O Fruto do Espírito – 4
Este é o quarto de 4 sermões de John MacArthur sobre Fruto do Espírito. Veja detalhes e links no fim do texto.
Vamos continuar hoje olhando para Gálatas 5:16-25. Estamos vendo o fruto do espírito.
16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.
17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções
21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Esta semana eu estava refletindo sobre uma viagem que fiz para a Índia há alguns anos. Vi alguns lugares terrivelmente degradantes para o ser humano viver. Favelas em meio ao esgoto a céu aberto e lixo, exalando um mau cheiro terrível. Muitas pessoas vivendo na sarjeta. Uma cena triste.
Mas enquanto pensava nisso, honestamente comecei a ver nossa própria cultura e sociedade na mesma situação. Não no sentido material, mas no sentido moral e espiritual. A vida em nossa sociedade atual é a pior que eu já vi. É moralmente como um esgoto a céu aberto. O esgoto do pecado aberto corre livremente pelas ruas de nossa sociedade. Estamos mergulhados na imundície do pecado e da corrupção. O esgoto moral, era uma tanto contido no subsolo, mas agora explodiu e corre abertamente em todos os lugares.
Lembro-me de uma época na minha vida em que o esgoto moral era canalizado para o subsolo. Era menos provável de ser visto, o odor era menos provável de ser experimentado. Os pecadores tinham certo tipo de receio para exibir ostensivamente suas transgressões. Mas tudo acabou, o esgoto moral já continha no subsolo uma espécie de cobertura moral, superficial na melhor das hipóteses, que agora explodiu por toda parte. Os pecadores orgulhosos se deleitam ostensivamente com suas transgressões, eles se divertem com sua depravação.
Eles celebram a miséria espiritual. As obras da carne exemplificadas nos verso 19 a 21 de Gálatas 5 são promovidas ostensivamente por uma sociedade apodrecida. O esgoto a céu aberto dos pecados de nossa cultura corre pelas ruas. Nós vemos isso em toda a parte.
E não é apenas o fato de que nossa sociedade seja definida por isso, mas há uma realidade combinada. Romanos 1 diz que uma sociedade como a nossa está debaixo do julgamento de Deus sobre as nações, sobre as pessoas que O rejeitam. O verso 18 diz que “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”.
E como é esse julgamento? O verso 24 diz que “Deus os entregou aos desejos perversos de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si”. É um ato de julgamento. Quando Deus julga uma nação que rejeita o conhecimento Dele, que O conhece, mas não O glorifica como Deus, como é a realidade da nossa cultura ocidental, o primeiro sinal desse julgamento é que os desejos do coração pela impureza começarão a dominar. Os corpos serão desonrados. Acontece uma revolução sexual. “Deus os entregou” é um ato de sentença. E Ele os entregou a uma paixão degradante, não apenas a uma paixão, mas a algo degradante. Os versos 26-27 dizem:
Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.
Mas a terceira expressão deste texto com relação ao julgamento de Deus é que “por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes”. Isto é, uma mente depravada. Um tipo de insanidade prevalece, o que é demonstrado claramente no fato de que agora não podemos dizer que um homem é um homem e uma mulher é uma mulher. Isso é loucura; essa é uma mente depravada. Uma mente reprovada, uma mente que não funciona, pronta para fazer as coisas que não são apropriadas. Os versos 29 a 32 descrevem o que domina mentes assim:
Cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pai, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.
Então, você pode adicionar à corrupção da sociedade o julgamento de Deus, que então aumenta a corrupção. Deus entregou nossa sociedade pervertida a uma revolução sexual, a uma revolução homossexual e depois a uma mente que não funciona; e nessa situação todo tipo de sujeira se espalha na sociedade. E há muita gente com a Bíblia na mão consentindo com tudo isto. Somos uma sociedade corrupta. Somos duplamente corruptos, pelo fato de Deus se afastar e nos deixar mergulhar mais fundo nessa corrupção.
