As Marcas da Oração Eficaz

Oremos como Jesus! Ele vivia em função da vontade do Pai,  para cumprir a vontade do Pai. Suas orações eram consistentes com a vontade do Pai, e, portanto, eram eficazes e respondidas. É tremendo saber que agora ele intercede por nós! que segurança temos em nosso Salvador!

Seguindo nossa trilha no evangelho de Marcos, vamos olhar agora Marcos 11:22-25. O contexto é a semana da crucificação de Jesus Cristo.

  • Ele entrou na cidade de Jerusalém na segunda-feira, quando foi aclamado por uma multidão superficial (Marcos 11: 1-11).
  • Na terça-feira, Ele expulsou os mercadores do templo e proferiu juízo representado na maldição sobre a figueira (Marcos 11: 12-20).
  • Agora estamos na quarta-feira.
  • No dia seguinte, quinta-feira, ocorreu a refeição pascal (Marcos 14: 16-26).
  • Na sexta-feira, a crucificação (Marcos 15).
  • No domingo, a ressurreição (Marcos 16).

Portanto, estes são os últimos dias da vida e do ministério de nosso Senhor.

O assunto aqui é oração. Você pode pensar que aquela semana seria um momento estranho para falar sobre oração. Mas esta lição foi muito necessária naquele momento.

Nada do que nosso Senhor diz aqui foi novidade, Ele já havia dito várias vezes antes. E, certamente, em outras muitas vezes que não foram registradas nos evangelhos.

Por que agora? Por que uma lição sobre oração? Por três anos os discípulos viveram na presença do próprio Deus em carne humana. Qualquer coisa que eles precisassem, Jesus estava ali pessoalmente e fisicamente com eles.

A vida religiosa em Israel, na qual os discípulos viviam antes de serem chamados por Jesus, era cheia de orações. Mas parece-me que por estarem andando com Jesus face a face, pode ter havido um efeito de reduzir a frequência da oração entre os discípulos.

Mas as coisas iriam mudar dramaticamente em poucos dias. Eles não iriam mais ter o Filho de Deus andando fisicamente com eles. E a missão que eles iriam cumprir iria exigir muito relacionamento deles com Deus. Enfim, uma mudança enorme estava se aproximando, e eles teriam que lidar com isso.

Para nós, tudo o que conhecemos é a oração. Nunca tivemos Jesus fisicamente por perto. O único acesso que temos a Deus é pela oração. É através da oração que temos a provisão de Deus. A oração é o ar que respiramos, precisamos dela para viver.

Mas não era assim com os discípulos. Eles eram dependentes de alguém que podiam ver, tocar e conversar. Mas esse privilégio estava perto de se encerrar. Seria uma alteração dramática para suas vidas.

E assim o Senhor traz uma tremenda lição para eles: todos os recursos do céu estariam à disposição do crente que ora. Que grande lição! E que grande promessa! Quão bom e gracioso Deus é! Que provisão maravilhosa!

Marcos 11
20 E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz.
21 Então, Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou.

É a manhã de quarta-feira, na sexta Jesus seria crucificado. Ele e seus discípulos estavam passando a caminho de Jerusalém vindos de Betânia, a três quilômetros da casa de Maria, Marta e Lázaro, a pequena família onde Jesus e Seus apóstolos ficaram durante esta semana.

Eles viram a figueira seca desde a raiz. Como vimos no sermão anterior, a figueira é um símbolo de Israel. Na terça-feira Jesus a amaldiçoou por não encontrar frutos nela. Foi um prenúncio do julgamento divino sobre o templo, sobre o judaísmo apóstata e sobre a nação de judeus incrédulos.

No mesma  terça-feira, Jesus havia expulsado os mercadores do templo. Ali foi uma prévia do julgamento que viria sobre o templo, o coração de Israel, que foi destruído 40 anos depois. Não ficou pedra sobre pedra, como Jesus profetizou em Marcos 13:2.

