As Certezas Cristãs

I João 5
18 Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.
19 Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno.
20 E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
21 Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém.

Chegamos a última etapa em nossa trajetória pela primeira carta de João. Eu odeio ter que dizer adeus a este estudo desta carta preciosa, esta fonte do tesouro da verdade, mas aqui é onde chegamos em nosso processo de instrução.

Nós aprendemos muito. Analisamos tantos grandes temas aqui e, no capítulo 5, João resumiu todos os assuntos que já discutimos, por isso ele não entra em detalhes nessa parte da carta, mas faz lembrança de tudo o que foi dito até este capítulo. Agora, eu escolhi um título para essa seção final que vai dos versículos 13 a 21 do capítulo 5: ‘Certezas Cristãs’.

  • Estamos em um mundo que vive apenas de opiniões, mas nós, os servos de Cristo, vivemos de fatos.
  • Estamos em um mundo de ideias relativas, mas nós vivemos em absolutos.
  • Vivemos em um mundo de incertezas, mas nós estamos fundamentados em certezas.
  • Vivemos em um mundo fundamentado em mentiras, mas nós estamos fundamentados na verdade.
  • Vivemos em um mundo dominado por Satanás, mas nós vivemos com a presença e poder de Deus.

Resumindo: baseamos nossas vidas naquilo que Deus disse nas Escrituras como sendo absolutamente verdadeiro, isto é, a verdade divina revelada de Deus para nós. A Bíblia nos fornece certezas, absolutos.

Nesta epístola, em particular, o propósito do escritor é criar segurança nas mentes dos verdadeiros cristãos, para remover medos desnecessários, dúvidas e incertezas. É por isso que a palavra “sabemos” (ou “conhecemos”, em algumas versões) é usada 39 vezes nesta carta, sete vezes apenas nesta última seção que estamos examinando.

João termina realmente com um resumo dos motivos que o levaram a escrever a carta, a fim de que pudéssemos ter plena certeza deles. Claro que nos lembramos que versículo tema é o 13: “Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.”

O objetivo de João, e claro, de Deus é que tenhamos a certeza da nossa salvação. Assim, ao longo desta epístola, são fornecidas a nós provas doutrinárias e testes morais para ser determinada a autenticidade, veracidade da salvação de uma pessoa. Se passarmos nestes testes, nós saberemos que somos de fato salvos.

E, quando soubermos disto com certeza, a nossa alegria se torna completa (1:4). Podemos viver com plena alegria ao saber que somos salvos, vivendo nessa certeza. Assim, de acordo com esse objetivo, ele resume sua epístola com uma revisão das certezas.

A primeira certeza, que já foi abordada no versículo 13, é sabemos que temos a vida eterna.

O Senhor quer que sejamos certos quanto a isso.

Em segundo lugar: sabemos que temos nossas orações respondidas. 

De modo que, até chegarmos à glória eterna, temos acesso direto ao trono de Deus (v. 14). 

E, em seguida, no versículo 16, ele diz: “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore.” E como já assinalei da última vez, João dá esta pequena ressalva.

Sim, você tem acesso a todos os recursos de Deus através da oração. Sim, Deus ouvirá sua oração feita segundo a vontade Dele e a responderá, a menos que você esteja orando para que alguém seja restaurado ou curado, mas o pecado que este alguém tenha cometido seja para a morte. Deus não vai responder a essa oração.

Quando você orar segundo a vontade de Deus, você saberá que Ele vai responder e dar-lhe o que você solicita, desde que seja consistente com a Sua vontade, exceto quando o assunto de sua oração seja interceder por alguém que se enquadra na categoria de alvo do julgamento divino, porque, nesse caso Deus realmente não atenderá à sua súplica.

Mas isso é apenas a exceção, que não é o ponto principal. Esse é a sub-ponto. O ponto principal é que Ele ouve, responde, e nós obtemos o que pedimos em Sua vontade.

