A Tentação no Deserto (Parte 3)


Este é o terceiro de uma série de 3 sermões de John MacArthur sobre a tentação no deserto. Veja links no final do texto.


Lucas 4
1 E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto;
2 E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados eles, teve fome.
3 E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão.
4 E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.
5 E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo.
6 E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero.
7 Portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
8 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás.
9 Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
10 Porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem,
11 E que te sustenham nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra.
12 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus.
13 E, acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo.

Voltamos neste momento para o nosso estudo do Evangelho de Lucas. Temos avançado no estudo desse Evangelho. Estivemos juntos aprendendo com o Evangelho de Mateus, que nos levou cerca de oito anos e meio para concluir. Investimos também cerca de três anos no estudo do evangelho de João.

Suponho que se nós somarmos todos os anos, incluindo a escrita dos comentários, provavelmente vinte anos da minha vida eu passei estudando os Evangelhos. E eu cheguei à conclusão de que a pessoa de Jesus Cristo é a maior evidência da inspiração divina das Escrituras.

Quando as pessoas perguntam como sabemos ser a Bíblia verdadeira, alguns podem responder que:

  • É por causa do cumprimento exato das profecias ou por causa de sua precisão histórica.
  • A Bíblia diz que certas coisas aconteceram, e as descobertas arqueológicas respaldam que aconteceram exatamente como ela registra.
  • Outros podem apontar como prova da veracidade da Bíblia a sua precisão científica em um mundo não-científico. Por exemplo, o livro mais antigo da Bíblia, Jó, escrito no período patriarcal diz: “Ele suspende a terra sobre o nada.” (Jó 26:7).

A pessoa de Jesus Cristo é a maior prova da veracidade das Escrituras Sagradas. Cada personagem concebido pela mente humana é de alguma forma falho. De alguma forma, tudo o que tocamos é contaminado com nossos traços imperfeitos, em um grau ou outro. É além da possibilidade humana inventar uma pessoa como Jesus Cristo, como Ele é retratado nas páginas das Escrituras.

Sua pessoa é tão perfeita, Sua sabedoria é tão profunda! Sua resposta a cada evento é dada de forma perfeitamente consistente com a natureza divina. Portanto, é inconcebível que um homem ou homens pudessem inventar Jesus Cristo. Muito menos possível que demônios poderiam inventá-lo e, assim, criar algum engano monumental para a raça humana na forma das Escrituras.

Jesus Cristo, como uma pessoa, é tão atraente, profundo e perfeito, que está além da possibilidade de invenção humana. Sua perfeição aparece de forma abrangente em cada momento. A mente humana jamais poderia conceber um personagem como Jesus.

Temos visto isso repetidamente em todos os pontos no evangelho de Lucas. Estamos pela terceira vez na seção sobre a tentação, onde a Sua perfeição atinge um novo nível, na medida que Ele se engaja em conflito com o seu arqui-inimigo, o inimigo de Deus, o caído, ungido querubim.

Este, conhecido pelo nome de Lúcifer, se tornou o diabo e Satanás. Ele se envolve em conflito com Jesus, com o objetivo de destruí-lo. Mas, Jesus foi quem iniciou esse confronto, com o objetivo de validar sua filiação. E aqui vemos a majestade de Jesus Cristo novamente.

Temos um longo caminho a percorrer no Evangelho de Lucas, todo o caminho até o 24º capítulo. Embora existam mais capítulos em Mateus, existem mais palavras em Lucas. E, no momento em que chegarmos ao capítulo 24, se o Senhor não voltar antes, você terá visto a majestade de Jesus em cada ponto, em cada sermão, em cada verso neste Evangelho.

E eu confio que à medida que avançarmos, você vai chegar à mesma conclusão que eu cheguei, de que a revelação de Jesus Cristo nas páginas das Escrituras é o argumento mais convincente para a sua autenticidade.

Agora, na famosa obra ‘Paraíso Recuperado’, de John Milton, o autor expressa o propósito da tentação de Jesus no deserto, e ele faz isso com as seguintes palavras, como se faladas por Deus, Seu Pai. Milton escreve como se Deus estivesse falando:

Mas, primeiro eu penso em exercitá-Lo no deserto. Lá Ele deve primeiro estabelecer os rudimentos de sua grande guerra, antes que eu O envie adiante para conquistar o pecado e a morte – dois inimigos grandes – através de humilhação e forte sofrimento.

Bem, o lendário Milton tinha razão. Deus enviou o Filho para ser exercitado no deserto, onde Ele iria derrotar o diabo e, também demonstrar o poder para enfrentar a grande batalha que Ele travaria contra o pecado, que seria conquistado na cruz, e com a morte, conquistada na sepultura .

Se Jesus triunfasse no deserto, então Ele triunfaria no Calvário e Ele triunfaria no jardim. Ele triunfaria na cruz e no túmulo. E se Jesus vencesse Satanás no deserto, então poderíamos ter a certeza do triunfo e que o paraíso seria recuperado.