Então, para esta quarta-feira de manhã, Marcos registra:

Marcos 11
22 Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus;
23 porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.
24 Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.
25 E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.

A princípio, parece uma transição um tanto desajeitada, não é? Do comentário de Pedro: “Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou” (Marcos 11:21) e Jesus respondeu: “Tenha fé em Deus” (Marcos 11:22). É uma discussão sobre oração. Qual é a conexão entre esses versículos?

A conexão e a mensagem aqui, antes de tudo, é que o julgamento está chegando, e a maldição da figueira foi uma demonstração da força do julgamento.

Não foi um ato impetuoso de frustração de Jesus porque ele estaria bravo com a árvore sem frutos, foi uma oportunidade para Ele fazer uma analogia clara do que iria acontecer com o templo, com a estrutura religiosa de Israel e com Israel.

Mateus 21:20 registra o espanto dos discípulos: “Vendo isto os discípulos, admiraram-se e exclamaram: Como secou depressa a figueira!”. Ele viram muitos milagres, mas foi a primeira vez que viram algo assim.

Assim como aquela figueira, o templo não passava de folhas, não havia nada ali, não havia realidade e não havia fruto espiritual. O poder que matou aquela árvore foi uma demonstração de poder divino, não para bênção, como eles viram tantas vezes, mas para julgamento.

Os discípulos ficaram admirados e querendo saber como aquilo poderia acontecer? Jesus respondeu a Pedro dizendo: “Tenha fé em Deus” (Marcos 11:22). Em outras palavras, tais demonstrações de poder, para bênção ou juízo, vêm de Deus.

E então Ele começa a falar sobre como atrair o poder divino. Eles precisavam saber disso. Eles tinham Jesus por perto o tempo todo, mas isso estava perto de acabar.

Existem cinco elementos aqui para uma oração poderosa e eficaz. Alguns são implícitos e alguns são explícitos.

1) A oração poderosa e eficaz lembra dos feitos do Senhor.

Pedro diz: “A figueira que o Senhor amaldiçoou secou”. Ele está dizendo: “Tenho visto a demonstração do Teu poder”. A componente histórica é recordar ou ser lembrado dos feitos do Senhor.

O fundamento histórico de uma vida de oração eficaz é entender que Deus mostrou Seu poder no passado e você está ciente disso. Eles não perceberam que a figueira secou imediatamente quando Jesus a amaldiçoou, só viram no dia seguinte. Pedro lembrou: “Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou”.

É aí que toda oração eficaz começa, com algum senso das demonstrações de poder de Deus no passado. Por que você invocaria o Senhor agora se Ele não tivesse se provado no passado?

Quando os filhos de Israel estavam prestes a entrar na Terra Prometida (em Deuteronômio), depois de todos os seus anos no Egito e quarenta anos vagando no deserto, a lei foi repetida para colocá-los em ordem antes de entrarem na terra, enfrentando antes duras batalhas para possuí-la.

E muitas vezes o livro de Deuteronômio diz que eles deveriam lembrar. Lembra do quê? De tudo que o Senhor já tinha feito para libertá-los da escravidão no Egito, das pragas, do anjo da morte na Páscoa, da travessia do Mar Vermelho e de todo o sustento no deserto. Esse é um fundamento da oração eficaz. Quanto mais você se lembra dos feitos do Senhor, mais forte é sua confiança em Deus.

As pessoas que são novas na fé, que não conhecem a história do que Deus fez no passado, seja na história das escrituras, na história da igreja ou na sua história pessoal, estão em desvantagem em relação àqueles que estão na caminhada há muito tempo. Existem algumas vantagens em ser velho, e essa é uma delas.

Eu vivi para ver a poderosa mão de Deus em orações respondidas mais vezes do que eu jamais poderia contar. E isso acontece o tempo todo comigo. São experiências tremendas.

Um dos componentes da adoração é recitar as obras que Deus fez. Quanto mais você conhece as Escrituras, mais você sabe sobre a história da redenção e da igreja.

É tremendo conhecer, através da Escritura Sagrada e da história como Deus demonstrou seu poder de maneiras tão poderosas por meio de servos escolhidos e fiéis. Isso ancora nossa própria confiança de que Ele ouve e responde às orações. Quanto mais lembramos disso mais forte será o fundamento de nossa confiança na oração.

2) A oração poderosa e eficaz vem de um coração que confia em Deus

Jesus respondeu a Pedro dizendo: “Tende fé em Deus” (Marcos 11:22). O ponto aqui não é sobre fé, é sobre Deus. Em Mateus 21:21, o apóstolo registrou: “se tiverdes fé e não duvidardes”. Não se trata da natureza da fé aqui, mas do caráter de Deus. Outra maneira de dizer isso: “Confie em Deus”.

Se você quer ter uma vida de oração eficaz, você deve confiar em Deus, em Seu poder, em Seu propósito, em Sua promessa, em Seus planos e em Sua vontade. Em outras palavras, você precisa confiar que Ele sabe mais do que você. Confie em Deus!

No sermão do Monte, Jesus ensinou que devemos orar dizendo “venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). É assim que você ora? Você diz: “Deus, seja o que for que honre o teu nome, promova o teu reino e cumpra a sua vontade”? É assim que você ora?

Muitos estão orando de acordo com seus próprios desejos carnais. Tiago 4: 2-3 diz: “Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”.

A oração tem que ser fundamentada com a busca da honra, reino e vontade de Deus. Isso significa confiar em Deus. Esta é a oração que Deus ouve e responde. O apóstolo João escreveu:

E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito. (1 João 5:14,15).

Na quinta-feira de sua última semana, Jesus disse no cenáculo:

E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho (João 14:13).

Orar “em nome de Jesus”, não significa anexar uma expressão no fim da oração, como uma simples fórmula. Orar em nome de Jesus tem o sentido de orar consistente com a pessoa dele, com seu propósito e vontade. Fazer algo em nome de alguém é agir como ele agiria, em conformidade com a vontade dele.

Paulo escreveu aos filipenses:

Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus. (Filipenses 1:12-14)

Muitos estavam confiando no Senhor e anunciando a Palavra, imitando o exemplo de Paulo, mesmo sabendo do risco de serem presos, como Paulo. Por que isso? Confiança no Senhor. Nada poderia ser melhor e mais seguro do que isso.

Pedro escreveu:

Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendam a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem. (1 Pedro 4:19)

Ou seja: “Confie em Deus; confie sua vida a Ele; confie suas circunstâncias a Ele”. O crente que ora com um grande senso de confiança e entende que a melhor de todas as coisas é a vontade de Deus, libera o poder do céu.

Isso era muito importante para os discípulos entenderem naquele momento. O cenário iria mudar totalmente em dois dias. E de forma dramática. Nunca diga e exija de Deus o que você quer. Busque conhecer a vontade de Deus e queira sempre o que procede de Deus. Confie inteiramente que a vontade dele sempre é melhor do que qualquer outra coisa.

3) A oração poderosa e eficaz é marcada pela fé, ainda que pequena

Precisamos confiar no Senhor, mas também crer no Senhor.

Marcos 11
23 porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.

Essa expressão “ergue-te e lança-te ao mar” estava relacionada a uma metáfora comum naquela época, “levantador de montanhas”, que era usada na literatura judaica a respeito dos grandes rabinos e líderes religiosos que podiam resolver problemas difíceis e aparentemente fazer o impossível.

É óbvio que Jesus não ergueu montanhas literalmente, Ele se recusou a fazer sinais espetaculares para os líderes religiosos incrédulos (Mateus 12:38-42).

O que Jesus quis ensinar aqui era que os crentes confiassem inteiramente e sinceramente em Deus, sem duvidar, e verdadeiramente percebessem o poder ilimitado que está disponível por meio dessa fé genuína nele, e assim veriam o seu grande poder em ação.

Mas, se estamos em dúvida, na verdade estamos duvidando de Deus. Tiago diz:

Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; o homem de ânimo dobre é inconstante em todos os seus caminhos. (Tiago 1:5-8)

Muitos estão transformando essa verdade ensinada por Jesus em mentira. Proclamam uma heresia de que a fé do homem tem poder. Isso não é verdade, é mentira. Sua fé não tem poder e suas palavras ditas com fé não têm poder. Isso é um engano.

Deus é que tem todo o poder. Sua fé é apenas uma maneira de ativar o poder de Deus dentro da estrutura de Seu propósito. Deus age de acordo com sua vontade e não de acordo o desejo ou pensamento do homem.

A questão que Jesus destacou, e que Tiago escreveu, é que devemos crer e confiar em Deus, não podemos viver duvidando de Deus e de Sua Palavra. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6).

Temos que crer na soberania de Deus, na bondade de Deus, na sabedoria de Deus, no poder de Deus etc. O que Deus diz vai acontecer, sua Palavra se cumprirá, Ele reina.

Você diz: “Quanta fé eu preciso ter?”

E respondeu-lhe Pedro e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me. E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de pequena fé, por que duvidaste? (Mateus 14:28-31)

Pedro sentiu a força do vento, teve medo e começou a afundar. As circunstâncias o fizeram a perder a confiança. Ele clamou o socorro de Jesus, que imediatamente o atendeu. E lhe disse: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?”.

Jesus atendeu, ouviu seu clamor. Você sabe qual é o princípio-chave aqui? Pouca fé é suficiente. Pedro tinha uma fé grande, estupenda e arrebatadora? Não, ele tinha pouca fé. Mas sua oração foi atendida, embora sua fé fosse pequena.

Em Marcos 9, quando Jesus volta com Pedro, Tiago e João do monte da transfiguração, alguém da multidão diz:

E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam. (Marcos 9:17,18)

Jesus responde: “Ó geração incrédula, até quando estarei convosco” (Marcos 9:19). Eles não podiam fazer nada por aquele menino porque não tinham fé. Eles nem mesmo tiveram fé suficiente como a do pai do menino.

Após relatar a Jesus a história do menino, o pai diz a Jesus: “se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”. (Marcos 9:22). Jesus lhe respondeu: “Se podes! Tudo é possível ao que crê” (Marcos 9:23). E aquele pai disse: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (Marcos 9:24).

Ou seja, “eu creio… mas…”. Incredulidade. Sempre será fé misturada com alguma dúvida. Não temos fé perfeita. Mesmo diante daquela fé pequena e vacilante, Jesus atendeu o pedido daquele pai, repreendeu o espírito imundo e ele saiu (Marcos 9: 25-27).

Fomos salvo pela fé. Foi uma fé perfeita? Não. O crente vive pela fé e anda pela fé. É uma fé perfeita? Não. Aquele pai disse a Jesus: “Eu creio! Ajude-me na minha incredulidade”. Mas, foi uma fé suficiente para ativar o poder de Deus.

Isso é uma boa notícia? Sim, ótima notícia. Somos humanos e estamos andando pela vista e lutando pela fé. Várias vezes Jesus disse que os discípulos eram homens de pequena fé (Mat. 6:30; 8:26; 14:31; 16:8; 17:20).

Os discípulos viram a maravilha da primeira multiplicação de pães e peixes perto da cidade de Betsaida (Marcos 6:30-44). Mas, logo adiante, em Decápolis, quando viram a multidão faminta que seguia Jesus no deserto, eles perguntaram: “Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto?” (Marcos 8:4). E Jesus mais uma vez multiplicou pães e peixes e alimentou a multidão (Marcos 8:1-10).

Mesmo que estivessem andando com Jesus, contemplando as maravilhas de Deus, eles tinham pequena fé. E agora Jesus estava perto de partir, e eles iriam precisam de mais fé.

Exatamente quanta fé é essa? Em Mateus 17:20 Jesus ensinou:

Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.

Mesmo uma fé pequena pode atrair o poder de Deus na vida de um crente. Que promessa incrível. Isso é graça, sobre graça. Temos que confiar no Senhor e viver em fé. Ele cumprirá sua Palavras fielmente.

4) A oração poderosa e eficaz é aquela que clama, pede.

Marcos 11
24 Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.

Tiago diz: “Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tiago 4:2,3).

Jesus ensinou:

Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11:9-13).

Muitos leem esse texto como sendo um fundamento para transformar Deus em nosso servo. Mas não é isso que Jesus ensinou. Por isso Tiago 4:3 diz: “Você pede e não recebe, porque pede para consumir em seus próprios desejos.” E 1 João 5:14 diz: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve”.

Jesus vivia em função da vontade do Pai e suas oração estavam sempre de acordo com os propósitos do Pai:

  • A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra (João 4:34)
  • Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou (João 6:38)
  • E dizia: Aba,Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres. (Marcos 14:36)
  • Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste (João 11:41,42).

Jesus vivia em função da vontade do Pai. Ele vivia para cumprir a vontade do Pai. Suas orações eram consistentes com a vontade do Pai. Suas orações eram eficazes e respondidas. E é maravilhoso saber que hoje ele intercede por nós, que segurança temos em nosso Salvador!

É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; (João 17:20).

Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. (Romanos 8:33,34)

Ele intercede pelos escolhidos junto ao Pai, sua intercessão é de acordo com o propósito de Deus.

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8:28)

O Senhor entende nossos clamores diante das adversidades da vida. Ele entende nossas lutas. Em sua providência, Deus orquestra cada acontecimento da vida de seus filhos, mesmo o sofrimento, a tentação e o pecado para trazer tantos benefícios temporários como eternos.

Você pode derramar seu coração para Ele, você pode invadir o céu, mas sempre com esta declaração qualificadora: “Todavia, não a minha vontade, mas a Tua seja feita”. Por quê? A dele é maior, totalmente pura, sábia, generosa, graciosa, e misericordiosa. É mais do que qualquer coisa que você possa imaginar.

E o que pedimos em seu nome, sendo algo que vai glorificar o Pai, Ele atenderá (João 14:12). Ele não ensinou que devemos pedir qualquer coisa em nome dele, mas aquilo que glorifica o Pai e é da vontade do Pai. Nossa oração tem que ser consistente com quem Jesus é, com Sua pessoa e com Seu propósito. Ainda no cenáculo, Jesus disse:

Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos. (João 15:7,8).

Se as suas palavras permanecem em nós e nós permanecemos em Jesus, quem está controlando nossa lista de desejos? Jesus. Por isso Ele disse que assim nossos desejos serão realizados. Ele continuou dizendo:

Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. (João 15:16)

Só podemos produzir frutos se permanecemos em Cristo e Ele permanece em nós (João 15:4). Mais uma vez, quem está no controlando nossos desejos? Jesus. E Ele disse tudo isso na semana de sua morte, em que ele gastou tempo ensinando os discípulos, como registra João 13 a 17.

Eles não estavam orando porque Jesus estava ali com eles. Nos momentos finais de sua vida, Jesus ensinou aos discípulos a necessidade de orar em seu nome. Isso seria vital para eles após sua morte, ressurreição, exaltação e ascensão. O livro de Atos começa exatamente com eles praticando esse ensino.

5) A oração poderosa e eficaz possui um componente moral

Marcos 11
25 E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.
26 [Mas, se não perdoardes, também vosso Pai celestial não vos perdoará as vossas ofensas.]

No sermão do montanha Jesus disse:

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu […] e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores […] (Mateus 6:9-10,12]

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mateus 6:14,15)

Marcos 11:26 é uma afirmação verdadeira, mas não aparece nos manuscritos mais antigos, então assumimos que Marcos não o incluiu. Provavelmente algum escriba, sabendo que Jesus estava citando o que disse no sermão da Montanha, incluiu este versículo. 

Nota:

1) Na Bíblia Almeida Revista e Atualizada – ARA, Marcos 11:26 está em colchetes, indicando ser um texto ausente nos manuscritos mais antigos.

2) Os trabalhos de divisão da Bíblia em capítulos e versículos ocorreram entre 1189 e 1527, quando a Bíblia então foi dividida em 31.102 versículos, que é assim até o dia de hoje.

O Salmo 66:18 diz: “Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá”. Temos que lidar com o pecado em nosso coração. Isso pode ser um processo longo, porque nunca seremos o que deveríamos ser. Sempre haverá pecado à espreita em algum lugar no coração.

Então o Senhor diz: “Deixe-me simplificar para você. Perdoe. Se tens alguma coisa contra alguém, lança fora de seu coração, para que também o Pai perdoe suas transgressões”. A palavra “perdoar” vem do grego “aphiēmi”, que quer dizer “joga fora” ou “livre-te disso”.

Isso não está falando sobre a salvação. Você já teve o perdão judicial da salvação. Isso está falando sobre os pecados que fazem parte da sua vida como crente e que se interpõem entre você e o Senhor.

A diferença está em João 13:10, onde Jesus disse a Pedro: “Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo”. Fomos purificados pela fé (Atos 15:8-9).

A purificação realizada por Cristo na salvação não precisa nunca ser repetida, uma vez que ela aconteceu, a expiação está completa. Mas todos que foram purificados pela graciosa justificação de Deus (Romanos 3:23-26), necessitam de lavagem constante no sentido experimental, na medida em que lutam contra o pecado na carne.

Recolhemos a sujeira do mundo, o pecado, conforme vivemos dia após dia. E se quisermos perdão por nossos pecados, o que abre o caminho para oração, temos que perdoar os outros.

Não queira ter pecado não perdoado em sua vida, não no sentido de implicações na salvação eterna, esse assunto já foi resolvido na conversão, mas no sentido de interromper sua comunhão com Deus e sua utilidade em seu reino. Não negligencie sobre algo que pode afetar sua vida de oração. Isso é desastroso.

Em Mateus 18:23-35 Jesus contou a história de um homem que devia a certo rei uma dívida impagável, mas o rei lhe perdoou toda sua monstruosa dívida. Mas aquele homem perdoado saiu dali e encontrou alguém que lhe devia uma pequena quantia, mas agiu com muita severidade, não perdoando ao devedor e o lançou na prisão. O rei então chamou o homem e disse:

Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? (Mateus 18:32,33).

E Jesus completou a parábola dizendo:

E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas. (Mateus 18:34,35).

Aquele homem foi disciplinado pelo rei por receber um grande nível de perdão e não estar disposto a perdoar uma pequena quantia de outra pessoa. Você não pode aceitar o perdão total de Deus e depois não perdoar outra pessoa. Portanto, aqui está o componente moral da oração eficaz: perdoe se tiver algo contra alguém.

Por ser justo e santo, Deus está sempre irado com o pecado, incluindo os pecados de seus filhos, a quem Ele disciplina (Hebreus 12:5-11). Aquele servo foi entregue aos atormentadores até que pagasse suas dívidas. Esses atormentadores ou verdugos mencionados em Mateus 18:34, não é uma alusão a carrascos, a condenação, mas de uma disciplina severa.

Aqui está a sua escolha: guarde rancor ou tenha suas orações respondidas. Faça sua escolha. Guarde rancor, sinta vingança; ou ter suas orações respondidas.

Efésios 4:32 diz: “Sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”. Precisamos da atitude de Estêvão ao ser apedrejado: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7:60).

Esta é uma grande promessa. Seremos atendidos no que quer que peçamos de acordo com a vontade, propósito e plano de Deus. A salvação é uma obra soberana de Deus, mas não à parte de nossa fé. A santificação é uma obra soberana do Espírito de Deus em nós, mas não à parte de nossa fé.

E orar é atrair o poder do céu, é trazer à terra o propósito soberano e a vontade de Deus, mas é ativado por nossa fé. Acho que os discípulos entenderam a mensagem.

Em Atos 1:9 ocorre a ascensão de Jesus ao céu. Ele se foi. Mas suas últimas palavras foram:

Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. (Atos 1:8)

Os discípulos estavam ali olhando para cima, quando dois anjos apareceram diante deles e disseram:

Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir. (Atos 1:11).

E o que eles fizeram?

E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos. (Atos 1:13,14).

E o que aconteceu?

E, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (Atos 2:2-4)

Naquele dia três mil almas foram salvas (Atos 2:41). O poder de Deus se manisfestou em resposta às orações dos apóstolos e dos irmãos reunidos no cenáculo. E então:

E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar. (Atos 2:46,47)

E a igreja nasceu ali. O evangelho se expandiu de forma tão poderosa que abalou o mundo. O Senhor estava dizendo a eles por meio dessa oração respondida: “Eu disse a vocês que o poder para os propósitos de Deus estaria disponível se vocês me buscassem por meio da oração”. Orar conforme a vontade de Deus resultará sempre no mover de Deus.

E se você ler o livro de Atos, é oração e poder. É assim que tem acontecido na história da igreja, e ainda é assim. Portanto, faça uma escolha: não perdoe ou perdoe e veja o mover de Deus em sua vida. É a sua escolha.

Que promessa. Temos o privilégio de invocar o Senhor em oração. Oremos consistente com a vontade e propósito de Deus, e assim Ele atenderá nosso clamor. Ore sem cessar (1 Tess. 5:17).

Pai, obrigado por nosso tempo neste dia. Como fomos maravilhosamente ricos e abençoados. Obrigado por essas pessoas preciosas. Que congregação abençoada; que alegria e privilégio ministrar a Tua Palavra. Que corações receptivos, mentes abertas, atitudes amorosas para contigo e para com a Tua Palavra. 

Obrigado pela obra que Teu Espírito Santo fez aqui pela fé. Senhor, eu oro para que o Senhor aumente nossa fé, que nossa fé cresça cada vez mais, e se torne mais forte, e que o resultado dessa fé seja a oração crente.

E, Senhor, nunca desejaríamos uma interrupção disso vindo pelo pecado. Encha nossos corações com perdão, não importa o que os outros tenham feito por nós.

O perdão é gratuito para dar, gratuito para oferecer, instantâneo e imediato, e abre o poder do céu. Se haverá ou não reconciliação no caminho, isso é outra questão; mas perdão, que possamos dar instantaneamente e sempre, para que nossas orações não sejam impedidas.

Ouça nossa oração, Senhor, e ouça a oração que clamamos a Ti. Em primeiro lugar, perdoe nossas transgressões; e então conceda-nos a fé para ativar o poder do céu em nome do avanço de Teu nome, Teu reino e Sua vontade na terra como no céu. Obrigado por esse privilégio. Em nome de Cristo oramos. Amém.


Leia também:


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série


Este texto é uma síntese do sermão “The Necessities for Effective Prayer”, de John MacArthur em 23/01/2011

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-58/the-necessities-for-effective-prayer

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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1 Response

  1. Alvanir Ferreira de Souza disse:

    Quero agradecer ao site Rei Eterno, bem como a Jonh MacArthur, pelos textos e excelentes reflexões publicadas sobre a Palavra de Deus. Eles têm me ajudado a crescer no conhecimento do Senhor e a manejar bem a Palavra da verdade, tanto na congregação da qual faço parte quanto na minha vida diária. Obrigado pelos envios regulares dos textos. Deus abençoe vocês cada vez mais.

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