Só Deus sabe quais pecados são considerados pecados para morte. Não é um pecado específico, podem ser diferentes pecados e cada caso é julgado isoladamente por Deus.

Então, chegamos às últimas três certezas. Vejamos o versículo 18: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.”

A terceira certeza é: sabemos que temos vitória sobre o pecado.

Ninguém que já nasceu de novo, ninguém que já possui a nova natureza, ninguém transformado, regenerado vive num mesmo padrão ininterrupto de pecado.

Os não convertidos vivem na prática do pecado. Eles estão mortos, Efésios 2:1 diz, em transgressões e pecados. Eles caminham de acordo com o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Eles andam nas concupiscências de sua carne, entregando-se aos desejos da carne e da mente e são, por natureza, filhos da ira, como todo o resto, todo mundo.

Não há nada de bom neles. Eles não podem fazer nada de bom, eles são de seu pai, o diabo. Nenhum deles é confiável. Nenhum deles é justo. Nem mesmo um, Romanos 3 diz. Eles são os servos de injustiça. Eles, incessantemente, pisam a Lei de Deus, o amor de Deus, o Evangelho de Cristo. Eles são desafiadores, aborrecedores de Deus.

A palavra hebraica para o pecado, ‘pasha’, significa rebelião. Eles estão em constante rebelião contra a lei, o amor e o senhorio de Deus. Por natureza, então, eles são filhos da ira, direcionados para a ira. Eles estão, é claro, sob o controle direto daquele que foi designado como seu pai, o diabo, como Jesus declarou em João 8.

Também em Atos 26:18, Paulo declara o que o Senhor lhe havia dito: “Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus”. Os homens são escravos do pecado e escravos de Satanás até que nasçam de Deus. E sabemos, versículo 18, que ninguém que é nascido de Deus vive na prática do pecado.

Assim, nós voltamos para a mesma questão: Como atestar se alguém é um verdadeiro salvo? Você deve olhar para a vida dessa pessoa. E se há em sua vida um padrão constante de pecado, praticamente ininterrupto, você sabe que a escravidão não foi eliminada. O nascido de Deus não continua no mesmo padrão.

Voltemos ao capítulo 3:4: “Qualquer que pratica o pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade.” Nós estamos falando sobre esse padrão ininterrupto, constante de prática do pecado.

Em primeiro lugar, o pecado é incompatível com a Lei de Deus.

Quando uma pessoa se torna um cristão, passa a sentir e a dizer como Paulo, em Romanos 7, ‘Oh, como eu amo a tua lei’, ou como Davi disse no Salmo 119, ‘Tua Lei é santa, justa e boa e há algo em mim que ama essa Lei, que anseia por obedecê-la.’ O cristão não pode viver habitualmente em violação à lei de Deus. O pecado é incompatível com a Lei de Deus, que é o que o versículo 4 está dizendo.

Em segundo lugar, o pecado é incompatível com a obra de Cristo.

E você sabe que Jesus se manifestou para tirar os pecados. Quer dizer, Jesus veio, morreu, ressuscitou para tirar os pecados e, portanto, se Ele fez Sua obra no coração de uma pessoa, então o pecado é em algum grau tirado.

Se alguém segue um padrão ininterrupto de pecado, não importa se essa pessoa professa ser um cristão, teve uma experiência, foi batizado, ou qualquer outra coisa, porque não é através disso que você julga a condição espiritual de alguém. Você deve olhar para a vida dela.

E, se há um padrão contínuo de pecado em sua vida, se é esse o caráter dominante da sua vida, essa pessoa não nasceu de Deus, porque o pecado é incompatível com a Lei de Deus, é incompatível com o trabalho de Cristo, que se manifestou a fim de tirar o pecado.

Na verdade, João continua a dizer, no versículo 6: “Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.”. Ele não está dizendo que você nunca irá pecar. Ele está falando aqui sobre padrão. “Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.” Veja que está falando de prática.

Novamente, isto não quer dizer que você nunca peque. Voltemos ao capítulo 1:8, que declara: “Se dissermos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.” Versículo 10: “Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.”

Não significa que nós nunca iremos pecar, mas que o padrão ininterrupto do pecado já não existe. E assim, o capítulo 2:1-2 diz:

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.

Portanto, não estamos falando de perfeição, mas de direção. Não se trata de completa ausência de pecado, mas de um padrão de justiça que substitui o padrão ininterrupto de pecado. Aquele que pratica o pecado, versículo 8 diz, é do diabo. Mas o Filho de Deus apareceu para desfazer as obras do diabo. Assim, o pecado é incompatível com a obra de Cristo.

Em terceiro lugar, o pecado é incompatível com o ministério do Espírito Santo.

Versículo 9 diz: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado…” Por que? “… porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.”

A nova vida, a semente viva divina permanece no nascido de Deus, e, assim, ele não pode pecar, porque ele é nascido de Deus. Por este critério, a distinção dos filhos de Deus e os filhos do diabo são óbvias. Qualquer pessoa que não pratica justiça não é de Deus. É tão simples.

Ao lidarmos com a certeza de que nascemos de novo, a certeza da nossa condição espiritual, não se trata de examinarmos nosso passado, nem de se a oração que um dia fizemos nos entregando a Cristo foi realmente eficaz. Temos que olhar para nossa vida agora e examinar em qual padrão estamos vivendo com relação à prática do pecado. Na vida daquele que tiver realmente sido convertido, o poder do pecado foi quebrado.

Outra maneira de olhar para essa importante verdade se encontra em Romanos, capítulo 6 e vamos observar os versículos 17-18. Ele diz: “Graças a Deus que, embora tendo sido escravos do pecado…” Essa é a maneira de defini-lo. Você tinha um mestre, um mestre dominante e tudo o que você fazia era precisamente o que o mestre ditava. Você era escravo do pecado. Mas, graças a Deus, que “obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.”

E, em seguida, no versículo 19, ele diz: “Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne…”. Ou seja: Eu estou tentando usar uma analogia humana aqui sobre a escravidão para descrever o que aconteceu com você espiritualmente.

  • “… Pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação.” Agora, apresentem seus membros como escravos da justiça.
  • “Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis livres da justiça.” Quando você era um escravo do pecado, não havia justiça lá. E tudo o que você alcançou nessa escravidão do pecado, verso 21, foi a morte.
  • “Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.” (v. 22).

No capítulo 7 há outra analogia.

  • O versículo 2, diz: “Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido.” Se você é viúva ou se tornar um viúvo, já não estará mais compromissado com o cônjuge que morreu.
  • Então, em seguida, o verso 3: “De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido.” Você pode se casar com outra pessoa.
  • E, dito isso, ele aplica a analogia no versículo 4: “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” É como se seu antigo cônjuge, o pecado, esteja morto e seu novo cônjuge é a justiça em Cristo.

O versículo 5, em seguida, passa a dizer: “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.” Você pode tomar a Lei de Deus e colocá-la para um não convertido e o que acontecerá é que isso vai despertar mais paixão, mais pecado e produzir mais frutos para a morte, porque a rebelião é a natureza dos não convertidos.

E quanto mais eles sabem sobre a Lei de Deus, mais eles se rebelam contra ela. Porém, o verso 6 diz: “Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.” Mais uma vez a analogia é muito clara. Temos nova vida caracterizada por escravidão à justiça, obediência à lei. Satanás já não tem domínio sobre nós. O pecado já não é o nosso mestre.

E com esse pensamento, voltemos para 1 João capítulo 5, verso 18:

Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.

Satanás não tem nenhum poder sobre nós. Então, estamos certos, não só a certeza de que temos a vida eterna, não só a certeza de que temos respondidas as nossas orações, mas também estamos certos de que temos vitória sobre o pecado. Satanás não pode nos segurar.

Nós vivemos agora com um novo Mestre, num princípio de vida nova. Que promessa tremenda quando você pensa sobre o fato de que o verdadeiro renascido em Deus nunca poderá voltar à velha vida! Por que? Olhe para isto: “mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo.”

