Disciplina do Pecado na Igreja
Seguindo nossa trilha na primeira carta de Paulo aos Coríntios, vamos dar sequência ao capítulo 5. Nós cremos em ensinar a Palavra de Deus. Isso é o que Deus nos chamou a fazer. E agora vamos ver especificamente a disciplina sobre a imoralidade na igreja.
Trata-se de uma palavra direcionada exclusivamente para os cristãos, para a nossa família da igreja. Se você não é um cristão e está tendo acesso a ela, estamos felizes por você obter informações privilegiadas sobre o que Deus tem a dizer sobre algumas observações muito básicas para a família cristã.
O título do nosso sermão é “Disciplinando o Pecado na Igreja”, e esse é o assunto tratado nos 13 versículos que compõem o capítulo 5 de primeiro Coríntios.
A primeira carta aos Coríntios foi escrita pelo apóstolo Paulo a um grupo de cristãos na cidade de Corinto, para corrigir seus maus comportamentos. Eles alegavam ser crentes em Jesus Cristo. Afirmavam ter entregado suas vidas a Cristo, e ainda assim passaram a viver o tipo de vida que é inconsistente com o que eles diziam crer.
Havia todos os tipos de pecados e problemas manifestados entre eles. Paulo escreveu esta carta para lidar com esses problemas. Um dos problemas com os quais ele teve que lidar foi o da tolerância à imoralidade, e esse é o tema do capítulo 5.
Um grande missionário, David Brainerd, que passou a vida – e foi uma vida breve, pois morreu antes dos 30 anos – ministrando aos índios americanos, escreveu em seu diário estas palavras:
Eu nunca me afastei de Jesus crucificado, e descobri que quando meu povo foi tomado por esta grande doutrina evangélica de Cristo crucificado, eu não tive necessidade de dar-lhes instruções sobre moralidade. Descobri que um seguiu como o fruto certo e inevitável do outro. Acho que meus índios começam a vestir as vestes de santidade, e sua vida comum começa a ser santificada, mesmo em pequenas coisas, quando são possuídos pela doutrina de Cristo e Ele crucificado.
O que Brainerd estava dizendo era o seguinte: quando um cristão percebe quem é Cristo e o que Cristo fez por ele tão graciosamente, isso tende a ter um efeito dramático em sua vida, não apenas na salvação, mas na santidade.
Quando eu celebro a cruz e a morte de Cristo por causa do pecado, eu não posso sair, pecar e realmente me concentrar em Cristo. Se estou feliz por Ele ter morrido por mim, se estou focado no fato de que Ele pagou o preço pelo meu pecado, não vou deliberadamente cometer pecados pelos quais Ele mesmo morreu. E assim, o foco em Cristo e a cruz é um impedimento para pecar.
Essa é a razão, precisamente, pela qual o apóstolo Paulo escreveu 1 Coríntios 2:2, expressando sua perspectiva quando se aproximou dos Coríntios: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.”
Paulo foi para uma cidade que era imoral. Era a vice-capital do mundo greco-romano, e ele percebeu que tinha que reorientar os coríntios para um tipo de vida que eles não conheciam, e então ele concentrou tudo em Cristo, no pagamento do pecado na cruz, e como Cristo morreu para nos libertar do pecado para um novo tipo de vida.
Essa foi a ênfase de Paulo e, aparentemente, enquanto ele estivesse enfatizando isso, eles não teriam nenhum problema. Como Brainerd disse, quando seus índios se concentraram nisso, a moralidade tomou conta por si mesma.
Mas, o que aconteceu foi que Paulo foi embora de Corinto e o foco aparentemente mudou. E então, ele teve que escrever para eles sobre os pecados da imoralidade. Eles perderam a concentração em Cristo e começaram a se concentrar em mestres humanos. Eles estavam glorificando seus próprios mestres humanos. Eles estavam se glorificando. Eles eram muito egoístas.
Paulo lhes diz, no versículo 18 do capítulo 4: “alguns andam ensoberbecidos…”. Ele diz, no capítulo 5, versículo 2: “Estais ensoberbecidos…”. Ou seja, eles tinham um problema com o orgulho. Eles voltaram o foco para si mesmos e, como resultado, a imoralidade passou a existir.
Assim, Paulo escreve este capítulo para lidar com as consequências de seu pecado, de sua imoralidade. Discutimos os primeiros cinco versículos no sermão anterior, e agora veremos a última seção, dos versículos 6 a 13.
Uma das coisas das quais me mantive muito consciente enquanto estudava este capítulo foi o quão atual ele é. O contexto imoral em que a igreja de Corinto existia naquela cidade não é diferente de hoje. Se houvesse uma maneira de categorizar hoje, teríamos que dizer que vivemos em uma sociedade sexualmente louca. Exageramos totalmente no assunto do sexo. Nós pervertemos algo muito básico que Deus projetou para a felicidade, prazer e procriação do homem, e nós o pervertemos, distorcemos.
D. H. Lawrence, autor de muitos livros – nenhum dos quais eu recomendo e, portanto, nem vou mencionar os títulos – dá-nos uma ideia da mentalidade moderna. Isto é o que ele diz:
Dê-me o corpo. Acredito que o corpo é uma realidade maior do que a vida da mente. Com os gregos, deu uma bela cintilação. Então, Platão e Aristóteles o mataram, e Jesus acabou com ele, mas agora o corpo está realmente ganhando vida.
O corpo físico era tudo para ele. Como você sabe, isso descreve nossa sociedade: o mimo constante do corpo, a exploração constante do corpo, a apresentação constante do corpo na mídia. Estamos absolutamente adorando a carne como se fosse Deus. Nossa cultura vive na preocupação com moda, celebridades, físicos, exposição, material pornográfico, e assim por diante. Nós colocamos o físico num patamar elevado. C. S. Lewis tem uma bela analogia:
Você pode reunir um grande público para um strip-tease. Não há dúvida sobre isso. Você pode fazer um monte de gente ir a um strip-tease, e eles virão para ver uma garota se despir no palco. Agora, suponha que você vá para um país onde um auditório foi lotado de uma maneira diferente. Não por ter uma garota se despindo, mas nesse auditório lotado há um homem com uma bandeja grande, coberta com um pano, uma música selvagem começou a tocar, as luzes começaram a piscar e, de repente, de uma maneira bastante sedutora, ele tirou o pano, e lá na bandeja havia uma costeleta de porco. Você não pensaria que naquele país algo deu errado com seu apetite por comida?
É uma boa analogia, não é? A Bíblia fala claramente sobre o uso apropriado do corpo. Em 1 Coríntios 6:13, lemos:
Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
O corpo foi projetado para ser usado por Deus, para ser abençoado por Deus, para servir a Deus, para ser honrado. E, no entanto, o que acontece em nossa sociedade? O corpo é empurrado em total distorção para um lugar de perversão. Mas, você sabe, Satanás sempre fez isso.
Falsos pensamentos e heresias sobre o corpo
Houve na História algumas pessoas que lutaram contra isso indo para o outro extremo. Há algumas pessoas que olham para o corpo como se ele fosse uma coisa horrível, má, podre, vil. Por exemplo, a estética pagã dos tempos antigos chamava o corpo de túmulo. Alguns cristãos primitivos se referiam a ele como um saco de esterco, numa visão muito depreciativa do corpo. Epicteto referia a si mesmo como uma pobre alma algemada a um cadáver. Este é o relato de Platão sobre a última hora de Sócrates:
Acho que nos aproximamos mais do conhecimento quando temos a menor comunhão possível com o corpo, e não estamos fartos da natureza corporal, mas nos mantemos puros até a hora em que Deus se agrade em nos libertar e, assim, tendo nos livrado da loucura do corpo, seremos puros, conversaremos com os puros e conheceremos a nós mesmos a luz clara em todos os lugares, que nada mais é do que a luz da verdade.
Tudo o que ele está realmente dizendo é: “O corpo é um problema. Temos que nos livrar desse corpo maligno.” Alguns gnósticos chamavam o casamento de um modo de vida sujo e poluído, porque envolvia relações sexuais. Eles foram ao extremo onde qualquer tipo de relacionamento sexual era mau, onde o próprio corpo era mau. De fato, nos Atos de João, que é um escrito apócrifo, não inspirado por Deus, a relação sexual é descrita como uma experiência da serpente que se separa do Senhor.
O famoso padre Jerônimo chegou ao ponto de dizer que qualquer contato corporal de qualquer tipo é mau. Ele disse assim:
Se seu sobrinho ficar pendurado no seu pescoço, não dê atenção. Se seu pai cair na soleira, pise-o sob seus pés e siga seu caminho. Só não o pegue. Com os olhos secos, voe para a cruz. Nesses casos, a crueldade é o único afeto verdadeiro.
Isso é estranho. Alguns monges consideravam pecado tomar banho, porque assim se veriam nus. Atanásio se gabava de um homem chamado Antônio. Ele disse: “Ele era um homem tão louvável, porque nunca trocava suas vestes ou lavava os pés.” Não deveriam haver muitas pessoas ao redor dele para dar testemunho de seus méritos, por certo…
E o pior de tudo que encontrei ao pesquisar a história desse tema foi o relato que Antonius orgulhosamente fez: “Tal era a santidade de Simeão Estilita, que quando ele andava, vermes caíam de seu corpo.” Assim, esse é o outro extremo. Um homem chamado Orígenes, que acreditava que o ato final de adoração era castrar a si mesmo, castrou-se.
Como Deus vê o corpo
Satanás pega algo muito normal, bom, muito saudável, bonito, maravilhoso – o corpo humano – e absolutamente perverte seu sentido. Num extremo, temos a castração do corpo. No outro, temos o strip-tease. Tudo é distorcido. Mas, na revelação de Deus, Ele tem um plano para o corpo, e é para a glória do Senhor.
Seu corpo é uma coisa boa; caso contrário, Deus não iria quere-lo, mas Ele o quer. É o que é dito em Romanos 12, verso 1: “apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Não há nada de errado com seu corpo físico. Deus quer usá-lo. No casamento, não há nada errado com o ato físico das relações sexuais. Hebreus 13:4 diz: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos fornicadores, e aos adúlteros, Deus os julgará.”
Por outro lado, nós o distorcemos e pervertemos. E aqui você tem na igreja de Corinto uma situação imoral, onde Satanás foi autorizado a entrar e perverter a igreja, para que houvesse até incesto acontecendo na igreja e não sendo tratado.
Paulo escreve a eles exortando sobre o que deveriam fazer sobre isso. A igreja representa o Senhor Jesus Cristo. O Senhor quer Sua igreja sem mácula, pura e irrepreensível. Ele quer um povo santo. Ele quer um povo separado e santificado. Paulo dá 4 diretrizes, no capítulo 5 de 1 Coríntios, para lidar com a imoralidade na igreja. Falamos sobre duas diretrizes no sermão anterior, e agora continuaremos a tratar sobre elas.
Quais são as diretrizes para a disciplina na igreja?
No sermão anterior vimos os dois primeiros pontos. Vamos fazer uma breve revisão e avançar para o terceiro e quarto.
1) NECESSIDADE
Essa é a ideia de reconhecimento. A primeira coisa que tem que acontecer ao lidar com a imoralidade na igreja é reconhecer que ela existe. Temos que ser sensíveis a isso como irmãos e irmãs em Cristo. Quando a igreja fica alheia ao pecado que está acontecendo nela, está em uma situação muito ruim.
Se você conhece alguém que está vivendo em imoralidade na igreja, você precisa seguir o procedimento de reconhecer o problema, ir até essa pessoa, de acordo com Mateus 18, como vimos no sermão anterior. Se ela não te ouvir, leve duas ou três testemunhas. Se não as ouvirem, diga aos líderes da igreja, para que seja disciplinada. Por quê? Porque Deus não quer impureza em Sua igreja. Precisamos reconhecer a impureza. Precisamos vê-la. Quando a vemos, precisamos lidar com ela.
É algo triste quando a igreja chega ao ponto em que tolera o pecado. Veja os versículos 1 e 2, de 1 Corintios 5:
1 Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem possua a mulher de seu pai.
2 Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.
Em outras palavras, Paulo estava lhes dizendo:
Há imoralidade em sua igreja. Isso é do conhecimento comum. Todo mundo sabe que há incesto sendo cometido, mas, apesar de tudo isso, vocês ainda são arrogantes, porém deveriam estar sofrendo e terem feito algo para remover tal coisa. Em vez disso, vocês são orgulhosos e arrogantes.
Eles estavam dizendo:
Nós somos a grande igreja, temos todos os dons espirituais, temos todos os grandes mestres, temos tudo!”
Mas, Paulo lhes diz:
Vocês são todos arrogantes e orgulhosos, e deveriam estar lamentando e chorando pelo pecado que existe em sua congregação, sendo que é de conhecimento comum em todos os lugares.
Quando a igreja tolera o pecado, ela está definhando. E depois de tolerar o pecado, o próximo passo é defender o pecado. Podemos não chegar até este ponto, mas só em tolerar o pecado já é algo igualmente devastador.
Os coríntios provavelmente não teriam ido tão longe quanto a isso mas foram longe o suficiente para permitir que o pecado se tornasse o ingrediente comum na vida da comunidade de crentes.
Deve haver um reconhecimento de um problema. Você tem que encarar o fato. Todo crente na igreja tem a responsabilidade, se ele tem conhecimento sobre a existência de impureza, de lidar com essa impureza. A responsabilidade é nossa.
2) O MÉTODO: COMO LIDAR COM O PECADO?
Uma vez que haja o conhecimento da prática do pecado na igreja, como lidar com isso? Paulo diz, nos versículos 4 e 5, de 1 Coríntios 5:
4 Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, com o poder de nosso Senhor Jesus Cristo,
5 Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.
Ele está dizendo que se você sabe sobre essa imoralidade, e você foi até a pessoa envolvida, levou duas ou três testemunhas e passou por todos os procedimentos de discipliná-la e tentar levá-la a mudar, e ela ainda assim continua a viver na imoralidade, a próxima medida é a igreja se reunir e expulsá-la. Entregá-la a Satanás.
Você diz: “Mas o que acontecerá com a pessoa em pecado?”
Não se preocupe com ela. Satanás tomará sua carne e poderá destruí-la. Em outras palavras, o homem pode ir até o local da morte, mas se for cristão, seu espírito será salvo. Agora, não tenha medo disso. Deus cuidará dele, se ele for Seu filho espiritualmente. Porém, você não precisa desse tipo de poluição na igreja. Lide com isso e expulse-o da igreja.
Entregar a Satanás é um termo forte empregado para setenciar judicialmente. Ele se equipara a excomungar um cristão professo. Equivale a expulsar uma pessoa do culto e da comunhão cristãos, entregando-o ao domínio de Satanás, ao sistema do mundo. A destruição da carne refere-se à punição devida pelo pecado que pode resultar em enfermidade ou até mesmo a morte.
O espírito salvo refere-se ao fato de que, se um cristão verdadeiro não se arrepende de um pecado grave, sofrerá grandemente sob a disciplina de Deus, deixará de ser uma má influência na igreja após sua exclusão da comunhão, no entanto será salvo no dia de Cristo. Mas o Senhor o disciplinará severamente, pois ele açoita a qualquer que recebe por filho (Hb. 12:6). Essa é uma obra de Deus.
3) PRESERVAÇÃO
Para esse tipo de ação severa, teria que haver uma razão bastante marcante e significativa, e é a razão da preservação.
Se um sujeito tem um tumor maligno ameaçador, ele fará uma cirurgia para removê-lo. E a razão é simples: se ele deixar o câncer lá, vai haver metástase; ou seja, vai se espalhar, e ele não quer que se espalhe, então ele corta, e sempre dizemos: “Não é ótimo, quando tudo é extirpado?” O mesmo é verdade na igreja. A razão para retirar o imoral da comunhão é preservar o resto do corpo de ser infectado com essa doença.
O pecado é assim. Veja o versículo 6: “Não é boa a vossa vanglória. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?”. Em outras palavras:
Sua arrogância não é boa. Seu orgulho não faz sentido. Você está se gabando de seus mestres, suas facções e seus dons espirituais, e aqui está você tolerando esse pecado grosseiro. Do que você tem para se orgulhar? O que você tem para comemorar? Pelo que você tem que se gloriar? Por nada!
É inacreditável que essas pessoas, no meio de tal situação pecaminosa, que era do conhecimento comum, ainda estivessem numa posição de orgulho. Eles achavam que estava tudo bem com eles, que estavam em ótima forma espiritual. E isso realmente ilustra um ponto básico, eu creio, sobre o qual precisamos pensar, que é: Tenha cuidado para avaliar adequadamente sua condição espiritual. Você sabe, é muito fácil olhar para si mesmo de maneira tendenciosa e nunca encarar os fatos.
Tenho certeza de que há cristãos que andam por aí pensando que estão realmente indo muito bem, porque nunca se preocupam em examinar a realidade. Coloque-se contra o holofote das Escrituras. Ajoelhe-se e passe um pouco de tempo com o Espírito Santo e veja o que Ele revela a você. Penso que isso deve ser a prática da vida de todo cristão.
Em Apocalipse 3, temos uma ilustração disso. Diz o versículo 17: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”. Em outras palavras, para a igreja em Laodicéia, o Senhor está dizendo: “Você pensa que tem tudo, mas não tem nada. Você não está olhando honesta e objetivamente para o seu próprio caso, sua própria situação.”
Outra ilustração disso são os fariseus, em Mateus 23. Eles, é claro, pensavam que eram espiritualmente superiores. Eles estavam esperando ocupar uma vaga na Trindade. Eles se convenceram de que estavam muito além de todos os outros. Jesus se aproximou deles e os desmascarou. Em Mateus 23, o Senhor traz um padrão, pois confrontou os escribras e fariseus quanto à hipocrisia, sujeira de seus pecados e orgulho.
Nos versos 23 a 28, de Mateus 23, Jesus diz:
23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
24 Condutores cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo.
25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de intemperança. 26 Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.
27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.
28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.
E Ele diz no final, verso 33: “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” Essa é uma linguagem forte, mas aqui estavam pessoas que nunca se preocuparam em realmente obter a verdade sobre sua própria situação espiritual. Há muitas pessoas no mundo que pensam que estão espiritualmente bem, e não estão.
Em 2 Coríntios 13:5, o apóstolo Paulo diz: “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.”
Prove a si mesmo. É melhor você olhar honestamente. Há muitas pessoas que pensam ser cristãs, mas se realmente chegassem aos fatos, examinassem seu coração de acordo com o que a Bíblia diz que um cristão é, obteriam algumas revelações interessantes. Examine a si mesmo.
Quando você vem à mesa do Senhor, de acordo com 1 Coríntios 11, versos 28 a 30:
28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
29 Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.
30 Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.
É melhor você examinar sua vida e verificar seu próprio coração, ou você estará sob o castigo de Deus. Então, Paulo diz aos coríntios, em outras palavras: “Vocês não têm motivos para se gloriar. Sua arrogância é ridícula! Sua ostentação é tolice. Veja o pecado que está acontecendo!”
Falamos no sermão anterior sobre quão tolo seria para uma igreja dizer: “Não somos ótimos? Olha, a gente está crescendo numericamente. Veja o quanto o Senhor está abençoando! Olhe para nossa programação!” Porém, se houver imoralidade nessa igreja, o Espírito de Deus diria: “Do que você está se gabando? Você não está lidando com o problema real!”
Veja o princípio estabelecido em 1 Coríntios 5:6, que diz: “Não é boa a vossa vanglória. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” Num jargão popular americano, isso se traduz: uma maçã podre estraga o barril de maçãs. Está falando sobre influência e permeação. Você deixa um pequeno pedaço de mal na igreja, e ele irá permear toda a igreja.
O fermento
A igreja aí é vista como uma porção de massa. Deixe-me explicar o que é fermento. Alguns de vocês dirão: “Bem, eu sei o que é fermento”. Deixe-me dar a você um conceito a partir de uma perspectiva bíblica.
Nos tempos bíblicos, quando alguém fosse preparar pão, fazia a massa e, antes de assá-la, retirava um pedacinho da massa e a reservava. Aquele pedacinho era enrolado em forma de bola e era colocado na água. Após algum tempo, aquela massa fermentaria. E, então, seria utilizado na massa nova como fermento.
Assim, o fermento dá ideia de permeação e também de fermentação. Assim como o fermento, o pecado corrompe e fermenta, mas o fermento tem principalmente a ideia de algo do passado trazido para o presente. Apenas mantenha isso em sua mente, e nós voltaremos a falar sobre esse assunto.
Paulo está dizendo: “Olha, em sua antiga vida, você fez um monte de coisas, e isso é como o pequeno pedaço que sobrou de sua antiga vida. Não traga isso para sua nova vida.” Fermento significa os pecados de sua vida anterior. Agora que você é um novo cristão, você deve ser um cristão sem fermento. Ou seja, você não tem nenhum resquício da vida antiga como ponto de partida em sua nova vida. Sua nova vida é sem fermento.
Veja o versículo 7, de 1 Coríntios 5: “Purificai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.”
Não há lugar na igreja para nenhum dos antigos padrões. Não há lugar para imoralidade de qualquer natureza. A ideia do fermento é a ideia da penetração do mal. É a ideia do mal do passado sendo mantido e integrado ao presente. Trata-se do mal da minha vida anterior colocado no contexto da igreja ou colocado na minha nova vida.
A igreja deve romper com a velha vida. “Purificai-vos, pois, do fermento velho.” Não tenha nada em sua nova vida que você tinha em sua antiga vida. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:17). Não há nada a ser tirado da velha vida e colocado na nova vida.
Esse é o significado dessa ideia de fermento, porque quando você coloca aquela massa velha no pão novo, ela permeia, influencia a coisa toda. Você deve romper com a vida antiga. E assim, Paulo está dizendo aos coríntios:
Eu sei como eram suas vidas antes. Eu sei todas as coisas que vocês faziam. Eu sei como vocês viveram na imoralidade pagã. Em suas novas vidas, não há lugar para arrastar uma bolinha daquela velha vida e deixá-la permear a igreja.
Isso nos leva ao Antigo Testamento, porque ele diz em 1 Coríntios 5:7 algo muito importante: “Purificai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.”
Quando você lê isso pela primeira vez, você diz: “Bem, eu não entendo a conexão. Ele está falando sobre fermento aqui e sobre uma vida purificada. Por que ele faz essa declaração sobre Cristo ser nossa Páscoa e ter sido sacrificado por nós?”
Aqui está o porquê: você se lembra que em Êxodo 12:39, quando Deus disse a Israel que era hora de deixar o Egito, Ele lhes deu um banquete de pães ázimos por 7 dias. Os israelitas faziam parte do Egito. Eles foram integrados à vida do Egito, mas Deus disse que era hora da separação.
O ato final da separação veio na Páscoa. Eles colocaram sangue nas ombreiras e no lintel. O anjo da morte passou e matou os primogênitos em todo o Egito. Deus fez uma separação, e Faraó deixou o povo ir.
O sacrifício do cordeiro simbolizava a separação de Israel do Egito. O sacrifício de Cristo é a separação do crente com relação ao mundo. O cordeiro pascal era o símbolo da separação, de que Israel estava deixando a velha vida. Aquela Páscoa foi a noite em que a liberdade de Israel foi assegurada, e eles partiram. Foi assim que Cristo, nossa Páscoa, morreu na cruz, cortou nossa conexão com o mundo e nos libertou para a Terra Prometida.
Quando os israelitas partiram do Egito, deveriam levar consigo apenas pães ázimos. Não só isso, mas eles deveriam vasculhar toda a sua casa, e se livrar de cada pedaço de fermento que fosse encontrado. Eles não foram autorizados por Deus a levarem consigo uma bolinha de massa que sobrou. Você sabe por quê? Deus não queria que nenhum resquício da vida egípcia fosse levado para a nova liberdade que os filhos de Israel teriam. E a massa representava a velha vida.
Na verdade, Deus foi ainda mais longe, determinando que eles deveriam matar o cordeiro, comer a carne e, se sobrasse alguma coisa, deveriam queimar. Você vê o simbolismo disso? O fermento, então, representa algo da velha vida tomada e colocada na nova.
Quando você sai do Egito, sai sem fermento. Vasculhe sua casa, certifique-se de não levar nada inadvertidamente em alguma bolsa em algum lugar. Encontre cada pedacinho de fermento e livre-se dele. Separação total.
O cordeiro da Páscoa sinalizava a separação, e os pães asmos celebravam a separação. A morte de Jesus Cristo, que é nosso Cordeiro Pascal, sinalizou a separação, e uma igreja sem fermento continua essa separação. Não queremos que nenhum velho fermento do mundo seja arrastado para a igreja. Cristo fez uma separação. Você tem que lançar fora esse fermento bem perto da cruz.
Ele morreu para nos separar do pecado. Ele morreu para nos separar do sistema mundano. Ele morreu para nos libertar da escravidão do pecado, para nos libertar para a vida de santidade. Por que pegaríamos um pouco de fermento da velha vida e o integraríamos na nova?
Então, o versículo 8 diz: “Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.” Em outras palavras, “vamos continuar vivendo vidas que são boas, não más. Não vamos arrastar o velho fermento para a nossa nova vida.”
A igreja, então, é vista como uma massa. A igreja deve ser sem fermento; isto é, não somos uma combinação de algo novo e algo velho, somos apenas novos e nada velho deve ter lugar em nossa nova vida.
Assim, a razão da disciplina, amado, é clara. Se você permite o pecado na igreja, ele permeia, infesta a igreja. Ele fermenta na igreja, e esse é um processo de decadência e corrupção. Muitas vezes, uma igreja está de pé por um tempo e, de repente, desmorona, e alguém dirá: “Bem, a razão pela qual ela desmoronou foi por causa de desentendimentos, ou porque o pastor fez algo errado, ou houve briga entre os líderes.”
Mas, a razão pode não ser nada disso. Essas podem ser razões muito superficiais. Mas, a razão pela qual a igreja foi corrompida pode ser o fato de que era tolerante com o mal por dentro, e isso lhe sugou a vida.
Na nova massa da igreja, não há lugar para as coisas da velha vida. Sendo assim, elas serão tratadas com força, severidade e amor ao mesmo tempo, se quisermos ser obedientes a Deus. Assim, a razão para a disciplina é clara. Ela preserva a igreja de permear o mal, e é isso que Deus quer. Ele quer uma igreja santa. Se não somos uma igreja santa, não temos muito a dizer ao mundo, temos?
4) A ESFERA: Quais são as limitações da aplicação da disciplina na igreja?
Até onde podemos ir? Temos limites em nossa disciplina? Qual é o espírito em que devemos disciplinar? 1 Cor. 5:9 diz: “Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os fornicadores…”.
Quando Paulo diz: “Já por carta vos tenho escrito…”, a qual carta ele está se referindo? Bem, a alguma carta que ele escreveu antes de 1 Coríntios, e que não está nas Escrituras. Não era um dos livros inspirados pelo Espírito Santo. Mas ele a escreveu para dizer-lhes que não fizessem associação com os fornicadores.
A palavra traduzida como “associeis”, verso 9, é muito interessante. Não é uma palavra simples. No grego a palavra raiz básica aqui significa “ter qualquer tipo de companhia”, ou “companheirismo”, ou “estar com”, ou “fazer parte”.
Dessa forma, o que Paulo está dizendo em 1 Cor. 5:9 é:
Olha, eu escrevi para vocês em uma epístola anterior que em nenhuma circunstância vocês devem ter algo a ver com pessoas imorais. Não se misturem com elas!
Esse é o significado literal do verbo: não se misturem com os imorais de forma alguma! Não tenham nenhum companheirismo familiar e íntimo. Os coríntios deveriam recusar a comunhão com membros imorais. E os imorais deveriam ser expulsos da igreja, caso continuassem na imoralidade.
Antes de tudo, como dissemos, esses imorais deveriam ser abordados, e se eles mudassem e se arrependessem, isso seria ótimo, e a igreja os restauraria no amor e tudo mais, como está em Gálatas 6. Mas, se eles continuassem na imoralidade, a igreja deveria expulsá-los. Não poderia ter absolutamente nada a ver com eles.
- Estava conversando com alguns universitários em uma localidade, quando uma garota disse: “Bem, e se você tem uma garota que se diz cristã, vem ao seu estudo bíblico o tempo todo, mas está morando com um rapaz, o que você faz?”
- E lhe respondi, levando-a à Palavra de Deus: “você vai até ela, como Jesus ensinou em Mateus 18”.
- Aí a garota respondeu: “Eu fiz isso. Vários de nós já fizemos”.
Ela acha que está tudo bem. É bom viver com o cara. Ela entende que é livre como cristã para fazer isso, pois está sob a graça e etc.
- O líder da igreja local perguntoi: “O que vamos fazer agora?”
- Eu respondi: “Coloque-a para fora. Tire-a do seu estudo bíblico. Basta dispensá-la e não ter absolutamente nada a ver com ela. Entregue-a a Satanás. Ela pode ter a destruição da carne, mas se ela pertencer a Deus, ela estará lá em Sua presença no dia do Senhor Jesus. Vocês não devem ter esse tipo de influência, esse tipo de fermento permeando seu grupo de estudo bíblico.”
- E então, um rapaz me perguntou: “Bem, e se você tiver alguém assim morando em sua casa? Eles afirmam ser cristãos e estão em sua casa. O que você deve fazer com eles?”
- Eu respondi: “A mesma coisa. Coloque-o para fora.”
Na igreja primitiva, a igreja estava em casa, não era? E você pode acreditar que muitas dessas pessoas que foram excomungadas foram expulsas de casa. Por quê? Porque a igreja não pode tolerar esse tipo de infecção, assim como seu corpo não pode tolerar um câncer em metástase, sem que algo seja feito a respeito.
Porém, sabemos que muitos não tomam essa posição de não associação com os imorais, continuam a conviver com estes e apenas fazem de conta que não vêem o seu pecado, que agem como cancerosos que recusam o saber qual sua doença e fazer algo a respeiro dela.
1 Coríntios 5
9 Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros;
10 refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo.
Ao que tudo indica, os coríntios tinham distorcido o ensino de Paulo, e tinham entendido que o mandamento de não se associar a fornicadores se aplicava a todos os fornicadores do mundo. Você sabe, eles não queriam mexer com os imorais em sua igreja, então distorceram a palavra de Paulo e passaram a se afastar dos imorais de fora da igreja, mas conviviam com os imorais dentro da igreja.
O que Paulo está dizendo no verso 10, em outras palavras, é: “se você fosse se isolar de todas as pessoas más do mundo, teria que ir para outro planeta.” E tenho certeza de que há alguns cristãos que gostariam de fazer uma viagem à Lua e estabelecer uma comunidade cristã lá. Seria incontaminada, longe do mundo.
Eu nunca vou esquecer de O. L. Jaggers. Ele colocou à venda um monte de terrenos, no deserto. Ele iria construir uma cidade sem pecado. Conheci uma senhora que comprou um desses terrenos. Eles iriam construir um muro ao redor do condomínio, para manter o pecado fora. Foi uma ótima ideia para O. L. Jaggers. Ele ficou rico. Mas, acabou na cadeia.
Você vê, não há como evitar o contato com as pessoas do mundo. Paulo diz: “Não estou falando sobre o mundo. Não estou falando de se isolar do mundo. Esse não é o ponto!”
E observe que ele classifica os pecadores do mundo em três categorias primárias, no verso 10: fornicadores (ou imorais), avarentos (ou cobiçosos) e roubadores (ou idólatras). Esses três pecados resumem muito bem toda a filosofia humana: imoralidade é hedonismo, cobiça é materialismo e idolatria é religiosidade.
O pecado da fornicação é contra o corpo. A cobiça, a avareza são pecados contra os outros, pois quem os pratica considera as pessoas como objetos a serem explorados, e o pecado da idolatria é contra Deus, quando você permite que algo substitua Deus.
Então, aqui você tem todos os pecados possíveis, contra si mesmo, contra os outros, contra Deus. Todos os tipos de filosofias, sejam elas o hedonismo, a filosofia libertária da expressão do corpo, ou a cobiça, o materialismo, a idolatria, a religião, está tudo representado aí no verso 10.
Você olha para o mundo, para todas as suas filosofias e abordagens, mas eu não estou dizendo que você tem como não conviver e ver tudo isso, a não ser que vá para outro planeta. Porém, observe os versículo 11 a 13 de 1 Cor. 5. que diz:
11 Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for fornicador, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
12 Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?
13 Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.
“Bem”, você diz, “qual é a relação do cristão com o mundo?” Eu vou te dizer qual é: não se trata de não ter nenhum contato com as pessoas do mundo; não se trata também de assumir uma conformidade com o mundo. Jesus passou muito tempo com bêbados, prostitutas, cobradores de impostos e com muitas pessoas que eram realmente desprezadas na sociedade e na cultura. Por quê? Porque elas eram as pessoas que precisavam Dele.
E quando os judeus O criticaram e disseram: “o que você está fazendo junto com essas pessoas?” Ele disse: “Os doentes precisam de médico, não os sãos”. E essa foi uma resposta sarcástica, realmente. Ele estava dizendo àqueles religiosos hipócritas: “Vocês pensam que estão bem. Mas, esses pecadores dos quais Me aproximo sabem que estão doentes e estão abertos à Minha cura”.
Não, não devemos evitar as pessoas do mundo. Devemos estar no meio delas. Devemos amá-las, com o amor que Jesus tem. Devemos estar com elas o máximo que pudermos para ganhá-las para Cristo. Não devemos fazer o que elas fazem, mas devemos contatá-las pelo amor de Cristo.
Em Mateus 5:13, Jesus declarou: “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.” Ser sal significa que você deveria estar no mundo fazendo algo para o influenciar. Nos versos seguintes, lemos:
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Você tem que estar no mundo e deixar sua luz brilhar no mundo. Você deve estar no meio do sistema. Você deve entrar em contato com ele, contra ele, ouvindo o que ele está pensando, vendo o que está fazendo, e conquistando as pessoas que estão nele, amando-as no amor de Jesus Cristo, sem se conformar com elas.
Em Filipenses 2:15, novamente lemos:
Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo.
Você deve estar no meio do mundo e brilhar como luz no mundo. Você é inocente, você é inofensivo, irrepreensível, mas você está lá no meio, brilhando com a mensagem de Deus.
Em João 17:5 Jesus orou:
Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Eu ouvi alguns cristãos outra noite, que diziam: “Oh, não será maravilhoso quando todos nós formos para o céu? Mal posso esperar para chegar ao céu. Todos nós vamos ver Jesus. Nós vamos deixar este mundo. Vamos sair deste velho mundo. Oh, eu desejo ir embora!”
E eu continuei pensando: “Cara, isso é realmente doentio”. Você sabe, era tão óbvio que eles não tinham equilíbrio entre o desejo de estar com Cristo e o desejo de ver os homens conhecerem a Cristo.
Quando Jesus vier, não é só que você vai estar no céu, é que o resto do mundo vai estar no inferno. E deve haver algum senso de preocupação com esse lado, como João em Apocalipse 10, que comeu o pequeno rolo, e era doce em sua boca, mas amargo em seu estômago. Portanto, é preciso haver uma sensibilidade para com o mundo.
Não estamos nos isolando do mundo em algum tipo de pequena comuna onde não tocamos ninguém que não concorde conosco, onde não queremos nos misturar com as pessoas. Queremos descobrir onde elas estão e levar nosso Cristo até elas. Isso é o que Jesus faria.
Assim, o que Paulo diz é: “Não estou dizendo para você se afastar das pessoas do mundo. Estou dizendo para você se afastar dos cristãos que vivem na imoralidade e em outros pecados”.
Novamente, o verso 11 diz: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for fornicador, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.”
A pessoa se apresenta como cristã, mas você não sabe se realmente é. Ela se apresenta como irmã, mas é imoral, ou avarenta (gananciosa), ou idólatra, ou maldizente – alguém que anda por aí caluniando pessoas, que sempre tem algo crítico a dizer, sempre algo indelicado, sempre algo desagradável e cortante sobre outras pessoas, calunioso – ou bêbado – alguém que é alcoólatra ou que usa drogas continuamente – ou um extorsionário – alguém que usa outras pessoas para tirar dinheiro, que rouba delas, que extorque delas.
Sabe o que é interessante nessa lista? A carta deve ter atingido como uma bomba absoluta na assembleia de Corinto quando foi lida. Você sabe por quê? Cada um desses pecados pode ser encontrado em 1 Coríntios. Eles eram imorais (capítulo 5), cobiçosos (10:24), ele diz para eles deixarem de ser gananciosos e pararem de buscar a riqueza de outras pessoas. Eles também eram idólatras (capítulos 10, 20 e 21). Eles iam para a assembleia dos crentes, mas também iam adorar no templo pagão, e estavam tendo comunhão com demônios.
Não só isso, eles eram caluniadores. Eles tinham essas pequenas facções, e um grupo estava caluniando outro grupo. Mesmo quando Paulo envia Timóteo, capítulo 16, verso 11, ele lhes diz: “Portanto, ninguém o despreze…” porque era isso que eles estavam fazendo. Eles também eram bêbados. No capítulo 11:21, é dito que eles iam para a ceia do Senhor e ficavam bêbados na ceia.
Eles cometiam extorsão, de acordo com o capítulo 6. Eles estavam levando um ao outro na justiça e tirando dinheiro um do outro, e isso causou todo tipo de conflito e problemas. Assim, cada um desses pecados que são mencionados no verso 10 era característico da assembleia coríntia.
Se alguém está na igreja e é um vigarista nos negócios, ele tem que sair. Se é um bêbado, tem que sair. Se for um caluniador, fora! Se é cobiçoso, ganancioso e fica muito claro que tudo o que ele quer é dinheiro e posses, ele sai. Se é imoral, coloque-o para fora. Se adora falsos deuses ou se tem algum outro ídolo diante de Deus, expulse-o! Qualquer coisa que se adora acima de Deus é idolatria.
A igreja deve lidar com esse tipo de pessoa. Mas isso não quer dizer que a igreja deve fazer isso com veneno ou com algum tipo de alegria. É algo triste a se fazer. Deve ser feito com choro, com o coração partido. É doloroso ter que fazer isso, e estou lhes dizendo que não é fácil. É a coisa mais difícil no ministério de se fazer. Acredite, é. E nossos anciãos – e agradeço a Deus pelos líderes em nossa igreja – eles fazem isso, e não é fácil fazê-lo. É difícil.
Mas é certo fazê-lo. E essa é uma das razões, amados, porque Deus preservou o testemunho desta igreja e porque continua a ser preservado, pois estamos tentando o melhor que podemos, na força do Espírito, para aplicar as Escrituras. Isso é integridade. Não posso subir aqui semana após semana e pregar a Bíblia se não a obedecermos, posso? Eu perderia toda minha credibilidade diante de vocês. Aplicar a Palavra é duro, mas tem que ser feito.
Não é que não amamos as pessoas que estão na imoralidade, que são gananciosas, que são caluniosas, que têm outras coisas diante de Deus, ou que são alcoólatras ou viciados em drogas, que fazem coisas erradas nos negócios e roubam dinheiro dos outros. Mas, amamos mais a igreja. E a pureza da igreja é fundamental, porque Cristo exigiu a pureza de Sua igreja, e nós pagaremos o preço pela pureza da igreja.
Claro, o que você espera é que quando você confrontar a pessoa sobre seu pecado, ela se arrependa e mude, e você possa restaurá-la em amor, e não terá que expulsá-la. Porém, se persistir no pecado, você tem que expulsá-la, porque um pouco de fermento levedará toda a massa, e toda a igreja será destruída por esse tipo de tolerância ao mal.
O versículo 12 diz: “Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?” Paulo está dizendo, em outras palavras: “não estou falando de pessoas de fora. Não tenho responsabilidade por elas. Vocês deveriam estar cuidando da casa, das pessoas que estão dentro. O que eu tenho a ver com estranhos? Nada. Não são os que estão dentro da igreja que você deve julgar?” E a resposta é: sim!
Você diz: “John, isso significa que todos na igreja têm que ser perfeitos?”
Não, porque então não haveria igreja. As pessoas sempre dizem: “Bem, eu não vou à igreja. Há tantas pessoas imperfeitas lá…” A igreja nunca reivindicou ser a sociedade da perfeição. A igreja é um hospital com pessoas que pelo menos sabem que estão doentes, e estão lá porque procuram ser o que Deus quer que sejam, e isso é tudo o que Deus requer. Ele não está requerendo perfeição; Ele está requerendo o desejo por isso.
Tudo o que você pode esperar de um cristão não é que ele seja perfeito, mas que ele queira ser, que ele queira viver para Cristo, que ele queira uma vida pura, buscando essas coisas. Versículo 13: “Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.”
Em outras palavras, “aplique a disciplina dentro de sua assembléia”. E essa é uma citação de Deuteronômio 17:7 e 24:7, é um velho princípio estabelecido por Deus. Não permita que um pecador permaneça na congregação dos justos. O câncer deve ser eliminado. O fermento deve ser deixado de fora da massa. Devemos proteger a igreja da infecção do mundo.
Quando um pouco de pecado entra na igreja, e existe por um tempo, e então você descobre sobre isso, você deve lidar com isso. É como uma vacina. A igreja passa a construir uma imunidade, e assim a disciplina é como a vacinação. Você recebe uma pequena dose da doença, luta contra ela e isso cria imunidade. E é isso que desejamos ver.
Você diz: “John, qual é a relevância disso para hoje?”
É simplesmente isso: como cristãos individuais, temos que ser sensíveis à pureza de nossa própria vida, antes de tudo. Em segundo lugar, temos que ser sensíveis à vida das pessoas ao nosso redor, com certeza, para seu benefício. Você sabe, se eu for ao meu irmão em pecado e lhe disser, em amor, que ele está pecando, eu lhe fiz um favor, não fiz? Porque se ele se arrepender de seu pecado, eu ganhei um irmão de volta, e não apenas isso, ele ganhou a bênção de Deus.
Alguém me disse ontem: “Quando devemos começar a fazer isso?”
Eu disse: “Bem, deixe-me fazer uma analogia com meu filho. Quando meus filhinhos eram pequenos, eu não queria que eles corressem na rua. Quando eu disse a eles para não correr na rua? A primeira vez que os vi olhando para ela, com vontade de sair correndo. Eu não esperei até que eles estivessem correndo para lá.”
E penso que em disciplina e admoestação, temos que estar prontos para fazer isso assim que virmos a primeira atitude que está indo na direção do pecado. Somos chamados à disciplina. Somos chamados a manter a pureza da igreja.
Eu não posso fazer isso sozinho. Os líderes não podem. Os diáconos não podem. Os líderes da igreja não podem fazer tudo. Você tem que nos ajudar.
Você tem que guardar sua própria vida pura diante do Senhor, e então você tem que estar em guarda para com aqueles ao seu redor, porque esta é a igreja de Cristo, Ele quer uma igreja pura, e é nosso trabalho fazer tudo o que pudermos para garantir isso. E sabe de uma coisa?
Quando fizermos isso, veremos os pecadores reformados, a igreja purificada e veremos o nome de Cristo honrado no mundo. Esses são bons motivos, não são? Vamos orar.
Pai, obrigado novamente por Tua Palavra. Agradecemos por aqueles que estão nos visitando esta manhã, que vieram e compartilharam esta hora conosco. Oramos para que o Senhor, Pai, fale aos seus corações muito claramente em termos de seu próprio relacionamento com o Senhor, seja qual for. E se houver alguns que não Te conhecem como Salvador e Senhor, que possam conhecer-Te, tornem-se parte de Tua gloriosa igreja.
Agradecemos a instrução que é tão clara para nós, e oramos para que sejamos obedientes para realizá-la, para sermos puros, para vivermos uma vida pura na energia do Espírito, para lidarmos com aquelas coisas que contaminam a igreja, Tua igreja, pela qual o Senhor morreu. Em nome de Cristo. Amém.
Este texto é uma síntese do sermão “Immorality in the Church, Part 2: Disciplining Sin in the Church”, de John MacArthur, em 19/10/1975
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/1824/immorality-in-the-church-part-2-disciplining-sin-in-the-church
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno