Comunhão Cristã – Parte 2

 


Sermão pregado em 24/05/2020, em continuação ao anterior pregado em 17/05/2020 (veja link no fim deste texto). Nele, John MacArthur traz à lembrança da igreja o conceito, a importância e a realidade da comunhão entre os membros do corpo de Cristo, visto que nas últimas décadas esse assunto tem sido mitigado em sua importância e relativizado em sua necessidade. Quem decidiu e projetou como seria o funcionamento da igreja foi Deus. É sempre bom sermos lembrados do que a Sua Palavra nos diz a respeito. 


Na vez passada, comecei uma série de dois sermões sobre a comunhão. Conversamos sobre o fato de que a verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo é uma comunhão viva, e falamos da realidade mais óbvia de que não somos capazes de desfrutar dessa comunhão na situação atual [referindo-se às medidas de distanciamento social em função da crise de saúde]. Então, estamos perdendo qual é a identidade essencial da igreja.

Sim, nós pertencemos ao Senhor Jesus Cristo. Sim, nós somos um corpo espiritual. Sim, estamos ligados pela vida eterna comum. Mas, a igreja vive sua vida em comunhão uns com os outros. De fato, a Bíblia estabelece o mandamento: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.” (Hb 10:25).

Em outras palavras, nunca abandone a comunhão. Você precisa estar junto com outros irmãos. Foi assim que o Senhor projetou a igreja, tanto para o seu fortalecimento, como para estabelecer na sociedade seu testemunho corporativo.

A verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo é uma comunhão viva. O cristianismo não é um espetáculo para espectadores. Igreja não é um evento que você vai assistir. De fato, talvez a maioria das pessoas presuma que o público sentado em nossas reuniões está assistindo à apresentação que está acontecendo, sendo apenas espectadores. Mas a adoração não é isso.

Adoração é uma oferta de louvor, individual e coletiva, apresentada diante do próprio Deus. Reunimo-nos como verdadeiros adoradores, para trazer nosso louvor ao Deus vivo. E nossa vida espiritual compartilhada se une em adoração, enquanto todos juntos elevamos nossa adoração amorosa a nosso Senhor. A igreja foi projetada para ser um corpo. Nossas vidas estão unidas, misturadas. Vivemos um pelo outro. Vivemos um com o outro. A própria vida da igreja é expressa nessa comunhão.

Agora, lembremos que Efésios 1:3 diz: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo.” Então, vivemos como os destinatários da bênção espiritual. Não é uma comunhão étnica. Não é uma afinidade cultural. É uma comunhão que não tem limites étnicos, raciais, sociais, nem econômicos.

É a comunhão daqueles que receberam o dom precioso de todas as bênçãos celestiais em Cristo, e que compartilham as riquezas dessas bênçãos. Pensamos no fato de que Deus é uma Trindade, Deus é trino, Ele é três pessoas e, no entanto, uma Pessoa compartilhando a mesma vida espiritual, a mesma vida eterna, os mesmos atributos.

E assim nós, como corpo de Cristo, em certo sentido, somos um reflexo do próprio relacionamento da Trindade. Também compartilhamos a mesma vida espiritual, a mesma vida eterna, e temos o privilégio de compartilharmos as mesmas bênçãos.

Notei outro dia, quando algumas partes do nosso país se abriram, as notícias foram de que as pessoas correram para os bares. Isso não é surpreendente para mim. E não está relacionado apenas ao álcool. Um escritor disse o seguinte:

O bar da vizinhança é provavelmente a melhor falsificação que existe para a comunhão que Cristo deseja em Sua igreja. É uma imitação, onde se distribui bebida alcoólica, ao invés de graça, e fuga, ao invés de realidade. Mas é uma comunhão permissiva, receptiva e inclusiva. No bar, nada é chocante. O bar é democrático. No bar, você pode contar os seus segredos às pessoas e elas geralmente não querem contá-los aos outros, ou nem pensar no que ouviram. O bar floresce, não porque a maioria das pessoas é alcoólatra, mas porque Deus colocou no coração de todas as pessoas o desejo de conhecer e ser conhecido, amar e ser amado. Então, as pessoas buscam uma comunhão falsificada em troca de algumas cervejas.

O profundo desejo no coração humano é de relacionamento. Queremos relacionamentos amorosos, duradouros, significativos, satisfatórios, edificantes. E essa necessidade se expressa na sociedade de várias formas. Todos sabemos que as pessoas se reúnem em grupos, seja em torno da reconstrução de automóveis, ou como colecionadores de moedas, de selos, ou em torno de algum esporte.

Há um número infinito de interesses comuns que levam as pessoas a se agruparem, reunirem. E não é tanto a questão ou o interesse em si que importa, mas é o ato de reunir-se que é a atração, porque essa necessidade está embutida no coração do homem.

Mas, o relacionamento mais elevado, mais amplo, mais rico e melhor de todos é o encontrado na comunhão dos filhos de Deus, que estão em Cristo e pertencem a Ele. A igreja é a única comunhão eterna. É a única comunhão que recebe incessantemente todas as bênçãos celestes. É a única comunhão que dura para sempre.

Então, neste momento de reabertura das atividades do país, estamos vendo as pessoas correrem primeiro para o bar, porque esse é o antídoto para as agonias do isolamento. E ouvimos dizer que é essencial que as pessoas tenham a oportunidade de fazer isso, porque, caso contrário, elas se encontrarão em um desespero e uma depressão avassaladores, e talvez acabem tirando a própria vida. Esse é um reflexo de quão profundamente o homem é projetado para amar e ser amado.

A igreja satisfaz isso de uma maneira que não se compara a nada mais. E, no entanto, penso que para nós, como crentes, tendemos a pensar que a comunhão é sempre algo garantido, até entrarmos nesse tipo de situação que estamos agora. Este é o domingo número 11 em que não conseguimos nos reunir e desfrutar da nossa comunhão.

Isso está se tornando cada vez mais doloroso para todos nós, e sentimos profundamente a falta de nos congregarmos. Não há bar, não há reunião social, não há reunião em torno da televisão para assistir a um evento esportivo, não há evento humano que possa substituir o que sentimos falta na vida da igreja.

Agora, falamos no sermão anterior que a igreja é definida por Deus em uma série de metáforas.

  • A igreja é chamada de noiva, sendo Cristo o noivo.
  • A igreja é chamada de ramos, e Cristo é a videira, o caule ao qual estamos apegados.
  • A igreja é uma família, Deus é nosso Pai e Cristo é nosso Irmão.
  • A igreja é um reino, e o Senhor Jesus é nosso Rei.
  • A igreja é um rebanho, e Ele é nosso Pastor.
  • A igreja é um edifício, e Ele é o Arquiteto e a Pedra Angular.

Mas, a metáfora que fala mais claramente da questão da comunhão é ver a igreja como um corpo. É o corpo de Cristo. É o organismo espiritual e visível no qual estamos ligados pela vida espiritual eterna. Nós somos organismos espirituais vivos.

Assim como o corpo humano é uma coleção de células que faz com que o todo funcione da maneira que funciona, a igreja também é uma coleção de células espirituais, cada uma desempenhando um papel muito, muito importante, com base no DNA espiritual codificado em cada um de nós. Isso produz a visão de Cristo que o mundo pode ver.

Em Efésios, capítulo 4, lemos que apóstolos, profetas, evangelistas e pastores-mestres são para equipar os santos para a obra do ministério na edificação do corpo de Cristo. Não é que somos apenas um corpo, no sentido de que somos orgânicos. Somos o corpo de Cristo, de modo que quando a igreja funciona como deveria funcionar, Cristo está em exibição. 

Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. (Efésios 4:13-15).

Essa é uma definição rica e profunda da igreja. Nós somos o corpo de Cristo. Manifestamos Cristo ao manifestarmos amor. Crescemos na semelhança de Cristo, e isso é marcado particularmente pelo amor.

O capítulo 1 de Colossenses, versículo 18, diz: “E ele é a cabeça do corpo, da igreja…“. No capítulo 2, versículo 19, temos que: “E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.” Verdade espiritual profunda.

Os cristãos não são apenas pessoas isoladas que foram redimidas individualmente e são filhos de Deus. Não, eles estão conectados pela vida comum. Somos mantidos juntos, retendo firmemente a cabeça, que é Cristo, de quem todo o corpo, sendo suprido e unido por juntas e ligamentos, cresce com um crescimento que vem de Deus.

E no capítulo 1, que li anteriormente, Paulo diz, no verso 24: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”. Paulo vê o ministério como indicado em Efésios 4, como vimos: apóstolos, profetas, pastores-mestres, evangelistas são para a edificação do corpo, para nos edificar à semelhança de Cristo.

Paulo diz aqui: “Esse é o meu chamado. Faço minha parte pelo Seu corpo, a igreja, e isso inclui sofrimento por vocês. Faço isso, para ver todo homem e toda mulher completos em Cristo.” É tudo sobre Cristo. É tudo sobre estar em Cristo. É tudo sobre crescer na semelhança com Cristo, para que possamos colocá-Lo coletivamente em exibição, em evidência.

Em Colossenses, capítulo 3, a partir do versículo 12, Paulo diz:

12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade;
13 Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.
14 E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.
15 E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.
16 A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. 

O verso 16 é o resultado dos versículos anteriores. Portanto, somos o corpo de Cristo, a metáfora maravilhosa do Novo Testamento para designar o povo eleito de Deus. Compartilhamos vida eterna comum, verdade comum, poder comum, ministério comum e testemunho comum.

Dessa forma, a palavra “comunhão” é realmente crucial para entendermos a igreja. A igreja é uma comunhão. A propósito, essa é uma palavra que aparece 30 vezes no Novo Testamento. E ninguém pode entender a igreja sem entender a verdade de que ela é uma comunhão.

Igreja não é um edifício, nem igreja é um evento que você assiste e vê acontecer. É uma união íntima, entrelaçada e dependente de santos redimidos que fornecem mutuamente todas as bênçãos espirituais uns aos outros, no poder do Espírito. E um corpo humano é uma metáfora maravilhosa para entendermos isso.

Agora, da última vez, dei a você algumas das categorias fundamentais nas quais podemos entender a igreja como o corpo de Cristo.

  • Antes de tudo, conversamos sobre a base de nossa comunhão, que é a salvação. Você entra na comunhão no momento da salvação. 1 João 1, versículo 3 diz: “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.” João está dizendo, em outras palavras: “Proclamo o evangelho para que você possa entrar na comunhão”. Portanto, a base de nossa comunhão é o evangelho, nada além disso. “Em Cristo não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem nem mulher”. Não há divisão em classes de pessoas na comunhão. A salvação nos torna um na comunhão. A base, então, é a salvação. Se você é crente, está na comunhão.
  • A natureza de nossa comunhão é o compartilhar. Essa é uma palavra simples, mas é exatamente isso. Vimos em Atos, capítulo 2, como imediatamente quando a igreja foi fundada no dia de Pentecostes, as pessoas já estavam participando da Ceia do Senhor, participando de comunhão pessoal e participando da Doutrina dos Apóstolos. A experiência dessa salvação compartilhada é manifestada no compromisso mútuo com a verdade, o amor e no ministério.
  • E então, em terceiro lugar, concluímos da última vez que o símbolo da nossa comunhão é a Mesa do Senhor. A Mesa do Senhor é uma comunhão. 1 Coríntios 10 estabelece isso claramente para nós nos versículos 16 e 17. Portanto, a Mesa do Senhor é a imagem visual de nossa comunhão. Estamos todos em Cristo.

Todos nós chegamos à Mesa do Senhor ao pé da cruz. Todos participamos de Seu corpo e de Seu sangue. Ele é o nosso Salvador. Ele é a nossa cabeça. Ele é nosso Senhor. Ele é nosso Rei, e declaramos isso abertamente quando nos reunimos em torno de Sua mesa.

Como a Mesa do Senhor ministra graça para nós? A Ceia do Senhor não é algo que você faz como indivíduo, é por isso que não a fazemos numa “live”, por exemplo. Não é uma experiência individual. Não é uma expressão individual. 1 Coríntios 11:20 é muito claro: “Quando vocês se reúnem em um só lugar…”, ou seja, a Ceia do Senhor é para nós celebrarmos coletivamente, e é essa maravilhosa expressão coletiva de adoração e louvor a nosso Senhor por Sua morte que nos une e ministra a graça ao nosso coração.

Continuando, agora, isso nos leva a vermos mais algumas realidades finais para a compreensão da comunhão, além do que vimos no sermão anterior:

O PERIGO PARA A COMUNHÃO

Qual é o perigo para a comunhão? Em uma palavra, o perigo para a comunhão é o pecado. Isso porque o pecado interrompe a comunhão. O pecado paralisa a comunhão. O pecado reduz a eficácia do testemunho. O pecado se intromete significativamente no ministério mútuo. O pecado interrompe o amor e coloca em seu lugar animosidade, amargura e discórdia. O pecado é o único perigo para a comunhão.

Vá comigo para Mateus, capítulo 18, aquela porção muito familiar das Escrituras, onde o Senhor resume o perigo para a comunhão categoricamente no aspecto do pecado. Esse é o perigo. É por isso que nosso Senhor diz, em Mateus 18:15: “Se teu irmão pecar…”. Não menciona nenhum pecado em particular. Qualquer pecado terá o mesmo efeito.

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só…“. É assim que a comunhão opera. É tão íntima, que você confronta o pecado de seu irmão em particular. Essa é a comunhão. Isso é necessário. De fato, essa é a primeira instrução dada no Novo Testamento aos crentes na igreja.

A igreja mal tinha sido introduzida no capítulo 16, onde o Senhor diz: “Eu edificarei a minha igreja”, e aqui, no capítulo 18, está a primeira instrução dada à igreja, e é dada para proteger a igreja em sua comunhão. Se teu irmão pecar, você tem a obrigação de ir a ele e, em particular, mostrar-lhe sua culpa.

Se ele te ouvir, você ganhou o irmão. Isso é crítico, porque é o pecado que interrompe a comunhão. E o que interrompe a comunhão, obviamente interrompe nossa alegria, interrompe nosso amor e prejudica nosso testemunho coletivo.

“Se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.” Se ele não ouvir a exortação em particular, você leva duas ou três testemunhas a ele. Como foi estabelecido no livro de Deuteronômio, os fatos devem ser confirmados na boca de duas ou três testemunhas. Então, você as leva para confirmar se a resposta do irmão exortado foi de arrependimento ou rebeldia.

“E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.” E o que a igreja deveria fazer? A mesma coisa. A igreja deve ir até ele. Em outras palavras, o pecado é tão perturbador para a vida do corpo de Cristo, para a comunhão, que você chega ao último grau, e no último grau você diz à igreja inteira que vá em busca desse pecador impenitente.

E se ele se recusar a ouvir a primeira pessoa, as próximas três e a igreja, você a tratará como uma pessoa de fora, como um gentio ou publicano, que são apenas expressões que indicariam alguém que não faz parte do Reino. Você os trata como se fossem incrédulos, porque é provável que sejam. Você, literalmente, coloca-os fora da comunhão.

Agora, isso é difícil. Isso é muito, muito explícito. Você respira fundo e diz: “Mas isso não é algo fácil de fazer!”. Então, para ajudá-lo com isso, a partir do versículo 18, nosso Senhor disse:

Mateus 18
18 Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.
19 Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
20 Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.

Você sabe o que o texto está dizendo? Quando você confronta um pecador, e volta a ele com duas ou três testemunhas, ou quando você diz à igreja para confrontar esse pecador e o chama a se arrepender, você está fazendo na terra o que está sendo feito no céu. Você está fazendo o trabalho do céu na terra.

E se você, na terra, liga uma pessoa, está dizendo essencialmente a ela: “Você ainda está em seu pecado porque não se arrependeu.” O céu está de acordo com isso. E se você solta uma pessoa na terra, porque ela se arrependeu, e você diz: “Você foi libertado do seu pecado”, está simplesmente ecoando o que já foi dito no céu.

E saiba que, por mais difícil que seja, quando dois ou três de vocês entram nessa segunda expressão, o céu está de acordo com você. Mais do que isso, versículo 20, Jesus disse: “Eu estarei no meio de vocês”. Nunca Cristo está mais presente em Sua igreja do que quando Sua igreja está lidando corretamente com o pecado, porque o pecado é um perigo extremamente desastroso para a igreja. Qualquer pecado, todo pecado tolerado, perpetuado de maneira impenitente, causa danos terríveis à igreja.

Agora, não estamos falando sobre a questão do perdão para a salvação. Se você é um verdadeiro crente, seus pecados estão perdoados em Cristo. Isso ficou muito claro. Leia Efésios 1: 7, Efésios 4:32, Colossenses 2, 1 João 2:12. Não é uma questão de perdão, para os verdadeiros crentes, pois eles são cobertos pelo perdão que é estendido em Cristo.

Não é uma questão de perder o amor de Deus. Em João 13:1, você poderia dizer que Jesus estava olhando para Seus discípulos na noite de Sua Última Ceia com eles e sabia que havia atitudes pecaminosas entre eles. E, no entanto, em João 13:1 temos que “como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.” Ele os amava ao máximo.

O perdão de Deus, para os verdadeiros crentes, é uma questão resolvida no céu. O amor de Deus, para com os verdadeiros crentes, é uma questão estabelecida no céu. Não é uma questão de perdão, e não é uma questão de amor. É uma questão, no entanto, de bênção.

É uma questão de paz. É uma questão de alegria. É uma questão de poder. É uma questão de testemunho, porque o pecado gera uma interrupção da unidade. Interrompe a unidade entre cristãos. O pecado quebra, restringe, para, confunde a unidade.

Onde quer que exista, por trás de qualquer pecado – orgulho, luxúria, materialismo etc – haverá elementos destrutivos para a comunhão. Isso é tão sério, que em 1 Coríntios, capítulo 11, há um aviso sobre a vinda à Ceia do Senhor, que novamente, como eu já disse, é o símbolo de nossa irmandade.

Mas, no final de 1 Coríntios 11, ainda falando sobre a Mesa do Senhor, versículo 27, lemos que “quem come o pão ou bebe o cálice do Senhor de maneira indigna…”. Isso significa vir à Mesa com o pecado ainda vivo e operativo em sua vida. Você faz isso de maneira indigna, e será culpado do corpo e do sangue do Senhor.

“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” (28-29). Não apenas o corpo do Senhor, mas também o corpo, a igreja.

Quão sério é isso? Ouça o próximo verso (30). Se você vier à Mesa do Senhor entretendo o pecado em sua vida: “Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.” Literalmente, estão mortos. Você pode morrer em meio à comunhão com a igreja, ser morto pelo Senhor, por ter vindo à Sua Mesa de maneira indigna, cultivando ou se apegando a qualquer pecado.

Portanto, o apóstolo adverte, nos versos 31 e 32: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.”

Em outras palavras, isso é disciplina dos crentes, não condenação. Mas é disciplina severa. Quão grave é? Alguns de vocês são fracos. Alguns de vocês estão doentes. Alguns morreram. Você não deveria vir à mesa do Senhor com pecado em sua vida. Isso é extremamente sério. Isso é uma afronta a Deus. A Ceia é o símbolo da nossa comunhão. Você está excluído do símbolo, porque se excluiu da realidade.

O pecado deve ser tratado. É por isso que, como eu disse, essa é a primeira instrução dada à igreja, em Mateus 18, versos 15 e seguintes, onde vemos que o pecado deve ser confrontado no meio da igreja.

A INFLUÊNCIA DA IGREJA

Todos diríamos que gostaríamos que a igreja influenciasse o mundo, obviamente. A influência da igreja não depende de sua relevância cultural. Não depende de especialistas em marketing. Não depende de uma marca. Não depende da segmentação. Não depende de nenhum tipo de metodologia comercial ou comunicativa.Onde está a influência da igreja? A influência da igreja depende de sua santidade.

Como a igreja pode causar impacto? Como a igreja pode impactar uma cultura cada vez mais imoral? Isso é certamente com o que a igreja primitiva estava lidando nos tempos do Novo Testamento. Como a igreja deve causar impacto? Pela sua santidade.

E o Senhor enfatizou isso no quinto capítulo de Atos, creio que todos nos lembramos disso. Algumas pessoas mentiram para o Espírito Santo. Elas fingiram ter dado tudo o que receberam com a venda de algumas terras, fingiram dar tudo ao Senhor, quando, na verdade, não deram ao Senhor. Seus nomes eram: Ananias e Safira. 

Atos 5
3 Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?

4 Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
6 E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.

O Senhor, literalmente, o matou na igreja por mentir sobre sua doação. Os jovens se levantaram e o cobriram, levaram e enterraram.

Atos 5
7 E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.

8 E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.
9 Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.
10 E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido.
11 E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas.

Agora, você acredita que essa seria uma ótima maneira de promover uma igreja? A conversa na cidade deve ter sido assim: “Você não quer ir lá, porque as pessoas morrem. Até pessoas que ofertam à igreja, mesmo pessoas que dão grandes somas à igreja, até pessoas que vendem terras e dão o dinheiro à igreja, elas morrem lá. Que tipo de lugar bizarro é esse!?”. Essa seria a pior maneira possível de divulgar sua igreja: “Venha à nossa igreja e, se você for um hipócrita, poderá ser morto e enterrado e nunca mais voltar para sua família!”.

Existem algumas igrejas hoje que vejo muito preocupadas com a perda de peso de seus membros, que fornecem até programas de emagrecimento. Elas parecem estar mais interessadas na perda de peso de seus membros do que no pecado deles [a gula]. Em 2 Coríntios, capítulo 12, o apóstolo Paulo está realmente derramando seu coração, a partir do versículo 19:

II Coríntios
19 Cuidais que ainda nos desculpamos convosco? Falamos em Cristo perante Deus, e tudo isto, ó amados, para vossa edificação.

20 Porque receio que, quando chegar, não vos ache como eu quereria, e eu seja achado de vós como não quereríeis; que de alguma maneira haja pendências, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos;
21 Que, quando for outra vez, o meu Deus me humilhe para convosco, e chore por muitos daqueles que dantes pecaram, e não se arrependeram da imundícia, e fornicação, e desonestidade que cometeram.

Esse era o receio de Paulo: o pecado na igreja. Ele fez um investimento incrível naquela igreja, e tinha receio de voltar a Corinto e encontrar o pecado no meio da igreja de novo.

E o capítulo 13 já começa assim: “É esta a terceira vez que vou ter convosco…”, e ele cita Deuteronômio, “Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra…”, como nosso Senhor mandou, em Mateus 18, “Já anteriormente o disse, e segunda vez o digo como quando estava presente; mas agora, estando ausente, o escrevo aos que antes pecaram…”, ou seja, desde que ele esteve lá, “e a todos os mais, que, se outra vez for, não lhes perdoarei; visto que buscais uma prova de Cristo que fala em mim…”. Em outras palavras, Paulo está dizendo:

Vocês estão questionando se eu represento Cristo, se Cristo se move e fala a mim. Eu vou provar isso para vocês, porque quando eu for, encontrarei o pecado e lidarei com ele, e não pouparei ninguém. Olha, eu vou enfrentar o pecado. Pode partir meu coração encontrar o pecado que está aí. Mas não vou poupar ninguém.

O poder e a influência da igreja estão diretamente conectados à sua pureza, não à sua relevância cultural, não ao seu estilo, nem à sua música. O impacto da igreja em uma cultura cada vez mais imoral está atrelado à sua santidade. Mídia, estratégias, fazem apenas com que multidões venham à igreja. Mas, a santidade leva o Senhor Jesus a estar presente numa igreja. É por isso que Paulo diz, ao escrever aos coríntios: “purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” (7:1).

Nada é tão sério na vida da igreja como o pecado. E, no entanto, no mundo evangélico contemporâneo, confrontar o pecado é a última coisa que os pregadores populares querem fazer. Eles nem gostam de mencionar a palavra “pecado”. Quantas igrejas você poderia encontrar hoje em dia que, antes de se encontrar reunida em torno da Mesa do Senhor, ouviria falar sobre um pecador ou pecadores a quem alguns irmãos haviam ido levar a exortação, mas esse pecador não se arrependeu, mesmo diante de duas ou três testemunhas, e agora o assunto está sendo levado à igreja?

Quantas vezes você já esteve em um culto de Comunhão e ouviu do pastor que toda a igreja precisaria chamar um pecador impenitente de volta ao Senhor? Quantas vezes você ouviu isso? É uma triste realidade. Não há alegria em fazê-lo. Mas, na maioria das vezes aqui na Grace Community Church, quando temos comunhão, temos que fazer isso. As pessoas, no livro de Atos, não queriam chegar perto da igreja porque poderiam morrer lá. Elas não queriam estar num lugar onde o pecado é constantemente exposto.

Lembro-me dos primeiros anos em que cheguei a essa igreja. Eu nunca tinha visto uma igreja em lugar algum que fosse obediente a Mateus 18. E eu disse: “Vamos cumprir Mateus 18 aqui!”. Muitas pessoas me disseram: “Você vai esvaziar a igreja…”. E a verdade é que enchemos a igreja, porque os verdadeiros filhos de Deus amam a santidade. Eles têm afeições santas.

Sim, a prática de Mateus 18 manteve os hipócritas afastados em grande parte, mas é a realidade mais atraente para os verdadeiros santos, porque eles desejam ser tudo o que o Senhor gostaria que eles fossem.

Outro dia estava conversando com alguém sobre o Salmo 119, que é um salmo incrível, o capítulo mais longo da Bíblia. Você está familiarizado com ele. Existem 176 versos nele. E o salmista expressa, em 175 maneiras diferentes nesse Salmo, que ama a lei de Deus: “Amo a Tua lei. Amo Teus estatutos. Amo Teus preceitos. Amo Teus testemunhos.” E então, no final, verso 176: “Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueci dos teus mandamentos.”

O que? Cento e setenta e cinco vezes ele diz que ama a lei de Deus, mas termina dizendo: “Eu me perdi como uma ovelha”? Isso é realidade. Todos nós precisamos estar em um lugar onde o pecado é confrontado. E queremos estar lá, porque ansiamos pela santidade. Se você não tem interesse em santidade na sua igreja, os hipócritas ficarão felizes nela. Se você buscar a santidade, os hipócritas não sobreviverão nela.

Quando o Senhor nos ensinou a orar, Ele disse: “Ore assim: ‘Seja feita a Tua vontade na terra como no céu’ ‘”. A vontade de Deus é que nenhum pecado jamais entre no céu. E essa é a Sua vontade para a igreja na terra.

NOSSA RESPONSABILIDADE PARA COM A IGREJA

Qual é a nossa responsabilidade? Em uma palavra: servir. De fato, em 2 Coríntios 8:4, a comunhão é identificada como serviço. Esta é a igreja. Não é um evento para espectadores uma vez por semana. Nós nos reunimos em comunhão para o culto coletivo. Amamos o culto coletivo, mas esse ajuntamento não é a expressão completa da vida da igreja.

Aqueles de vocês que fazem parte da Grace Community Church, sabem como é a comunhão no servir. Servimos uns aos outros não apenas no domingo em que nos reunimos, mas servimos uns ao outros em todos os níveis de relacionamento. A igreja é uma comunidade de servos. Nós servimos uns aos outros.

  • E, basicamente, você pode dividir esse tipo de serviço em duas categorias. A primeira categoria seria o que chamamos de dons espirituais. Eles são mencionados em Romanos 12, 1 Coríntios 12, Efésios 4, 1 Pedro 4.

A cada crente é dado um dom espiritual, e esse dom espiritual é basicamente uma função capacitada pelo Espírito Santo, pela qual você serve aos outros. E não se trata de termos, cada um, apenas um dom, pois cada crente recebe uma mistura, uma mescla de certos dons. É como se o Senhor pintasse cada crente com uma paleta de cores.

As categorias dos dons espirituais – mencionadas em Romanos 12 e 1 Coríntios 12 – são as cores. O Senhor, então, mergulha o pincel em várias cores e pinta cada crente. E assim, cada um de nós é uma combinação de todos os tipos de dons, sendo que seu dom expressa as muitas áreas diferentes nas quais o Espírito Santo pode usar você.

Você é uma espécie de floco de neve espiritual, nesse sentido [referindo-se ao fato de que cada floco de neve é único, com forma diferente dos demais]. Pedro divide os dons em duas categorias: dons de serviço e dons de falar. Mas o dom de cada um pode ter muitos elementos diferentes, que são essencialmente exclusivos.

Os dons espirituais são para a edificação do corpo, portanto, para a vida da igreja. Você pode ler 1 Coríntios 12 ou Romanos 12, e verá que o objetivo dos dons é para benefício dos outros. Meu dom não é para meu benefício, é para o seu, e por isso faço o que o Espírito de Deus me deu para fazer, em benefício da vida da igreja.

  • A segunda categoria que devemos considerar quando pensamos no fato de que a igreja é uma comunidade de servos, é que devemos completar um ou outro.

Por todo o Novo Testamento, somos instruídos a agir de uma certa maneira uns para com os outros. Antes de chegarmos a isso, olhe para Mateus 18 por um momento, porque acho que devemos olhar para isso de acordo com as instruções de nosso Senhor.

Volte para Mateus 18, versículo 6. Jesus diz: “qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim…” – Ele não está falando de crianças, não está falando de bebês, está falando de crentes, crianças espirituais – “… melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar.” É algo assustador ouvir dos lábios de nosso Senhor: “É melhor você sofrer uma morte agonizante se afogando do que causar um tropeço a um outro crente!”.

Agora, o versículo 7: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!”. Pessoas que adotam uma postura contra a igreja de Jesus Cristo, sejam vizinhos, pessoas quaisquer, ou sejam pessoas no poder, políticos e pessoas com certa autoridade, ouçam com atenção: se você se posiciona contra a igreja, você está em um território muito perigoso!

Em outra versão: “Ai do mundo, por causa das suas ciladas! É inevitável que tais ofensas ocorram, mas infeliz da pessoa por meio da qual elas acontecem!”. Você quer armar ciladas contra a igreja, quer fazê-la tropeçar? Ai do homem por quem a pedra de tropeço vem!

E Jesus continua, versos 8 e 9:

Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno.

Esse é um texto de linguagem extrema, se considerarmos que saiu da boca de Jesus, e se refere àqueles que fazem Seus filhos tropeçarem. É melhor tomar uma medida dramática para evitá-lo. E Jesus usa uma hipérbole, obviamente.

Ele não está dizendo que você poderia resolver seu problema cortando seu membro ou arrancando seu olho. Esta é uma ilustração da medida extrema que você deveria tomar para impedir que os filhos de Deus tropecem. Se você não tomar medidas drásticas para impedir isso, será lançado no fogo do inferno.

Verso 10: “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus.” As pessoas no mundo podem estar fazendo os crentes tropeçarem. Até as pessoas da igreja podem estar fazendo os crentes tropeçarem. Mas o Pai está observando, e o Pai enviará Seus anjos aos cuidados de Seus próprios filhos.

Se você despreza qualquer crente, se o trata com desdém, com indiferença, como se não tivesse valor, você não entende que está fazendo tropeçar – de acordo com os versículos 3, 4 e 5 – os filhos do reino, os filhos que levam o nome de Cristo. Melhor ter cuidado com o modo que você trata a igreja.

O Senhor está atento à maneira de como o mundo trata Seus servos. Sabemos como o mundo trata os crentes. No final do décimo primeiro capítulo de Hebreus, o escritor diz:

Hebreus 11
32 E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas,

33 Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões,
34 Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos.
35 As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição;
36 E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões.
37 Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados
38 (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra.

O Senhor está profundamente atento com a maneira de como o mundo trata Seus filhos. É Ele quem alerta: “Você não deveria fazer com que um daqueles que crê em Mim tropece…”.

Volte a Mateus 18, por um momento. Vamos olhar melhor para o verso 10: “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus.” Os anjos, de acordo com as Escrituras, vigiam os santos. Os anjos, de acordo com o livro de Atos, guiam os filhos de Deus.

No Antigo Testamento, os anjos socorreram Agar, Samuel e Elias. No Salmo 91, vemos que os anjos nos protegem. Em Atos 5, Atos 12, vemos que os anjos trazem livramento. Em Daniel 9 e Atos 12, lemos que os anjos entregam respostas à oração. Somos cuidados por anjos celestiais, anjos que estão diante de Deus, que olham para a face de Deus, na glória do céu.

Hebreus 1:14 traz uma das mais maravilhosas promessas das Escrituras. Diz que os anjos foram projetados por Deus como “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”. É melhor tomar cuidado com o tratamento que você dá aos crentes. E não estou dizendo isso ao mundo apenas, mas também estou dizendo aos crentes. Cuidado como você trata outro crente, por causa dos anjos e por causa de Cristo.

Volte ao versículo 5, de Mateus 18: “E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe.” Portanto, como você trata outro crente, é assim que você está tratando a Cristo.

Jesus diz, em Mateus 11:28-29: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. “ O Senhor reúne os cansados, os fracos e os quebrantados.

E em Mateus 12:20, temos uma expressão linda da ternura de nosso Senhor para com aqueles que vêm a Ele, numa citação de Isaías 42: “Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o pavio que fumega, até que faça triunfar o juízo”. O que isso significa?

O Senhor não apaga a chama trêmula de uma vela. Ele não quebra uma cana fraca. Isso significa que Ele recebe os fracos, os impotentes, os desamparados, os que sofrem e as pessoas quebradas, e não lhes causa danos. Ele se importa com eles. Ele aceita as dores deles. Ele absorve a dor deles. Ele assume o sofrimento deles. Ele os segura nos braços, assim como os segura no coração.

É melhor tomarmos cuidado com o tratamento que damos aos crentes, por causa dos anjos. É melhor termos cuidado ao tratarmos os crentes, por causa do Salvador, porque Ele está em todo crente, e em todo crente Cristo vem até você. Como você está tratando esse crente é como está tratando a Cristo. Você se lembra do que nosso Senhor disse: “Se você fez o mínimo possível de dano a um dos Meus servos, você o fez a Mim”.

E então, uma terceira razão para ter cuidado para não fazer outro crente tropeçar é a sua relação com o próprio Deus, o Pai. Mateus 18, a partir do verso 12:

Mateus 18
12 Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou?

13 E, se porventura achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que se não desgarraram.
14 Assim, também, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca.

Não importa o quão insignificante esse crente possa parecer para você, ele é objeto especial do cuidado de Deus. O Pai recebe os cansados e de coração quebrantado e os mantém com terna e amorosa compaixão, preocupa-se com cada um, de modo que, se houver um deles que se desvie, Ele deixa os noventa e nove e vai encontrá-lo.

E tendo encontrado, Ele se alegraria mais do que com os noventa e nove que não se perderam. É quase uma coisa incompreensível pensar sobre isso. Não apenas o Pai se alegra quando o pródigo chega em casa, significando quando alguém é salvo, mas o Pai se alegra quando um crente errante volta.

Deus não reluta em receber a um filho desobediente. O Pastor Divino, que nunca dorme, que detecta todas as ovelhas errantes, e toda ideia errônea em cada uma de Suas ovelhas, vai ao resgate delas. A quantidade imensa daqueles que pertencem a Ele não obscurece, em nenhum sentido, Seu íntimo conhecimento de todas as ovelhas.

Ele é paciente, cuidadoso, amoroso, persistente, perdoador, alegre em cuidar. É a coisa mais surpreendente pensar que Deus tem o prazer de nos receber de volta de nossa desobediência e nos abraçar. Por quê? Porque Ele não quer que um de Seus pequeninos seja estragado, marcado, ferido.

  • A exortação é clara, então: por causa dos anjos, por causa do Senhor Jesus Cristo, por causa do Pai, nunca devemos desprezar nenhum crente. Nós nunca devemos fazer qualquer crente tropeçar em algum tipo de pecado, nunca devemos ser a causa disso. Os anjos estão observando. O Salvador está observando. O Pai está observando. É nossa responsabilidade cuidar dos demais servos de Cristo, em nome de nosso Senhor, de quem eles são.
  • Esse cuidado é expresso no Novo Testamento através de uma série de outras ordenanças, como: confessem seus pecados uns aos outros; exortem uns aos outros; repreendam uns aos outros; restaurem uns aos outros; edifiquem uns aos outros; orem uns pelos outros; amem uns aos outros, e assim por diante.
  • Essa é a vida em comunhão. E no final, quando ministramos nossos dons espirituais e quando buscamos o benefício do outro, doando a vida por outra pessoa, ensinando, admoestando, cantando canções espirituais um para o outro, o resultado é, primeiro de tudo, alegria.

João diz, em 1 João 1:4: “Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa.” Mas, há algo ainda mais em jogo do que essa alegria, e está em João 17, parte da oração de nosso Senhor, no versículo 23 desse grande capítulo, quando Jesus disse o seguinte: “Eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.”

O que evidencia para o mundo o nosso relacionamento com o Senhor? O que comunica isso? É a unidade na comunhão, a unidade do amor que diz ao mundo que “Tu me enviaste” – disse Jesus – “e os amaste como igualmente me amaste.” A credibilidade de toda a história do evangelho, do Pai, do Filho e dos salvos, é basicamente demonstrada ao mundo através da unidade de nossa comunhão.

Sim, há uma alegria pessoal na obediência, mas há esse testemunho maciço para o mundo quando a comunhão é realmente uma comunhão de amor. Deus está em exibição, Cristo está em exibição na unidade amorosa da igreja. Esse é o testemunho de uma comunhão viva.

Vamos orar:

Pai nosso, nós Te agradecemos pela Palavra. O que podemos dizer? Agradecemos pela Palavra viva e permanente, a Palavra da Verdade, a Palavra de Deus, como cantamos anteriormente. Agradecemos pela instrução que ela traz. Mas, seria impossível para nós a obedecermos, se não fosse o Espírito Santo que se instala em nós, e de quem cujo templo somos. Então, Te agradecemos, ó Deus, abençoado Espírito Santo, por viver em nós. Agradecemos ao Senhor, porque não apenas temos a instrução, a revelação externa, mas temos o poder, o Espírito Santo interno, para vivermos a comunhão de uma maneira que mostre ao mundo que nos observa o amor do Pai e do Filho.

Que chamado incrível! Que possamos testemunhar a este mundo através de nossa santidade, nossa humildade e nossa comunhão amorosa. E que sejamos completos, consolados, semelhantes, vivamos em paz, para que Tu, o Deus do amor e da paz, estejas conosco em plenitude. Oramos em nome do nosso Salvador. Amém.


Sermões desta série

Clique aqui e leia também a série de sermões de John MacArthur sobre a Anatomia da Igreja.


Este texto é uma síntese do sermão “The Necessity of Christian Fellowship, Part 2″, de John MacArthur em 24/05/2020.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/81-79/the-necessity-of-christian-fellowship-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

Compartilhe

You may also like...

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.