Esta é a obra de Cristo. É Ele que nos mantém em Deus. Ele nos impede de voltar para o domínio do pecado, para o reino de Satanás. Ele pode consentir que Satanás cirande em nossas vidas, como fez com Pedro em Lucas 22, quando permitiu que Satanás o peneirasse, tendo afirmado a Pedro que quando tudo tivesse acabado, o diabo não iria voltar a dominá-lo, mas Pedro passaria a ser capaz de fortalecer os irmãos.

Ele pôde deixar Satanás agir contra Jó, sabendo que a fé de Jó não falharia. Ele enviou ao apóstolo Paulo um mensageiro de Satanás, um espinho na carne, sabendo que no meio de tudo isso Paulo só seria humilhado, o que seria bom para Paulo e bom para o serviço do apóstolo, porque ele buscaria em Cristo o poder espiritual em sua própria fraqueza.

O próprio Jesus em João 17, expressa essa confiança nos primeiros 2 versos:

Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti; assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.

No verso 6, Ele diz: “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra.” Deus deu ao Filho aqueles que creriam. E o Filho os recebeu. E os mantém.

Em João 6:37 é dito o mesmo: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.”

É por isso que Judas diz, versículos 24-25. Esta é uma doxologia. Este é um tributo de louvor ao Senhor:

Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.

Jesus é quem nos mantém em Deus. Ele não só quer fazê-lo, Ele é capaz de fazê-lo. Ele nos livra de tropeçar e vai nos fazer ficar na presença de Sua glória irrepreensível, com grande alegria. Ele é aquele compromissado em nos fazer permanecer Nele. Então, nós sabemos que ninguém que é nascido de Deus vai cair de volta para o padrão de domínio do pecado.

E o que dizer daqueles que pareciam ter nascido de Deus, estavam na comunhão da igreja, eram envolvidos, mas eles caíram e voltaram a um padrão contínuo de pecado e negaram a fé?

A resposta está no capítulo 2, verso 19: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” Se alguém é nascido de Deus, não irá voltar a viver em um padrão de domínio do pecado, porque o Unigênito de Deus, o próprio Cristo, o manterá em Deus e o maligno nunca mais poderá dominá-lo.

O diabo pode até tentar restabelecer seu domínio sobre o nascido de Deus, mas ele não pode ter sucesso, assim como ele não poderia ter sucesso com Jó, Pedro, Paulo ou qualquer outra pessoa, porque o Senhor é capaz e está disposto a nos manter, a nos fazer permanecer Nele.

Hebreus 6:19 também trata com grande ênfase desta segurança que temos em Cristo: “A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu…”. É a figura de ter sua alma presa a uma corrente com uma âncora na extremidade e ela é lançada e afixada para além do véu no Santo dos Santos celestial, onde Jesus entrou como um precursor para nós.

É como se você estivesse amarrado a Cristo através de uma inquebrável corrente que está afixada, ancorada no Santo dos Santos, no céu, e nada poderá jamais quebrar essa corrente. É uma gloriosa e magnífica imagem.

A nossa perseverança em Deus está tão garantida quanto nossa justificação. Quando Cristo justifica alguém, Ele concede a esta pessoa a vida eterna, Ele a preserva. “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará..” (1Tess. 5:24). Ou seja: se Ele nos chamou no início, nós estaremos com Ele até o fim.

É simples. E há muitos outros versos que dizem a mesma coisa. Posso citar 2 Timóteo 4:18, que diz: “E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém.” Que um maravilhosa confiança!

Agora, como eu disse anteriormente, não vivemos ainda sem pecado, mas não é mais aquele ininterrupto padrão. Não estamos mais em escravidão. E, se somos de fato salvos, não voltaremos a sermos escravos do pecado. Cristo é quem trabalha para que isso nunca ocorra. É obra Dele e do Espírito Santo também. Eles intercedem por nós.

