Invalidando as Escrituras
Série Ev. Marcos (25)
Em Marcos 7:1-13, o evangelista Marcos continua se movendo rapidamente, como em muitas seções do Evangelho de Marcos, que é um Evangelho abreviado. Ele é muito seletivo na escolha do que escrever sobre a vida e ministério de nosso Senhor Jesus Cristo. Aqui Marcos registra um embate de Jesus com a liderança religiosa, acerca da tradição dos anciãos. Este incidente é também registrado em Mateus 15.
Há um texto chave para a compreensão de todo este incidente: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram…” (Marcos 7:6-7).
Adoração vã significa adoração vazia, inútil, sem sentido, sem vida, hipócrita. Isso caracterizou o povo de Israel na época de nosso Senhor. E não era nada novo, estava profundamente enraizado em sua religião. Eles eram, literalmente, o produto de séculos de adoração hipócrita, superficial, vazia e inútil, que era dirigida ao Deus certo, mas da maneira errada.
Deus não aceita adoração feita de forma errada, mesmo que essa adoração seja dirigida a Ele. É um grave problema adorar a Deus de forma errada. E o judaísmo apóstata transformou a falsa adoração em uma arte sofisticada.
A mensagem do Novo Testamento é simples, e é a mesma mensagem do Antigo Testamento: Deus deseja a verdadeira adoração, vinda de verdadeiros adoradores.
O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. (Deuteronômio 6:4-5)
[Jesus disse] Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (João 4:23-24)
Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas? A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás. (Lucas 10:26-28)
Essa mensagem não mudou, e não era uma novidade no tempo de nosso Senhor.
Em Isaías, capítulo 1, o profeta é enviado por Deus, muito antes do cativeiro babilônico, para avisar a Israel que um juízo de Deus estava vindo sobre a nação através do exército babilônico, que invadiria Israel, mataria dezenas de milhares de pessoas, destruiria Jerusalém e o templo, e levaria as pessoas cativas para a Babilônico. Por que o julgamento viria? Por causa da falsa adoração.
O profeta Malaquias, em uma pequena profecia maravilhosa que encerra o Antigo Testamento, mais uma vez nos lembra de um Israel apóstata. Toda essa profecia de quatro capítulos breves é uma acusação a Israel pela falsa adoração, pela adoração vazia, por oferecer sacrifícios indignos, por desprezar a adoração e por cultivar iniquidade no coração.
Essa era a característica da adoração judaica que também estava presente na época de Jesus. Era uma adoração vazia e hipócrita, assim como era nos tempos dos profetas. E Jesus confrontou essa adoração vazia, hipócrita e cheia de legalismo, rituais e cerimônias.
Nosso Senhor combateu fortemente tudo isso. Ele tratou da verdadeira religião, que transforma o homem interior e o faz amar a Deus de todo seu coração, alma, mente e força. As pessoas que propagavam a falsa religião eram filhos do inferno, produzindo mais filhos do inferno. Sobre eles, Jesus disse:
Mateus 23
13 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando!
15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!
27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia.
33 Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?
Jesus sempre foi compassivo, curou a todos, libertou as pessoas dos demônios, ressuscitou os mortos, trouxe uma graça comum que o mundo não havia visto e nem verá igual, demonstrado Seu amor, compaixão, misericórdia e bondade para com aqueles que estavam sofrendo. Mas, ao mesmo tempo, quando Ele se voltou para os divulgadores da religião falsa, Ele desencadeou a denúncia mais contundente que já saiu de Seus lábios. A adoração vazia envolve as pessoas em um sistema religioso falso e que produz condenação.
BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO
Estamos no sétimo capítulo de Marcos. Acabamos de vir de alguns eventos no ministério de Jesus que marcam o auge de Sua popularidade, principalmente quando Ele alimentou uma multidão superior a 20 mil pessoas (Marcos 6).
Esse enorme milagre surpreendeu a multidão e é registrado nos quatro Evangelhos. De acordo com João 6, a multidão ficou tão impressionada que queria torná-Lo rei à força. Ele recusa aquele esforço superficial e egoísta de torná-Lo rei para que eles pudessem continuar a se beneficiar de Seus poderes sem crer em Sua mensagem.
Aquela multidão queria o pão terreno, queria seus interesses satisfeitos e O rejeitou quando Ele disse: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (João 6:35). E então O abandonou, dizendo: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (João 6:60).
A religião superficial não muda o coração. Eles não amavam a Deus nem O adoravam de coração. Eles não odiavam seus próprios pecados, eles rejeitaram Jesus como o Redentor e Salvador. Daí em diante, depois que Jesus recusou atender os anseios materiais da multidão, Sua popularidade começou a cair.
Embora novas multidões tenham ocorrido no ministério de Jesus, Ele se concentrou mais em Seus discípulos, preparando-os para a tarefa monumental de ir a todo o mundo sob o poder do Espírito Santo para pregar o evangelho. Ele contou parábolas, mas não as explicou mais para a multidão, apenas aos apóstolos. Com a queda de Sua popularidade, o trabalho dos escribas e fariseus para desacreditá-Lo começa a ganhar força.
O que aprendemos com isso é que Ele rejeitou toda aquela religião falsa. A religião não é o caminho para Deus, mas a adoração do coração. A religião é o caminho para o inferno. Marcos finaliza o capítulo 6, dizendo:
Onde quer que ele entrasse nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, rogando-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a tocavam saíam curados. (Marcos 6:56)
E vemos aqui que a compaixão de Jesus também pode ser o juiz que condena. Compassivo ao povo em seu sofrimento, de um lado, condenando os falsos religiosos, por outro. Seus primeiros dois anos de ministério foram de muitos sinais, curas e milagres. Mas não havia muitos que creram Nele.
O EMBATE DE JESUS CONTRA A HIPOCRISIA RELIGIOSA
Encontramos o Seu juízo nos versículos 1 a 13 de Marcos 7.
Marcos 7
1 Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém.
2 E, vendo que alguns dos discípulos dele comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar
3 (pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;
4 quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem; e há muitas outras coisas que receberam para observar, como a lavagem de copos, jarros e vasos de metal [e camas]),
5 interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar?
Os fariseus e alguns dos escribas se reuniram ao redor Dele quando eles vieram de Jerusalém. O tempo novamente é próximo à Páscoa, não sabemos exatamente quando. Eles vêm da sede da religião, do lugar das escolas de teologia, da localização das mentes mais eminentes e, claro, da localização do grande templo.
Era um grupo cheio de prestígio. Eles foram ali para reforçar o trabalho de outros em desacreditar Jesus. Eles eram legalistas e hipócritas, eram filhos do diabo, como bem Jesus se referiu a eles (João 8:44). Eles buscavam uma forma de matar Jesus. Ali foi uma colisão frontal entre a religião verdadeira e a religião falsa.
O primeiro golpe no confronto é dado pelos escribas e fariseus, quando viram que alguns discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos. Eles não se referiam a ter as mãos limpas, mas à lavagem cerimonial.
A cerimônia envolvia o ato de uma pessoa derramar água de um jarro nas mãos de outra pessoa, cujos dedos deveriam apontar para cima. A pessoa só podia passar para a próxima etapa se a água gotejasse pelo pulso. A água, então, seria derramada nas duas mãos, tendo agora os dedos apontados para baixo. E aí cada mão deveria ser esfregada com o punho da outra mão.
Era um tipo de lavagem cerimonial no Antigo Testamento, mas com relação aos sacerdotes no livro de Levítico. Havia algumas coisas que os sacerdotes faziam cerimonialmente para demonstrar a necessidade de purificação do pecado como parte de sua função sacerdotal de oferecer sacrifícios e coisas assim. Mas, no que diz respeito a todo o povo, o Antigo Testamento apenas prescreveu apenas a boa higiene.
Porém, não era sobre higiene que eles estavam falando, mas de regras externas relacionadas à contaminação ritual. Eles criaram diversos rituais que não constam nas Escrituras. Eles não estavam tão preocupados com as Escrituras quanto com sua tradição. Eles haviam transformado sua tradição igual à Escritura.
A tradição dos anciãos extrapolava à Escritura, tal como acontece nas tradições da Igreja Católica. Moisés deu a lei oral no Sinai e então a lei de Deus foi escrita, o Pentateuco sendo a lei primária, e o resto do Antigo Testamento veio. Os líderes judeus, preocupados apenas com o exterior, criaram regras para supostamente evitar que a lei fosse violada.
Assim, geração após geração foram surgindo rituais, regras, cerimônias, proibições e comportamentos de todos os tipos para, supostamente, proteger a lei de Deus. E essa foi a acusação contra Jesus e Seus discípulos. Porém, não houve ali violação da lei de Deus, mas das tradições religiosas criadas pelos rabinos.
Quando os judeus voltaram do cativeiro babilônico, eles queriam proteger a lei. Esdras, que era sacerdote e escriba, estudou, observou e ensinou a lei, então houve um grande avivamento (Neemias 8). Esdras foi o primeiro de um grupo de homens conhecidos como escribas, e seu trabalho era estudar e explicar a lei para que as pessoas soubessem o que era a lei e pudessem evitar violar a santa lei de Deus.
O judaísmo apóstata dominava Israel nos tempos de Jesus. Essa falsa religião era alimentada por centenas de regras que foram acrescentadas, chamadas de “tradição dos anciãos”. Havia regras absurdas e tolas, embora algumas com alguma sensatez.
No ano 200, depois de Cristo, o rabino Jehuda reuniu todas as regras das tradições dos anciãos em uma obra escrita chamada Mishná. Nessa obra, há trinta capítulos sobre o ritual cerimonial de limpeza de potes e frigideiras. Não se tratava de higiene, mas de limpeza ritual cerimonial. Portanto, são necessários trinta capítulos para você seguir os detalhes e a prescrição desse tipo de limpeza ritualística de uma panela ou frigideira.
Bem, a Mishná precisava ser explicada, e daí os comentários escritos sobre ela foram chamados de Gemara. Então, você tem a Mishná e, explicando a Mishná, você tem a Gemara. A escola rabínica em Jerusalém pegou a Mishná e a Gemara e colocou ambas juntas e criou o Talmud. Não é de se admirar que Jesus tenha dito: “[Eles] atam fardos pesados e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los” (Mateus 23:4).
Essa massa de ensinos humanos encobria totalmente a verdadeira Escritura. E, é claro, os rabinos reivindicavam a posição de únicos intérpretes legítimos das Escrituras, a mesma coisa que faz a Igreja Católica Romana. Na época de Jesus, havia um Tannaim, que em aramaico significa “repetir”, ensinar a interpretação rabínica.
Quando Jesus terminou o Sermão do Monte, Mateus diz que “as multidões ficaram maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mateus 7:28-29). O que eles queriam dizer com isso? Os líderes religiosos sempre citavam outros líderes, mas Jesus falava com autoridade própria, sem recorrer a escritos de homens.
Para se ter uma ideia da heresia dos escritos rabínicos, o Talmud de Jerusalém diz:
- As palavras dos escribas são mais amáveis do que as palavras da lei.
- É um crime maior transgredir as palavras da escola do rabino Hillel do que as palavras da Escritura.
- Meu filho, preste mais atenção às palavras dos escribas do que às palavras da lei.
Então, agora você sabe qual é a história em Marcos 7: a classe religiosa, totalmente presa às tradições do anciãos, tal como o catolicismo romano é preso às suas tradições humanas, afronta Jesus, dizendo “você violou a tradição!”. Observe que eles não acusaram Jesus de violar a lei. O centro de tudo é a tradição.
E essa é a acusação: “Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar?” (Marcos 7:5).
E isso era algo tão importante para eles, que:
- Rabino Ta’aseh disse: “Quem quer que tenha sua morada na terra de Israel e coma sua comida com as mãos lavadas, pode ter a certeza de que receberá a vida eterna.”
- Eles também ensinavam que um demônio chamado Shibta sentava-se nas mãos dos homens enquanto eles dormiam. E não lavar as mãos cerimoniosamente significava que o demônio era transferido para a boca e entrava na pessoa.
Então, esse é o confronto. E você percebe que nada tem a ver com as Escrituras Sagradas, era apenas uma questão de tradições humanas vazias.
Marcos 7
6 Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
7 E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
8 Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.
9 E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição.
Jesus responde citando Isaías 29:13, que diz:
Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos ensinados por homens;
Essa é toda a questão da religião. Tudo consiste em obras externas para serem vistas pelos homens, nada vem de um coração sincero. Jesus disse que essa adoração é vã, sem sentido, sem frutos.
Cristo não negou que estava quebrando a tradição religiosa, Ele a quebrou de fato, sem demonstrar qualquer preocupação em relação a isso. Ele não tinha qualquer respeito para com o sistema tradicional deles. Ele a rejeitou, por saber que aquilo servia apenas para invalidar a Palavra de Deus e servir de estrutura a uma religião baseada na hipocrisia. E Jesus deu alguns exemplos:
Marcos 7
10 Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.
11 Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor,
12 então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe,
13 invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.
Amar, honrar, respeitar e cuidar dos pais é um dos Dez Mandamentos (Êxodo 20:12). E tão grave era isso, que a lei estabelecia pena de morte para quem amaldiçoasse seus pais (Êxodo 21:17). Deuteronômio 5:16 diz:
Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que o Senhor, teu Deus, te dá
Honrar os pais é um dos princípios mais claros do Antigo Testamento e amplamente repetido no Novo Testamento. Mas, a religião criou tradições para invalidar a Palavra de Deus. Invalidar significa retirar a autoridade da Palavra de Deus ou cancelar a Palavra de Deus.
E a tradição ensinava às pessoas falarem aos pais: “Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é ‘Corbã’”, isto é, uma oferta dedicada a Deus.
“Corbã” é um termo hebraico que significa “entregue a Deus”. Refere-se a qualquer doação, sacrifício monetário ou bens que a pessoa promete dedicar especificamente a Deus. A tradição permitia que qualquer pessoa alegasse que tudo que tinha era “corbã”.
Pela tradição, se um filho ficasse irado com seus pais, ele poderia declarar que tudo que seus pais poderiam aproveitar dele era “corbã”, e ainda usavam a lei para dizer que o voto feito a Deus não poderia ser quebrado (Números 30:2). Mas, na verdade, não eram nada mais que palavras vazias, pois eles ficavam com tudo. E assim, eles desprezavam seus pais em nome de uma hipocrisia. Na verdade, eles não queriam era perder dinheiro.
Havia maneiras no sistema rabínico de desfazer o voto. O Talmud diz que um homem nem mesmo era obrigado, depois de dizer que era Corban, a limitar o uso dos recursos para si mesmo. Ele poderia quebrar o voto e dá-lo a outra pessoa, não a Deus.
E Jesus diz: “vocês invalidam a Palavra de Deus pelas suas tradições”. Que acusação! É uma religião antibíblica. Esse era o judaísmo apóstata. O Judaísmo do Antigo Testamento acabaria no Cristianismo do Novo Testamento. Você entende isso? Se você olhar para os judeus de hoje que rejeitam o Messias, isso não é o Judaísmo do Velho Testamento, isso é o Judaísmo apóstata.
O Talmud diz: “Ser contra as palavras dos escribas é mais punível do que ser contra as palavras das Escrituras.” Esse é o Talmud. A religião falsa produz coisas assim. Isaías 40: 6-8 diz:
Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva; seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.
A tradição não tem sentido. O que importa é um coração que ama a Deus, e um coração assim ama e guarda a Palavra genuína de Deus.
Enfim, Jesus faz uma acusação terrível, dizendo que eles estavam invalidando a Palavra de Deus pela tradição deles. Eles teriam ido à morte dizendo: “Estamos aplicando nossa tradição para proteger a lei”. Jesus diz: “Vocês usam sua tradição para substituir e invalidar a lei.”
Um rabino era considerado honesto por ser fiel à hipocrisia do judaísmo apóstata. Receio que estejamos bastante acostumados com isso na igreja. A religião hipócrita abunda em todas as formas falsas de Cristianismo, que são tudo, menos um amor verdadeiro por Deus e pelo Senhor Jesus Cristo. O falso Cristianismo não se deleita na Palavra de Deus, mas em suas tradições.
O nome de Deus, eu penso, é usado mais vezes em vão nas igrejas do que em qualquer outro lugar. A blasfêmia nos salões de cultos é pior do que a blasfêmia na rua. Cerimônias vazias, adoração superficial, louvor impensado, doutrina errônea, amor e tolerância ao erro, oração indiferente e outras coisas abomináveis abundam no meio do cristianismo.
Toda adoração verdadeira vem do coração, porque amamos a Deus, porque amamos a Cristo, e isso resulta em obediência às Escrituras. Não precisamos de tradição, não precisamos da igreja para interpretar a Escritura. Existe uma revelação de Deus que é absolutamente verdadeira, e é a Escritura e nada além disso.
Se amamos a Deus, amamos a Sua Palavra. Se amamos Sua Palavra, amamos obedecer a Sua Palavra. A verdadeira religião é o amor humilde e o deleite em Deus. Amor humilde e deleite em Cristo. Amor humilde e deleite no Espírito Santo, na beleza da santidade de nosso Senhor, na glória de Sua majestade. E esse amor humilde nos leva a amar a Palavra e a obedecer à Palavra.
Qual é a solução para a superficialidade e a hipocrisia? Arrepender-se. Leia o testemunho de Paulo em Filipenses 3. Ele era um fariseu, um fariseu dos fariseus. Ele era um hipócrita de primeira categoria e, finalmente, percebeu o que realmente era. Ele se comparou ao estrume e resolveu perder tudo para ganhar a Cristo.
Por que ele quis perder todas as coisas? Porque alas estavam o levando para o inferno. Ele repugnou sua própria justiça, e buscou a justiça de Deus que vem pela fé em Cristo. Ele disse:
Considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. (Filipenses 3:8-11)
Vamos orar:
Foi maravilhoso esta manhã. Obrigado, Senhor, por Tua bondade para conosco. Obrigado pelo momento de adoração. Que momento maravilhoso tem sido para esses queridos amigos que vieram para estar conosco e para celebrar e adorar, porque eles Te amam de coração! Ó Senhor, eu oro para que Tu trabalhes essa obra da graça em muitos corações hoje, que Tu faças as pessoas entenderem que há pecado em sua religião quando ela é falsa, superficial, rasa, cerimonial, ritual, legalista e egoísta. Que eles vejam o pecado em sua bondade, o pecado em sua religiosidade, e se arrependam disso e abracem a salvação que vem somente por meio do amor a Cristo.
Nós Te amamos, Senhor. Nós Te amamos porque Tu nos amaste primeiro. Amamos nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Amamos o Espírito Santo. Queremos amar-Te com todo o nosso ser, e essa é a direção de nossas vidas, esse é o desejo de nossas vidas. Um dia experimentaremos isso como a perfeição quando Te amarmos perfeitamente na Tua presença. Até aquele dia, aumente nosso amor por Tua glória, nós oramos. Amém.
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos
Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série
Este texto é uma síntese do sermão “Scripture-Twisting Tradition”, de John MacArthur em 18/4/2010
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/41-32/scripturetwisting-tradition
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno