Jesus Abençoa as Crianças

Há alguns anos atrás eu escrevi um livrinho chamado “Safe in the Arms of God” (Seguro nos braços de Deus). Foi um pequeno livro que explica o que acontece com os bebês que morrem. Senti que era muito importante porque não existia tal livro na época. De vez em quando você se depara com algo que precisa ser resolvido.

Certa vez, em um painel de discussão em uma conferência nacional com alguns pastores, a pergunta que veio de um dos participantes foi: “O que acontece com os bebês que morrem?”. A pergunta foi de um casal que sofria com a morte de seu bebê e queriam saber onde ele estava.

Eu era o último pastor no final da bancada. Os outros pastores disseram que não sabiam responder ou não tinham certeza. Então, eu disse: “Bem, com todo o respeito, acho que a Bíblia nos diz o que acontece com os bebês que morrem”.

E eu dei a resposta, o que, é claro, acabou sendo um tremendo encorajamento para as pessoas que perderam um bebê. Acabou sendo um incentivo tão grande que decidi escrever o livro “Safe in the Arms of God” (Seguro nos Braços de Deus).

[Nota: Em seu livro “Safe in the Arms of God”, John MacArthur traz consolo bíblico aos pais que sofreram com a morte de um bebê, criança pequena ou filho adulto com deficiência mental, incapaz de exercer fé no Senhor Jesus. O livro também apresenta encorajamento da vida real de casais cristãos que perderam filhos e encontraram a verdadeira paz — até alegria — por meio da fé em Cristo].

E aqui estamos novamente neste mesmo assunto em Marcos 10: 13-16. Este mesmo incidente é registrado em Mateus 19:13-15 e em Lucas 18: 15-17.

Mateus, Marcos e Lucas são escritores sinóticos, porque nos dão uma sinopse da vida de Cristo, enquanto João se concentrou mais em selecionar alguns milagres e declarações feitas por Jesus.

Marcos 10
13 Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam.
14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus.
15 Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.
16 Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.

Muitos negligenciam essa passagem, dando a entender que ela não tenha muita importância. Mas, muito pelo contrário, é uma das passagens mais importantes dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, porque responde a essa questão muito vasta e de longo alcance sobre o que acontece com os muitos e muitos milhões de bebês que morreram e que irão morrer.

Onde estão todas as almas de todas aquelas crianças muito pequenas que morreram? Esta é a passagem que, mais do que qualquer outra, responde a essa pergunta, e responde muito claramente. O que vemos aqui é o Senhor abençoando essas criancinhas, e Deus não abençoa aqueles que são amaldiçoados.

Jesus nunca pronunciou uma bênção sobre qualquer outra pessoa que não pertencesse ao Seu reino. Portanto, esta é uma situação única em que nosso Senhor abençoa as criancinhas.

Isso foi contra o judaísmo apóstata que dominava Israel na época de Jesus. O caminho para o Céu era apresentado como sendo as boas obras. Como as crianças muito perquenas não podiam realizar boas obras, pois não sabiam a diferença entre o bem e o mal, entre justiça e a injustiça, não eram considerados nas discussões sobre o reino de Deus.

E esse incidente foi chocante para a multidão que estava assistindo e para os fariseus que estavam na multidão. Mas foi também chocante para os discípulos, que ainda eram influenciados pelo judaísmo apóstata. Eles tentaram impedir as crianças de se aproximarem de Jesus, pois não consideravam o reino de Deus um assunto para elas, o que fez Jesus repreendê-los (Marcos 10: 13-14).

Na lógica comum as crianças eram vistas como irrelevantes para a vida espiritual, pois, no entender do judaísmo apostata, elas não podiam fazer nada para entrar no reino de Deus. Jesus contraria a todos em mais uma poderosa ilustração de que a salvação é pela graça.

Esta é a melhor ilustração da graça da salvação registrada nos evangelhos. Os bebês não fizeram absolutamente nada para entrar no reino. E ainda eles são uma ilustração de todos os demais que fazem parte do reino, porque você precisa vir como uma criança para entrar no reino (Mateus 18:3. Foi um ensino chocante para os judeus e os discípulos.

O contraste com o jovem rico

Logo em seguida, em Marcos 10: 17 a27, em outro incidente, agora com um jovem rico que afirmou cumprir todos os mandamentos desde a juventude, saiu informado de que não estava no reino de Deus porque ele não era nada mais que um hipócrita religiosa, que confiava em seus méritos.

E isso espantou os discípulos, que perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” (Marcos 10:26). Jesus respondeu: “Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível” (Marcos 10:27). Isso reforça o ensino de Jesus sobre se tornar uma criança para entrar no reino, não há outro caminho.

A história de Marcos 10: 13-16

Marcos 10
13 Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam.

Vamos entrar na história de Marcos 10: 13 a 16. Os pais estavam trazendo suas crianças pequenas para Jesus. “Crianças” aqui é do grego “paidia”, uma palavra geral. Mas Lucas 18:15 usa a palavra “brephos”, isso são “bebês, lactentes, crianças pequenas”, talvez até três ou quatro anos de idade.

Sabemos que são bebês porque Marcos 10:16 diz que Jesus os envolveu em Seus braços. Os pais queriam que seus filhos conhecessem a Deus e que fizessem parte do reino de Deus.

Há ilustrações no Antigo Testamento de como os pais abençoavam seus filhos. Existem vários deles. Durante todo o período patriarcal, os pais abençoaram seus filhos. A exemplo de Noé abençoando Sem e Jafé (Gênesis 9.26-29), Isaque (Gênesis 27) e Jacó (Gênesis 48,49) abençoando seus filhos. Isso era uma típica bênção paterna pronunciada sobre a cabeça dos filhos.

O Talmud (coletânea de livros sagrados dos judeus) nos conta que era muito comum os pais trazerem seus filhos para serem abençoados pelos anciãos da sinagoga.

No judaísmo havia um dia especial reservado para isso, um dia antes do Dia da Expiação, um dia antes do Yom Kippur (dia do Perdão eterno, celebrado uma vez a cada ano, uma das datas mais importantes e sagradas do judaísmo). Eles traziam seus filhos naquele dia para que a expiação do dia seguinte fosse aplicada aos filhos.

No registro de Mateus diz: “trouxeram-lhe, então, algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse” (Mateus 19:13). Isso é consistente com esse tipo de bênção.

Eu acredito que esta foi uma oração pela salvação. Não posso deixar de pensar que os pais queriam que seus filhos fossem salvos, queriam que seus filhos fossem abençoados por Deus com a vida eterna.

Como o judaísmo apóstata via a salvação como resultado de boas obras, os discípulos repreenderam esses pais e queriam impedir que as crianças fossem até a Jesus.

Marcos 10:13 diz que “os discípulos os repreendiam”. A palavra traduzida como “repreendiam” tem o sentido no grego de “censura” ou “repreensão” muito intensa e, em uma forma substantiva, significa “punição”.

Os discípulos se voltaram contra aqueles pais, a visão religiosa deles não podia admitir que as crianças tivessem lugar diante de Deus. Para eles, aquelas crianças tinham que crescer, fazer boas obras e assim se aproximar de Deus.

Assim, embora tenham recebido a salvação pela graça, eles absorveram tanto de seu antigo sistema (salvação pelas obras) que achavam que as crianças não se encaixavam em lugar algum. E, é claro, o Senhor aparentemente não havia dito nada até esse ponto sobre as crianças, então este é o momento de ensino.

Eles protestam veementemente contra esse grupo de pais que desejava que o Senhor abençoasse seus filhos e orasse por eles, convencidos de que isso seria apenas uma interrupção desnecessária e trivial.

A indignação e a declaração de Jesus

Marcos 10
14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus.

Jesus ficou indignado com o ato dos discípulos, o texto no grego original expressa uma forte ira por parte de Jesus. Ele ficou muito zangado por eles terem tratado as crianças dessa maneira. Os discípulos foram repreendidos por suas suposições erradas e seu mau entendimento das Escrituras.

Lucas 18:16 diz: “Jesus, porém, chamando-as para junto de si, ordenou: Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Lucas 18:16).

Então nosso Senhor abençoa bebês que não eram nem crentes nem incrédulos, nem receptores nem rejeitadores da verdade da salvação divina. E novamente digo que isso é muito significativo porque Jesus não pronunciava bênçãos sobre as pessoas fora de Seu reino.

E Jesus diz: “Porque dos tais é o reino de Deus”. Não há ressalvas! Não há condições! Isso é muito importante. Ele não diz isso limitando àquelas crianças pequenas, mas Ele o fez de forma genérica, abrangendo bebês e criancinhas.

E o que é o reino? Jesus está falando sobre a esfera da salvação, na qual Deus governa aqueles que pertencem a Ele, o domínio espiritual no qual as almas existem sob Seu cuidado especial.

Ele incluiu os bebês nessa categoria, dizendo que eles têm uma parte no reino. Nada é dito sobre a fé dos pais, circuncisão, batismo infantil ou sobre qualquer ritual, promessa ou aliança dos pais e aliança nacional. Suas palavras envolvem de forma simples e completa todos os bebês. Eles pertencem ao reino.

E se nosso Senhor fosse ensinar o batismo infantil, este seria o local perfeito. Tudo o que Ele teria que dizer era: “Estas crianças possuirão o reino se você as batizar”. Mas Ele não diz isso. E ninguém na Bíblia diz nada sobre o batismo infantil.

Os bebês e crianças pequenas são pecadoras, mas não são conscientes de uma rebelião contra Deus

Ele também deixou claro que não se tratava de fé pessoal dos pais ou dos bebês, Ele simplesmente diz que os bebês pertencem ao reino e o reino pertence a eles. Essa foi sua afirmação.

Do que estamos falando aqui? Que os bebês, até que cheguem ao ponto que se tornem responsáveis para crer no evangelho, estão sob cuidados divinos especiais. Eles têm um lugar de cuidado em Seu reino. Jesus simplesmente diz categoricamente que os bebês estão no reino, o reino pertence a eles.

Isso não significa que os bebês ou crianças bem pequenas não são pecadores. Não há dúvida alguma que todos já nascem pecadores (Salmo 51:5; João 3:6; Romanos 3:10-12,23; Romanos 5:12-21 etc.). Todo ser humano já nasce com a iniquidade embutida no tecido de suas vidas.

As crianças não nascem moralmente neutras. Elas são moralmente corruptas e inclinadas ao pecado. Leva apenas um tempo para que elas façam as escolhas que evidenciam essa corrupção. Qualquer pensamento contrário a essa verdade bíblica é pura heresia.

Qual o salário do pecado? A morte (Romanos 6:23). Por serem pecadoras, as crianças pequenas ou bebês também morrem. A morte é a prova da corrupção.

As crianças muito pequenas, nesta fase da vida, não pecam conscientemente. Eles não escolheram conscientemente se juntar à rebelião contra Deus. Mas elas são corruptas e é por isso que podem morrer nessa idade. E por pecarem, a Bíblia ensina que os pais devem usar a disciplina (Provérbios 13:24, 19:18, 23:13, 29:15-18; Hebreus. 12:9 etc.).

Então, fique muito claro que NÃO estamos dizendo que as crianças muito pequenas pertencem ao reino porque são moralmente neutras e incorruptíveis. Não é isso que estamos falando. Isso é um pensamento

  • Todos os seres humanos já nascem corruptos e culpados do pecado de Adão, herdando a natureza de Adão. A estultícia está ligada ao coração da criança (Provérbios 22:15).
  • Em Gênesis 8:21 diz que “é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade”. A palavra hebraica traduzida como “mocidade” abrange dede o início da infância.

Elas não estão no reino por algum merecimento, mas por um ato da graça divina. Essa condição perdura até estiverem na condição de serem pessoalmente responsáveis, esse ponto é diferente no tempo para cada indivíduo. É a mensagem de Marcos 10:14.

Você diz: “Bem, agora, espere um minuto. Você quer dizer que elas são salvas? Você quer dizer que eles receberam a salvação? Então, quando atingem a idade em que são responsáveis, eles a perdem? Você quer dizer que Deus lhes dá a salvação e depois a tira?

A vida eterna concedida por Deus a quem nasceu de novo é um assunto resolvido e irrevogável. Mas não é sobre isso que Jesus está tratando aqui. Deus os mantêm em algum estado de graça, antes de atingirem a idade da responsabilidade. Esse estado de graça é condicional.

Você diz: “Bem, em que isso está condicionado?”

Torna-se vida eterna se eles morrerem antes do início da idade de responsabilidade. Neste caso a criança está segura nos braços de Deus.

Evidências dessa verdade no Antigo Testamento

E vossos meninos, de quem dissestes: Por presa serão; e vossos filhos, que, hoje, nem sabem distinguir entre bem e mal, esses ali entrarão, e a eles darei a terra, e eles a possuirão (Deuteronômio 1:39)

O texto refere-se aos pequeninos que não distinguem entre o bem e o mal, que não têm entendimento verdadeiro quanto à sua condição. Moisés relata que ninguém daquela geração maligna veria a terra da promessa (v. 1:35), salvo Calebe e Josué (v. 1:36, 38), mas ressalvou que as crianças pequenas, que não podiam discernir entre o bem e o mal, entrariam.

Porquanto me deixaram e profanaram este lugar, queimando nele incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem eles, nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar de sangue de inocentes (Jeremias 19:4).

Os bebês eram oferecidos em holocausto ao falso deus Moloque. Eram queimados no fogo na Geena, um lugar chamado Tofete (palavra hebraica para tambor). Eles batiam tambores lá o tempo todo para abafar os gritos dos bebês em chamas.

Mas os bebês são referidos por Jeremias como o sangue dos inocentes. Eles não eram filhos de pais fiéis. Aos olhos de Deus, seus pais estavam derramando o sangue dos inocentes.

E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais? (Jonas 4:11)

Quando o texto bíblico fala sobre “pessoas que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda”, está se referindo a crianças muito pequenas. O julgamento não é apropriado, nesse sentido, sobre os pequenos. Mas quando elas podem discernir entre o bem e o mal, elas não mais estão isentas.

Mataste a meus filhos e os entregaste a elas como oferta pelo fogo (Ezequiel 16:21).

O profeta também está tratando dos bebês oferecidos por Israel ao falso deus Maloque. E ele, reproduzindo a Palavra do Senhor, diz: “Vocês estão matando meus filhos”. Isso é muito parecido com o que Jesus diz em Marcos 10:14.

A diferença entre o filho de Bete-Seba e Absalão

E talvez uma das ilustrações mais interessantes de tudo isso esteja em 2 Samuel, capítulo 12. Davi cometeu um terrível pecado com Bate-Seba. Ela engravidou e teve um filho. Ele assassinou o marido dela, colocando-o em um lugar na batalha onde ele seria morto.

  • Deus feriu a criança, que adoeceu gravemente (v. 12:15).
  • Davi jejuou e clamou muito pela vida dela, mas a criança morreu (v. 12:18).
  • E assim que soube da notícia, Davi comeu pão e disse: “Agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (v. 12:23).

O que ele quis dizer com isto? Que se juntaria com aquela criança após sua morte. Era uma confiança de que haverá uma futura reunião depois da morte, incluindo os santos e as crianças pequenas que não podiam discernir entre o bem e o mal. Deus lhe deu a confiança de que a criança havia entrado em Sua presença.

Compare isso seis capítulos depois, em II Samuel 18. Absalão, filho rebelde de Davi, liderou um golpe para destruir seu próprio pai e tirar seu reino.

Mas Absalão teve uma morte horrível. E Davi ficou em profundo luto, dizendo: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (v. 18:33). Ele sabia que veria o bebê de Bete-Seba novamente, mas sabia que nunca mais veria Absalão.

O caso da família do rei Jeroboão

Em 1 Reis 14, o rei Jeroboão, que era um rei muito perverso, levou o povo a uma idolatria profundamente perversa. Ele estava oferecendo crianças em holocaustos. Um severo julgamento de Deus caiu sobre ele:

Trarei o mal sobre a casa de Jeroboão, e eliminarei de Jeroboão todo e qualquer do sexo masculino, tanto o escravo como o livre, e lançarei fora os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o esterco, até que, de todo, ela se acabe. Quem morrer a Jeroboão na cidade, os cães o comerão, e o que morrer no campo aberto, as aves do céu o comerão, porque o Senhor o disse. (1 Reis 14:10-11).

Veja como o Senhor culpou a todos os que tinham capacidade de discernir entre o bem e o mal da casa de Jeroboão. Eles não teriam sequer direito a um enterro. Mas em relação a uma criança, o Senhor disse:

Tu, pois, dispõe-te e vai para tua casa; quando puseres os pés na cidade, o menino morrerá. Todo o Israel o pranteará e o sepultará; porque de Jeroboão só este dará entrada em sepultura, porquanto se achou nele coisa boa para com o Senhor, Deus de Israel, em casa de Jeroboão (1 Reis 14:12,13)

Havia algo diferente em um menino pequeno. Ele foi o único na família de Jeroboão que não se rebelou abertamente contra Deus. Ele era um pecador? Sim, claro, todas são. Mas ele não se rebelou conscientemente contra Deus.

É a mesma coisa do que Jesus disse em Marcos 10:14. Há um lugar especial no cuidado de Deus para aqueles que estão na infância e não são responsáveis por escolhas espirituais. E é isso que vemos nesta passagem, e é consistente nas Escrituras.

O significado dessa graça sobre bebês e crianças ainda sem discernimento

Isso não é salvação, é o cuidado divino especial. E no caso de a criança morrer, o testemunho da Escritura é que a criança recebe a salvação no momento da morte por causa da graça soberana de Deus. Outra maneira de ver isso é entender que todos os bebês que morrem são eleitos. Estão todos salvos. O sacrifício de Cristo é aplicado a todos eles.

Não há melhor ilustração da graça soberana e da eleição do que a salvação de uma criança pequena que morreu porque não pode ter em si qualquer mérito. É exatamente esse o modelo para a salvação de qualquer pessoa. Essas crianças foram incondicionalmente predestinadas à salvação desde a fundação do mundo.

A salvação de bebês que morrem demonstra que eles são eleitos desde a fundação do mundo. Se apenas uma única criança morrendo em uma infância irresponsável for salva, todo o princípio arminiano é transgredido. Quando um bebê morre, ele é salvo, o que significa que Deus permitiu providencialmente essa morte porque é um bebê eleito.

Você entende as implicações disso em países cheios de muçulmanos, hindus, budistas e todo tipo de religião contrária a Palavra de Deus? Todos os bebês que morrem nesses países estarão no céu. Essa é uma gloriosa realidade.

O ponto é que esta grande obra de salvação para bebês e crianças pequenas que morrem antes da condição de responsabilidade mostra o lugar especial que eles têm no reino sob o cuidado exclusivo do Rei. Pecadores nascidos, objetos da ira, mas até que rejeitem a verdade conscientemente, eles estão sob Seu cuidado especial.

Em 1907, R. A. Webb escreveu em seu livro “The Theology of Infant Salvation”.

Se uma criança pequena morta fosse enviada para o inferno apenas por causa do pecado original, haveria uma boa razão para a mente divina para o julgamento, porque o pecado é uma realidade. Mas a mente da criança não compreenderia a razão de seu sofrimento. Sob tais circunstâncias, conheceria o sofrimento, mas não teria compreensão da razão de seu sofrimento.

Não saberia dizer a si mesma por que foi tão terrivelmente ferida e, consequentemente, todo o significado e significação de seus sofrimentos, sendo para ela um enigma consciente, a própria essência da pena estaria ausente e a justiça seria decepcionada, sem elementos de sua validação.

Se os bebês que morrem fossem para o inferno, então eles não saberiam por que estavam lá. Isso não faz sentido.

Então, o Senhor diz:

Marcos 10
15 Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.

Além de dizer que as crianças estão no reino, ele agora diz que qualquer outra pessoa só pode entrar no reino se vir como uma criança: simples, aberta, confiante, despretensiosa, dependente, frágil, sabendo não possuir méritos e humilde. E se você não vier assim, nunca entrará no reino.

A salvação é pela graça soberana, nunca por causa de conquista humana. Você não consegue mais do que um bebê pode alcançar. É um dom da graça. E assim João Calvino escreveu que em Marcos 10: 14-15 Jesus ensina a cidadania do reino tanto para crianças, como para aqueles que vêm como crianças.

E, novamente, esta é uma severa repreensão aos fariseus, a seus seguidores e a todos os que se enquadram em seu sistema de legalismo. Este é um golpe mortal para o legalismo. Você entende isso? A graça é a única maneira de alguém estar no céu.

Marcos 10
16 Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.

Jesus não via aqueles bebês como pequenos pagãos. O original grego tem o sentido de que Jesus envolveu aqueles bebês em seus braços, abraçou e começou a abençoá-los intensamente e fervorosamente.

Ele sela a verdade que considerou ser a verdade mais importante, que a salvação é somente pela graça, e a maior ilustração disso é a salvação de uma criança que morre antes de ter a capacidade de crer ou rejeitar o evangelho.

A maior bênção que você pode conferir aos seus filhos é evangelizá-los com amor. Essa é a prioridade de sua vida. A salvação deles é uma obra de Deus, mas você deve ser o agente pelo qual essa obra é realizada. Você é o principal missionário na vida de seus filhos. Vamos orar.

Pai, é a tua Palavra que nos revela a verdade e nos dá clareza e compreensão. Agradecemos por isso. Quão rico e maravilhoso é ver a consistência da Escritura, a solidariedade da Escritura, a ausência de confusão. Tão lindamente se encaixa Tu és o único autor e é um livro sobrenatural inspirado pelo Espírito Santo.

Agradecemos o encorajamento desta verdade. Todos nós já perdemos crianças ou conhecemos pessoas que perderam ou certamente as vemos no mundo ao nosso redor e sabemos como isso aconteceu ao longo da história. Parece até verdade que quanto mais falsa a religião, mais comum é a morte de bebês. Mas o Senhor, em sua soberana graça, os resgata disso para trazê-los à glória. Grato pela ilustração da graça salvadora que vem apenas para aqueles que vêm como crianças.

Traga alguns hoje, Senhor, alguns que estão tentando ganhar seu sustento. Que eles percebam que não podem. Que eles se lancem à tua misericórdia e à tua graça. Ajude os pais a receberem a devida alegria e confiança de que seus pequeninos, enquanto são pequenos, estão nas mãos do Salvador que os envolve em Seus braços e os guarda durante esse período de tempo até atingirem a idade em que podem fazer a decisão. E se eles perecerem antes disso, o Senhor os reúne em Seu reino. Que grande esperança!

Mas lembre-nos da responsabilidade que todos nós temos por aqueles filhos que crescem para serem fiéis para conduzi-los a Cristo para crescer na doutrina e admoestação do Senhor. Agradecemos em nome do seu Filho. Amém!


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série


Este texto é uma síntese do sermão “Why Jesus Blessed the Little Children”, de John MacArthur em 28/11/2010

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-50/why-jesus-blessed-the-little-children

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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