A segurança da salvação não é algo automático. É dependente da obra intercessória de Jesus e do Espírito. Eles trabalham para que permaneçamos firmes. E Eles são fiéis e perfeitos em suas obras. Nisso se baseia nossa certeza de que nunca mais voltaremos à escravidão do pecado.

Deixe-me apenas resumir tudo isso. Se somos verdadeiros novos nascidos, nunca voltaremos a sermos dominados pelo pecado, nunca perderemos nossa condição de salvos, justificados. Por que? Simplesmente porque a Palavra de Deus promete isso a nós.

“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Fp 1:6). A Palavra de Deus promete. O poder de Deus torna a promessa possível. Nós fomos salvos por Seu poder e se Ele pôde nos salvar quando éramos inimigos, pode nos manter salvos agora que somos amigos.

Romanos 5, verso 10: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Em outras palavras, se Ele pôde fazer a grande obra de nos salvar por Sua morte, Ele pode fazer o menor trabalho de manter-nos salvos através da Sua obra ininterrupta de interceder por nós.

Assim, a Palavra de Deus nos protegerá sempre, guardando-nos de voltar para a escravidão do pecado e do maligno. O poder de Deus nos protegerá sempre. E eu penso que poderíamos adicionar a estes dois o propósito de Deus, pois Deus pré-determinou, antes da fundação do mundo, a quem Ele iria salvar. Escreveu seus nomes e vai trazer todos eles para a glória.

Ainda podemos adicionar a oração de Cristo. Vejamos João 17:11, que diz: “E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.”

Jesus diz: “Pai, guarda-os”. Estava próxima a hora de Jesus ser sacrificado. E naquele tempo em que Ele estaria levando sobre si nossos pecados, Ele não poderia funcionar como o guardião dos remidos. Assim, para aquele período de tempo, é como se Ele dissesse: ‘Pai, guarda-os até que eu possa voltar e guardá-los Eu mesmo.’

A Palavra de Deus, o poder de Deus, o propósito de Deus, a oração de Cristo. Todos trabalham juntos para a nossa perseverança.

Podemos ainda adicionar a nossa união com Cristo. 1 Coríntios 6:17, diz: “Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.” Estamos ligados ao Senhor.

Vejamos Romanos 8:31: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. E todo o oitavo capítulo de Romanos é voltado para afirmar o nosso triunfo final sobre o pecado.

Significa: se este é o plano determinado de Deus, se isto é o que Ele diz em Sua Palavra, se isto é o que Ele promete, se este é o Seu propósito, se é para isto que o Filho intercede por nós, se este é o efeito de Sua eleição, se este é o efeito do novo nascimento, regeneração, se este é o efeito de nossa união com Cristo, se isto é o que Deus determinou…

Então, quem poderia agir e ter sucesso de vir contra nós, já que não há poder que chegue perto ao de Deus?

E, novamente, Romanos 5: 10, “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Em outras palavras, se Deus deu o Seu Filho para nos salvar, muito mais fará para nos manter salvos, Nele.

Você pode dizer: ‘Bem, alguém pode trazer uma acusação contra nós. Satanás pode se levantar e dizer que nós não somos dignos’. Então, veja o versículo 33: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.” Deus já declarou que nós fomos justificados, isto é, a nós foi imputada a justiça de Cristo.

Há algo que poderia nos separar o amor de Cristo? Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada, alguma coisa? Não. “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (v. 37).

E, então, tudo é resumido nesta grande conclusão: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (vv 38-39).

Portanto, estamos certos que temos a vida eterna. Estamos certos que temos a oração respondida. E estamos certos que temos vitória sobre o pecado.

Em quarto lugar na lista de cinco: sabemos que pertencemos a Deus. 1João 5:19: “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno.”

Há dois reinos: o de Deus e há o do mundo. S

  • Somos de Deus, o mundo inteiro pertence a Satanás. Nós pertencemos a Deus. Ele nos comprou com um preço. Somos Dele. Nós somos Seus, desde que Ele se propôs a nos redimir, antes da fundação do mundo.
  • Por outro lado, o mundo inteiro pertence ao maligno, a Satanás. O mundo está no colo do maligno. É como um bebê embalado no sono, nos braços de Satanás. Esta é uma dramática imagem. Mas nós não estamos nos braços de Satanás. Estamos nos braços de Deus.

São dois reinos distintos, diferentes. E são apenas dois. O mundo inteiro está no poder do maligno. E o diabo controla todo o sistema humano. Não há nada no mundo que não esteja debaixo do controle de Satanás. A sua economia, a sua política, a sua religião, a sua educação, o seu entretenimento, atividades esportivas… Tudo, tudo está debaixo do controle do maligno.

Não estamos falando aqui das coisas criadas por Deus, que manifestam o Seu poder. A noção de mundo aqui é de um sistema existente dentro da criação e que é governado por Satanás. É por isso que no capítulo 2 versos 15 a 17, João diz que não devemos amar o mundo, nem as coisas do mundo. “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”.

Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

Nós temos a vida eterna. Temos divino acesso ao trono de Deus. Temos triunfo sobre o pecado. Nós pertencemos a Deus. Isso é oposto a tudo o que há no mundo em torno de nós.

Os que são do mundo não têm a vida eterna. Eles não têm acesso a Deus através de qualquer oração. Deus não está comprometido a ouvir qualquer coisa que Lhe peçam. Eles são dominados pelo mal e eles pertencem a Satanás. Distinções claras.

Esteja certo disto. Você é de Deus. Você é Seu filho amado a quem Ele deu a vida. João 1:12, diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”.

A quinta certeza: sabemos que Cristo é o verdadeiro Deus. João termina a sua carta como começou. Ele a inicia, declarando:

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida. (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. (I João 1:1-3).

Nós O vimos. Nós O ouvimos. Nós O tocamos. Vimos a vida eterna em pessoa. Vimos Deus Pai manifesto no Filho. É assim que ele começa. Essa é a primeira e grande certeza que faz com que todas as outras certezas sejam possíveis.

E assim, ele acaba onde começou. O Filho de Deus veio e nos deu entendimento para que possamos saber que Ele é verdadeiro. E nós estamos Naquele que é verdadeiro, em Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.

E há uma grande declaração cristológica neste texto da carta de João. Esta é a certeza final. E por sabermos que Jesus é o Deus verdadeiro, João conclui com: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” (5:21).

Não seja atraído em direção a qualquer outro suposto deus. Sabemos que o Filho de Deus veio. Deus em forma de homem, Deus o Filho veio. Ele veio e está presente, Ele está aqui. Nossa fé não é teórica, a nossa fé é baseada em uma realidade permanente: o Filho de Deus veio.

Nascido de uma virgem. Viveu uma vida sem pecado. Uma morte substitutiva. Levantou, literalmente, da sepultura. Ascendeu à mão direita do Pai, permanece intercedendo por nós e um dia virá novamente. E nós não apenas sabemos que o Filho de Deus veio, mas sabemos que Ele nos deu entendimento para que possamos conhecer o que é verdadeiro.

Nós estamos naquele que é verdadeiro, em Jesus Cristo. Esta é a essência do que significa ser cristão: ter compreensão, para saber o que é verdadeiro, conhecer o Deus vivo e verdadeiro, como revelado em Jesus Cristo.

E não apenas para conhecê-lo, mas para estar naquele que é verdadeiro. E quem é Ele? Ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Todos os outros deuses são impostores e ninguém mais, além do verdadeiro Deus, tem a vida eterna.

E João toca no coração de toda a teologia cristã, e volta para a questão da exclusividade. Ninguém é um cristão se não acredita nisso. Ninguém é um cristão se não crer que Deus é revelado em Seu Filho Jesus Cristo, que só Ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Não há salvação fora de Cristo.

“E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo. Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus.” (4:14-15). Isso é exclusividade. A salvação é exclusivamente através de crer em Jesus como o Filho de Deus.

No capítulo 5, versículo 1, temos: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus.” Não há nenhuma outra maneira de nascer de Deus, exceto através de crer que Jesus é o Cristo.

No capítulo 4, versos 1 a 3: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus…”.

Somente aqueles que confessam Jesus nascem de novo e conhecem a Deus. Não há outro caminho.

Capítulo 2, verso 23: “Todo aquele que nega o Filho não tem o Pai. Aquele que confessa o Filho, tem também o Pai.”

Também o versículo 22: “Quem é mentiroso? Aquele que nega que Jesus é o Cristo. Este é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho.”

Nós estamos naquele que é verdadeiro. Este é o verdadeiro Deus. E por causa disso, versículo 21, “guardai-vos dos ídolos”. Não permita que nada além de Cristo possa te dominar, dirigir. Desde que você conhece o verdadeiro Deus, fique longe de ídolos.

Paulo disse aos coríntios a mesma coisa em 1 Coríntios 10:21: “Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios.” Você não pode fazer isso.

O ministério de João era associado a Éfeso. E Éfeso era centro de idolatria, quantidades maciças de idolatria ocorreram lá. O Templo de Artamus, Diana, movimentavam a economia da cidade. Centenas de pessoas viviam do comércio em torno do templo, como os sacerdotes, eunucos, guardas do templo, prostitutas, etc., etc., etc.

A idolatria era desenfreada naquele mundo antigo e, por vezes, os cristãos poderiam cair nesses tipos de pecados. Assim, ele termina dizendo: ‘Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Você não vai voltar aos ídolos, porque você está sendo mantido por Cristo. Mas, não mexam com isso.’

E, assim, o resumo de João termina. Sabemos que temos a vida eterna. Sabemos que nossas orações são respondidas. Sabemos que temos vitória sobre o pecado. Sabemos que pertencemos a Deus e sabemos que Jesus Cristo é o único e verdadeiro Deus e a vida eterna.

E, se sabemos de fato essas coisas, se temos certeza acerca delas, isto evidencia que nós pertencemos a Deus e em nossas vidas se manifestará um padrão de justiça. Sim, o pecado ainda está em nós, mas o padrão dominante em nós não é o da prática e escravidão ao pecado, mas é o padrão de justiça.

Pai, nós Te agradecemos porque chegamos à conclusão nesta noite desta maravilhosa epístola que estudamos em grande profundidade. E, acima de tudo, o ponto central foi sermos lembrados de como temos estas certezas. Como é maravilhoso viver com este tipo de certeza em um mundo de medo, ansiedade, dúvida, bem como de depressão sobre o que ainda estar por vir. Essas coisas foram escritas para que a nossa alegria seja completa.

E a nossa alegria vem da certeza de que ‘quer vivamos quer morramos, somos do Senhor. Se vivemos, vivemos para o Senhor. Se morremos, morremos para o Senhor. Então, se vivemos ou morremos, somos do Senhor.’ Nada vai mudar isso. Para aqueles de nós que cremos na verdade de Cristo e cujas vidas demonstram que houve uma transformação caracterizada pela obediência à Palavra de Deus e amor ao próximo, temos a certeza de que temos a vida eterna, a certeza que temos respondidas as nossas orações, que temos a vitória sobre o pecado, a certeza de que pertencemos a Ti para sempre. Tudo isso baseado na certeza de que só Jesus Cristo é o verdadeiro Deus e fonte de vida eterna.

Obrigado porque podemos viver nessas certezas. Quão gracioso Tu tens sido para nós para nos dar a bem-aventurança dessas certezas. Obrigado por esse presente e que possamos viver uma vida de plena alegria e gratidão por tal bênção. Nós Te agradecemos em nome de Cristo. Amém


Este texto é uma série de 2 sermões


Este texto é uma síntese do sermão “Christian Certainties, Part 3”, de John MacArthur em 12/10/2003.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/62-42/christian-certainties-part-3

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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