E, como estamos aprendendo com Lucas, capítulo 4, Ele triunfou no deserto e mais tarde Ele triunfou na cruz, onde esmagou a cabeça de Satanás com um ferimento fatal, destruiu o poder do pecado, garantindo livramento da condenação ao inferno para todos os que creem.

Ele venceu a morte. Ressuscitou ao terceiro dia. Subiu ao céu, de onde Ele continua a vencer todo o pecado e toda acusação feita contra o Seu povo, porque Ele vive eternamente para interceder por nós, de modo que, em Seu amor, em Sua graça, somos mais do que vencedores e nada pode nos separar do Seu amor eterno.

Agora, Sua habilidade para conquistar tais inimigos é demonstrada pela primeira vez no deserto. Claro que sabemos que durante trinta anos Ele foi tentado em todos os pontos como nós somos, mas nós nunca tivemos uma visão sobre qualquer uma dessas experiências.

Agora, pela primeira vez, vemos Seu poder conquistador em um conflito mais formidável com o inimigo e que põe em evidência todo o resto de suas conquistas, seja na cruz, no túmulo, e agora, no céu. Ele conquistou, por Sua graça e misericórdia, todo pecado e todas as acusações contra nós e é por isso que somos mais do que vencedores em Seu amor eterno. Isso não é tudo.

  • No futuro Ele virá como Rei dos reis e Senhor dos senhores, retornando à Terra, quando vai conquistar toda a impiedade.
  • Ele destruirá todos os pecadores não resgatados. Ele vai enviá-los para o lago de fogo.
  • Ele irá enviar todos os demônios para o lago de fogo.
  • Ele irá enviar a besta e o falso profeta, o Anticristo e seus capangas para o lago de fogo.
  • Ele enviará o próprio diabo ao Lago de Fogo.
  • E, então, destruirá o universo contaminado pelo pecado.
  • O universo vai, literalmente, sucumbir em um holocausto nuclear.
  • Os elementos se desfarão abrasados e, em seu lugar, Ele vai recriar um novo céu e uma nova terra de santidade e justiça, que vai durar para sempre.
  • Essa será Sua grande conquista definitiva do mal.

Então você vê, o que acontece aqui na tentação é uma antecipação do que está para vir através de todos os grandes acontecimentos da vida e ministério do Rei, o Messias, o Filho de Deus, o Salvador do mundo.

Acreditamos que Ele vai vencer no futuro porque Ele venceu no passado, e foi naquele deserto que tudo começou. É como se a garantia de seu futuro vitorioso fosse afirmada por Sua tentação no deserto, quando Satanás veio e O atacou com toda a fúria, usando seus melhores ataques. E Jesus resistiu a todos eles triunfalmente. Não só isto é uma prova e uma garantia do poder de Jesus, mas como eu disse da última vez, também é a evidência de que Ele é de fato o Filho de Deus.

Você se lembra que anteriormente a este episódio, Jesus foi batizado no rio Jordão por João (3:21-22). E, no momento do Seu batismo, Seu Pai Lhe disse: “Tu és o meu Filho amado. Em ti me comprazo.” (v.22). Deus tinha declarado Jesus como Seu Filho.

Agora, esta é uma afirmação monumental feita por Deus. Esta não é uma declaração comum, esta é uma declaração incomum. Isto é absolutamente único. E eu tenho mostrado a você que Lucas já tinha nos feito saber que Jesus é o Filho de Deus. Desde o capítulo 1, quando o anjo Gabriel anunciou a Maria, ele disse: “Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo…” (v. 32-a).

Também no verso 35: “…por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” E, em seguida, no capítulo 2, versículo 49, Jesus afirma que Ele tinha de estar na casa de Seu Pai. E, então, o próprio Pai, no batismo: “Este é o meu Filho amado. Em ti me comprazo.”

Então, já sabemos que este é o Filho de Deus. Jesus é chamado de Filho de Deus cerca de 80 vezes no Novo Testamento. Por 151 vezes, nos quatro evangelhos, Jesus se refere a Deus como seu Pai. Portanto, esta é uma expressão muito, muito comum.

Agora, deixe-me dizer-lhe. Isso é algo muito notável. Para Jesus, a pretensão de ser o Filho de Deus foi muito notável. O fato de Ele chamar Deus de “Meu Pai” era notável. Ela exprime eterna divindade. Ela expressa semelhança de natureza, como temos dito no passado. Deixe-me apenas colocar isso em perspectiva para você:

  • Apenas duas vezes nos 39 livros do Antigo Testamento, Deus é diretamente referido como Pai. Isso é tudo, apenas duas vezes.
  • Quinze vezes o termo “Pai” é usado para descrever Deus indiretamente.
  • Mas nunca há o uso de qualquer dessas expressões, de Deus como Pai, feitas por um indivíduo.
  • Sempre que o Antigo Testamento se refere a Deus como Pai, é como o Pai da nação de Israel, nunca como o Pai de um indivíduo.
  • Não há exemplo na existência da história judaica de ninguém se dirigir a Deus como “meu Pai”, de uma maneira pessoal.

