Jesus, o Filho de Deus

 

Continuando nossa trilha no Evangelho de Marcos, chegamos hoje em Marcos 3:7 a 12. Antes de ver o texto bíblico, vou fazer um pequeno comentário.

Existem quatro Evangelhos no Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João. Eles têm um propósito singular, sintetizado nas palavras do apóstolo João: “Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31).

Os quatro Evangelhos foram concebidos como prova ou evidência da divindade de Jesus Cristo. Todos os quatro Evangelhos foram escritos pelo mesmo motivo: para nos dizer que Jesus não é um mero homem, nem um mero profeta, nem um mero líder religioso, mas sim o Filho de Deus. Qualquer judeu entenderia que o termo Filho de Deus significa que Ele compartilha da própria natureza de Deus. Ele é o próprio Deus; Ele é divino.

A vida eterna vem para aqueles que creem nessa verdade. As evidências da divindade de Jesus Cristo estão contidas nos quatro Evangelhos. Todos eles apresentam essa evidência para nós. Temos visto essas evidências há mais de duas décadas, examinando cada versículo dos 4 Evangelhos. Passamos 8 anos examinando cada versículo de Mateus, 3 anos examinando cada versículo de João, 10 anos examinando cada versículo de Lucas, e agora estamos em Marcos.

Reunimo-nos todos os domingos, porque amamos, honramos, louvamos e adoramos o Senhor Jesus Cristo. Confessamos que Ele é o Filho de Deus, o Messias e o Salvador. Isso é o que Marcos quer que saibamos, assim como Mateus, Lucas e João.

No primeiro versículo de seu Evangelho, Marcos diz: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. E logo depois ele começa falar das evidências dessa verdade. Qualquer afirmação que diminua essa declaração contida em Marcos 1:1 é uma afronta a Deus.

As evidências dessa verdade contidas no Evangelho de Marcos são magníficas. As pessoas não conseguiam desfazer qualquer verdade que Jesus proclamou, seus milagres e suas obras, mesmo seus maiores inimigos. Eles não tinham como refutar, mas pela dureza de seus corações, não creram. Até mesmo seus discípulos se espantavam com Cristo, ao ponto de exclamarem: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:41).

No Evangelho de Marcos não há declaração dos discípulos sobre Jesus ser o Filho de Deus. Em Marcos 8:29, Pedro declarou que Jesus é o Cristo, o Messias. diz: “Tu és o Cristo, o Messias”. Mas na sua crucificação, Marcos registra a declaração do centurião romano: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus” (Marcos 15:39).

Marcos também registra a declaração sobre essa verdade vinda do próprio Deus: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Marcos 1:11). Bem como vinda de um demônio, que disse: “Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus” (Marcos 1:24). Também há registro dessa declaração vinda por vários espíritos imundos: “E os espíritos imundos, vendo-o, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus” (Marcos 3:11).

O céu sabe que Jesus é o Filho de Deus. O inferno sabe que Ele é o Filho de Deus. Marcos apresenta, com os outros escritores dos Evangelhos, a evidência para todos os homens saberem que Ele é o Filho de Deus, mas apesar de todas essas evidências, Ele é rejeitado pela nação e executado como um criminoso. Mas nós cremos nessa verdade, e é por isso que o adoramos pessoalmente e como igreja.

Louvamos seu santo nome, obedecemos a Ele e expressamos nosso amor por Ele. Jesus é o Filho de Deus, nosso Senhor, nosso Mestre, nosso Rei Soberano e nosso Redentor. Embora ainda não estejamos no céu, somos parte dos redimidos e, na Terra, reproduzimos o que está acontecendo no céu em termos de adoração dirigida a Ele.

Em Apocalipse 5, há uma cena no céu que retrata o trono de Deus, e reunidos ao redor do trono de Deus estão santos e anjos. E o foco é Cristo. Ele é o objeto desta gloriosa adoração celestial. Eles o adoram no céu como o Leão da tribo de Judá e como um Cordeiro. Esses louvores são para todo o sempre. E fazemos o mesmo aqui na Terra, oferecendo a Ele a adoração que Ele recebe dos santos que estão em Sua presença no céu.

Nós o adoramos como o Leão: poderoso, majestoso e mortal para Seus inimigos. E ao mesmo tempo, nós o adoramos como o Cordeiro: manso, humilde, morto e ressuscitado dos mortos. Ele é o Cordeiro que mata Seus inimigos e Ele é o Cordeiro morto por Seus inimigos. Ele é aquele que comprou nossa salvação eterna com seu sacrifício como o Cordeiro, Ele é aquele que conquistou todos os nossos inimigos com seu poder soberano como o Leão.

E nos juntamos às almas de cada língua, tribo, nação e povo que o amam de forma salvífica. Formamos um reino de adoradores que reinará com Ele para sempre e o louvarão para todo o sempre. E assim, aqueles que o conhecem, amam-no e possuem a vida eterna se reúnem no céu incessantemente para louvá-lo e se reúnem na terra para louvá-lo também.

Como chegamos a dar somente a Ele toda honra? Por causa do testemunho das Escrituras. Toda a Escritura contam sua história, de Gênesis a Apocalipse. Os quatro Evangelhos contam a história que revela a plena preeminência de Cristo, o cumprimento daquilo que foi profetizado sobre ele pelos profetas. Por isso estamos estudando o Evangelho de Marcos. E logo depois de Marcos voltaremos para o Evangelho de João, se Deus permitir.

Você diz: “Por que você faz isso? Não é o suficiente?” Não podemos nos cansar de Cristo. Não podemos nos cansar de sua majestade e glória. Quão abençoados somos hoje por voltar a contemplar as maravilhas de nosso Redentor?

Marcos 3:7-12 faz uma espécie de resumo, uma fotografia do que Jesus havia ensinado nos versículos e capítulos anteriores. Ele reúne tudo o que dito e gera impulso para seguir em frente.

  • Em Marcos 1:1, Marcos identificou Jesus Cristo como o Filho de Deus. Imediatamente afirmou que Jesus é o Filho de Deus porque Jesus é o cumprimento da profecia de Isaías, versículos 2 e 3.
  • Ele novamente afirma que Jesus é o Filho de Deus pelo testemunho do maior profeta do Antigo Testamento: João Batista.
  • No capítulo 1, versículos 9 a 11, ele afirma que Jesus é o Filho de Deus pelo testemunho do próprio Deus, do céu, que fala audivelmente e diz: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”; afirmado pelo Espírito Santo, que vem e desce e repousa em Cristo.
  • No capítulo 1, versículos 12 e 13, ele novamente afirma a divindade de Jesus Cristo, demonstrando Seu triunfo sobre Satanás na grande tentação.
  • E então, no capítulo 1, versículo 14, Marcos nos mostra como Jesus começa o ministério de pregar o Evangelho da salvação. Ele mostra como Jesus chamou seus apóstolos e discípulos para segui-lo.

Ele nos dá um relato de como Jesus exerce autoridade sobre doenças e demônios. Ele nos conta várias histórias sobre curas e depois comenta o fato de que houve muitas outras curas. Ele nos conta incidentes sobre a expulsão de demônios, testemunho do fato de que o Senhor Jesus tem poder sobre o mundo natural e poder sobre o mundo sobrenatural, poder sobre o mundo físico e poder sobre o mundo espiritual. E só Deus tem esse poder.

No capítulo 2, versículo 23 ao capítulo 3, versículo 6, Jesus ataca o Judaísmo, dizendo que é o Senhor do sábado. A observância do sábado era o coração da religião judaica. Jesus diz: “Eu sou o Senhor do sábado”, desferindo assim um golpe mortal contra esse sistema religioso.

Então, Marcos dá uma breve pausa e diz:

Marcos 3
7 Jesus se retirou com os seus discípulos para o mar. Uma grande multidão o seguia. Eram pessoas que tinham vindo da Galileia, da Judeia,
8 de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom, porque ouviam falar das coisas que Jesus fazia.
9 Então recomendou aos seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o apertarem.
10 Pois curava muitas pessoas, de modo que todos os que tinham alguma enfermidade se esforçavam para chegar perto, a fim de poderem tocar nele.
11 Também os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: — Tu és o Filho de Deus!
12 Mas Jesus lhes advertia severamente que não o expusessem à publicidade.

Deus declarou quem Jesus era. Até mesmo os demônios disseram que Jesus era o Filho de Deus. As evidências eram muito fortes. Mas, com exceção do centurião romano na crucificação, ninguém mais declara essa gloriosa verdade em todo o Evangelho de Marcos. A religião o considerou um endemoninhado.

Havia uma forte barreira. No capítulo 2:21-22 Jesus disse que não se poderia misturar o Evangelho com os trapos do judaísmo apóstata. O Evangelho veio para substituir completamente os odres velhos e a roupa velha da religião humana pela sublime verdade. O Evangelho é incompatível e inconciliável com qualquer ideia ou religiosidade estranha a ele. Jesus não veio consertar aquilo que o homem construiu, mas substituí-lo por completo.

Jesus encerrou a era da velha aliança. Ele acabou com a era das sombras. A religião sombria da velha aliança que sempre apontou para a vida e a salvação, mas nunca as forneceu. Porque por meio da velha aliança, a guarda da lei, ninguém poderia ser salvo, porque ninguém poderia guardá-la. A antiga aliança dizia que havia vida eterna – mas não podia fornecê-la. A velha mensagem era que os pecadores devem ir a Deus, mas os pecadores não podem ir a Deus. Havia vida para os pecadores, mas não por aquele sistema.

A velha aliança dizia que havia vida eterna, perdão, salvação, céu, havia intimidade com Deus, mas não por meio desse sistema. Veja, isso é o que tornou a aceitação de Jesus tão difícil, porque significa o abandono total do Judaísmo. Totalmente.

Quando Jesus começou Seu ministério, de acordo com o Evangelho de João, a primeira coisa que Ele fez foi entrar no templo e fazer um chicote e expulsar as pessoas. Dificilmente se pode imaginar a força absoluta da personalidade que permitiria a um homem fazer isso. Havia ali dezenas de milhares de pessoas.

Os saduceus, os principais sacerdotes e os sumos sacerdotes estavam administrando basicamente um covil de ladrões e uma operação em que enganavam as pessoas, tirando seu dinheiro por meio da troca ilícita de moedas pelas ofertas do templo e preços ilegítimos colocados em animais aceitáveis para o sacrifício. Havia muitos motivos para resistir aos esforços de Jesus para limpar o lugar, mas não foi isso que aconteceu. Ninguém poderia resistir ao Seu poder, então Ele literalmente evacuou o lugar. Ele estava desferindo um golpe no coração do Judaísmo: “Isso não tem nada a ver com meu Pai.”

No final de seu ministério, a última semana de sua vida, quando Ele foi a Jerusalém na semana da Páscoa, Ele fez a mesma coisa. Marcos nos conta essa história no capítulo 11, versículos 15 a 19. Novamente, Ele desferiu um golpe devastador no coração e na alma da adoração no templo do Judaísmo.

Com o passar dos anos, isso tem sido chamado de purificação do templo. E essa não é uma boa frase, porque ali não ocorreu a purificação do templo. O templo não tinha futuro, ali foi o anúncio da abolição, devastação e destruição do templo. No fim de seu ministério, Jesus falou sobre isso:

E, saindo ele do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras, e que edifícios! E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada. (Marcos 13:1-2)

O templo estava para desmoronar, e isso ocorreu cerca de 40 anos depois, quando os romanos o despedaçaram. Não há mais Santo Lugar, não mais Santo dos Santos. E esse foi um ato de julgamento de Deus por meio dos romanos. Jesus não estava purificando algo condenado à destruição, nunca houve um templo substituto, outro sacrifício ou um sacerdócio. Todo o sistema chegou ao fim.

E o Senhor Jesus trouxe a nova aliança, que estabeleceu o que sempre foi a verdade: que a salvação era somente pela fé, e que a fé tinha que ser colocada em Cristo. Não por lei, não por obras, não por cerimônias. A salvação é pela fé e somente pela fé. Sempre foi assim. E a fé tinha que ser colocada nele. Por isso João declarou:

Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (João 20:31)

Marcos é totalmente centrado em Jesus Cristo e em suas tremendas credenciais como o Filho de Deus. Não havia como negar e nem explicar essas credenciais divinas. E ainda assim, as pessoas não o aceitaram. A barreira era que elas tinham que dar as costas ao Judaísmo, que estava profundamente enraizado nelas, que não podiam sequer conceber a vida sem o Judaísmo. A depravação humana é profunda, a incredulidade é profunda e a religião fornece uma tumba muito espessa para enterrar essa incredulidade.

Por seus atos, Jesus alcançou uma enorme popularidade, e temos um vislumbre disso em Marcos 3:7-12. Há três aspectos importantes no texto:

1 – A popularidade de Jesus

Marcos 3
7 Jesus se retirou com os seus discípulos para o mar. Uma grande multidão o seguia. Eram pessoas que tinham vindo da Galileia, da Judeia,
8 de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom, porque ouviam falar das coisas que Jesus fazia.

Ninguém nunca foi tão popular. Jesus superou em popularidade qualquer profeta, sábio, rabino, filósofo etc.

Em Marcos 3:1 vemos que Jesus estava em uma sinagoga de Cafarnaum, que era uma cidade bíblica que ficava na margem norte do Mar da Galileia. Israel estava dividida em duas seções: a seção sul era chamada de Judéia e a seção norte era chamada Galileia. Foi em Cafarnaum e região que Jesus passou a maior parte de seu ministério terreno, a ponto de esta pequena cidade ser chamada de sua “casa” (Mt 9.1; Mc 2.1).

Em um sábado, Jesus estava em uma sinagoga em Cafarnaum e cura um homem. Isso irritou os fariseus, que consideravam uma violação da lei do sábado, e assim começaram a conspirar com os herodianos para matá-lo (Marcos 3:6). Os herodianos apoiavam Roma e, assim, eram opositores dos fariseus, mas aqui eles se unem contra um inimigo em comum.

E, então, Marcos 3:7 ganha sentido: “Jesus se retirou com os seus discípulos para o mar…”. Foi um ato de proteção, de bom senso. Agora, Ele já teve quatro confrontos com os líderes religiosos. Marcos 2 registrou três confrontos de Jesus com os líderes religiosos, agora temos mais um só que é o mais hostil. Isso continuou acontecendo por todo o Seu ministério.

Não havia ainda chegada a sua hora de morrer. Ele se afasta sabiamente do ódio daqueles assassinos, protegendo seus discípulos. E assim, o texto diz que Ele se retirou para algum lugar mais isolado na extremidade norte do Mar da Galileia. Não sabemos quantos discípulos foram com Ele, alguns dos quais se tornariam seus apóstolos.

Até então Ele já havia chamado Pedro, André, Tiago, João (1:16-20) e Mateus (2:13-14). De acordo com João 1:35-51, também já havia chamado Filipe e Natanael. Portanto, já existiam sete dos apóstolos, os outros foram mencionados mais adiante. Eles estavam seguindo Jesus, mas com um entendimento ainda confuso. Somente em Marcos 8:29, um deles (Pedro) diz: “Tu és o Cristo.” E agora eles viram uma amostra do conflito aberto dos líderes religiosos contra Jesus. E Jesus os leva para longe.

Marcos 3:7 continua dizendo que “Uma grande multidão o seguia”. Podemos estimar essa multidão em dezenas de milhares de pessoas. Sua fama havia se espalhado por toda parte. Marcos 1:33 diz que “toda a cidade se ajuntou à porta” impactada pelos sinais que Jesus fazia. O verso 39 diz que Jesus “pregava nas sinagogas deles, por toda a Galileia, e expulsava os demônios”. O verso 45 diz que “Jesus já não podia entrar publicamente na cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todas as partes iam ter com ele”.

A multidão continuou crescendo. Milagres acontecendo diante dos olhos de todos, algo que ninguém jamais poderia imaginar. O alívio do sofrimento e do tormento demoníaco era muito mais interessante para eles do que o ensino de Jesus. Veio gente até de Jerusalém. Pessoas que habitavam áreas judaicas, áreas mistas de judeus e gentios e áreas gentias também faziam parte das multidões que inundavam Cafarnaum e arredores, trazendo seus amigos e familiares desesperados, possuídos por demônios e enfermos, atraídos pela fama de Jesus.

Marcos 3:8 finaliza dizendo que a multidão o buscava “porque ouviam falar das coisas que Jesus fazia”. Esse é um testemunho notável que mostra a descrença e rejeição de Jesus Cristo por parte dos líderes e do povo. Ninguém negou os milagres e nem seu poder sobre os agentes do inferno. E ainda assim eles rejeitaram o Senhor Jesus Cristo. No final, eles clamaram por seu sangue e disseram: “Crucifica-o; Crucifique-o!” (Lucas 13:21).

Somos lembrados novamente da razão pela qual a religião falsa é chamada de doutrina demoníaca, porque captura almas e as envia para o inferno. A multidão é tão ameaçadora, que o versículo 9 diz que Jesus disse aos Seus discípulos que um barco deveria estar pronto para Ele por causa da multidão, para que a ela não o pressionasse. O sentido no texto original é de que Jesus temia que a multidão desesperada por milagres o esmagasse.

Marcos 4:1 diz que Jesus ensinava à beira-mar, e uma grande multidão se reuniu, a ponto de Jesus entrar num barco, onde se assentou, afastando-se da praia. Literalmente, a multidão o forçou a entrar na água. A popularidade de Jesus é inconfundível. Mas a multidão queria os milagres e não o evangelho. E, no final, Jesus pronuncia julgamento sobre a multidão por sua incredulidade.

2 – O Poder de Jesus

O segundo tema que Marcos trata é o poder de Jesus. Sua fama é impulsionada por seu poder. Marcos 3:10 diz: “Pois curava muitas pessoas, de modo que todos os que tinham alguma enfermidade se esforçavam para chegar perto, a fim de poderem tocar nele”. Ele curou muitos. Há relatos anteriores, no capítulo 1, versículos 29 a 31, 32 a 34, versículo 40 e seguintes e no capítulo 2, versículos 1 a 12.

A palavra traduzida como “enfermidades”, no texto original tem o sentido de “flagelo, açoite ou chicote”. Descreve de forma metafórica as várias doenças e enfermidades físicas dolorosas e agonizantes.

É por isso que, em João 9:2, os discípulos perguntaram a Jesus: “Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”. Eles foram ensinados que as doenças eram uma punição de Deus. Muitos doentes não eram apenas rejeitados na vida social, mas pelos próprios familiares.

E todas aquelas pessoas que padeciam enfermidades se viam sob o açoite de Deus, estavam em desespero e se tornaram uma massa de gente encurralando Jesus, querendo que Ele as tocasse e fossem curadas.

A segunda categoria de poder exibida está em Marcos 3:11: “Também os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: — Tu és o Filho de Deus!”. Espíritos imundos, outro termo para demônios, agentes de Satanás, anjos caídos.

No capítulo 1:24, Marcos registra o brado de um demônio em um homem dentro de uma sinagoga: “O que você quer conosco, Jesus Nazareno? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem Tu és: o Santo de Deus!”. Os demônios se valem de astúcias e disfarces para não parecerem maus, mas quando viram Jesus entraram em pânico.

No caso do endemoninhado na sinagoga, Jesus diz ao demônio: “Cala-te, e sai dele” (Marcos 1:25). E ele, gritando em alta voz, foi-se. Marcos registra o espanto da multidão e como a notícia se espalhou:

27 Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: — Que é isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
28 E a fama de Jesus se espalhou depressa em todas as direções, por toda a região da Galileia.

Essa foi uma prova crucial de que Ele tinha poder não apenas sobre o mundo natural, mas também sobre o mundo sobrenatural. Se Ele era o Filho de Deus, Ele deveria ter poder sobre a criação, tanto material quanto imaterial, portanto, também sobre Satanás e demônios. E assim, Jesus fez mais uma demonstração cabal de que era o Filho do Deus Eterno encarnado. Os demônios ficaram apavorados em sua presença, em atitude de temor diante da grandiosa autoridade e do poder de Cristo.

E então, em terceiro lugar, há um testemunho da pessoa de Jesus vindo dessa fonte mais improvável. Os espíritos imundos não apenas se curvam diante Dele, mas gritam: “Tu és o Filho de Deus”. Eles sabem e creem na verdade, pois estão apavorados, tal como eles fizeram em Marcos 5:7, quando o espírito imundo bradou: “Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes”.

É um reconhecimento das trevas ao glorioso testemunho de Deus Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Marcos 1:11). Quem é este Jesus? O Filho de Deus. O Pai afirmou isso e os demônios sabiam disso. Os discípulos ficaram confusos, ao ponto de se perguntarem: “quem é este homem, que até o vento e o mar lhe obedecem?”. Depois eles creram, mas a nação nunca creu, rejeitando a vida eterna.

Jesus não é uma mera figura histórica, Ele é o Filho de Deus, o Messias, o Rei, o Soberano, o Salvador. A religião do Antigo Testamento era um sistema que enfatizava a distância entre Deus e o pecador. Embora Deus estivesse trabalhando na nação, Ele estava distante. A chegada de Jesus elimina a distância e a separação. A lei nos manteve à distância e nos assustava, Jesus se aproxima e nos acolhe. Ninguém vai a Deus pela lei, mas unicamente por meio da fé em Cristo.

Um comentário final de Marcos 3:12, quando Jesus advertiu seriamente aos demônios para não dizerem quem Ele era. Ele não queria testemunho dos demônios. Tal situação aconteceu com Paulo, quando uma endemoninhada declarava: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo” (Atos 16:17). O verso 18 diz: “Paulo, perturbado, voltou-se, e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”.

A coisa mais importante é que as pessoas individualmente – vendo os milagres, entendendo isso – concluíssem quem Ele é, aceitassem sua mensagem de que Ele veio para acabar com o Judaísmo e para trazer a salvação pela fé somente Nele, e o abraçassem como Senhor e Salvador.

Então, Marcos estabeleceu Seu propósito de contar a história de Jesus Cristo, que é o Filho de Deus – o título de divindade que nenhum judeu jamais confundiria, e Ele o provou. Vamos orar.

Pai, obrigado novamente pelo poder da verdade; novamente um vislumbre fascinante, convincente e transformador de Cristo. E, novamente, somos conquistados por essa verdade maravilhosa.

Senhor, o que podemos dizer a Ti sobre o dom que recebemos da fé Nele? Estamos muito gratos por não teres nos deixado nas trevas, por nos dar a Palavra. Somos muito gratos por teres revelado isso a nós por meio de pregadores e do Espírito de Deus, para que víssemos a evidência, abraçássemos a evidência e, pelo Seu poder, crêssemos na evidência. E chegamos à confissão: “Este é o Cristo, o Filho do Deus vivo”, e crendo nisso, recebemos a vida eterna.

Nós nos regozijamos nisso, ó Senhor. Agradecemos por não estarmos com as almas obscurecidas como a daqueles que estão cativos na religião falsa e condenatória. Senhor, só podemos pedir hoje que resgates pecadores, que libertes as pessoas das ilusões, liberte-as do erro, liberte-as da religião falsa. E que todos saibam, entendam e creiam que Jesus é o Cristo e que não há salvação em outro, senão Ele.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.


Este texto é uma síntese do sermão “Mark’s Sweeping Summary of Jesus″, de John MacArthur em 20/09/2009.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-13/marks-sweeping-summary-of-jesus

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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