trata de um exercício corporal, um esforço humano. É exatamente o que a Bíblia diz: “Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl. 5:16).
Não podemos ser dominados pelas exigências do corpo.
- O corpo não deve ter muita liberdade. Uma pequena aspiração não qualificará ninguém para servir ao Senhor. O corpo deve obedecer.
- Necessitamos, em média, de 8 horas diárias de sono, mas temos que ter condições de ficarmos acordados se o Senhor quer que vigiemos. É estranho servir a Deus por anos e nunca ter ficado uma noite completa em oração.
- Devemos preparar o corpo não só para atender as exigências comuns, mas para ter estoque extra para quando houver outras exigências. Um bom exemplo disto é em relação ao jejum. Também podemos lembrar do conforto, do padrão de vida, da doença e da dor. Quando a obra exige, temos que fazê-lo mesmo que o corpo sinta dor.
4. DILIGÊNCIA (Mt. 25:18 , 24-28,30)
A negligência é adiar, delongar o máximo possível para fazer algo. Vai de um lado para o outro sem alvo. Fica sempre entre agir e não agir. Quando recebe alguma tarefa, se desgosta, ou se aborrece, suspira e resmunga.
- O negligente receia cansar-se.
- O negligente sempre procura oportunidade de descansar e divertir-se. Não são dignos de serem chamados servos de Deus.
- Pessoas negligentes nunca procuram coisas para fazer, veem questões importantes com triviais.
- Os que evitam responsabilidades são inúteis. Muitos são preguiçosos.
Diligência é o oposto da negligência. Sempre pensa, ora, observa e considera na presença de Deus o que deveria fazer.
- Devemos perguntar ao Senhor: “Que obra Tu queres que eu faça?”
- O que falta hoje são homens que ergam os olhos e vejam (João 4:35).
- O diligente faz uso sábio do seu tempo.
- A obra do Senhor pode crescer pela diligência ou sofrer um revés por causa da negligência.
- O diligente sabe que a vida é curta. Não perde tempo.
A negligência é um hábito formado ao longo dos anos, torna-se uma deficiência de caráter; Não podemos corrigi-la de forma instantânea. Se não cuidarmos dela com seriedade, ela ficará para sempre. A obra do Senhor não tolera os negligentes.
5. CONTIDO NO FALAR (Pv. 10:19 ; 15:23 ; 18:13; 21:23)
A falta de moderação no falar é uma das principais razões para o fracasso de pessoas que poderiam ser muito úteis na mão de Deus.
- Se usarmos os lábios em coisas que não têm a ver com a Palavra de Deus, não podemos usá-los para anunciá-la.
- Muitas pessoas deixam vazar o poder por meio das palavras que falam. Alguns, por falarem muitas coisas que não eram de Deus, esvaziou seu poder interior.
- O problema é que muitos falam demais. Sempre falam sobre tudo e gostam de passar aos outros o que ouviram. No muito falar está a voz de um néscio (Ecles. 5:3).
O falar de um servo do Senhor é santo.
- Atentemos, diante do Senhor, para o tipo de palavra que ouvimos o tempo todo, pois isso determina o tipo de pessoa que somos.
- Observemos o tipo de palavras nas quais estamos mais propensos a acreditar.
- Após ouvir e acreditar, há também a questão de passar adiante o que se ouviu. Os que erram aqui perdem a condição de ministrar a Palavra de Deus.
- Fuja das palavras imprecisas. Falam uma coisa na frente de uma pessoa e outra por detrás. Fazem jogos com as palavras, contextos e fatos. Tais pessoas são inúteis na obra de Deus.
- Há o que, intencionalmente, não tem uma só palavra. Está completamente perdido nas trevas.
- Devemos lidar com o modo de ouvir. É triste vermos obreiros que se tornaram centro de informações. Estes sempre escorregam com mexericos e boatos. Podem edificar a obra com um das mãos e destruir com a outra. Devemos fujir da curiosidade, basta entendermos o problema. Não devemos cobiçar informações.
- Temos que conquistar e preservar a confiança das pessoas. Confidências são sagradas e devem ser tratadas com fidelidade. A obra de Deus não pode ser confiada a alguém que seja imprudente com as palavras.
- Às vezes, uma mentira pode não ter declaração falsa, mas é habilmente falada para dar uma falsa impressão. Se não queremos responder ou falar sobre algo, não podemos tomar o caminho do engano.
- Fujir da contenda e da gritaria. O servo do Senhor não deve discutir com ninguém. Falar alto indica falta do poder do autocontrole.
- O cuidado com a motivação. Podemos falar algo, mas a motivação é completamente diferente.
- Não devemos falar palavras ociosas. Devemos descartar piadas, conversas levianas, chocarrices, escárnios e comentários sobre a vida de outros.
- Muitos não causam impacto no falar, não porque estão equivocados nas palavras que pregam, mas estão equivocados em outras conversas. Se formos levianos e inexatos nas palavras, se confundirmos verdade com falsidade, a até mentirmos, não podemos ter nenhum poder no serviço. Para pregar a palavra, temos que começar controlando a língua.
- Ter habilidade de ouvir os outros. Temos que preservar o valor espiritual, a importância espiritual e a utilidade espiritual diante do Senhor de todas as maneiras.
- Cuidado ao falar. Muitas palavras que falamos no passado eram ociosas, ou vazias, desocupadas, mas hoje já não estão desocupadas; antes se espalham por toda a terra. Quando as falamos eram ociosas, mas, depois de um tempo, passam a agir e causar muita destruição.
- Uma vez cometidos, muitos erros são irreparáveis. Uma vez proferidas, as palavras não pararão, e o problema que criam não parará.
- Quando outros participam de conversa inconveniente, a primeira coisa que temos que fazer é separar-nos deles. Uma vez que nos juntamos a eles e nos tornamos um deles, ficamos arruinados.
6. ESTÁVEL (Fp. 4: 6-7)
Estabilidade de caráter pode ser entendida com estabilidade nas emoções.
- Muitos não são confiáveis por natureza, não porque não querem ser confiáveis, mas porque seu caráter não é confiável. Tão logo algo as atinge, elas mudam. Não são estáveis no caráter.
- A natureza da igreja é um edifício sobre a rocha. Ela é o baluarte da verdade (I Tim. 3:15). Os filhos de Deus são pequenas pedras (I Ped. 2:5). A torre da Babel foi feita de tijolos, feito por homens, e nada feito pelo homem tem estabilidade. Mas a igreja é edificada sobre a rocha, é inabalável.
- Alguns estão sofrendo a prevalência das portas do inferno, pois são de caráter vulnerável e estão constantemente mudando. São inúteis a obra do Senhor.
- Quando a luz do Senhor queimar nossa língua, o nosso muito falar desaparecerá. Assim que o tocarmos, a nossa frivolidade esmorecerá. Antes de usar alguém, Deus tratará com nossa instabilidade.
- Um servo do Senhor não pode ser porta voz de Deus em um momento e de Satanás em outro momento.
- Nossas emoções, por serem passageiras, não podem nos representar. Qualquer coisa fundamentada nas emoções é vulnerável.
- Um homem é instável por 3 motivos: é dominado pelas emoções, tem medo da perda e tem medo de ofender os homens.
- Muitos temem a cruz. No momento que a caminhada exige delas perda e renúncia, suas emoções não permitem continuar.
- Se a cruz não puder abalar uma pessoa, nada irá abalá-la, pois não há exigência maior do que a cruz.
- Talvez não percebamos o quanto somos influenciados pelas afeições e desgostos dos homens. Assim que passamos a tentar agrada-los e evitar o desgosto deles, nosso caminho não é mais reto (Lc. 14: 23-35). Temos exagerada disposição para ouvir o que os outros têm a dizer. Temos preocupações em satisfazer suas expectativas.
Se o nosso caráter for abalável, tudo o que for construído sobre nós poderá ser abalado e, mais cedo os mais tarde, tudo ruirá.
- Temos que orar para que Deus nos faça confiáveis.
- Se você edificar algo não confiável, poderá até edificar um pouco e logo vai descobrir que o que edificou terá que ser derrubado.
- Se nosso caráter oscilar, animado, às vezes e desanimado em outras, a obra de Deus será prejudicada.
- A Igreja do Senhor não é composta de pedras isoladas; é composta por pedras edificadas umas sobre as outras. Se uma pedra treme, todo o edifício estará em perigo; muitas vidas estarão em risco, e a igreja de Deus não poderá continuar.
7. NÃO SER SUBJETIVO (I Ped. 4:11)
Ser subjetivo significa insistir nas próprias idéias e rejeitar as dos outros. Rejeitam a Deus, embora pensem que não.
- O subjetivo rejeita ser corrigido ou tem dificuldade em aceitar a correção.
- O subjetivo tem seu próprio conceito, não ouve ao Senhor.
- A causa da subjetividade é o “eu” não quebrantado.
- O subjetivo tem incapacidade de aprender. Ele não se considera necessitado.
- Muitos, por suas dificuldades de ouvir a Palavra de Deus, precisam ser corrigidos com açoites divinos (Hb. 12:6).
- Quando o homem está obcecado em seus próprios conceitos, é muito difícil que entenda a vontade de Deus (Pv. 1: 30-31).
- A subjetividade é um hábito que se expressa até nas pequeninas coisas.
- Uma pessoa subjetiva não tem como cumprir a vontade de Deus e muito menos levar outros a cumpri-la. Deus nada confiará a uma pessoa subjetiva.
- Se um homem está voltado para seu próprio caminho, como levará alguém ao caminho de Deus?
- Deus não impediu o acesso do homem à árvore do conhecimento do bem e do mal, apenas disse para dela não se alimentar. Da mesma forma. Não devemos obrigar os homens a nos ouvir. É bom quando eles nos ouvem. Mas se não nos ouvem, devemos contentar-nos em ir embora. Se o homem prefere rebelar-se contra Deus, lhe é permitido seguir seu próprio caminho. Devemos aprender abrir mão da insistência. Não devemos forçá-los a receber nossa ajuda. Quanto mais os homens nos ouvem, maior é a nossa responsabilidade para com Deus.
8. SUSTENTAR O CARÁTER ABSOLUTO DA VERDADE (Cl. 2: 6-8)
Isso só é possível quando o homem está livre de si mesmo, sem ser influenciado por pessoas, coisas e sentimentos pessoais.
- Os relacionamentos com familiares e amigos não podem comprometer a verdade. Deus não pode usar tais pessoas.
- Muitas dificuldades acontecem na igreja porque os filhos de Deus sacrificam a verdade.
- Ser fiel a verdade significa pôr de lado os sentimentos, ignorar os relacionamentos pessoais e não defender o “eu”.
- A base do juízo é a palavra de Deus; o seu fundamento é a verdade. Devemos agir da mesma maneira, quer os outros nos tratem bem ou não. Em qualquer situação, devemos procurar saber primeiro qual é a verdade divina, e somente isto deve guiar nosso comportamento e nossas palavras, mesmo que isto custe rompimento de vínculos.
9. CUIDAR DA SAÚDE (Ef. 5:15)
O homem precisa de 10 a 20 anos de treinamento na mão de Deus para poder ser, de certa forma, útil para Ele. Como alguns não cuidam de sua saúde, podem morrer antes de chegar lá.
- O servo de Deus precisa ser sábio na sua alimentação, deixando as manias e buscando ingestão de alimentos saudáveis. Deve ter controle sobre seu apetite, evitando exageros.
- Deve saber a hora de descansar. Não podemos ficar sob stress o tempo todo.
- Devemos nos abster de riscos desnecessários.
- Ter cuidado com a higiene, embora tenhamos que, muitas vezes, estar em locais em que isto é limitado por fatores alheios a nossa vontade.
- Devemos deixar de lado à teimosia, quando nossos hábitos tornam-se imutáveis e intocáveis, criando impedimentos à obra do Senhor. Ex. Alguns têm que fazer barba todos os dias, e não admitem fazer nada se não puderam fazer em um determinado dia.
10. AMAR OS HOMENS (Lc. 19:10)
Devemos entender que o homem foi criado por Deus, e embora tenha caído, tornou-se objeto de sua redenção. Não podemos ter aversões.
- Ter interesse pelo homem perdido é essencial na vida do obreiro.
- Jesus, quando andou por este mundo, estava muito interessado no homem, mas até onde vai nosso interesse?
- Jesus nunca Se permitiu ser servido por ninguém. Ele não tinha interesse algum em receber algo dos homens, mas apenas de dar.
- Quando olhamos para nós mesmo fora da esfera da graça de Deus, podemos concluir que somos iguais aos homens que pecam deliberadamente. Portanto, nosso comportamento deve ser de compaixão.
Nota: Este texto é uma síntese de um texto atribuído a Watchman Nee (1903-1972). Há diversos livros com coletâneas de textos atribuídos a ele. Há pontos doutrinários heréticos em alguns textos atribuídos a Watchman Nee. Porém, não sabemos se, de fato, foi ele quem defendeu tais ensinos.
Que o Senhor acrescente estes pontos na minha vida.