Mas, Jesus fez isso o tempo todo. Jesus tinha um relacionamento com Deus que ninguém nunca tinha tido. Para os judeus, dizer “Deus é meu Pai,” seria afirmar possuir a mesma natureza de Deus, compartilhar da mesma essência que Deus, assim como no reino humano um filho compartilha a natureza de seu pai geneticamente. Mas, constantemente Jesus chamou Deus, de Seu Pai. 151 vezes essa relação é indicada nos Evangelhos.

E, além disso, Jesus não só chama Deus de Seu Pai, mas Ele usou o termo “Abba”, que significa ‘papa’, ou ‘papai’, que é um título mais íntimo. Para os judeus, ninguém poderia dizer que Deus era seu Pai, pois seria uma blasfêmia e eles acusaram Jesus de ser um blasfemador, porque quando Ele se refere a Deus como Seu Pai, estava fazendo-se igual a Deus.

Mas, era exatamente isso o que Ele estava fazendo. E, quando Ele se referiu a Deus como ‘Abba’, isso foi além da tolerância dos judeus. A doutrina mais formidável no judaísmo é o Shemá, que está descrita em Deuteronômio 6: “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor.” (v. 4). Isto é o que diferencia o Judaísmo das religiões politeístas do mundo.

O judaísmo é teísta (crê em Deus) e monoteísta (só há um Deus verdadeiro). E é isso que os judeus sempre celebraram, que o Senhor Deus é único. Então, alguém vir e dizer “Eu sou filho de Deus”, seria para o judeu uma ideia de que Deus fosse mais do que um. Impensável e blasfemo.

No Evangelho de João, lemos isso no primeiro verso: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”, falando de Cristo. No quinto capítulo de João no versículo 23, lemos: “A fim de que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai.”

Honrar o Filho como o Pai é honrado, significa dizer que o Filho é igual ao Pai, que Jesus é igual ao verdadeiro Deus vivo de Israel. Isso estava fora da compreensão monoteísta da teologia judaica.

Essa afirmação de ser o Filho de Deus foi o que atraiu mais a hostilidade dos judeus contra Jesus. Eles não poderiam aceitá-la. E, no entanto, Jesus continuou a dizê-la várias vezes. No Evangelho de João, 10:30, eles ouviram da boca de Jesus: “Eu e o Pai somos um”. O que aconteceu em seguida foi: “Os judeus pegaram pedras novamente para apedrejá-lo.”

Por que? Porque eles julgavam tais declarações como sendo blasfêmias. Alguns registros dessas afirmações de Cristo estão em João 14:9; 15:22; 17:5; 20: 28,31. Agora, ouçam: há uma grande realidade no Evangelho, e é que:

  • Jesus é o Filho de Deus. Ou seja, Ele compartilha a mesma natureza de Deus.
  • Ele possui a mesma natureza divina, como Deus.
  • Quando Jesus alegou ser Filho de Deus, os judeus sabiam exatamente o que Ele estava afirmando e foi por isso que eles queriam destruí-lo.

Satanás tentou Jesus, então. Ele não estava questionando se Jesus era o Filho de Deus. Quando você ler o texto no verso 3, “Se Tu és o Filho de Deus”, ou novamente no versículo 9, já falamos que a partícula “se” no início da frase, no texto original em grego, não tem a conotação de dúvida, mas de afirmação. A melhor tradução é: “já que Tu és o Filho de Deus…”. O diabo não estava questionando se Jesus é o Filho de Deus. Ele sabe quem Ele é. Lúcifer O conhecia desde antes da sua rebelião. Ele sabia exatamente quem é Jesus e, assim também, todos os demônios.

E eu já lhe disse, nunca houve uma ocasião na Bíblia na qual os demônios questionaram Jesus como o Filho de Deus. Eu disse da última vez que apenas teólogos heréticos fazem isso, os demônios não fazem isso, o diabo não faz isso. Eles conhecem os fatos.

O alvo das tentações não consistia fazer Jesus duvidar de Sua filiação. Não era para fazer Jesus provar sua filiação. Para nós, com certeza provou sua filiação. O alvo das tentações era fazer Jesus sair da Sua humilhação e agir por conta própria, independente da vontade do Pai e do poder do Espírito, portanto, colocar uma brecha na Trindade. Esse foi o alvo das tentações.

E o que o diabo estava tentando fazer aqui não foi apenas destruir Jesus, mas destruir a Trindade, criando rebelião dentro da Trindade. Lembre-se, agora, o Pai envia o Filho ao mundo para O humilhar e rebaixar. O Filho vem, deixa de lado o uso independente de todos os seus poderes divinos.

Ele ainda é Deus. Ele é Deus e homem ao mesmo tempo, mas Ele deixa de lado o uso independente dos poderes inerentes à Sua divindade e, literalmente, se submete à obra do Espírito Santo, sob a vontade do Pai.

O que Satanás quer fazer é levá-lo a resistir ao plano do Pai e do poder do Espírito, e buscar autossatisfação, agindo por conta própria. Em última análise, colocar uma brecha na Trindade, que jogaria todo o universo no caos. Não era uma coisa pequena o que estava acontecendo naquele deserto. Era uma batalha dirigida contra a divindade e a perfeição de Jesus Cristo, como também contra a unidade da Trindade.

E Satanás nunca poderia obter sucesso. E isso é encorajador, não é? O conflito foi fundamental para ficar atestada a divindade do Messias.
Ele deveria ser capaz de vencer Satanás, se Ele de fato é Deus. Ele deveria ser capaz de vencer a tentação. E Ele certamente deveria ser capaz de vencer o pecado e Satanás, já que Ele iria derrotá-los a nosso favor.

Bem, Ele pode, e Ele o fez. Ele deve, nas palavras de Hebreus 2:14, “aniquilar aquele que tinha o poder sobre a morte, a saber, o diabo, e libertar aqueles que estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.”

  • Jesus, a fim de nos libertar, deveria demonstrar Seu poder sobre Satanás.
  • Ele tinha que vencê-lo no deserto.
  • Ele tinha que vencê-lo na cruz.
  • Ele tinha que vencê-lo no túmulo.
  • E Ele ainda o está derrotando, através de Sua obra de interceder por nós.
  • Ele vai derrotá-lo quando voltar para destruir e lançá-lo com todos os seus demônios, juntamente com todos os ímpios, no lago de fogo, e, em seguida, destruirá o universo atual e recriará o novo.
  • Ele vai conquistá-lo em cada frente de batalha.
  • Mas, no deserto, Ele coloca esse poder em exibição pela primeira vez. Esta é uma passagem monumental das Escrituras.

A PREPARAÇÃO PARA A BATALHA

Já falamos sobre isso no primeiro sermão dessa série. Vou apenas lembrar alguns pontos que vimos com base nos versículos 1 e 2 do capítulo 4 de Lucas.

Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, onde Ele tinha sido batizado por João, foi levado pelo Espírito ao deserto durante quarenta dias. Sendo tentado pelo diabo, não comeu nada durante esses dias. Quando tinha terminado, ele ficou com fome.

Marcos 1:12 diz: “…o Espírito o impeliu para o deserto”. É uma palavra grega, ekball, que significa: ‘o Espírito, propositadamente, o enviou para o deserto’. Ele não foi parar naquele lugar e naquele confronto por ter dado uma brecha para Satanás o interceptar. O Espírito Santo literalmente O empurra (‘ekball’) para o deserto. Marcos 1:13 diz que Ele estava na companhia de feras, animais selvagens ali. Ele entrou naquele deserto. Ele tinha tido trinta anos de espera para começar Seu ministério.

Ele tinha sido anunciado para ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Pai disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Era hora de lançar Seu ministério, mas antes que pudesse começá-lo, Ele teria mais quarenta dias de peregrinação naquele desolado deserto da Judeia, onde a vida não pode sobreviver.

Por quarenta dias foi tentado. Durante quarenta dias Satanás não pôde obter êxito, porque, como o próprio Jesus declarou em João 14:30: “Satanás não tem nada em mim.”  Não há nada em Jesus, não há nada em sua natureza que possa responder ao pecado. Assim, toda a tentação vem e O atinge do lado de fora, pois Ele é imune ao pecado, por causa de Sua impecabilidade maravilhosa.

A BATALHA

Em segundo lugar, vimos, no segundo sermão, o padrão da batalha. Quarenta dias de tentação aconteceram. E, por quarenta dias, Jesus não comia (v. 2). Após os quarenta dias, Ele ficou com fome.

Agora, de repente, Jesus tem uma necessidade física. Durante quarenta dias, aparentemente, Ele não estava ciente de que estava com fome. Nesse período, Ele estava em batalha contra Satanás. Satanás O estava golpeando com todos os tipos de tentação. Não foi revelado nas Escrituras a natureza dessas tentações. Mas, Jesus derrotou todas. Ele era perfeito. Ele foi impecável durante todo tempo.

Mas, há uma nova vulnerabilidade que Satanás percebe, porque Jesus agora sente fome. E, assim, Satanás, em sua sutileza e engano, pensa que porque há agora fome por parte de Jesus, Ele pode ser seduzido diferentemente de antes.

Ele sentiu profunda fome. A fome é uma experiência árdua para um homem. Satanás enxerga essa vulnerabilidade e tenta seduzir Jesus para usar Seu poder divino dissociado da sua humilhação, não se submetendo ao poder do Espírito, nem ao plano do Pai.

Satanás sugere que Ele resolva o problema da sua fome e consequente fraqueza física, utilizando seus poderes para criar pão por sua própria vontade. Agir por conta própria. Ele tem o poder para fazê-lo. Ele poderia fazê-lo, se quisesse. Assim como na cruz, se Ele quisesse, poderia chamar uma legião de anjos para livrá-lo, como havia dito. Este é o tempo em que Satanás quer que Ele aja de forma independente, violando a unidade da Trindade.

Demônios, eles sabem que Ele é o Filho de Deus, como eu disse. Satanás nem estava lançando uma pergunta a Ele. Veja os versos 33-34de Lucas 4: “E estava na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz, dizendo: Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus.”

1. A primeira tentação é uma tentação para desconfiar do amor de Deus.

Como vimos no segundo sermão, Satanás O estava tentando como ‘o Filho de Deus’. Quero dizer, ele teria ido para alguém que não fosse o Filho de Deus e induzido a transformar pedras em pães? Não mesmo. A tentação, antes de tudo, era para levar Jesus a desconfiar do amor de Deus. Já vimos sobre isto.

E essa é a primeira categoria de tentação, desconfiar do amor de Deus. E isso, você vê, é o esforço do maligno para conduzir a uma fratura no Trindade, para levar o Filho a deixar de confiar no amor e cuidados do Pai.

Mas, você sabe, Jesus fez o oposto. Quanto mais sofrimento passou, mais privação, mais humilhação, mais forte Ele se tornou. Hebreus 5: 8: “Embora Ele fosse o Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu”. Apesar de Ele ser o Filho de Deus, Ele era também homem e, como um homem, Ele já havia sofrido por trinta anos, tendo sido tentado em todos os aspectos como nós somos, em todas as fases da vida.

E, então, aqueles quarenta dias no deserto, não o enfraqueceram. Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu. Ele era um homem mais forte agora do que jamais tinha sido. Ele cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.

  • Na idade de doze anos, Ele se tornou plenamente consciente de sua missão como o Filho de Deus e Messias, declarando que tinha que estar na casa de Seu Pai, fazendo a obra de Seu Pai.
  • E, em seguida, conforme Ele crescia e se desenvolvia ao longo dos anos de sofrimento em Sua humilhação, Sua força tornou-se maior e maior, porque era uma vida de obediência ininterrupta e perfeição.

Então, aqui Ele está na idade de trinta anos e aí Satanás vem e insinua: “você já não teve humilhação suficiente?”. Mas, o fato é que os trinta anos de humilhação, bem como os quarenta dias de sofrimento no deserto não O tinham feito mais fraco. Pelo contrário, Ele estava mais forte.

Então, sem nunca internalizar a tentação, Jesus responde imediatamente no versículo 4 e diz: “Está escrito: ‘O homem não vive só de pão.” Ele se recusa a duvidar do amor de Deus. Ele cita Deuteronômio 8: 3, como já vimos.

Ele está simplesmente dizendo que um homem não vive apenas porque ele come. Um homem vive porque obedece a Deus e Deus fornece o seu pão. E isso é o princípio. Vou confiar em Deus, Deus vai me deixar viver tanto tempo quanto Ele quiser. Minha vida está em suas mãos. Estou sob seu controle. Estou sob seu poder. Eu não vou agir independentemente de Deus.

Você sabe, os judeus não morreram no deserto porque não tinham pão. Eles tinham o maná. Eles morreram no deserto porque Deus os deixou lá e não iria deixá-los entrar na Terra Prometida, porque eles O desobedeceram.

2. A segunda tentação não consiste em desconfiar do amor de Deus, mas desconfiar do plano de Deus.

Como vimos no segundo sermão, a segunda tentação tinha como alvo induzir Jesus a desconfiar do plano de Deus. Satanás oferece a Jesus todos os reinos da Terra, tentando induzi-lo a chegar à coroa sem passar pela cruz. Satanás estava oferecendo um atalho. O plano de Deus incluía muito sofrimento ainda. Mas, se Jesus adorasse ao diabo, receberia a coroa de pronto.

  • Satanás conhecia o Velho Testamento. Ele sabia que o Messias iria morrer. Ele sabia que o Messias seria sacrificado pelo pecado. Ele entendia o sistema de sacrifício do Velho Testamento.
  • E, acredite, Satanás tem uma compreensão muito precisa da profecia do Antigo Testamento. Assim, ele está dizendo que Jesus poderia evitar a cruz, a humilhação, se quisesse, evitar cumprir o Salmo 22: “Meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?”, e obter a coroa. Mas, o preço seria adorar ao diabo.

Bem, em primeiro lugar, Satanás não tinha poder nem autoridade para fazer isso. Em segundo lugar, mesmo se pudesse, ele não iria querer. O que Satanás queria mais do que tudo? Ele queria estar acima de Deus, não foi? Foi por isso que ele caiu. Ele queria ser adorado por todos, incluindo Deus, incluindo Cristo.

A resposta de Jesus foi imediata. Jesus disse-lhe: “Está escrito: adore ao Senhor teu Deus e só a Ele servirás”, citando Deuteronômio 6:13. Ele não tem dúvida do plano de Deus. Nunca iria pegar qualquer atalho, a fim de evitar passar pelo que o Pai tinha estabelecido.

Categoricamente, experimentamos esses tipos de tentações: a tentação de desconfiança do amor de Deus e do plano de Deus. Somos tentados a fugir do plano de Deus, a evitar a cruz, a querer atalhos para a coroa.

Enfrentamos as mesmas lutas. Não que sejamos tentados, especificamente, para fazer o que Jesus foi tentado a fazer, porque não podemos fazer isso. Nós não temos o direito de governar o mundo, nem podemos transformar pedras em pães.

Mas, categoricamente, podemos e estamos sendo constantemente tentados por Satanás a desconfiar do amor de Deus e do Seu plano. E podemos cair nesse laço e passarmos a murmurar e nos queixar do amor de Deus e de Seu plano.

3. Chegamos, então, ao terceiro assalto: A distorção. Satanás propôs popularidade e aceitação a Jesus.

Então o levou a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus [ou já que Tu és o Filho de Deus], lança-te daqui para baixo. (Lucas 4:9)

Isso é uma coisa estranha, não é? Como seres sobrenaturais, saíram do deserto e já estavam no pináculo do templo.

  • Estive, em Jerusalém, no Monte do Templo, muitas vezes. Há um ponto em que a altura é vertiginosa. Você sabe, se você tem qualquer tipo de medo de altura, você não iria querer estar perto deste lugar.
  • O local onde o templo antigo foi edificado é um enorme platô, um lugar enorme, onde hoje é o Domo da Rocha e a Mesquita de Omar, lugares sagrados muçulmanos. Acredita-se que o templo original de Jerusalém ficava no extremo norte deste platô. Esse local é, de fato, o Monte Moriá, onde Abraão foi sacrificar Isaque.
  • Mas, na borda sudeste, há um precipício que dá para o vale Kedron. Segundo o historiador Eusébio, acredita-se que o irmão de nosso Senhor, Tiago, que era o líder do Concílio de Jerusalém, foi atirado vivo neste precipício, tendo morrido dessa forma cruel.

Agora, Satanás está insinuando:

Olha, você confia em Deus, não é? Você só quer obedecer a Sua Palavra. Você confia em Seu amor, em Seu cuidado e você só vai fazer o que a Sua Palavra diz para fazer, certo? Tudo bem, tudo bem, vamos dar um mergulho mortal templo abaixo.

Por que? E olha aqui, Satanás citando as Escrituras, versículo 10:

Porque está escrito…

Ele diz exatamente o que Jesus tinha dito: “Está escrito …”. É como se falasse: ‘Oh, Você quer ir pelas Escrituras, eu também posso citá-las. E ele cita o Salmo 91 versos 11 e 12: 

Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.

Se Jesus não iria desobedecer fazendo o que Deus não disse e não mandou fazer, talvez Ele O desobedeça fazendo algo que Deus disse. Esse era o espírito por traz da tentação.

É como se o maligno insinuasse:

Oh, você quer fazer apenas o que Deus disse… Bem, deixe-me citar as Escrituras. Já que você é o Filho de Deus, porque você não se joga neste precipício e, então, realiza uma coisa maravilhosa? Você vai demonstrar que a Palavra de Deus é verdade, que Deus cumpre Suas promessas. Ele vai enviar os anjos e nada vai te acontecer de dano…

Mas isso não é o que Jesus queria. Ele não queria popularidade. Ele não veio para ser popular. Ele não veio para ser aceito. Ele realmente passou a ser odiado. Era realmente essencial que Ele fosse odiado e rejeitado, a fim de que Ele fosse o que? Morto. E Ele iria morrer por crucificação e de nenhuma outra forma.

E Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus. (Lucas 4:12).

Agora, em primeiro lugar, houve a tentação de desconfiança do amor e cuidado de Deus. E, então, houve a tentação de desconfiança o plano de Deus; e, em seguida, a distorção.

A tentação de confiar em Deus presunçosamente, para, literalmente, ‘colocar Deus contra a parede’. Essa foi a tentação.

E, a propósito, Satanás sabia que Jesus era um homem e que uma queda como aquela iria matá-lo. Ele disse a Eva: “Você não vai morrer”, mas ela morreu. E isso frustraria todo o plano, porque Jesus deveria morrer derramando Seu sangue na cruz. Segundo a profecia, Ele teria que ser levantado. Satanás queria Jesus morto. Mas, ele queria Jesus morto ali mesmo.

Ouça, o diabo cita a Escritura e ele geralmente o faz com muita precisão. Desta vez, ele citou a Septuaginta. O diabo sabe a Bíblia, ele sabe disso muito bem. E, você sabe, as Testemunhas de Jeová, os Mórmons e todos os outros cultos e ocultistas usam muitas partes da Bíblia, distorcendo-as.

Isso porque o diabo sabe a Bíblia. Ele conhece a Bíblia, assim como você, ou melhor que você. Então, ele cita as Escrituras para Jesus. Mas Jesus nunca iria cair nessa armadilha.

  • Jesus nunca iria ter uma atitude presunçosa com relação a Deus.
  • Ele não agiria de forma independente. Jogar-se precipício abaixo para ser aclamado como Messias não era o plano de Deus. Este não era o propósito de Deus. Ele não iria se tornar uma espécie de herói voador.
  • Jesus não iria forçar a mão de Deus a fazer algo presunçosamente. Isto seria como dizer: ‘OK, Deus, Você prometeu cuidar de mim e me proteger, então eu vou me jogar nesse precipício para ver o cumprimento da Tua Palavra’. Ele nunca iria fazer isso.
  • Ele só faria o que o Pai quisesse que Ele fizesse. Ele iria seguir o plano ao pé da letra, agindo apenas debaixo da direção do Pai e poder do Espírito Santo, uma vez que tinha posto de lado qualquer uso independente de seus atributos divinos.

E não havia nenhuma solicitação da sua vontade para fazer isto, porque não havia Nele qualquer desejo para a desobediência, para o mal. As tentações vinham de fora, mas não encontravam qualquer traço de concupiscência Nele para poderem penetrar. Não havia Nele a capacidade para pecar.

Novamente, categoricamente, Satanás vai nos tentar a desconfiar do amor de Deus, a desconfiar do plano de Deus, e depois a confiar em Deus presunçosamente. Muitos saem vivendo suas vidas numa fé distorcida, pondo Deus a prova, pulando de precipícios e esperando que Deus dê um jeito.

Um exemplo de como Satanás tem usado essa arma contra a igreja

Eu estava no programa de Hank Hanegraaff esta semana [Maio/2000]. Eu não sei se algum de vocês conhecem, o título é “A Bíblia responde”. E foi apresentada uma gravação de Benny Hinn afirmando que Jesus havia dito a ele que iria aparecer corporal e fisicamente nas suas conferências.

  • E a primeira reunião de sua aparição seria em Nairobi, Quênia.
  • Jesus iria aparecer lá. “Eu sei que é difícil de acreditar”, disse Benny Hinn.
  • Enquanto a transmissão do programa estava acontecendo, veio uma reportagem da Reuters informando que naquela reunião em Nairobi de Benny Hinn, não houve qualquer relato de alguém ser curado.
  • E, pior, pessoas morreram porque tinham saído dos hospitais para ir à reunião, na esperança da aparição física de Jesus e de serem curados. Mas, como eles estavam gravemente doentes, não poderiam ter saído do hospital, e pereceram.
  • Mais tarde no programa, houve a exibição de uma gravação em que Benny Hinn aparece falando algo inacreditável.
  • Ele disse: “Jesus me disse que as pessoas vão ser ressuscitadas dentre os mortos através de meu ministério.” E ele disse várias vezes que Jesus o havia dito isso.
  • Então, continua: “Agora o que eu quero que você faça é que quando alguém morrer em sua família, você deve coloca-lo na frente da TV e o deixar lá por vinte e quatro horas com os braços do morto sobre o aparelho de TV ligado no meu programa. Ele irá ressuscitar.”
  • Então, Hank me deu um relatório sobre um pai, cuja história foi a seguinte: seu pequeno bebê morreu e, assim, ele o colocou no gelo e cruzou o país para levá-lo a uma reunião de Benny Hinn…(!!!).
  • Claro que isto é também brincar com as emoções das pessoas. Aquele bebê não se levantou dos mortos, nem todos os corpos pendurados sobre as TVs
  • Esta é uma blasfêmia, gente, isso não tem a ver com cristianismo. Esse tipo de coisa não tem absolutamente nada a ver com o cristianismo.

Hank me perguntou: “Por que você acha que ele [Benny Hinn] faz isso?” Eu disse: “Para ficar rico.” Curto e simples. Este ridículo e ultrajante comportamento é digno de uma resposta ultrajante. Se Ele, Benny Hinn ao menos dissesse que essas ideias partiram dele mesmo, isso já seria ridículo. Mas, quando ele afirma ‘Jesus me disse’, aí já é blasfêmia.

Deus vai ressuscitar os mortos em Seu próprio tempo. O diabo sempre vai tentar nos seduzir para colocarmos Deus a prova, numa atitude presunçosa. Mas, então, quando Deus não vem e faz do jeito que os homens determinaram… De quem é a culpa? Geralmente culpam Deus.

Conclusão

“E, acabando o diabo toda a tentação ausentou-se dele por algum tempo.” (Lc 4:13).

Após os quarenta dias de investidas e desses três últimos ataques, o diabo partiu. O diabo não é onipresente. Ele saiu derrotado. Mas, ele só O deixou temporariamente. Ele voltou e – acredite em mim – ele voltou a agir contra Jesus mais tarde e muitas vezes.

Veja a Lucas 22:28, Jesus fala aos discípulos:”E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.” Todo o tempo que eles estiveram juntos por aqueles três anos, foi um tempo de tentação.

O diabo veio novamente e novamente a Jesus, sem sucesso. Uma vez, ele veio através de Pedro, lembram disso? Em Mateus 16:22, Pedro disse: “Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso.” E Jesus o repreende (v. 23): “Para trás de mim, Satanás…”. Novamente, Satanás tentando Jesus para evitar a cruz.

Em João 13:27, Satanás entrou em Judas e provocou a traição. Quer dizer, Satanás vinha contra Jesus através de muitas circunstâncias diferentes. Mas, Jesus o esmagou na cruz, e o esmagou no túmulo. E, no final, é claro, vai destruir todo o mundo de pecado.

Em conclusão, apenas rapidamente, o que podemos aprender com isso? Algumas lições. Podemos conhecer as estratégia de Satanás. Ele vai nos tentar a desconfiar do amor de Deus, a desconfiar do plano de Deus e, também, vai nos tentar a presumir que Deus está falando ou agindo, quando não está.

Se nós vencermos as duas primeiras categorias, resistindo à tentação de desobedecermos o que o Senhor determinou em Sua Palavra, aí então ele vai nos tentar a agir estupidamente por orgulho e vontade própria, presumindo ser ação de Deus e ainda baseando nosso comportamento numa visão deturpada da Palavra. Essa é a sua estratégia.

Quais as condições favoráveis para o tentador vir a nós?

Bem, pelo que vimos no exemplo de Jesus, temos que ter maior vigilância e cuidado quando nossa vida com Deus está elevada. Jesus tinha acabado de ouvir de Deus: ‘Este é o meu Filho amado’, e foi alvo de grande investida do inimigo.

Assim, devemos vigiar quando estamos servindo a Deus fielmente, quando tivemos a oportunidade de fazer a vontade de Deus e a fizemos, enfim, quando estamos festejando vitórias sobre o pecado, o mundo. Porque nesses momentos nos serão lançadas tentações sutis e maiores.

Também, devemos estar alertas quando estamos fisicamente fracos. Estejamos atentos quando estivermos em um ambiente hostil, desconfortável de alguma forma para nós. E, sejamos muito alertas em relação a sermos tentados a distorcermos as Escrituras.

Como podemos derrotar Satanás? Como Jesus o derrotou?

Três vezes, o que Ele fez? Citou o que? As Escrituras. Devemos estar comprometidos a obedecer a Palavra de Deus. Primeiro de tudo, temos que conhecer a Palavra. Não apenas um conhecimento mental. Mas deve haver no nosso coração um compromisso em vivê-la.

Quando Satanás desafia nossa lealdade a Deus e nossa confiança no amor de Deus e no plano de Deus, quando Satanás tenta nossa vontade para agirmos de maneira inapropriada para com as promessas de Deus, o que vai nos manter firmes é o nosso conhecimento da Palavra de Deus e nossa devoção a obedecê-la.

Jesus nos mostra aqui um padrão a seguir em nossas própria lutas. Confiar no amor de Deus. Confiar e seguir o plano de Deus. Não sermos presunçosos quanto às Suas promessas e Sua graça. E a capacitação para vencer é estarmos firmes, ancorados na Palavra.

Em 1 Pedro 2: 21, lemos que “Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.” Isso não é grande? Vamos orar.

Bendito Deus, somos tão maravilhados que o Senhor tenha nos dado esta visão sobre este muito privado encontro do nosso Senhor Jesus Cristo com o diabo. Nós agradecemos porque esta é uma daquelas magníficas e majestosas imagens a nos revelar que Jesus é, de fato, o Filho de Deus, perfeito, sem pecado. Ele é o Salvador que derrotou o diabo, venceu a tentação e o pecado. Hoje intercede por nós e um dia, quando Ele voltar, irá destruir o pecado para sempre. É em Seu poder que descansamos e estamos seguros.

Que possamos nunca cair nas mentiras sedutoras de Satanás e, sempre, confiar em Teu amor, em Teu plano pacientemente, e nunca termos uma atitude presunçosa diante de Tua bondade, Tuas promessas, ou Tua graça. E que nós sempre busquemos ter o conhecimento da Palavra e o compromisso em obedecê-la. Que nós, como o salmista, possamos esconder Tua Palavra em nossos corações para nós pecarmos contra Ti. Que possamos seguir o exemplo do Salvador, que mesmo em meio aos sofrimentos, não cometeu pecado. Oramos em Teu nome. Amém.


Este sermão é uma série de 3 sobre a tentação do deserto.

A Tentação no Deserto (Parte 1)
A Tentação no Deserto (Parte 2)
A Tentação no Deserto (Parte 3)


Este texto é uma síntese do sermão “The Temptation of the Messiah, Part 2″, de John MacArthur em 14/05/2000.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/42-51/the-temptation-of-the-messiah-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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1 Response

  1. FRANCISCO SOARES DA COSTA NETO disse:

    A Graça é a Paz do Senhor.
    Gostei muito, aprendi bastante e gostaria se for possível estudar a Bíblia juntos.
    E principalmente viver a Palavra do Senhor.
    Que Deus continue abençoando vc sua família e amigos e seu ministério.

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