Pessoas sensatas temem pelo futuro de seus filhos e netos. Os desejos da carne agora têm um tipo de poder nunca antes visto por causa do desenvolvimento de mídias eletrônicas que espalham o mal como nunca foi possível espalhá-lo por todo o mundo. E inerente a esse mal está a destruição: a autodestruição e a destruição dos outros. Nunca houve na minha vida uma cultura tão empenhada em destruir, destruindo a si mesma e, ao longo do caminho, destruindo todos ao seu redor que não lhes dão o devido valor que acham que merecem.
Viver em uma sociedade destrutiva é autodestrutivo, e a sociedade mutuamente destrutiva é um lugar difícil de sobreviver. Assim, podemos fazer a pergunta: “Como nós, cristãos, discípulos do Senhor Jesus Cristo, escravos de nosso Senhor e Mestre e santos, podemos escapar desse quadro tenebroso de poluição? Podemos viver acima do esgoto moral que está ao nosso redor?” Claro, a resposta é sim. Esta não é a primeira sociedade que passou por esse tipo de ciclo e julgamento.
Mas a pergunta então segue: “Como podemos escapar? Como é possível vivermos vidas santas em um mundo profano? Como podemos ser luz brilhando na escuridão? Como podemos escapar da corrupção que existe no mundo?”.
A falsa religião diz: “Seja uma pessoa melhor e você fará um mundo melhor. Encha o mundo com amor, essa é a resposta para tudo”. Esse é um trabalho humano que não pode superar um coração humano caído que, por natureza, está cheio de ódio, egoísmo e orgulho. É um sentimento agradável, mas simplesmente não é possível.
E ela nos diz mais: “Viva uma vida melhor, seja uma pessoa melhor e Deus o aceitará”. Essa religião, ou qualquer outra religião, depende da realização humana, de atividade religiosa e de alguma moral autodenominada para escapar do pântano do mal que nos envolve. O problema é que é uma religião falsa e que não pode mudar o coração de ninguém, nem de seus líderes e nem de seus seguidores. E assim, eles até acham impossível ser a pessoa que pensam que precisam ser para agradar a Deus. Jesus desmascarou os fariseus que se fiavam na aparência exterior. E Ele foi direto:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” (Mateus 23:27).
A religião falsa sempre oferece uma resposta simples: “Sejam pessoas melhores.” E isso era o judaísmo distorcido do Novo Testamento. Os judeus acreditavam que precisavam ser pessoas melhores, e isso significava aderir à lei de Deus. Como eles não podiam alcançar uma realidade espiritual interior com seus ritos e regras, eles tentavam agradar a Deus com base em obras e em uma santidade apenas aparente. Eles entendiam que seus rituais, cerimônias e obras externas os tornariam pessoas melhores e Deus os aceitaria.
O problema é que os corações não são mudados por nenhuma forma de legalismo religioso, incluindo o judaísmo. Assim, em seus corações não havia nada além de carne, e de sua carne saíam as mesmas coisas: imoralidade, impureza, sensualidade, idolatria, etc., etc., etc. E o coração que produz isso não pertence ao Reino de Deus.
Alguns desses judeus passaram a crer que Jesus era o Messias, mas não conseguiam deixar de lado a lei. Eles não podiam aceitar que a salvação é somente pela fé. Eles criam que é pela fé em Jesus, mas tinham que manter as cerimônias, rituais, incluindo a circuncisão e as outras coisas prescritas na lei de Moisés no Antigo Testamento.
Falsos mestres perseguiram os passos dos pregadores do evangelho no Novo Testamento. Paulo foi para uma área gentia como a Galácia, pregou o evangelho aos gentios e, é claro, também aos judeus. Muitos creram, foram perdoados, salvos, receberam nova vida, nasceram de novo, foram justificados, estavam em processo de santificação.
Porém, chegaram aos gálatas falsos mestres judeus – chamados judaizantes – que ensinavam que ninguém poderia passar do paganismo ao cristianismo, mas que teria que ir do paganismo ao judaísmo e depois ao cristianismo. Eram chamados judaizantes porque estavam dizendo que a única salvação era seguir o caminho da lei. Eles entraram nas igrejas gentias e as confundiram. Diziam que a salvação vinha da fé e de guardar a lei. Paulo escreve sua carta aos Gálatas para desfazer isso. Ele usa os quatro primeiros capítulos basicamente para responder à ideia de obras adicionadas à fé e à salvação.
