Cristãos Falsos e Desertores
Há milhões de pessoas ligadas a uma organização religiosa, mas não ao Senhor. Elas estão em busca de entretenimentos religiosos e não de exposição das Escrituras e da sã doutrina, adoração santificada e vida santa. E essas falsas igrejas estão oferecendo exatamente o que sua plateia superficial deseja.
Em João 6: 59-71 temos uma das conversas mais profundas e sérias no Ministério de Jesus. Ele estava ensinando na sinagoga de Cafarnaum depois de ter feito a primeira multiplicação de pães e peixes.
João 6
59 Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.
60 Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
61 Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza?
62 Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava?
63 O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
64 Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair.
65 E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.
66 À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.
67 Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?
68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna;
69 e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.
70 Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.
71 Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze.
Este é um momento chocante no ministério de nosso Senhor. No auge de Sua operação de milagres, houve uma deserção em massa por parte de supostos discípulos. João 6:66 apresenta isso de maneira muito simples: “muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele”. Eles partiram, e partiram para sempre.
Esta passagem nos apresenta um caso bíblico de desconstrução cristã: pessoas que abandonam uma aparente fé. E há hoje um movimento muito grande de pessoas abandonando e atacando o cristianismo. Esses desertores se denominam “ex-evangélicos” ou “cristãos desconstrucionistas”.
A razão de haver tantos desertores é porque a igreja está cheia de falsos cristãos. Há uma proliferação do falso cristianismo, consequentemente, haverá deserção em massa daqueles que antes se consideravam erroneamente cristãos.
Existem duas categorias de falsos discípulos ou de falsos cristãos:
1) Os falsos discípulos que descobrirão sua realidade no juízo eterno.
Esses vão passar a vida pensando ser cristãs, apenas para ouvir de Jesus: “nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt. 7:23). Muitos deles vão argumentar sobre obras que supostamente fizeram em nome de Cristo (Mt. 7:22).
E há muitos que vivem enganados imaginando que estão em um relacionamento com Deus. São falsos discípulos. Nunca tiveram uma real experiência de novo nascimento e vivem um cristianismo apenas aparente. Os testes da verdadeira fé, conforme vemos nas Escrituras, falham se aplicados a eles.
2) Os falsos discípulos que se declaram nesta vida.
São os que rejeitam abertamente e publicamente, o que outrora afirmaram. Eles negam o Senhor que uma vez supostamente confessaram. Eles deixam o Senhor que uma vez supostamente seguiram.
Não há necessidade de esperar o juízo eterno para eles serem expostos. Eles declaram a rejeição da fé cristã ainda em vida. É uma realidade horrível, como veremos mais adiante. E esse é o tipo que João 6 registrou.
Nunca foi tão tentador para os falsos discípulos abandonarem uma suposta fé como hoje, a cultura atual é produzir vitimização e transforma esses “vitimizados “em heróis. Os desertores do cristianismo são vistos assim pelo mundo.
Houve tempo em que as pessoas evitavam abandonar a igreja de forma pública e ostensiva. Mas hoje, através das redes sociais, os desertores são aplaudidos e vistos como heróis.
A sociedade atual transformou o erro em glória. Há forte apoio para tudo que afronta a Deus. Há conferências de ex-cristãos e de ex-evangélicos. O desertor pode se tornar uma vítima brilhante e heroica do que a cultura considera uma religião falsa. Nunca houve tanto apoio aos desertores.
No caso do texto de João 6, a deserção aconteceu por parte de muitos que aparentavam ser discípulos de Jesus. Mas Jesus não foi pego de supresa por aqueles desertores. Em João 6:64 diz que “Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (João 6:64).
E o próprio Jesus disse que entre os doze homens que ele escolheu havia um falso discípulo (João 6: 70-71). Ali havia uma multidão de falsos discípulos que desertaram e foram embora para sempre.
E isso aconteceu em Cafarnaum, onde Jesus sediou seu ministério galileu e fez milagres sem fim, dominando doenças, morte, demônios e a natureza. Ali Ele ensinou, pregou, mostrou sua sabedoria e compaixão. Praticamente curou todos os que vieram a Ele. Mas isso não evitou uma deserção em massa.
Isso é mais grave do que parece. Quanto maior exposição o desertor teve da Palavra de Deus, mais severo será o julgamento para ele. Jesus disse: “A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (Lc. 12:48).
Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus. (Mt. 10:32,33)
Isso é essencialmente apostasia. E quanto mais as heresias proliferam no meio cristão, mais vai crescer esse movimento.
O terrível legado das igrejas que corrompem a verdade
As igrejas heréticas não ensinam o verdadeiro evangelho e não apresentam Deus conforme as Escrituras Sagradas. Essas igrejas modernas e liberais estão cheias de pessoas que não conhecem a verdade. E o motivo é simples: não há verdade, não há vida e não há graça de Deus nelas.
Essas igrejas não cultuam o verdadeiro Jesus e o verdadeiro Deus. Não estão comprometidas com o verdadeiro evangelho e a verdadeira revelação divina. Estão fundamentadas no engano e na heresia.
Há milhões de pessoas ligadas a uma organização religiosa, mas não ao Senhor. Elas estão em busca de entretenimentos religiosos e não de exposição das Escrituras e da sã doutrina, adoração santificada e vida santa. E essas falsas igrejas estão oferecendo exatamente o que sua plateia superficial deseja.
O resultado final é a formação de um grande contingente de futuros desertores. Onde o cristianismo não é real e não há real transformação de vidas, todas as promessas acabam vazias.
Essas igrejas entregam falsas promessas para atrair adeptos, e logo as pessoas descobrirão que são promessas falsas. Como elas estavam lá por causa dessas falsas promessas, o tempo se encarregará de demonstrar quem são elas. E logo o falso entusiasmo se tornará em decepção e deserção.
Portanto, o resultado final da falsa igreja é que ela produz muitos falsos discípulos, alguns que saberão disso no juízo eterno, mas muitos que vão se revelar em vida.
A rápida expansão do número de falsos cristãos está garantindo a deserção em massa. Isso é trágico para eles e trágico para o verdadeiro cristianismo e para a verdadeira igreja.
A causa essencial das deserções
Essas deserções não estão acontecendo porque as pessoas estão estudando a Bíblia profundamente, se aprofundando nas Escrituras e na sã doutrina, e descobrindo que, ao fazer isso, que o Cristianismo não é verdadeiro.
Isso não acontece. Não ouço ninguém dizer isso: “Estudei a Bíblia e descobri que não é verdade”. O que vi de muitos testemunhos é: “Eu tive uma experiência ruim na igreja”. Tudo se resume na autossatisfação, no “eu”, nas expectativas egocêntricas.
Mas, foi com essa mensagem falsa que elas foram atraídas para essas igrejas: a promoção da autossatisfação. E quando não conseguem encontrar a satisfação que imaginaram ter, elas ficam decepcionadas e passam a atacar a fé cristã.
Eles falam de experiências ruins na igreja tais como: severidade, hipocrisia, não gostar do pastor etc. E citam nacionalismo, conservadorismo e outros temas explorados e combatidos pelos que se rebelam contra Deus. Esta é a ladainha de razões pelas quais eles dizem ter abandonado a igreja.
Mas a verdadeira causa é a falta do novo nascimento, o amor-próprio, o amor ao pecado e a rejeição a Palavra de Deus. Eles jamais poderiam ter a mesma reação de Pedro ao ver a multidão decepcionada abandonando Jesus: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6:68).
Se há uma fé genuína em Cristo e na Palavra de Deus, desertar jamais é uma opção. Mas se o que há se resume em experiências superficiais e emocionais, ao mínimo desgosto, ir embora se torna inevitável.
E na liderança dessas comunidades acolhedoras de desertores há ex-pastores, ex-músicos cristãos e ex-líderes favoritos, feministas e defensores de tudo que aborrece a Deus. Eles recebem os desertores como heróis. E esses novos “heróis” se juntam aos agressivos inimigos de Deus, de Cristo e das Escrituras.
João os descreve, esses desconstrucionistas, como anticristos.
Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora. Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos […] Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. (1 João 2:18-19,22)
Por que eles são desertores? João diz: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco”. Eles nunca tiveram uma experiência verdadeira com Cristo.
A deserção não é algo novo
Apostasia como essa não é algo novo, está apenas na moda. Nos dias de Isaías e Jeremias houve o mesmo:
Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás. Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. (Isaías 1:4-6)
Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. (Jeremias 2:13)
Tanto Isaias como Jeremias prantearam muito a deserção de Israel. Jeremias passou a ser conhecido como o profeta “chorão”, por ver a rebeldia de Israel e o juízo que viria da parte do Senhor. Ele chorou as lágrimas de Deus.
Prouvera a Deus a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos, em fonte de lágrimas! Então, choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo. Prouvera a Deus eu tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! Então, deixaria o meu povo e me apartaria dele, porque todos eles são adúlteros, são um bando de traidores; (Jeremias 9:1,2)
A deserção espiritual, seja no tempo de Isaías, no tempo de Jeremias ou no nosso tempo, é de partir o coração. A desconstrução torna-se destruição. É por isso que é tão doloroso.
Jesus chorou pela deserção de Jerusalém.
Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação. (Lucas 19:41-44)
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! (Lucas 13:34)
Houve desconstrução do judaísmo nos dias de Jeremias e Isaías. Houve uma desconstrução do judaísmo do Antigo Testamento nos dias de nosso Senhor Jesus, de modo que a apostasia tomou conta de Israel, com exceção de muito poucos. E é o mesmo acontece hoje com a fé cristã.
Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. (Mateus 13:5-7)
Esta é a explicação da existência de tantos desertores: Além de ouvirem um falso evangelho, nunca a semente da verdadeira Palavra de Deus encontrou neles um solo para prosperar. Nunca foram um bom solo, nunca experimentaram a verdade.
Aqui está um aviso para se ouvir. O apóstolo Paulo escreveu:
Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto (1 Coríntios 10:1-5)
Com toda aquela experiência na libertação do Egito, Deus rejeitou a maioria deles e os abateu no deserto. Nunca entraram na Terra Prometida. Eles eram solos imprestáveis. A experiência deles não teve nenhuma realidade espiritual.
Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. (1 Coríntios 10:11,12)
Este é um exemplo para nós hoje do desastre da apostasia: ao receber o privilégio espiritual de estar com o povo de Deus, muitos viram as costas e vão embora. Eles agem com os líderes religiosos que rejeitaram Jesus. Houve um momento em que Jesus definitivamente se retirou e se ocultou-se deles (João 12:36). Que tragédia!
Há tantas advertências bíblicas sobre as consequência da deserção, daqueles que de alguma forma estiveram no meio cristão, tiveram contato com o Evangelho e com a verdade, mas rejeitaram e desertaram. Veja alguns exemplos em Hebreus:
Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação (Hebreus 2:3)
Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos. Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. (Hebreus 3:7-11)
Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram. Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso (Hebreus 4:2,3)
Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? (Hebreus 10:26-29)
A multidão desertora após a multiplicação de pães e peixes (João 6)
Há uma certa patologia nesses desertores. Tudo começou com a primeira multiplicação de pães (João 6:1-13). Calcula-se que uma multidão com mais de 25.000 pessoas foram alimentadas milagrosamente por Jesus, que criou alimento no nada. De cinco pães e dois peixes sobraram ainda doze cestos cheios.
1) Os falsos discípulos são atraídos por multidões
A multidão era enorme. E aqui está a primeira coisa a dizer sobre os falsos discípulos: Eles são atraídos por uma multidão. Eles seguem a multidão. Eles podem não saber do que se trata a multidão, mas seguem a multidão.
Eles estão em buscas de megas igrejas, shows ou o que quer que seja. Há uma curiosidade, uma busca por novidades e uma sedução por multidões. A maioria das pessoas segue uma multidão, mesmo que não tenha ideia do que está acontecendo.
Neste caso, eles sabiam. A multidão estava se reunindo em torno de Jesus, que operava milagres. E Ele havia realizado mais um milagre além da compreensão. Portanto, era um cenário perfeito para os falsos discípulos. Eles são atraídos por multidões.
2) Os falsos discípulos são fascinados pelo sobrenatural
A multidão estava sendo atraída a Jesus por causa de maravilhas sobrenaturais. Eram multid sedenta por milagres, mas sem qualquer interesse pela verdade.
E vemos muito disso hoje. Falsos mestres atraem pessoas através de supostas experiência sobrenaturais. Isso é inútil, apenas produzem multidões sem rumo, sem consistência e com uma fé falsa.
E a multidão empolgada com o sobrenatural queria fazer de Jesus o rei profetizado por Moisés.
O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás. (Deuteronômio 18:15)
Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte. (João 6: 14-15)
E assim a multidão concluiu:
Uau, se pudermos pegar esse homem e torná-lo nosso rei, pense no que Ele pode fazer por nós! Como Ele pode elevar nossa satisfação, nosso conforto e nossa provisão. Seremos livre de uma vida dura. Ele pode nos dar tudo, comida, prosperidade etc.
3) Os falsos discípulos são atraídos pela expectativa de satisfação de seus desejos
Portanto, estava formado o cenário perfeito para os falsos discípulos: há uma multidão, há busca por sinais sobrenaturais e há expectativa de satisfação dos desejos carnais.
E então eles dão outro passo: eles exigem que seu pedido se torne realidade. Eles perguntaram “Que faremos para realizar as obras de Deus?” (João 6:28).
Jesus lhes respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (João 6:29). E então eles disseram: “Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti? Quais são os teus feitos?” (João 6:30).
Eles haviam visto o milagre da multiplicação de pães e peixes. Eles queriam outro milagre. Eles queriam sempre a satisfação de seus desejos. E é isso que move os falsos discípulos: eles seguem a multidão, procuram o sobrenatural, querem o que seu coração carnal deseja e esperam que seus desejos sejam atendidos.
Mas Jesus fala em crer nele e diz que é esta a obra de Deus. Eles não estavam interessados na salvação da alma, eles estavam interessados em satisfazer seus desejos.
4) Os falsos discípulos não são atraídos pela verdadeira mensagem do evangelho. Eles a rejeitam.
Eles queriam ter suas vidas confortáveis neste mundo. Eles dizem a Jesus: “Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu” (João 6:31). Em outras palavras, eles estão dizendo:
Se você espera que nós o sigamos, comece a nos entregar o pão todos os dias, assim como aconteceu em tempo de Moisés. Vamos parar de trabalhar, vamos aparecer de manhã, e o pão vai estar aí, e o maná do céu vai estar aí, e Tu tens que entregar.
Então Jesus lhes disse:
Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. (João 6:32,33)
Eles se entusiasmaram e disseram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (João 6:34). Muito claro está o que eles queriam: conforto e tranquilidade. Não estavam interessados em Cristo. Então Jesus respondeu-lhes:
Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. Porém eu já vos disse que, embora me tenhais visto, não credes. (João 6:35,36).
E então se desnudou o coração deles:
Porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. E diziam: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso, não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu? (João 6:41,42)
Isso era incompreensível para suas mentes carnais. Mas Jesus continuou:
Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. (João 6: 50-51)
Eles questionam: “Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne?” (João 6:52). Jesus continuou:
Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram e, contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamente. (João 6:54-58).
Jesus estava falando sobre sacrificar Sua vida em salvação de muitos. Mas eles não estavam interessados nisso. Eles se consideravam justos em sua religião de obras externas. Eles não estavam interessados em nada espiritual, eles queriam apenas satisfazer a carne.
Qual foi o resultado?
Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? (João 6:60).
Ou seja, “não cremos nisso, isso é um discursos intolerável e repugnante”. Jesus respondeu-lhes:
Isto vos escandaliza? Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido. (João 6:61-63,65).
E diante disso tudo “muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele” (João 6:66). Os falsos discípulos desertaram e abandonaram Jesus. Grande parte da multidão foi embora e se uniu aos inimigos de Jesus.
Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. (1 Coríntios 1:22-24)
Eles consideravam que não precisavam de um salvador, eles se consideravam justos por conta própria. Eles queriam sinais, eles não queriam saber de sacrifícios, da cruz, de arrependimento e de quebrantamento.
Então, qual é a patologia aqui de um falso discípulo? Atraídos pela multidão, fascinados pela perspectiva do sobrenatural, desejando benefícios mundanos, exigindo que seus pedidos sejam atendidos, não tendo nenhum interesse real em Cristo, e completamente indiferentes a cruz. Eles não estão interessados no novo nascimento.
Os falsos discípulos chegam inevitavelmente ao momento de crise. Eles vão virar as costas e desertar quando o que eles querem é muito mais importante para eles do que o que Deus quer. Eles acham as palavras muito difíceis. Eles gostam do emocionalismo e das músicas sobre Jesus, mas quando Jesus fala, eles ficam ofendidos.
Aquele foi um dia triste. E sobre Cafarnaum, a mesma cidade onde ocorreu este fato, Jesus disse:
Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo. (Mateus 11:23,24)
Sodoma era um lugar tão maligno, que homens pervertidos sexualmente queriam estuprar anjos. Mas Jesus disse que o juízo sobre os incrédulos de Cafarnaum será ainda mais rigoroso. Quanto mais exposto à verdade alguém é, mais responsabilidade pesa sobre ele.
E aquelas pessoas que se afastaram?
Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. (1 João 2:19)
São os desertores, os ex-evangélicos e desconstrucionistas cristãos. Quando alguém deserta, ele não perde a salvação, pois ele nunca foi salvo. Ninguém perde o que nunca teve. Mas desertar, ser apóstata é colocar-se em uma posição extremamente terrível.
Os verdadeiros discípulos foram distinguidos por aquilo que é o oposto do falso. Os falsos não creram nas palavras de Jesus, mas os verdadeiros discípulos creram.
Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. (João 6:67-69)
Toda essa deserção do cristianismo é uma rejeição da verdade bíblica, das próprias palavras de Deus. Nada é tão perigoso quanto isso. Examine seu próprio coração para ter certeza de que está na fé.
Vamos nos curvar em oração.
Senhor, isso é preocupante. Choramos e lamentamos tudo isso. Se alguém se afasta de Ti quando conhece a verdade e não anda mais Contigo, não há mais sacrifício pelo pecado, e eles estão eternamente perdidos no pior tipo de punição.
Quão mais severa punição serão considerados dignos aqueles que pisotearam o Filho de Deus, consideraram o sangue da aliança uma coisa profana e mostraram despeito pela obra convincente de Seu Espírito.
Nós oramos, Senhor, que Tu detenhas alguns pecadores que podem estar perto disso hoje. Que as pessoas sejam atraídas não pela multidão, não pelo superficial e pelo falsamente sobrenatural, mas que sejam atraídas por Cristo.
Que a Tua igreja exalte a Cristo. Que Ele seja tudo em todos, aquele que é o glorioso Redentor.
Como crentes, devemos ser conhecidos porque amamos o Senhor Jesus Cristo; e esse amor transcende tudo o mais na medida em que não importa para nós o que ganhamos ou perdemos neste mundo, o que desfrutamos ou sofremos neste mundo.
Tudo o que importa é Cristo. Faz Cristo conhecido por nós em Sua plenitude, pois ali encontramos a satisfação de nossa alma. Pedimos isso em nome de Jesus. Amém.
Esta é uma série de sermões traduzidos de John MacArthur sobre todo o Evangelho de João.
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Este texto é um resumo do sermão “Christian Deconstruction, Part 1”, de John MacArthur, em 28/05/2023
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/81-143/christian-deconstruction-part-1
Tradução e síntese realizadas pelo Site Rei Eterno