Desejamos a Volta de Jesus?

O apóstolo Pedro, em sua primeira carta escreveu:

1 Pedro 4
7 Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações.
8 Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.
9 Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração.
10 Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
11 Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!

Por algumas semanas quero falar sobre o dever do cristão em um mundo hostil. É importante olharmos primeiro para o contexto atual no que diz respeito à igreja.

Nota: Este sermão foi pregado em 1989. John MacArthur tratou de algo tenebroso que estava acontecendo no final da década de 1980. Mesmo entre muitas pessoas não convertidas há um reconhecimento que o mundo após a década de 1980 apodreceu muito rapidamente, isso se refletiu em tudo. E a igreja também foi contaminada. 

Neste ano de 2023, é triste sabermos que esses fatos, relatados neste sermão de 1989, foram apenas o início de um processo maligno que retirou a centralidade em Cristo e na Palavra de Deus na maior parte da cristandade. O mundo apodreceu em alta velocidade a partir do fim da década de 1980, e a maioria das igrejas foi se adapantando a este cenário tenebroso. E nisso tudo, a volta de Jesus e o juízo eterno quase desapareceram da pregração, música e litetatura cristãs.  

A igreja precisa urgentemente de um reavivamento espiritual, e esse reavivamento espiritual só pode ocorrer quando nós, como cristãos, começarmos a cumprir nosso dever espiritual. É sobre isso que Pedro está falando.

Se devemos ser e viver neste mundo de acordo com o plano e desígnio de Deus, então nos cabe obedecer à verdade. O reavivamento só acontecerá quando os cristãos levarem a sério sua vida cristã. E somente quando a igreja for revivida e restaurada é que poderá fazer diferença neste mundo.

Não faz muito tempo (entre a decada de 1970 e parte da década de 1980), estávamos experimentando uma espécie de avivamento. A atual condição desesperadora da igreja parece ter sido algo novo.

Na década de 1970 vimos um florescimento do interesse pela Bíblia, evangelismo, estudos bíblicos, discipulado etc. Houve uma explosão de publicações diversas muito úteis à edificação cristã, crescimento de igrejas bíblicas, multiplicação de programas de áudio e vídeo com mensagens bíblicas etc. E quando olhamos para trás, vimos que realmente aconteceu naquela período um mover de Deus.

Mas, à medida que chagamos ao final da década de 1980 e avançamos para a década de 1990, torna-se cada vez mais evidente que a tendência predominante na igreja se afastou daquele tempo de reavivamento. Não há mais aquele movimento florescente impulsionado pelo Espírito Santo. Temos agora uma espécie de institucionalização popularizada da igreja.

Vivemos agora o tempo de “cristãos pop” ou “cristianismo pop”. Um tipo de cristianismo popularizado e institucionalizado. É uma forma de cristianismo socialmente aceitável e adocicado.

É incrível a velocidade de como isso chegou, e como teve enorme capacidade de comunicação de mídia de alta velocidade e alta tecnologia. E assim isso se moveu e continua se movendo muito rapidamente.

Migramos de um reavivamento, na década de 1970 e em parte da década de 1980, para uma mentalidade completamente diferente na igreja, cheia de egocentrismo e psicologia. Uma mensagem pop, um cristianismo pragmático em busca de fórmulas que funcionam, números, dinheiro, popularidade etc. Honrar a Deus foi deixado de lado.

E a igreja pop está em toda parte. Tomou conta dos meios de comunicação através de programas de variedades e entretenimento de celebridades, substituindo a adoração.

E, claro, o orgulho substituiu a humildade, o sucesso substituiu a fidelidade a Deus, a esperteza substituiu o caráter, e assim por diante. Tudo sendo feito para agradar e atrair um público ávido por psicologia, emoção, sentir-se bem, solução de seus problemas etc.

Tudo isso substituiu a pregação fiel da palavra, o posicionamento firme contra o pecado, a seriedade do reino de Deus, a pureza do evangelho, o chamado ao arrependimento, a santidade etc.

E as tendências desse tipo de cristianismo pop são mais sutis do que o liberalismo teológico. O liberalismo teológico ataca a igreja de frente. Mas a igreja popular fala abertamente sobre a verdade enquanto sabota a igreja silenciosamente.

O cristianismo popular faz da base da fé algo diferente da Palavra de Deus. A base da fé agora é a experiência, a emoção, a solução dos problemas. É a teologia da necessidade novamente.

O Movimento Carismático liderou o caminho com uma base de fé estranha à Palavra. Sua base foram as supostas novas revelações, novas profecias, percepções etc.

A psicologia secular tem sido quase santificada e oferece uma terapia de autoajuda que também reflete esse afastamento da Palavra de Deus como base para a vida cristã.

O ministério cristão tornou-se completamente crivado de pragmatismo, de manipulação, de profissionalismo, de consumismo etc. Enfim, sem fundamento bíblico para uma verdadeira fé.

O foco do cristianismo pop e da igreja pop se afastou da Bíblia e da pessoa de Jesus Cristo. Algo ou alguém está no centro do palco, e não é Cristo que está lá.

No centro do palco está a celebridade, o evangelista, o projeto, a campanha de arrecadação de fundos, o novo prédio, os supostos milagres, as chamadas curas etc. Tudo, menos Jesus Cristo!

É uma nova base de fé, não centrada em Cristo e nem na Bíblia. Eles estão apaixonados pela celebridade, pelo sistema, pelo prédio, pelas instalações, pelo programa a ser executado ou o que quer que seja.

Existe uma espécie de fé fantasiosa, não afixada em Cristo, mas uma espécie de fé nebulosa que quer se apegar a milagres, curas, saúde, riqueza, prosperidade, conforto, ganho pessoal etc.

Nesse tipo de ambiente um evangelho barato floresce. E devemos nos perguntar: onde está aquela fé forte?

Onde está aquela fé centrada em Cristo que permanece e mantém sua posição em meio a duras provações, em vez desse emocionalismo frágil chamado fé que é pouco mais que escapismo egoísta?

Cristo não é mais a mensagem. Embora Ele seja mencionado de tempos em tempos, o foco está no homem. O homem é a mensagem! E como o homem pode resolver seus problemas e viver uma vida mais confortável é a questão!

O falso evangelho da igreja pop não está interessado na Segunda Vinda de Jesus Cristo, porque isso seria encerrar a viagem agradável da igreja pop neste trem pop.

O foco da igreja pop está em algo diferente da santidade. É felicidade. É satisfação. Sua base não é a Palavra de Deus e seu foco não está em Cristo. Seu objetivo é a felicidade. Qualquer coisa que faça alguém feliz e satisfeito é o que é buscado. Isso está corroendo o coração da igreja.

Tudo isso é mais eficaz do que qualquer coisa que Satanás poderia fazer para tentar destruir a igreja, minar a base da fé que é a Palavra de Deus, remover do centro o objeto da fé que é Cristo e o objetivo da fé que é a santidade.

A nova base de fé é a minha experiência. O novo objeto de fé é o meu herói, meu programa etc. O novo objetivo na vida é a felicidade e não a santidade. Não poderia haver estratégia melhor. Essa é a estratégia de Satanás.

Mas o que será necessário para trazer avivamento à igreja? Onde está o foco a ser colocado? Como viver para não perder o poder e ser útil a Deus?

Pedro nos dá a resposta aqui neste texto. Em poucos versículos o Espírito Santo diz uma eternidade de verdades. Tudo em nossa vida cristã poderia ser resumido nessas declarações de 1º Pedro 4: 7 a 11.

É uma tarefa muito difícil pregar sobre isso sem ficar aqui por tempo indeterminado. Cada palavra nesta passagem fornece para mim um número infinito de conclusões, que eu lutarei muito para não me alongar. Vamos apenas ver um pouco do que Pedro quer dizer sobre o dever de vida de um cristão em um mundo hostil.

O contexto da 1ª Carta de Pedro

Antes de qualquer coisa é preciso entender o contexto que levou Pedro a escrever esta carta. Ele desafiou os crentes dispersos, perseguidos, difamados, vítimas de abusos e duros sofrimentos. Eram cristãos sofredores.

Eles estavam vivendo em um mundo muito difícil e hostil. Pedro os chamou para ficarem firmes na verdade, no Senhor Jesus Cristo e focar na vida santa. Em outras palavras, ele lhes disse:

Certifiquem-se de manter a base de sua fé, a Palavra de Deus; certifique-se de manter o foco de sua fé, a pessoa de Jesus Cristo; e certifique-se de manter o objetivo de sua fé, a santidade. Seja piedoso, de uma vida exemplar, pura, cativante e alegre no Senhor, mesmo que você sofra muito.

1) Ele começa a carta dizendo para que eles estejam alegres por causa da salvação, mesmo diante das duras provações (1 Ped. 1: 5-6). E do capítulo 1 versículo 1 ao capítulo 2 versículo 10, ele falou sobre nossa preciosa salvação. E que essa salvação é tão preciosa que nos deve conduzir a uma busca intensa de fidelidade.

2)  No capítulo 2, versículo 11, até o capítulo 4, versículo 6, ele diz que você deve viver uma vida santa em meio ao sofrimento, não apenas por causa de sua preciosa salvação, mas por causa de sua situação atual de testemunhar fielmente em meio ao sofrimento.

3)  E agora, ele chega à terceira seção da epístola e diz: “Você deve continuar com sua vida cristã focada na Palavra, em Cristo e na santidade, não apenas por causa de sua preciosa salvação e situação atual, mas por causa do volta de Jesus Cristo”.

Devemos viver à luz da volta de Jesus Cristo, e esse é o tema de 1 Pedro 4:7 a 5:5. Nesta carta ele apresenta os motivos básicos pelos quais devemos viver a vida cristã: por causa da preciosa salvação que Deus nos deu, por causa da situação atual em que devemos ser testemunhas e por causa da segunda vinda pessoal de Cristo. Hoje vamos começar essa terceira seção.

Isso não quer dizer que Pedro não falou da segunda vinda de Jesus nos capítulos anteriores. Ele já havia dito, por exemplo, que nos está reservada nos céus uma herança incorruptível, sem mácula e que não pode murchar (1 Ped. 1:4) e que devemos esperar inteiramente na graça da revelação de Jesus Cristo (1 Ped. 1:13).

Portanto, haverá um tempo em que Jesus voltará, e Pedro já havia falado sobre isso. Ele está nos chamando para uma vida santa baseada na volta de Jesus Cristo.

Mas na seção a partir de 1 Pedro 4: 7, ele trata na vida piedosa e do sofrimento à luz da volta de Jesus. Ele junta as duas realidades. Se quisermos cumprir nosso dever cristão, devemos saber quão preciosa é nossa salvação e quais deveres demonstrarão nossa gratidão por ela.

Devemos saber que o Senhor nos deixou nesta situação atual como estrangeiros e estranhos neste mundo, para sermos testemunhas de Jesus Cristo. Devemos viver à luz da eternidade, do céu e a de sua volta.

Qual é o nosso dever cristão enquanto sofremos neste mundo buscando a santidade à luz da volta de Cristo? No texto de 1 Pedro 4: 7-11 podemos destacar o incentivo, instruções e intenção.

1 Pedro 4
7 Ora, o fim de todas as coisas está próximo…

Esse é o incentivo. No original grego, a palavra traduzida como “fim” não tem o sentido de algo que vai acabar, mas de um objetivo alcançado ou um propósito consumado. É a culminação, a conclusão, a meta, a realização, o cumprimento ou a consumação. Ele quis dizer: “A consumação de todas as coisas está próxima”.

Ele está se referindo ao retorno de Cristo. A consumação de todas as coisas aponta diretamente para a Segunda Vinda de Jesus Cristo. No capítulo 1:5 ele diz que somos guardados pelo poder de Deus, por meio da fé, para uma salvação pronta para ser revelada no último tempo. E então, no versículo 1:7, ele diz que seremos achados em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.

A revelação de Cristo é outra maneira de falar do retorno de Jesus Cristo. Quando ele diz que o fim de todas as coisas está próximo, ele está se referindo à consumação, o tempo da grande recompensa na vinda de Jesus Cristo.

Quando ele diz “o fim de todas as coisas está próximo”, ele fala de uma iminência da volta de Jesus, de algo que pode acontecer a qualquer momento.

Pedro está ensinando que devemos viver na alegre expectativa da proximidade do retorno de Jesus Cristo. Somente uma igreja infiel não vive assim. Escrevendo ao tessalonicenses, uma igreja fiel, Paulo disse:

Vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura (1 Tessalonicenses 1:9,10).

A expectativa da volta de Jesus gera a mentalidade de um peregrino. Isso nos lembra que somos cidadão dos céu, que estamos apenas esperando para sermos levado para lá. É uma esperança maravilhosa.

Você diz: “Bem, como eles poderiam estar esperando há 2.000 anos atrás e nós estamos esperando agora? Quando Jesus voltará?”

O Senhor respondeu a essa pergunta dos apóstolos e ensinou o que devemos fazer até lá:

Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. (Atos 1: 7-8)

Se soubéssemos quando Jesus voltará, isso eliminaria um dos motivos principais da vida da igreja. Em outras palavras, ficaríamos muito preguiçosos se soubéssemos que Ele não voltaria em breve. E, se soubéssemos que Ele voltaria em breve, não saberíamos como lidar com isso.

E Jesus foi enfático ao dizer: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mateus 24:36). Mesmo Jesus, durante sua vida aqui na terra, quando restringiu alguns de seus atributos divinos, não sabia. Após sua exaltação, Ele retomou plenamente todos seus atribuitos divinos, inclusive a plena onisciência.  

Enfim, Pedro está dizendo: “Viva sempre em constante e alegre expectativa, como se Jesus voltasse a qualquer momento”. Essa é uma doutrina impopular hoje, a maioria das pessoas não está interessada nela.

Muitos até gostam da ideia de um arrebatamento após a grande tribulação porque, pelo menos, isso lhes dará muitos avisos, tirando a pressão de iminência, da expectativa que nos chama a um alto nível de responsabilidade.

Mas a mensagem de Pedro é: “Ei, isso está próximo”. Veja que em 1 Pedro 4:5 ele exorta a igreja não seguir no caminho dos ímpios, que “hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos” (v.6). E no versículo 7 ele diz: “o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios…”.

O que Pedro está dizendo? Devemos viver na expectativa da volta iminente de Jesus Cristo. E o Novo Testamento está repleto de textos que tratam dessa expectativa. Veja alguns exemplos:

E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. (Romanos 13:11,12)

Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se não as tivessem; E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuíssem; E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa. (1 Coríntios 7:29-31)

Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. (Tiago 5: 7-8)

Essa expectativa da volta de Jesus Cristo está sempre presente no coração do verdadeiro crente. É para ele uma esperança inabalável. Por isso Paulo escreveu:

Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial. (2 Coríntios 5:1,2)

Por isso o escritor ao Hebreus exorta: 

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. (Hebreus 10:25)

Devemos estar congregando com a igreja para que haja encorajamento uns para com os outros, ainda mais intensamente por causa da iminente volta de Jesus Cristo.

Se eles viam a volta de Jesus como iminente há 2.000 anos atrás, e falavam sobre isso constantemente, quanto mais devemos fazer hoje. É melhor estarmos reunido com o povo de Deus nessa expectativa.

Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor. (Hebreus 12:28,29)

Devemos viver à luz da expectativa de que o Deus que do Sinai sacudiu a terra, de Sião abalará os céus e todo o universo. Todas as coisas físicas (coisas abaladas) serão destruídas, somente as coisas eternas (não abaladas) permanecerão (Hebreus 12: 26-28). 

Nos primeiros capítulos do livro do Apocalipse, o apóstolo João escreveu sobre sua expectativa de iminência da volta de Jesus Cristo:

Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo (Apocalipse 1:3).

E após escrever sobre tudo que aconteceria, ele finaliza o livro com a mesma expectativa:

Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus! (Apocalipse 22:20)

Você diz: “Bem, Jesus não deveria voltar nos últimos dias?”

Isso mesmo. Mas você sabe quando os últimos dias começaram?

Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora. (1 João 2:18)

A última hora já havia começado quando João escreveu sua primeira carta. A última hora começou com a encarnação de Jesus Cristo. Isso introduziu os últimos dias. É por isso que o apóstolo Paulo, ao escrever a Timóteo, tratando de infestação de hereges na igreja e de perseguições naquela época, diz:

Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios. (1 Timóteo 4:1)

Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis […] todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. (2 Timóteo 3: 1,12)

Aqueles eram os últimos dias e os tempos difíceis já haviam chegado a Timóteo.

Os últimos dias chegaram quando o Messias veio. Você diz: “Em que sentido?”

A chegada de Cristo marcou o fim de toda uma era. Foi o fim de uma dispensação do Antigo Testamento, o fim da Antiga Aliança. O Messias veio ao mundo para estabelecer a Nova Aliança. Os últimos dias foram os dias do Messias. Os profetas disseram que o Messias viria nos últimos dias e que Ele viria no fim dos tempos.

Quando Jesus disse na Cruz: “está consumado” (João 19:30), significou o fim de tudo que o antecedeu e o início da Nova Aliança. O sistema de cerimônias, rituais, sacrifícios, templos, sacerdotes e ofertas desmoronou quando o véu do templo foi rasgado de alto a baixo (Mateus 27:51), e Deus abriu o acesso ao Santo dos Santos.

E então, no ano 70 depois de Cristo, conforme profetizado por Jesus (Marcos 13: 1-2), Deus enviou julgamento a Jerusalém, por meio dos romanos. O templo foi destruído e eliminou até nossos dias todo o sistema cerimonial de sacrifício. O escritor da carta aos Hebreus disse:

[…] agora, porém, ao se cumprirem os tempos, (Jesus) se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado. E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação (Hebreus 9:26-28)

Você entendeu? A primeira vez que Ele veio na consumação dos séculos, Ele se manifestou para aniquilar o pecado. Na segunda vez que Ele virá para estabelecer Seu Reino de salvação.

Mas os últimos dias começaram quando as eras foram consumadas na chegada do Messias. Quando o Messias se encarnou, morreu e ressuscitou Ele acabou com o sistema da Antiga aliança, Ele estabeleceu Seu próprio Reino.

Por meio do evangelho de Jesus Cristo, Deus nos tirou do reino das trevas e nos colocou no reino de Seu Filho amado, em quem temos a redenção, o perdão dos pecados (Colossenses 3:13-14).

Cristo derrotou o pecado, a morte, o inferno, a penalidade da lei, a Satanás e os demônios. Ele estabeleceu Sua autoridade e começou a construir Seu Reino. E agora estamos vivendo no Reino dos últimos dias. O Reino agora é espiritual e interno, e algum dia será externo e universal quando Ele estabelecer Seu trono na terra e no universo (reino milenar).

Haverá uma Segunda Vinda, mas os últimos dias começaram na primeira vez que Ele veio. Então, estamos vivendo nos últimos dias, nos últimos tempos e nos últimos dias dos últimos dias. Você pode colocar desta forma: o Reino veio em estado de graça e virá em um estado de glória.

A morte de Jesus Cristo, Sua ressurreição, Sua exaltação à direita de Deus Pai trouxe um novo ponto de partida para o curso da história. E aconteceu de uma vez por todas no fim dos tempos, e trouxe a aurora de um novo dia. O Reino do Messias está aqui em sua realidade espiritual e logo estará aqui em sua forma visível.

Então, quando Pedro diz que o fim de todas as coisas está próximo, ele está falando sobre o fim? Sim, no sentido de que as eras antigas terminaram. Mais ainda, ele está falando sobre a consumação, e o fim completo está muito, muito próximo.

Amado, quero encerrar dando a você uma visão de como devemos viver à luz dessa verdade

Nas Escrituras, descobrimos que, porque a vinda de Jesus Cristo é iminente, pode acontecer a qualquer fração de segundo, a qualquer momento, isso nos leva a um tipo certo de atitude.

A atitude de expectativa não deve nos transformar em fanáticos zelosos como as pessoas que vestem seus pijamas e se sentam nos telhados. Não deve nos transformar em sonhadores preguiçosos que não fazem nada além de ficar por aí, por assim dizer, esperando que isso aconteça. Deve nos transformar em profundo e vigilantes cumpridores da vontade de Deus.

É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. (2 Coríntios 5:9,10)

Se você é um cristão verdadeiro, você quer sempre agradar ao Senhor. Essa é a marca do verdadeiro cristão. E você viverá à luz do fato de que algum dia terá que se apresentar diante de Jesus Cristo, e será visível diante dele se suas obras foram boas ou inúteis. Não se trata de ter seu pecado coberto, isso já foi tratado na cruz, mas se sua vida foi útil ou não.

Em 2 Pedro 3: 8-10, Pedro fala sobre a vinda de Cristo. Ele diz que o dia do Senhor virá sem aviso, “no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas”. E então ele diz:

Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis. (2 Pedro 3:11-14)

Quando Jesus voltar, você quer estar em paz, sem mancha, sem culpa. Pedro diz:

Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno. (2 Pedro 3:18)

Nessa mesma linha o apóstolo João escreveu:

Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro. (1 João 3:2,3)

Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda. (1 João 2:28)

Queremos viver de tal maneira que o Senhor nos encontre naquele dia com um coração alegre e confiante, não como incrédulos que serão envergonhados. Paulo escreveu:

Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. (2 Timóteo 4: 7,8)

E se realmente amamos e vivemos na expectativa da volta de Cristo, procuraremos ser puros para que sejamos encontrados em santidade diante dele.

Por fim, cito as palavra de Jesus:

Lucas 12
35 Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias.
36 Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de casamento; para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.
37 Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilantes; em verdade vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os servirá.
38 Quer ele venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados serão eles, se assim os achar.
39 Sabei, porém, isto: se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, [vigiaria e] não deixaria arrombar a sua casa.
40 Ficai também vós apercebidos, porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá.

Este é um aviso para o mundo não regenerado. Este é um aviso para os falsos religiosos. Mas acredito que fala diretamente também para nós, que somos crentes, que também devemos estar prontos, pois não sabemos o momento em que nosso Cristo virá.

O fim de todas as coisas está mais próximo do que nunca. Isso é incentivo para vivermos uma vida santa.

Vamos nos curvar em oração.

Pai, obrigado novamente por este lembrete. Que nossos corações estejam comprometidos em amar a Tua vinda, aquele grande momento em que receberemos nossa recompensa, sendo feitos como Cristo. Ó Deus, que possamos sempre viver à luz disso e dizer com João: “Vem, Senhor Jesus.”  Amém.


Este texto é uma síntese do sermão “The Christian’s Duty in a Hostile World, Part 1”, de John MacArthur, em 26/11/1989.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/60-41

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

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