Crendo Plenamente em Cristo

João 7
14 Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo, e ensinava.
15 E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?
16 Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
17 Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo.
18 Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.
19 Não vos deu Moisés a lei? e nenhum de vós observa a lei. Por que procurais matar-me?
20 A multidão respondeu, e disse: Tens demônio; quem procura matar-te?
21 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Fiz uma só obra, e todos vos maravilhais.
22 Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem.
23 Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?
24 Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.

A experiência maravilhosa de passar pelo Evangelho de João é que o assunto é sempre Cristo, em cada página e praticamente cada verso. Então, é um prazer para nós, mais uma vez, compartilhar sobre isso. Para cada hora que eu passo com você falando sobre uma porção deste Evangelho, passei antes dez horas a sós sendo tão profundamente abençoado. Eu desejo compartilhar minha alegria com vocês. Temos que examinar profundamente essas porções da Escritura que apresentam Cristo em toda a sua majestade.

As declarações de Jesus sobre si mesmo foram surpreendentes e chocantes. Eram reivindicações realmente ultrajantes para o sistema religioso. Fisicamente, o homem Jesus não era diferente de qualquer outro homem Galileu. Ele provavelmente tinha um sotaque Galileu e sua divindade era completamente invisível. O que era visível era a sua humanidade. Não havia nenhuma maneira de vê-lo diferente do que você veria qualquer outro homem. Mas os homens não fazem as declarações que ele fez.

  • Jesus disse que tinha descido do céu (João 6:38);
  • Ele afirmou que existe desde a eternidade (João 17:5);
  • Ele afirmou que tinha sido enviado ao mundo pelo Pai (João 17:3).
  • Ele afirmava ser o salvador do mundo, o único salvador (Lucas 19:10).
  • Ele afirmou ser o determinador do destino eterno de todos (João 3:18). Disse ser a fonte da vida eterna, a única fonte (João 17:2). Ele afirmou ser o único caminho para Deus (João 14:6).
  • Ele afirmou ter o direito de ser honrado e adorado em pé de igualdade com o Deus eterno.
  • Ele alegou ser um com o Pai (João 10:30).
  • Ele alegou ter o poder de dar a vida e até mesmo de ressuscitar os mortos (João 6:44).
  • Ele afirmou ser aquele sobre quem o Antigo Testamento descreve. O principal assunto do Velho Testamento (João 5:39).
  • Ele afirmou ser o juiz supremo de todos os homens, que um dia viria, em glória, julgá-los com justiça (Mateus 25:31-32).
  • Ele afirmou não ter pecado (João 8:46).
  • Ele declarou ter toda a autoridade no céu e da terra (Mateus 28:18), ter poder para perdoar os pecados (Marcos 2:10) e responder a oração (João 14:13).
  • Ele afirmava ser maior que o templo (Mateus 12:6).
  • Ele afirmava ser a única fonte de nutrição da alma, o único pão que poderia alimentar a alma (João 6:48).
  • Ele afirmou ser a luz do mundo (João 8:12), a ressurreição e a vida (João 11:25), o ungido, o Cristo (Lucas 24:26-27), o Messias (João 4:25-26), o Filho de Deus (Mateus 16:27).
  • Ele orou ao Pai para ter restituída a mesma gloria que tinha junto a Ele na eternidade (João 17:5).

Um homem que era fisicamente como os demais homens. Estas afirmações eram impossíveis de ser compreendidas pela mente natural.  

  • Os líderes judeus o julgaram como um blasfemador, enganador e possuído por demônios. Eles diziam que seus milagres eram resultado do poder de Satanás.
  • Outras pessoas, um pouco menos duras que os líderes religiosos, diziam que Ele era louco.
  • Havia outros que até creram em algo sobre ele. Ficaram encantados com seus milagres e pensaram ter encontrado um homem que poderia resolver todos seus problemas e ambições. Eram falsos discípulos e eles não criam em suas palavras. Eles não podiam aceitar suas palavras. Certamente eles o julgaram como um falso mestre.

Mas tanto faz se você diz que Ele era um falso mestre ou um louco ou alguém possuído por Satanás ou blasfemador ou um homem cujas palavras não merecem crédito e nem obediência. Em quaisquer situações, exceto em crer e obedecer, você faz um julgamento sobre Jesus Cristo, com implicações eternas graves.

  • Por outro lado, João Batista, que disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
  • André disse: “Encontramos o Cristo. Encontramos o Messias” (João 1:40-41).
  • Filipe disse: “Nós descobrimos aquele de quem Moisés falou” (João 1:45).
  • Houve até um fariseu, chamado Nicodemos, que veio a Jesus em nome de outras pessoas e disse: “Nós sabemos que Tu és um mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer o que Tu fazes se Deus não estiver com ele” (João 3:2)
  • Os samaritanos, da pequena aldeia de Sicar, concluíram: Este é realmente o Messias, o Salvador do mundo (João 4:5,41-42).
  • Pedro, que falou em nome dos discípulos: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6:68).
  • O mesmo Pedro disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16 e João 6:69).

Assim, por um lado, havia pessoas que o rejeitaram e outras que creram nele. A grande maioria o rejeitou. Muitos que o consideravam inicialmente como um “bom homem” (João 7:12), clamaram pedindo sua morte. Jesus foi amplamente rejeitado. No dia de Pentecostes, havia apenas 120 pessoas no cenáculo, quando o Espírito Santo veio. Isso era tudo de toda a Judeia.

Quando Jesus disse que veio da parte de Deus (João 8:42), a liderança religiosa respondeu: “Tu és samaritano e tens demônio” (João 8:48). Desde o início, João afirmou: “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1:10-11). Jesus disse aos líderes de Israel:

E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer. E a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós. Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam (João 5:37-39).

Naquela ocasião, eles estavam tentando encontrar uma forma de matar Jesus (João 5:16). Eles não creram em nada. Assim vai: rejeição, rejeição, rejeição. Logo após, por causa de suas Palavras, Jesus viu muitas das pessoas que o seguiam o abandonarem. Eles consideraram suas palavras duras e impossíveis de serem ouvidas (João 6:60,66).

Entre o fim do capítulo 6 e o início do capítulo 7 há um intervalo de sete meses (entre a Páscoa e a Festa dos Tabernáculos), como vimos na vez passada. Jesus gastou este tempo na formação de seus discípulos, principalmente os doze. Houve algum ministério público, milagres e ensinamentos públicos, mas sua ênfase estava com os Doze em áreas de pouca concentração populacional. Marcos 7 nos fala sobre isso. Mateus 15 nos diz que Ele vai para a área na fronteira fenícia. Ele também foi para o extremo norte, de modo que Ele estava na periferia agora. Muitas coisas acontecem durante esse tempo. Há registros de milagres. Mas, principalmente ele está ensinando e instruindo.

Mas agora, no meio da Festa dos Tabernáculos, ele vai para Jerusalém e começa a ensinar. Como vimos, ele esperou até o meio da semana, porque ele sabia que os governantes queriam matá-lo (João 7:1). Você se lembra de que ele fez um percurso secreto através de Samaria? Lucas registra a viagem (Lucas 9). Ele entrou em segredo. No momento certo.

Ele enfrentou o mundo que o odiava. Ele enfrentou, em Jerusalém, os líderes que já estavam determinados a executá-lo. Jerusalém estava cheia de multidões, peregrinos que vieram de todos os lugares. Os líderes foram surpreendidos e de certa forma neutralizados pela multidão e a exposição pública que Jesus tinha. Este é o seu tempo. Ele havia dito antes a seus irmãos: “Ainda não é chegado o meu tempo” (João 7:6) e “eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido” (João 7:8). Ele não estava falando de épocas, horas e dias, mas da programação divina.

Ele vai até o templo, e ali “havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo” (João 7:12). Ele era o tema da conversa, mesmo com sua ausência. Agora, ele estava lá. Os líderes queriam prendê-lo, e eles fizeram uma tentativa em João 7:32.

Os fariseus ouviram a multidão murmurar coisas a respeito dele, mandaram os guardas do templo ir e prendê-lo. Mas eles não prenderam Jesus. Quando questionados sobre o motivo de não o terem prendido, eles responderam: “Nunca homem algum falou assim como este homem” (João 7:46). Bem, os líderes religiosos lhes disseram: “Também vós fostes enganados?” (João 7:47). E o argumento deles foi este: “Creu nele porventura algum dos principais ou dos fariseus?” (João 7:48).

Então, ele estava ali no templo. Eles não seriam capazes de prendê-lo naquele ambiente. E o que Jesus estava fazendo lá? Ensinando (João 7:14).
Jesus assumiu o papel de um rabino ou um mestre, encontrou um lugar e começou a ensinar. Ele estava ensinando o que sempre ensinou: sobre o Reino de Deus. Ensinando sobre o pecado, a justiça, a salvação, a hipocrisia, o verdadeiro caminho de Deus.

Ele fornece cinco razões para eles crerem em suas palavras. Ele sabia as opiniões das pessoas. Mas Ele ainda não havia desistido deles.
Mas na frente ele diz: “A luz ainda está convosco, mas só por um pouco de tempo. Caminhem enquanto houver luz, para que a escuridão não vos apanhe! Quem anda na escuridão não sabe para onde vai” (João 12:35); Houve um momento em que a luz foi embora e Jesus deixou os incrédulos para trás. Terrível isto.

Cinco razões pelas quais as reivindicações de Cristo eram verdadeiras. Elas se desenrolam nestes versos.

1. A fonte divina de seus ensinamentos

Havia um monte de ensino dos rabinos. Todos os dias os rabinos estavam ensinando em algum lugar, não apenas no momento de festa. E na festa havia ainda mais. Isso era o que os rabinos faziam. E, a fim de dar a autoridade para o que eles ensinavam, eles citavam outros rabinos, de modo que as pessoas não pensassem que foram eles que inventaram o que estavam ensinando. E em segundo lugar, eles mantinham a tradição, que era muito importante para eles. E sempre citando as tradições ensinadas por outros rabinos.

Assim eles faziam. Mas não era assim que Jesus fazia. Ele não citou qualquer outro rabino. No sermão do monte, ele surpreendeu as pessoas, pois ensinava como tendo autoridade, sem citar qualquer rabino.

E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas (Mateus 7:28-29).

Após ouvirem suas palavras naquela festa, a multidão maravilhada diz: “Como sabe este letras, não as tendo aprendido?” (João 7:15).
Os rabinos ensinavam as Escrituras citando outros rabinos, para validar a sua interpretação. Mas o ensino de Jesus foi além de qualquer coisa que alguém já tinha ouvido.  Seu ensino consistia em um alto nível de sabedoria, de conhecimento e de compreensão sem igual. As pessoas ficaram chocadas. Jesus não validou seu ensino em qualquer fonte humana. Ele não necessariamente se conectou com a tradição. Nunca houve nada parecido.

Eles ficaram espantados com a lucidez, a clareza, a profundidade, a veracidade e a realidade de seu ensino. Eles não podiam desacreditá-lo, então eles passam a atacá-lo, e não ao seu ensinamento. Eles não podiam resistir às suas palavras, então o atacam pondo em dúvida sua formação e treinamento (v.15). Eles não conseguiam argumentar e debater com Jesus. Eles não conseguiam contradizê-lo. Eles estavam presos em seu próprio sistema hipócrita. Só lhes restava atacar a pessoa de Jesus.

Quando eles perguntam “Como este sabe letras”, algumas das traduções mais antigas dizem “este homem, este ninguém”. Eles não queriam usar o seu nome. Era uma forma proposital de escárnio. É algo que acontece até hoje. Aqueles que falam as verdades da Palavra de Deus, com precisão e sinceridade, são ridicularizados. Eles exigem que você concorde e aprenda heresias com os heréticos.

Isso não foi uma novidade na vida de Jesus. Quando ele veio à sua cidade natal e começou a ensinar na sinagoga, houve o mesmo espanto. E qual foi a pergunta: “De onde veio a este a sabedoria, e estas maravilhas?” (Mateus 13:54). Eles, então, focam em Jesus e não no se ensino: “Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? De onde lhe veio, pois, tudo isto?” (Mateus 13:55-56). [Jesus espantou-se com a incredulidade deles (Marcos 6:6), e por fim, eles tentaram atirar Jesus do alto de uma montanha (Lucas 4:29)].

Agora, ele poderia ter se defendido, simplesmente dizendo, “Esta é a minha verdade e doutrina. Sou Deus. Eu estou te dizendo a verdade”. Mas isso teria agravado o problema ainda mais. Em vez disso, Jesus respondeu-lhes: “A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (João 7:16)”. Ou seja, “Eu não estou citando rabinos. Estou citando Deus”. Isto não era apenas uma defesa, era uma acusação contra os líderes religiosos e suas citações circulares intermináveis de rabinos.  Ou seja, a verdade não vinha de rabinos, mas de Deus. Foi o mesmo que dizer que o ensinamento dos rabinos vinha de outros rabinos e não de Deus.

Cada pregador deveria ter a autoridade para dizer isto: “A minha doutrina não é minha. Ela vem do céu”. E mais: “Eu estou ensinando o que Deus disse”. Esta deve ser a marca de um cristão e de um ministério. Veja algumas afirmações de Jesus:

Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente (João 5:19).

Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou (João 5:30).

Aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo (João 8:26).

Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar” (João 12:49).

Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste (João 17:8).

Ele conhecia a mente de Deus verbalmente com palavras. Ele falou as palavras que Deus lhe deu para falar. Ele sabia o que Deus pensa, diz e quer. Ele conhecia a vontade do Pai. Ele também tinha conhecimento completo da mente do homem. Ele sabia o que estava nos homens. 

“Não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (João 2:25).
“Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus” (João 5:42).

Ele disse: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5;39). É uma afirmação tremenda. Este era um conhecimento sobrenatural. Nunca houve algum rabino que pudesse ter qualquer traço semelhante a Cristo. Sua doutrina e seu conhecimento eram sobrenaturais.

2. Seu desejo de fazer a vontade de Deus

Isto é crítico para o pecador. Este é o teste. Jesus disse: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo” (João 7:17). Em outras palavras: se uma pessoa deseja fazer a vontade de Deus, ela reconhecerá a verdade (v.17).

O que motiva alguém a vir a Cristo? O que você está procurando? Você quer uma vida melhor? Você quer que seus pecados perdoados? Você quer algum poder sobrenatural? Vir a Cristo não pode ser motivado por seu desejo de obter o que deseja. O motivo deve ser o desejo de fazer a vontade de Deus. É essencialmente o que ele disse.

A primeira razão para vir a Cristo é por causa da fonte divina de seus ensinamentos. A segunda é porque você tem um desejo de fazer a vontade de Deus. Você tem vontade, um desejo de Deus, e se você tem um desejo de fazer a vontade de Deus, você tem que vir a Cristo, porque não há mais ninguém para quem você possa ir.

Este é o lugar onde a salvação começa. O Espírito Santo convence-nos do pecado, da justiça e do juízo. O pecador exausto, em seus pecados e natureza caída, busca a Cristo, não à procura de realização pessoal, de benefícios pessoais e bênçãos, mas por uma reconciliação com o Criador.  A multidão que se ofendeu com Jesus, em João 6, desejava apenas receber coisas de Jesus. Não o estava seguindo por outro motivo além deste.

O que Jesus sempre desejou era fazer a vontade de Deus. Este é o passo na direção de confessar Jesus como Senhor. O pecador vem como um escravo do pecado em direção àquele que venceu o pecado, a morte, o mundo e o inferno. Então, o pecador arrependido deixa de viver sob o domínio do pecado e passa a viver sob o domínio do senhorio de Jesus Cristo.

A verdade do Evangelho não é apreendida em debates. Você pode até, racionalmente, defender a Bíblia e debater sobre ela com sucesso. Mas isto não fará diferença na mente do incrédulo. O que atrai as pessoas para o Evangelho e a Cristo é um desejo de fazer a vontade de Deus.

Um reconhecimento da existência e soberania de Deus. Uma convicção de sua justiça e juízo. Uma percepção de se estar no lugar oposto a Deus. Reconhecimento de se estar afastado de Deus e de ser um inimigo de Deus. Um desejo de se submeter a Deus. Um desejo de libertação da tirania do pecado, da morte, do mundo e de Satanás.

O pecador passa a conhecer a verdade quando Deus a revela para ele. E Ele só faz isto quando você tem um desejo por sua vontade. Isto é como a fé age. O que é a fé salvadora? É o desejo de colocar a sua confiança em Jesus Cristo e de fazer a vontade de Deus.

Então, se você quer saber se Cristo é quem ele diz ser, aqui está a prova. Você está clamando por um novo mestre? Você está desejoso de ser liberto do pecado? Você tem um desejo genuíno de realizar a vontade revelada de Deus em sua vida? Você quer entrar numa estrada estreita por uma porta estreita e andar em um caminho estreito? Essa é a questão.

Deus disse a Israel por meio de Moisés: “Então dali buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Deuteronômio 4:29). É o que o Salmo 119:2 diz: “Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração”. Bem, há um custo nesta busca:

Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo (Lucas 14:26-27).

Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo (Lucas 14:33).

O arrependimento vem em primeiro lugar. Deus não concede luz sobre a sua verdade, a menos que um homem esteja ansioso para andar de acordo com essa luz. Ele não concede a compreensão da verdade até que um homem esteja disposto a obedecer a essa verdade. Ele não tem tempo para falsos convertidos e hipócritas.

Jesus foi àquela festa e ensinou às multidões sobre a sabedoria e o conhecimento de Deus. Intimou os homens a virem a ele, crer nele e receberem a vida dele. Eles zombaram e ficaram em suas tolices. A fé é cara. O jovem rico de alguma forma foi atraído por ele, mas virou-se e afastou-se. Ele ficou assustado com o custo do discipulado e foi embora (Marcos 10:17-31). Podemos resumir tudo neste texto:

Se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do SENHOR, e acharás o conhecimento de Deus (Provérbios 2:3-5).

Se alguém não reconhece a origem divina das palavras de Cristo e não tem desejo em fazer a vontade de Deus, nada poderá ser feito com ela. Todo argumento, debate, discussão e exposição não vai a lugar algum. O escárnio e a indiferença serão os resultados.

3. A sua reverência para a glória do Pai, a sua humildade

Os falsos mestres querem ganho pessoal, fama e glória. Eles querem dinheiro, poder, proeminência e ego inflado. São tosquiadores egocêntricos das ovelhas.  Jesus confrontou os mestres falsos de Israel: “Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?” (João 5:44).

Qual era o problema com os líderes judeus? Eles não procuravam a glória de Deus. Eles procuravam glória uns dos outros. Cada falso mestre busca a sua própria glória, ganho e elevação.

Veja o que Jesus disse: “Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça” (João 7:18). Jesus só procurou a glória de Deus. Ele deixou de lado a glória que tinha, tornou-se um servo e humilhou-se o suficiente até a uma morte na cruz.

Quem é este verdadeiro Senhor? Aquele que lava os pés sujos dos discípulos. Ele disse que não veio para ser servido, mas para servir, para dar sua vida pelos outros. Ele é o único que se humilha no amor. Ele é aquele que suporta as cargas dos outros. Ele não buscou nada para si, ele deu tudo. Sua vida e sua obra buscavam apenas a glória do Pai e não a sua. Ele recusou receber gloria dos homens. A única glória que lhe interessava era a que vinha do Pai, a única verdadeira.

Quem se assemelhou a Jesus em toda a história? Eu desafio você a encontrar alguém semelhante. Jesus não tinha glória pessoal em mente. “Sendo Deus não teve por usurpação ser igual a Deus” (Filipenses 2:6). Quando ele orou em João 17, dizendo: “Glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (v.5) Ele estava olhando para frente, após sua ascensão ao céu. Mas enquanto ele esteve na terra, a postura de humilhação era sua vida, e esta postura trouxe glória ao seu Pai.

Falsos mestres querem glórias humanas para si. Os fariseus eram como todos os outros falsos profetas, ao longo de toda a história, eram sedentos por glórias humanasVeja o que escreveu Lucas: “E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele” (16:14). Pedro exortou, aos que ocupam um ministério, para que não sejam possuídos pelos mesmos desejos dos fariseus e sim pela mesma motivação que havia em Jesus (I Pedro 5:1-4).

A sede de glória dos fariseus era tamanha que Jesus fez algumas observações chocantes sobre eles:

E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens (Mateus 6:5).

Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens (Mateus 6:2).

E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam (Mateus 6:16).

Podemos contemplar um sentimento oposto em Jesus: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Coríntios 5:21). Diante de seus algozes, quando estava sendo massacrado na cruz, Ele clamou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34) . Por isso, é a fonte divina de seu conhecimento. É o desejo de fazer a vontade de Deus. E é essa deferência para a glória de Deus que motiva o coração para abraçar as palavras de Cristo.

4. Sua declaração da pecaminosidade do homem

Não vos deu Moisés a lei? e nenhum de vós observa a lei. Por que procurais matar-me? A multidão respondeu, e disse: Tens demônio; quem procura matar-te? (João 7: 19-20).

Consciente do desejo das autoridades em matá-lo, ele usa isso como um ponto de partida para pronunciar o julgamento e uma sentença sobre eles. Jesus disse sobre eles:

Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus… Fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens… Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia (Mateus 23:2,5,27).

Agora Ele diz, em outras palavras: “Nenhum de vocês cumpre a Lei. Nenhum de vocês”. Essa é uma declaração clara do pecado do homem. Paulo repetiu essa declaração: “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Romanos 3:10-12).

Os legalistas orgulhosos eram infratores. A Lei de Moisés nunca foi destinada a salvar, mas a condenar (Gálatas 3:10-26). [Os santos do Velho Testamento foram salvos olhando para frente, para a cruz. Os santos do Novo Testamento são salvos olhando para trás, para a mesma cruz]. A lei Foi destinada a conduzir os pecadores a um medo avassalador do julgamento divino, para que se arrependessem.

Para levar pecadores a clamar por misericórdia e graça de Deus. E agora, para colocar a sua confiança no único salvador, Jesus Cristo. [Davi proclamou: “Toda a minha salvação e todo o meu prazer está nele (Jesus), apesar de que ainda não o faz brotar” (II Samuel 23:5)]. A lei deu o seu veredicto, Cristo veio para dar a salvação que não estava disponível na Lei: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Romanos 10:4).

Nem toda a multidão estava consciente da intenção de seus líderes em assassiná-lo. Havia peregrinos de todos os lugares. Então eles dizem: “Tens demônio; quem procura matar-te?” (v.20). Mas Jeremias 17: 9 diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?”. Eles não conheciam seus próprios corações. Seis meses mais tarde, quando todos eles foram para a Páscoa, estavam gritando por seu sangue.

Eram assassinos, descumprindo a lei de Moisés que eles diziam guardar. Sobre isto Jesus havia lhes dito: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio…” (João 8:44). Eles o acusaram de ser um endemoninhado. Mas, quanto a eles mesmos, se julgavam justos e guardadores da Lei. Triste e tenebrosa situação.

5. As suas obras de justiça

“Respondeu Jesus, e disse-lhes: Fiz uma só obra, e todos vos maravilhais” (v.21). Suas palavras suscitaram um ódio mortal. Volte ao capítulo 5, na Páscoa, a mesma reação deles, agora diante de um milagre: “E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado” (5:16). Ninguém negou qualquer dos seus milagres, e este ainda mais, pois era um conhecido cego de nascença. Mas eles rejeitaram uma exibição da bondade de Deus no sábado.

Vamos ao verso 22: “Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem” (João 7:22). A circuncisão era, na Lei mosaica, para todas as crianças do sexo masculino ao oitavo dia do nascimento.
Essa foi a prescrição da Lei mosaica, mas na verdade veio dos patriarcas. Sua origem remonta a Abraão (Gên. 17). Então, Jesus diz a eles: ‘vocês têm a circuncisão, certo? Começou com Abraão Abraão e foi reiterada por Moisés. No entanto, no sábado, circuncidais um homem. Por que fazem isso no sábado? Porque tem que ser feito no oitavo dia.’ E assim, quando o oitavo dia caía um sábado, eles circuncidavam a criança. Assim, em certo sentido, eles violavam sua tradição sobre o trabalho no sábado.

Então Jesus diz: “Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?” (v.23). Repreensão poderosa. A circuncisão tem precedência sobre a restrição do descanso sabático.

Ele estava dizendo, em outras Palavras: ‘Parem de olhar para a hipocrisia desses líderes. Olhem para as obras que tenho apresentado. Olhem para a graça. Olhem para a bondade’. [Tal como a circuncisão, a prática da misericórdia e bondade precede o descanso sabático. Jesus confrontou os líderes hipócritas. Ele questionou o que eles fariam se uma ovelha deles caísse num buraco no sábado? (Mateus 12:11-12)].

Todas estas coisas são razões para crer nas palavras de Jesus sobre si mesmo. Em conclusão, versículo 24: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”. Eles tinham passado uma vida inteira julgando pela aparência. É a marca dos hipócritas. Isso era o que eles ensinavam. Isso era o que eles produziam. Essa é a natureza da hipocrisia.

Essa é uma mensagem para todas as pessoas. Não há meio-termo. Você deve crer totalmente em Jesus ou nada mais tem sentido. Há promessa do céu, mas o inferno também é uma outra realidade em suas palavras. Sem meio termo. Há uma abundância de razões para se crer em Jesus. Deve haver em seu coração o desejo de fazer a vontade de Deus. Pare de querer fazer a sua própria vontade. Pare de fazer a vontade de Satanás. Pare de fazer a vontade do mundo. Há algo que você deve dizer do mais profundo de sua alma: “Eu quero, mais que tudo, fazer a vontade de Deus. Eu quero Jesus como meu mestre e meu Senhor. Eu quero ser liberto do pecado”.

Pai, nós te agradecemos por esta manhã. Pelo privilégio de estudarmos a Tua Santa Palavra. Há sempre a convicção que aprendemos coisas ainda mais sublimes e gloriosas. Sempre aprendemos coisas novas e maravilhosas quando meditamos sobre os mesmos textos. Então, Pai, pedimos-te que mostres estas verdades para nós e que possamos te amar mais ainda. Possamos te adorar com mais intensidade através da maneira como vivemos e testemunhamos de Ti. Em nome de Jesus. Amém.


Esta é uma série de sermões traduzidos de John MacArthur sobre todo o Evangelho de João.
Clique aqui e acesse o índice ordenado por capítulo, com links para leitura. 


Este texto é uma síntese do sermão “Embracing the Claims of Christ”, de John MacArthur em 02/02/2014.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/43-41/embracing-the-claims-of-christ

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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