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? (Gálatas 1:6-8; 3:2,5)
E a igreja estava tão atacada pelos judaizantes, que Paulo chega a dizer: “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (Gálatas 5;4). Muitos foram convencidos que deveriam guardar as obras da lei para salvação e santificação. Mas a mensagem de Paulo era que Cristo nos libertou de tudo isso.
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. (Gálatas 5:1,13)
Paulo tratou esses judaizantes como “falsos irmãos que se infiltraram na igreja com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão” (Gálatas 2:4). Liberdade era uma palavra que os judaizantes não podiam tolerar. Mas em Cristo você está livre dos rituais externos da Lei Mosaica. Em Cristo você está livre também de uma consciência acusadora, livre da tirania de um sistema jurídico, livre de condenações, livre de pressão e frustração ao tentar fazer o impossível.
Essa é a verdadeira liberdade. É a liberdade de fazer o que é certo. Paulo deixa isso claro no capítulo 5, versículo 13: “fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor”. Não é a liberdade de fazer o que é errado, é a liberdade para fazer o que é certo.
Então aqui está o problema. Esses professores judeus vieram mantendo tenazmente os regulamentos rituais do Antigo Testamento, particularmente a circuncisão, que é mencionada quatro vezes no capítulo 5 no momento em que você chega ao verso 11. Eles estavam muito profundamente preocupados com a necessidade de obedecer à lei. Eles mesmos não haviam escapado da escravidão da lei, foram escravizados por ela. Eles não podiam tolerar uma mensagem de liberdade.
Eles haviam passado a vida inteira tentando construir seu caminho com Deus, cumprindo a lei, e agora a liberdade em Cristo era uma pedra de tropeço para eles. Eles acreditavam que a lei era o meio divino para restringir o pecado, produzir justiça, honrar a Deus e escapar do julgamento. Para eles, Paulo era um herege, um libertino sem lei.
E assim, Paulo responde a todas essas acusações e, como eu disse, nos quatro primeiros capítulos, ele fala da questão da salvação somente pela fé. E, no capítulo 5, ele aborda a questão da santificação sem as obras da lei. No verso 5, ele diz: “Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé”. Ou seja, ao buscarmos a justiça, fazemos isso através do Espírito, pela fé e não pela lei. Portanto, a salvação é somente pela fé, e a santificação é somente pela fé, e não por regras e rituais externos.
Em Gálatas 6:16, temos a ordem divina: “andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne”. Não se trata de cumprimento de rituais e regras, mas de um andar sobrenatural. O verso 26 repete: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”. Isso é um mandamento. Há um conflito entre o Espírito e carne. Ainda habitamos em um corpo corrompido. O Espírito luta contra a carne para nos impedir de fazer o que nossa carne quer.
Há um forte conflito entre o que a carne quer e faz e o que o Espírito quer e faz, vimos isso nos versículos 19 a 23. A carne só pode produzir prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas. Isso é o que o esforço humano faz. E o final do verso 23 diz: “não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam”.
É por isso que o mundo e a sociedade estão apodrecidos. Ainda mais por Deus tê-los julgado e afastado as restrições. Estamos vivendo em um mundo sem restrições para pecadores. É um julgamento divino. Romanos 8:24 diz que “Deus entregou tais homens à imundícia” e o verso 26 diz que Deus e entregou os homens a “paixões infames”.
Por outro lado, os redimidos, habitados pelo Espírito Santo, produzem um fruto, que é um conjunto de virtudes listadas nos versos 22 e 23 de Gálatas 5, a saber: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. É uma lista exemplificativa, pois há outras na Palavra. Quando um Cristão anda pelo Espírito e manifesta seu fruto, ele não precisa de uma lei exterior para manifestar as atitudes e o comportamento que agradam a Deus. Isso é muito diferente do mundo, muito diferente.
É assim que a igreja deve exibir o poder do evangelho no mundo. Devemos ser as pessoas que mostram o forte contraste. Enquanto todo o mundo está vivendo os feitos da carne, porque é tudo o que eles são capazes de fazer, devemos ser as luzes vivas, brilhantes, por causa da gloriosa realidade de que Deus, o Espírito, está em nós, manifestando atributos divinos através de nós. Então, o desafio é: como você encontra os verdadeiros cristãos? Eles devem ser conhecidos pela manifestação desses frutos. Essas devem ser as palavras e ações que os cristãos manifestam.
Fruto está no singular. É apenas um fruto com várias qualidades. É como um buquê com muitas cores bonitas ou uma flor com muitas pétalas. Essa é o fruto. Se você está andando fielmente no Espírito, sendo cheio do Espírito e controlado pelo Espírito, significa que você está andando sob Seu poder em obediência à Palavra de Deus, é assim que é sua vida. Não é uma lista que você pode escolher, mas você tem que ter o pacote completo.
Essas excelências espirituais marcam os verdadeiros cristãos. O buquê de virtudes preciosas são as características distintivas daqueles que foram regenerados, renascidos e em quem o Espírito Santo vive. Todas são atributos de Deus, têm qualidade celestial. São todas virtudes divinas. O Espírito de Deus manifesta esses atributos através de nós.
O mundo pode manifestar alguns traços superficiais dessas virtudes divinas, mas são imitações frágeis e distantes das reais virtudes. O amor, alegria, paz e as demais virtudes divinas são inexplicáveis, só podem ser manifestadas através daqueles que se tornaram habitação do Espírito. É algo além da explicação humana. Quando andamos no Espírito, ou seja, obedecendo à Palavra de Deus, nossas vidas mostrarão essas virtudes.
Nos sermões anteriores, vimos seis componentes desse fruto único: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, e bondade. Agora vamos avançar para os últimos três, mencionados em Gálatas 5. Começamos agora pelo último mencionado no versículo 22: fidelidade.
Fidelidade significa? Lealdade e confiabilidade.
As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. (Lamentações 3:22-23)
A tua misericórdia, Senhor, está nos céus, e a tua fidelidade chega até às mais excelsas nuvens. (Salmo 36:5)
Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. (I Cor. 1:9)
Atos 17:31 diz que Deus “tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. Fidelidade aqui foi traduzida como “prova” ou “certeza”. Há uma integridade, confiabilidade, honestidade, lealdade inabalável em Deus.
Um cristão verdadeiro será mercado por sua integridade, por falar a verdade, viver a verdade, ser confiável, honesto, leal a tudo o que é verdadeiro, santo e justo. Suas confissões e testemunhos são verdadeiros. Uma pessoa que anda pelo Espírito é marcada pela verdade fluindo de seu interior. A verdade é um atributo divino. Jesus disse: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). Em Apocalipse 1:5 e 3:14 Jesus é chamado de a “fiel testemunha”.
Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno. (II Tess. 3:3)
E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça (Apoc. 19:11)
Deus é fiel e verdadeiro. Esses são alguns dos muitos atributos divinos manifestados em Cristo. E são ordenados a nós. I Cor. 4:2 diz que “requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel”. Todos os redimidos são mordomos da verdade de Deus, mordomos do evangelho. A fidelidade é exigida de nós. É exigida de um homem de Deus.
Tito 2:10 diz que devemos viver “mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador”. II Tim. 2:2 nos ordena a “seguir a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”. Somos ordenados a sermos fiéis. Isso significa lealdade à verdade, à verdade de Deus, à verdade de tudo aquilo que declaramos. Quem pode nos capacitar a isso?
Um bom exemplo de fidelidade foi Estevão. Atos 6:5 diz que ele era um homem “cheio de fé e do Espírito Santo”. O Espírito Santo é a fonte da fidelidade. Por isso que a fidelidade é um fruto do Espírito. No esforço de sua carne, você nunca será fiel, confiável, leal e sincero. Nunca terá uma honestidade profunda e generalizada. Mas, no poder do Espírito, Ele produz isso em você e através de você, e isso é manifesto ao mundo.
Vamos avançar para o próximo componente do fruto do Espírito: Mansidão (Gálatas 5:23). Poderia ser traduzido como “brandura”. É uma atitude humilde e bondosa que é paciente diante da ofensa e sem o desejo de retribuir o mal com o mal. Pode ter três aspectos:
- Submissão à vontade de Deus. Col. 3:12 diz: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade”.
- Disposição para aprender. Tg. 1:21 diz: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma”.
- Consideração pelos outros. Ef. 4:2 diz: “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”.
A mansidão anda junto com a humildade e a gentileza. A mansidão é a humildade que é gentil. E a humildade, por sua natureza, é gentil. A humildade não atropela as pessoas, mesmo as pessoas que estão lutando contra o pecado; trata-os com uma espécie de caráter manso e gentil. Portanto, devemos ser marcados com humildade. Gálatas 6:1 diz: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura [mansidão]…”.
II Coríntios 10:1 fala da mansidão e doçura de Cristo. Ele é o modelo. Em Mateus 11:29, Ele disse: “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas”. Efésios 4:1 diz que devemos andar como é digno da vocação com que fomos chamados. O verso diz “com toda a humildade e mansidão”. Deus é quem define isso. É um atributo de Sua natureza. Filipenses 2:5-8 diz:
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus,a ntes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo [escravo], tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (Filipenses 2:5-8)
Devemos proclamar o Evangelho com mansidão. I Pedro 2:15 diz:
Santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.
Esta é a obra maravilhosa do Espírito Santo em nós. Deus é a fonte. Cristo é o modelo. Somos ordenados a ser mansos e gentis. E o Espírito Santo nos capacita, produzindo isso em nós como parte de Seu fruto.
E, por fim, vamos avançar para a 9º e última virtude especificada em Gálatas 5: Domínio Próprio ou autocontrole. A palavra grega é “egkrateia”, muito rara no Novo Testamento. Significa “ter domínio sobre”. É o poder de controlar seu pecado em pensamentos, palavras e ações.
Malaquias 3: 6: “Eu sou o Senhor, não mudo.” Ele nunca peca, ele não pode pecar. Ele é a eterna perfeição, e nós não somos. É por isso que, quando Paulo estava evangelizando Felix em Atos 24:25, ele falou da justiça, do domínio próprio e do Juízo vindouro.
É assim que você apresenta o evangelho. Você começa com a justiça, expõe o pecado na categoria da falta de domínio próprio e depois fala sobre o julgamento. E quando o pecador conhece o peso de seu pecado, porque não tem autocontrole, e quão baixo ele fica do justo padrão de Deus, você fala do juízo eterno. E nesse ponto você traz o evangelho da graça e do perdão.
O domínio próprio é um atributo de Deus. É uma palavra muito rara, mesmo no Novo Testamento. II Pedro 1:5-8 diz:
Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
Em I Coríntios 9:27, Paulo diz: “subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado”. É o poder sobre a corrupção que ainda permanece em nós. O exemplo é Cristo: santo, imaculado, separado dos pecadores, puro, sem pecado. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, para sempre. Somos ordenados a isso.
Tito 1:8, falando sobre os presbíteros, diz que devemos ser sóbrios, justos, piedosos e que tenhamos domínio próprio. Tito 2:2 diz que os anciãos devem ser temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância. Onde está o poder disso? O poder vem do Espírito Santo, é um fruto do Espírito.
Então, como é sua vida, se você está andando pelo Espírito? É uma vida manifestamente fiel, verdadeira, confiável. É uma vida em que a mansidão, a humildade e a gentileza se manifestam, e uma vida em que o eu, ou seja, a luxúria da carne, a luxúria dos olhos, o orgulho da vida, a vontade própria e o pecado estão sob controle, bem como exalamos o amor alegria, paz, paciência, benignidade e bondade. Todas essas virtudes se reúnem em um só fruto.
Gálatas 5:23 termina dizendo: “Contra estas coisas não há lei”. Não existe lei contra essas virtudes. A lei não é capaz de produzir isso. A lei não pode restringir os feitos da carne. A única maneira desses atributos se tornarem realidade é andando pelo Espírito. E o Espírito, Deus em nós, produz esses atributos através de nós.
Então, vemos aqui esse contraste dramático; e é assim que devemos brilhar como luzes no mundo, nesse mundo mergulhado nas trevas. A verdadeira igreja, os verdadeiros crentes, habitados pelo Espírito Santo, precisam ser manifestos, visíveis por essas graças.
Vimos a ordem de andar no Espírito, vimos o conflito entre a carne e o Espírito, vimos o contraste entre os atos da carne e o fruto do Espírito. A conclusão final vem, então, nos dois versos finais. Esta é a conclusão:
Gálatas 5:24 diz: “Os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências”. Aqui não se refere à crucificação de Cristo, mas que a carne foi executada (Romanos 6:1-11), embora a batalha espiritual ainda aconteça. É uma afirmação muito forte de um ato passado. Você foi crucificado com Cristo, morreu Nele, e com essa morte trouxe a execução das afeições, concupiscências, paixões e anseios que dominaram totalmente sua vida. Um golpe mortal foi dado à paixão e ao desejo. Sim, o pecado ainda está presente até que nossa salvação esteja completa, mas não é soberano, não está mais no comando, suas paixões e desejos foram crucificados quando a carne foi crucificada.
Quando isso aconteceu? Na sua salvação. Cristo morreu por você na cruz. A aplicação dessa morte chegou até você em sua salvação. II Cor. 5:17 diz que “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Deus fez isso. O homem jamais poderia fazer tal obra em si mesmo.
Você pode andar pelo Espírito agora. Você pode superar a carne. Você pode viver uma vida verdadeiramente justa. Você pode, e deve. Gálatas 5:25 diz: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”. Deus matou a soberania da sua carne. Agora você caminha pelo Espírito, de acordo com Sua vontade e poder, conforme revelado nas Escrituras.
Em Colossenses 1:9-12, Paulo diz que orava pelos irmãos com um clamor especial:
A fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus. sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.
Um andar digno do Senhor. Você pode; você deve. Em todos os aspectos. Frutifique em toda boa obra. Aumente o conhecimento de Deus, e você será fortalecido com todo o poder celestial, de acordo com o poder glorioso de Deus, e obterá firmeza e resistência, e viverá com alegria uma vida de gratidão a Deus, que o tirou das trevas para a luz.
Caminhar é a palavra final: “Ande pelo Espírito”. A palavra grega tem o sentido de “marchar”, uma coisa após a outra. Marche em sintonia com o Espírito Santo e você verá esse fruto em sua vida e você será uma luz brilhante em um mundo escuro e poluído. Oremos.
Pai, obrigado por nos dar tempo nesta manhã e oportunidade, e derramar em nossa mente e coração esta verdade divina nesta parte tão importante da Sagrada Escritura. Obrigado pelas vidas que o Senhor transformou aqui, pelos milagres, pois eles estão por toda parte, o milagre da regeneração que foi realizado. Nós nos alegramos através de uma ação de graças avassaladora. Devemos ser marcados por gratidão, e certamente entendemos o porquê. Nós, que não merecemos nada, recebemos tudo. Agora podemos andar neste mundo para que nosso testemunho possa ser visto, para que os homens vejam nossas vidas e glorifiquem a Ti, nosso Pai no céu. Oramos em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos. Veja abaixo os links dos sermões já publicados.
- O Fruto do Espírito – 1 – Amor e Alegria
- O Fruto do Espírito – 2 – Paz
- O Fruto do Espírito – 3 – Longanimidade, Benignidade e Bondade
- O Fruto do Espírito – 4 – Fidelidade, Mansidão e Domínio Próprio
Este texto é uma síntese do sermão “The Fruit of the Spirit, Part 4″, de John MacArthur em 03/06/2018.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/48-39/the-fruit-of-the-spirit-part-4
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno