A Glória de Jesus na Sua Prisão

Na multidão que prendeu Jesus havia corruptos, apóstatas, líderes estúpidos, cegos, ignorantes, pagãos, soldados romanos idólatras, assassinos e um miserável traidor. Jesus estava diante das forças do inferno e do homem, mas Ele é quem estava no comando da cena.

Prosseguindo no evangelho de Marcos, vamos olhar agora para Marcos 14:43-52.

Marcos 14
⁴³ E logo, falava ele ainda, quando chegou Judas, um dos doze, e com ele, vinda da parte dos principais sacerdotes, escribas e anciãos, uma turba com espadas e porretes.

⁴⁴ Ora, o traidor tinha-lhes dado esta senha: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o e levai-o com segurança.
⁴⁵ E, logo que chegou, aproximando-se, disse-lhe: Mestre! E o beijou.
⁴⁶ Então, lhe deitaram as mãos e o prenderam.
⁴⁷ Nisto, um dos circunstantes, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha.
⁴⁸ Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador?
⁴⁹ Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras.
⁵⁰ Então, deixando-o, todos fugiram.
⁵¹ Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um lençol, e lançaram-lhe a mão.
⁵² Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo.

A Loucura da oportunidade perdida

Quando eu era estudante sempre fui fascinado com a história de Judas Iscariotes nas Escrituras. Minha dissertação de pós-graduação foi intitulada “Um Estudo do Caráter de Judas Iscariotes”.

Judas foi um incrédulo incompreensível. Como alguém poderia viver tanto tempo na presença de Jesus, do Filho de Deus, e ser tão mau, perverso, egoísta e insensível. Isso é desesperador. Ele se aliou com os inimigos mortais de Jesus para que sua prisão acontecesse.

Em Judas Iscariotes temos a lição da loucura da oportunidade perdida. O desperdício do privilégio de conhecer a verdade de Cristo, ver Sua beleza e Sua glória, e, mesmo assim, ser tomado pelas trevas contra a luz. A lição do perigo do amor ao dinheiro, poder, ambição e coisas temporais.

A concordância dos religiosos corruptos contra Jesus

O conselho governante judaico, a Suprema Corte de Israel, era chamado de Sinédrio, formado por saduceus (liberais) e fariseus (de maioria conservadora). Entre os fariseus havia um grupo de escribas que eram especialistas em direito.

Israel se considerava um reino teocrático. Deus era Rei e os líderes religiosos diziam disseminar a vontade de Deus e a Palavra de Deus para o povo. Os líderes raramente concordavam sobre qualquer assunto. Por exemplo, ao contrário dos fariseus, os saduceus não criam na ressurreição, na vida após a morte e em anjos.

Mas, quanto a Jesus, eles estavam em raro acordo. Eles odiavam Jesus e queriam matá-lo. Eles rejeitaram sua mensagem, tinha inveja do seu poder e se sentiram afrontados porque Jesus desfazia a religião de obras, na qual eles alimentavam seu orgulho e hipocrisia.

Eles viam Jesus como um inimigo perigoso que ameaçava a posição deles, e então precisava ser eliminado.

Na segunda-feira Jesus havia entrado em Jerusalém (Mc. 11: 1-11) e foi aclamado como rei e Messias por uma multidão superficial. Isso os assustou ainda mais e os tornou ainda mais hostis contra Jesus.

Na terça-feira Jesus foi direto ao templo, onde os líderes do Sinédrio basicamente administravam as operações do templo, vendendo animais e trocando dinheiro. Era uma máfia, um covil de ladrões. Jesus os expulsou de lá (Mc. 11:15-19).

Na quarta-feira Jesus passou o dia inteiro no tempo ensinando a verdade e contradizendo todo o falso ensino do judaísmo apóstata conduzido por religiosos corruptos (Mc. 11:20-33; 12:1-44).

Esses três dias eliminaram qualquer dúvida que pudesse ainda haver entre eles sobre matar Jesus. Mas eles temiam a reação do povo e não queriam executar o plano deles na Páscoa e na festa dos Pães Asmos (Mc. 14:2). Eles temiam um motim e os romanos não gostavam disso.

Mas eles não conseguiram conter o ódio por mais um dia, muito menos por mais uma semana. O tempo determinado por Deus havia chegado, Jesus veio morrer como o Cordeiro Pascal. Sua morte deveria ser naquela sexta-feira.

Eles queriam prender Jesus para matá-lo e precisavam de alguém que soubesse onde Jesus estaria na escuridão da noite, quando as multidões já haviam se dispersado. Eles contaram com Judas Iscariotes (Mc. 14:10-11), que sabia onde Jesus costumava estar com seus discípulos no Monte das Oliveiras (João 18:2).

A traição de Judas

Por trinta moedas de prata, o preço de um escrevo, Judas estava disposto a trair Jesus (Mt. 26:15). Ele e os líderes religiosos esperavam o momento oportuno, longe das multidões, à noite, no escuro.

Na quinta-feira, Jesus e os discípulos foram para o cenáculo, conforme vimos em Marcos 14. Ali aconteceu a última Páscoa judaica legítima e oficial, quando nosso Senhor institui a Mesa do Senhor ou a Ceia do Senhor. Até a meia-noite o Senhor ensinou profundamente aos discípulos, conforme registrado em João 13 a 17.

Naquela noite o Senhor falou que havia um traidor entre os discípulos (Mc. 14:18). Eles ficaram absolutamente chocados. Judas era um hipócrita tão habilidoso, que eles não tinham ideia de quem ele era. Eles ficaram se perguntando: “Porventura, sou eu?” (Mc. 14:19).

Judas estava apenas cumprindo profecias, ele não mudou em nada o relógio de Deus. O ato vil dele não alterou em nada o que a soberania de Deus já havia determinado. Ele agiu debaixo da soberana vontade de Deus.

Muito antes daquele dia, Jesus já havia dito que aquela ida para Jerusalém marcaria sua morte e ressurreição (Mc. 10:32-34). Por isso Jesus diz no cenáculo, na presença de Judas:

[O traidor] é um dos doze, o que mete comigo a mão no prato. Pois o Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito; mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido! (Mc. 14:20-21)

Em Mateus 26:25 diz: “Então, Judas, que o traía, perguntou: Acaso, sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste”. João 13:27 diz: “E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa”. Mesmo assim os demais não entenderam quem era Judas (João 13:28).

Então, naquela noite de quinta-feira, Jesus ficou com os onze. Judas estava ciente de que Jesus sabia o que ele tramava.

Lucas 22:4 diz que Judas “foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães sobre como lhes entregaria a Jesus”. Ele sabia que Jesus costumava ficar no jardim do Getsêmani (João 18:2).

Jerusalém estava lotada com as multidões que vieram para a Páscoa. Jesus e os onze estavam em um local isolado no Monte das Oliveiras, fora da cidade e longe das multidões. Era a situação ideal para Judas consumar seu feito vil.

Vimos nos último sermão que Jesus passou algumas horas orando, ele sabia que estava próximo de beber o cálice da ira de Deus, algo que nós não podemos entender a dimensão. Ele clamou: “Aba,Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres” (Mc. 14:36).

Ele continuou a orar, e em certo momento, vendo seus discípulos dormindo, lhes disse: “Basta! Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima” (Mc. 14:41-42).

A prisão de Jesus sob controle soberano de Deus

Jesus e dos onze estavam no Monte das Oliveiras. De longe se via a chegada de uma multidão, conduzida por Judas, com tochas, espadas e porretes. Jesus disse: “Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima” (Mc. 14:42). E agora veremos o que aconteceu segundo o registro de Marcos 14:43-50.

Era madrugada da sexta-feira, Jesus estava prestes a ser preso. Tudo iria acontecer rapidamente para sua execução na cruz. As 3 horas da tarde ele morreu na cruz, no mesmo horário em que os sacerdotes sacrificam os cordeiros no templo. Jesus é o nosso Cordeiro Pascal definitivo.

Naquela sexta-feira ocorreu a traição, a prisão, os dois julgamentos (um diante dos judeus e outro diante de gentios), a crucificação, a morte e a sepultura. E a ressureição aconteceu no domingo, três dias depois. Deus estava no controle de todos os detalhes.

Aqueles incrédulos estúpidos, que odiavam Jesus, estavam apenas cumprindo passo a passo o plano de Deus. Mas eles foram culpados pelo que fizeram, porque o fizeram movido pelo ódio de seus próprios corações. Mas Deus, soberanamente estava conduzido tudo para o cumprimento de seu plano eterno.

A chegada da multidão conduzida por Judas

Marcos 14
⁴³ E logo, falava ele ainda, quando chegou Judas, um dos doze, e com ele, vinda da parte dos principais sacerdotes, escribas e anciãos, uma turba com espadas e porretes.

Judas, um dos doze, o homem que desfrutou o privilégio incrível de andar com Jesus por tanto tempo, estava tomado por Satanás (Lc. 22:3).

Judas sabia onde Jesus estava, pois era um local conhecido pelos doze (João 18:2). Ele se entendeu com o Sinédrio para a prisão de Jesus (Lucas 22:4). Ele recebeu o apoio de muitos soldados, da polícia do templo e do Sinédrio.

As espadas pertenciam aos soldados romanos e os porretes eram da polícia do templo. Eles vieram com tochas e lanternas (João 18:3) com o propósito de prender o Filho de Deus, para matá-lo depois.

O traidor identificou o Senhor com o sinal ele havia dito: um beijo. No original grego a ideia é de um beijo carinhoso, tal como na parábola do filho pródigo “quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou” (Lc. 15:10).

Jesus disse: “Judas, com um beijo trais o Filho do Homem? (Lc. 22:48). Judas disse: “prendei-o e levai-o com segurança” (Mc. 14:44). Todos aqueles soldados, guardas e líderes religiosos tinha a missão de evitar que Jesus escapasse por alguma reação das pessoas.

Jesus se submeteu à traição para que as Escrituras se cumprissem. Marcos não diz mais nada sobre Judas. Após o beijo traidor, Judas desapareceu das páginas da história de Marcos.

Mateus 27:3-5 diz que Judas, ao ver Jesus condenado no Sinédrio, ficou tomado por remorso, devolveu as 30 moedas de prata que recebeu e disse: “Pequei, traindo sangue inocente”. Os principais sacerdote e anciãos lhes disse: “Que nos importa? Isso é contigo”.

Então ele jogou as moedas de prata no santuário do templo e foi se enforcar. Atos 1:18, falando do enforcamento de Judas, diz: “precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”.

A reação de Judas não foi um ato de arrependimento, mas apenas de remorso. Ele teve uma morte horrível e trágica, mas muito pior foi sua eternidade. Judas é uma ilustração da maior oportunidade desperdiçada que alguém poderia ter.

Então Marcos 14:46 diz que eles prenderam Jesus após o beijo traidor de Judas. João 18:12 especifica que a escolta de soldados, o comandante e os guardas do templo amarraram Jesus.

A reação de Pedro

Marcos 14:47 diz que alguém ali feriu o servo do sumo-sacerdote. João 18:12 dá mais detalhes: “Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco”.

Pedro feriu o servo do sumo sacerdotes Caifás. Em Marcos 14:31 ele havia dito: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”. Ele acreditou em sua própria força. Ele não podia aceitar a morte de Jesus, ele havia dito isso em Mateus 16:22.

O que levou Pedro a ser tão corajoso naquele momento? O que aconteceu antes?

João 18
4 Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?
5 Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então, Jesus lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o traidor, estava também com eles.
6 Quando, pois, Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra.
7 Jesus, de novo, lhes perguntou: A quem buscais? Responderam: A Jesus, o Nazareno.
8 Então, lhes disse Jesus: Já vos declarei que sou eu; se é a mim, pois, que buscais, deixai ir estes;
9 para se cumprir a palavra que dissera: Não perdi nenhum dos que me deste.
10 Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco.
11 Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?

Quando Jesus respondeu “Sou Eu”, ele estava se identificando como Deus. E todos seus algozes recuaram e caíram, inclusive Judas que estava com eles. Eles não poderiam tocar em Jesus até que ele mesmo permitisse. Jesus havia dito:

Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.

Esse ato incrível, milagroso, triunfante, glorioso e poderoso de Jesus infundiu força em Pedro. Ele precisava provar sua lealdade novamente. Mas o Cristianismo não avança matando ou agredindo pessoas, como faz o Islamismo. Qualquer ato de violência por causa do evangelho é prova de um falso cristianismo.

Possivelmente Pedro tentou atingir o pescoço, talvez Malco tentou se desviar e foi atingindo na orelha. Mateus registrou a reação de Jesus:

Mateus 26
52 Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão.
53 Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?
54 Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?

João 18:11 diz: “Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?”.

Perante Pilatos, Jesus disse: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (João 18:36).

O reino de Deus não avança pela força, avança uma pessoa de cada vez pela fé em Cristo. O Cristianismo não avança pela espada, mas por cada alma que vem a Cristo, de forma voluntária, pela fé. Lucas 22:51 diz que Jesus curou a orelha do servo do sumo sacerdote, ensinando a Pedro que o caminho não era aquele.

Jesus triunfante expõe a hipocrisia da multidão

Temos naquela cena a multidão raivosa, o traidor, o discípulo impulsivo e todos os discípulos em ponto de fuga. Mas vemos o Cristo glorioso e triunfante, que só foi preso quando ele permitiu isso para cumprimento das Escrituras. Ele disse para aquela multidão:

Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras (Mc. 14:48-49)

Naquela multidão havia figuras trágicas. Havia ali os corruptos, apóstatas, líderes religiosos estúpidos, cegos, ignorantes, pagãos, soldados romanos adoradores de ídolos, assassinos e um miserável traidor. Jesus estava diante das forças do inferno e das forças do homem. Mas Jesus é quem estava no comando da cena.

Ele disse, em outras palavras: “Estive tão acessível a vocês todos os dias, por que vieram me prender na calada da noite? Para que todo este aparato, alguma vez fugi de vocês?”.

Jesus estava desmascarando a hipocrisia daquele movimento clandestino. Aquela prisão violou as leis vigentes, por isso foi feita naquela madrugada, de forma oculta.

A gloriosa majestade de Jesus foi demonstrada quando a multidão recuou e caiu quando Jesus disse: “Sou Eu” (João 18:4-6). Ele foi preso porque o tempo de Deus para sua morte havia chegado.

Poucas horas antes ele havia orado dizendo: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (João 17:1). Ele estava no controle de tudo.

Toda aquela multidão furiosa, conduzida por Judas até o local onde Jesus estava, apenas cumpriu o plano de Deus, no prazo de Deus.

Jesus morreria ainda naquela sexta-feira, às três horas da tarde, ao mesmo tempo em que os cordeiros pascais estavam sendo mortos, porque Jesus é o verdadeiro Cordeiro Pascal.

O planejamento dos líderes religiosos era que Jesus não fosse preso durante a Páscoa (Mc. 14:2), mas eles não estavam no comando, tudo se cumpriria no tempo determinado por Deus.

Satanás, o Sinédrio e Pilatos foram peões nas mãos de Deus

Satanás queria manter Jesus longe da cruz. Ele bem sabia o que a cruz representava no plano eterno de Deus. Ele sabia que Jesus veio para ser o Cordeiro Pascal definitivo. Ele sabia que a cruz seria a derrota do inferno.

Satanás tentou desviar Jesus da cruz na tentação do deserto, oferecendo um caminho alternativo (Mt. 4:1-11). Até mesmo Pedro foi usado por Satanás para dizer: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá” (Mt. 16:22).

Todos os discípulos ficavam desanimados quando Jesus falava de sua futura morte e sofrimento, Pedro foi apenas um porta-voz do grupo. Eles não podiam compreender o Filho de Deus, o Messias, pendurado numa cruz.

Por que Satanás entrou em Judas e fez com que Judas fosse usado para prender e matar Jesus? Por que Satanás incitou Judas a ir ao Sinédrio para prender e executar Jesus?

Os líderes de Israel não queriam prender Jesus no período de festa (Mc. 14:2), pois temiam a reação da multidão superficial que havia aclamado Jesus como rei (Mc. 11:1-11). Satanás quis se aproveitar, ele queria um rei sem cruz. Sem a cruz não haveria redenção, Jesus fracassaria e o inferno triunfaria. 

Os líderes religiosos temiam um tumulto incontrolável, e os romanos não toleravam isso. Também é possível que Satanás pensou que Jesus ficaria desanimado com os terríveis flagelos que estava para sofrer e desistisse da cruz.

Quando Pedro levantou sua espada, Jesus o repreendeu dizendo: “Embainha a tua espada… Pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mt. 26:52).

Doze legiões de anjos significa 72 mil anjos para defender Jesus. Um único anjo matou 185.000 soldados do exército assírio de Senaqueribe (Is. 37:36; 2 Reis 19:35). Imagine o que faria 72 mil anjos?

Penso que Satanás imaginou duas coisas: Ou a multidão iria impedir o caminho da cruz ou os flagelos que Jesus sofreria o faria a recuar. Uma coisa é certa: Satanás não queria a cruz. Ele sabia que a cruz seria cumprimento das Escrituras e que aconteceria o que diz a carta aos Filipenses:

“[Cristo] se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp. 2:8-11).

Jesus intervém para que os discípulos pudessem fugir

Então diante daquela multidão furiosa, conduzida pelo nefasto traidor, Jesus se impõe com majestade e controla toda situação soberanamente. Por fim, Marcos registrou a fuga de todos os discípulos (Mc. 14:50).

João 18:8, quando Jesus perguntou pela segunda vez a quem eles estão buscando, ele disse: “Já vos declarei que sou eu; se é a mim, pois, que buscais, deixai ir estes”. O versículo 9 diz: “para se cumprir a palavra que dissera: Não perdi nenhum dos que me deste”, conforme ele mesmo havia dito em João 6:39-40,44; 10:28; 17:1-2).

Zacarias 13:7 disse que a fuga dos discípulos aconteceria: “Golpeie o Pastor, as ovelhas serão dispersas.” E essa profecia foi cumprida. Eles ainda não estavam prontos, fugiram para salvar suas vidas.

Após a ressurreição, ascensão de Jesus e descida do Espírito Santo tudo mudou para aqueles homens. Eles se tornaram ousados proclamadores do Evangelho e derem suas vidas por Cristo.

Marcos faz ainda um relato adicional que não aparece nos outros evangelhos:

Marcos 14
51 Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um lençol, e lançaram-lhe a mão.
52 Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo.

Não sabemos quem era aquele jovem. Qualquer tentativa de identificá-lo seria mera especulação. O que importa é que todos fugiram, inclusive esse jovem seguidor anônimo. Marcos quis apenas registrar: Não sobrou ninguém.

O que aconteceu após a prisão de Jesus

Veremos nos próximos sermões que Marcos 14:53 relata que Jesus foi levado na escuridão da noite para o Sinédrio, onde Jesus seria julgado com acusações forjadas, testemunhas falsas e juízes corruptos. Ali Jesus foi condenado à morte e levado perante Pilatos para que fosse crucificado.

Naquela mesma manhã de sexta-feira ele foi crucificado e morreu às 3 horas da tarde, na mesma hora que os cordeiros eram sacrificados no templo. Ele era o cordeiro pascal definitivo.

Tudo se cumpriu em perfeita harmonia com as profecias e com o plano eterno de Deus. No Domingo Jesus ressuscitou, depois foi glorificado, ascendeu aos céus e um dia voltará em glória para estabelecer seu reino.

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados […] Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. (Isaías 53:5,10).

Jesus fez tudo por sua vontade. Ele fez isso por amor ao Seu Pai e pelos escolhidos, porque foram os nossos pecados que Ele carregou e sofreu o castigo que era nosso. Vamos orar.

Pai, que experiência para nós, estar lá no Monte das Oliveiras naquele dia através dos olhos de Marcos e dos outros escritores do relato do evangelho e vivenciar a traição e a prisão de Jesus.

Somos gratos por Tua disposição em dar a Tua vida. Tu que eras perfeitamente santo, sem pecado. E o Senhor, mesmo sendo Deus, suportou o desprezo. Saiu da posição de ser adorado pelo anjos para ser beijado por um traidor, ser preso por vis pecadores e ser julgado, por assim dizer, por Ti na cruz, para ser punido pelos nossos pecados.

Os horrores disto estão além da compreensão, e ainda assim Sua majestade e magnificência brilham. Oh, que Salvador é o nosso. E nós te louvamos, ó Deus, por dá-Lo a nós e nos dar a Ele. Em Seu grande nome oramos. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.


Este texto é uma síntese do sermão “Judas’s Betrayal”, de John MacArthur, em 1/5/2011.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-76/judass-betrayal

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

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