A Realidade da Ressurreição (1)


Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre a ressurreição de Jesus, acontecida há 2.000 anos atrás, e a de todos os que morreram, algo que acontecerá após a volta de Cristo. Veja os links dos sermões já publicados no final desta página.


Nosso assunto é ressurreição. Estamos procurando entender esse assunto em 1 Coríntios, capítulo 15. O cristianismo é a religião da ressurreição. Mais do que qualquer outra coisa, o cristianismo é sobre ressurreição. Tanto a ressurreição do Senhor Jesus Cristo, como a ressurreição dos crentes para habitarem com Ele eternamente no céu.

Mas, o que a maioria das pessoas não sabe, é que o cristianismo também é sobre a ressurreição do ímpio, para que esse receba um corpo adequado para o castigo eterno. O cristianismo é uma revelação da intenção de Deus de criar seres eternos. Nós não seremos espíritos desencarnados, seremos espíritos em um novo corpo adequado para a vida eterna.

Quando olhamos para a ressurreição, temos que chegar ao ponto alto desse assunto, que é a ressurreição de nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. É por causa de Sua ressurreição – a demonstração de que Ele tem poder sobre a morte – que nós acreditamos que nossa ressurreição virá. As Escrituras são claras: todo ser humano, desde Adão até o último mortal, ressuscitará dos mortos, mesmo os filhos do diabo.

Os incrédulos de todas as eras serão ressuscitados dentre os mortos com corpos adequados para o inferno. Os crentes serão ressuscitados dos mortos e receberão corpos adequados para o céu. A ressurreição, então, é o destino de todo ser humano. E quem operará essas ressurreições será o Senhor Jesus Cristo. Ele liberará Seu poder divino para ressuscitar os mortos. Nós vimos sobre isso, por exemplo, em João 5:28-29, onde lemos que Deus deu a Ele todo o julgamento, bem como o privilégio de ressuscitar os mortos – alguns para a vida e alguns para a condenação.

O que a Bíblia diz sobre a ressurreição não é aquilo que geralmente está na crença religiosa típica. De fato, há muitos que rejeitam de todo coração a noção de ressurreição. Algumas religiões, e até algumas seitas cristãs, ensinam que há um sono da alma, isto é, quando você morre, sua alma adormece e talvez, diriam alguns, possa acordar mais tarde. Outros diriam que para a maioria das pessoas, ou seja as que são incrédulas, não haverá ressurreição, mas a sua aniquilação, deixarão de existir. Isso quer dizer que eles vão morrer e sair da existência – extinção completa.

Existem outras religiões que acreditam na reencarnação – uma espécie de reciclagem. A mesma alma volta à vida, só que em outra forma. A alma pode voltar na forma de um rato, uma vaca, um ser humano. Mas, se a pessoa havia feito muita coisa errada em sua vida anterior, ela vai morrer e voltar a viver numa realidade de corpo pior, como um animal ou uma pedra. E o ciclo de vida-morte-reencarnação nunca termina.

Há ainda a crença antiga da absorção. Apesar de antiga, é muito popular até hoje. Hindus e budistas ensinam absorção. O que isso significa? Bem, quando você morre, seu corpo perde sua existência permanentemente, e sua alma, seu eu, é absorvida de volta pela divindade universal da qual todos somos uma faísca, como se uma pequena faísca caísse no Sol e fosse completamente engolida pelo Sol em si. A doutrina da absorção ensina que você perde sua identidade pessoal quando morre. Você, para todas as intenções e propósitos, sai da existência e é absorvido de volta para a divindade da qual você veio como uma faísca.

Isso não é apenas algo que é ensinado por budistas e hindus, isso é algo ensinado por alguns que se dizem “cristãos”. Um conhecido ministro cristão inglês que, é claro, era incrédulo, um homem muito famoso, chamado Leslie Weatherhead, escritor de muitos livros, disse o seguinte: “Importaria se eu estivesse perdido como uma gota de água no oceano, se eu pudesse ser uma partícula brilhante em alguma onda gloriosa que partisse em esplendor absoluto e em perfeita beleza das praias de um mar eterno?” Isso é absorção.

Isso foi ensinado por um ministro cristão e acreditado por muitos. Nada disso é verdade. A Bíblia não ensina o sono da alma. Não ensina nenhuma forma de extinção da existência da alma. Não ensina nenhuma forma de reencarnação. Não ensina nenhuma forma de absorção. Você viverá como você, para sempre, em uma forma ressuscitada, com sua identidade intacta.

Daniel 12:2, assim diz: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” Tudo o que agora é pó – ou seja, os corpos mortos decompostos – será ressuscitado para a vida eterna ou para a condenação eterna. Agora, lembre-se, os coríntios estavam tendo um problema com esse assunto, porque os gregos não acreditavam em ressurreição corporal.

Eles acreditavam na imortalidade da alma, que a alma viveria para sempre com uma certa identidade própria, mas que o corpo era mau. Eles criam num dualismo filosófico de que tudo o que é material é corrompido, porque é mau, e a pior coisa possível de imaginar seria morrer e obter outro corpo, porque os corpos em si mesmos são maus. Assim criam os gregos.

Desse modo, em Corinto, a idéia cultural dominante da imortalidade da alma e da extinção do corpo foi então trazida para a igreja por pessoas que haviam se convertido e crido no Senhor Jesus Cristo, mas estavam lutando com a ideia de ressurreição física, por causa da influência da cultura de onde vieram. Assim, Paulo escreve, nesse capítulo 15 de Coríntios, o mais completo e abrangente tratamento doutrinário sobre o assunto.

Coríntios é, principalmente, uma carta sobre a vida prática na igreja, embora contenha algumas grandes verdades teológicas. Não há nada parecido com esse capítulo de 1 Coríntios, no qual você encontra esse extenso ensino acerca da ressurreição. A razão pela qual Paulo assim escreveu foi porque aqueles crentes coríntios estavam tendo dificuldade em crer na ressurreição.

Quando Paulo estava conversando com os filósofos gregos, na Grécia, falando sobre a ressurreição, eles ficaram chocados. Atos 17:18-20, diz:

18 E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição. 19 E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? 20 Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser isto.

Agora, verso 21: “todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade.” Isso é o que a Filosofia sempre faz. A filosofia nunca chega à resposta, mas apenas espera por algo novo. E aqui estava este novo ensinamento vindo deste homem (Paulo) sobre a ressurreição.

No versículo 31, do mesmo capítulo, ele diz: “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” O Juiz de todos os homens ressuscitou dos mortos. E Ele ressuscitará todos os seres humanos.

Verso 32: “Quando eles ouviram falar da ressurreição dos mortos, alguns começaram a zombar, mas outros disseram: ‘Nós o ouviremos novamente a respeito disso’”. Isso era novo novo para eles. O que Paulo lhes falava parecia estar ligado a uma divindade estranha. Não era normal para eles.

Porém, a ressurreição é o coração do cristianismo. Deus está reunindo para Si uma família eterna, que viverá para sempre em Sua presença, em corpos glorificados.

Como serão esses corpos glorificados? Nós veremos isso mais adiante neste capítulo de 1 Coríntios. Eu já diria a você que eles serão como o corpo da ressurreto de Cristo. Paulo diz isso em Filipenses 3. Jesus declarou que Ele era a ressurreição e a vida. Ele declarou que, “se você destruir esse corpo, em três dias eu vou levantá-lo”, e Ele fez exatamente isso.

Sua morte e ressurreição estavam sob Seu controle. Ele declarou ter o poder para dar Sua vida e para tomá-la de volta. Ele disse: “Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” (Jo 10:18).

Assim, Paulo, neste capítulo 15 de 1 Coríntios, explica em detalhes tremendamente ricos o significado da ressurreição. Deixe-me ler os 12 versículos iniciais.

1 Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis.
2 Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.
3 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,
4 E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
5 E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze.
6 Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também.
7 Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos.
8 E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.
9 Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus.
10 Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.
11 Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido.
12 Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?

Essa é a sua declaração inicial. Em outras palavras, ele está dizendo: “Você já acredita que Cristo ressuscitou dos mortos. Como, então, pode dizer que não há ressurreição dentre os mortos?”.

A Bíblia é a história da vida, morte e ressurreição. E isso inclui não apenas os seres humanos, mas toda a criação, porque nos é dito que Senhor vai destruir este Universo, vai derretê-lo com calor imenso, e criará um novo céu e uma nova terra. Haverá uma ressurreição para o universo inteiro, assim como para todos os humanos que já viveram nele.

Como cristãos, então, temos que proclamar a todos os homens que eles serão ressuscitados dentre os mortos e receberão um corpo adequado para o inferno, para sentir a dor do castigo eterno, se eles não crerem em Cristo. Solomon Stoddard, sogro de Jonathan Edwards, disse:

O pavor da condenação eterna é o meio talvez mais eficaz para levar os pecadores à verdadeira humilhação, através de um sentimento de que seu pecado é deplorável à luz da santidade de Deus. Devemos pregar para que haja a possibilidade da convicção de pecado despertada por Deus. Siga isso com a esperança de que a graça de Cristo é a única maneira de ser liberto desse julgamento eterno.

Bem, certamente a igreja contemporânea perdeu o contato com isso. Nós não acreditamos que o único meio eficaz para levar os pecadores à verdadeira humilhação é lhes pregar o inferno, mostrando-lhes como o pecado contrasta com a santidade de Deus. Nós temos que pregar isso. Mas, mesmo para nós como crentes – e é por isso que o capítulo 15 de 1Coríntios é dirigido à igreja – precisamos restabelecer nossa esperança na ressurreição vindoura.

Colossenses 3:1 nos diz para colocarmos nossas afeições nas coisas do alto e não nas coisas da Terra, porque nossa vida já está no céu com Cristo. Não somos muito celestiais, nem mesmo nós, os crentes. Somos apegados com este mundo, com nossa mortalidade, com o físico, mas com pouca atenção para o que é eterno. Em 1 João, capítulo 3, versos 1 e 2, recebemos uma promessa maravilhosa:

1 Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele.
2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.

Seu futuro, como um crente, é ser ressuscitado para ter um corpo tal como o corpo do Cristo ressuscitado. Essa é sua esperança. Você pode melhorar este corpo que tem agora, mas a verdade é que você precisa de um corpo completamente novo para habitar em um novo céu e uma nova terra. Precisamos ter nossa mente mais voltada para a ressurreição, menos preocupados com esse mundo.

Então, Paulo quer que entendamos a centralidade da ressurreição. E, assim, ele começa a tratar do assunto nos versos que já lemos (1Co 15:1-12) iniciando com a ressurreição de nosso Senhor, porque como é dito no verso 12, “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?” Esse será o ponto focal de seu argumento. Vamos analisar cada argumento usado pelo apóstolo nesses versos:

Primeiro argumento: Cristo ressuscitou.

E, assim, o apóstolo inicia os onze versículos desse capítulo com o testemunho de que Cristo ressuscitou dos mortos. É um testemunho poderoso. Primeiro, esse é o testemunho da igreja. Vamos ver os versículos 1 e 2:

Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.

E o que é o evangelho? Vá até o versículo 3: “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras.” Veja o versículo 4: “Ele foi ressuscitado no terceiro dia. ” Esse é o evangelho. Paulo está dizendo, em outras palavras:

Eu preguei esse evangelho para vocês e vocês o receberam; vocês estão nesse evangelho. Vocês estabeleceram suas almas nessa verdade. Vocês construíram suas vidas sob o fundamento desse evangelho. Portanto, vocês afirmam que Cristo morreu por nossos pecados, que Ele foi sepultado e foi ressuscitado no terceiro dia. Vocês já creem nisso.

Paulo está lembrando aos coríntios que eles já criam no evangelho, criam na morte e ressurreição de Cristo, e assim, como consequência, deveriam crer na ressurreição de todos os mortos. O livro de Atos começa assim:

1 Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar,
2 Até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
3 Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus.”

Por quarenta dias após a ressurreição, nosso Senhor apareceu várias vezes, provando Sua ressurreição. Ser um cristão implica crer na ressurreição de Jesus. Romanos 10: 9-10:

9 A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.

Você não pode ser cristão se você negar a ressurreição. E há muitos cristãos “liberais” que se identificam como cristãos, até pastores, mas que não acreditam na ressurreição. Paulo diz aos coríntios que a própria existência deles como uma igreja verdadeira também se devia ao fato de eles creem na ressurreição. E então, no versículo 2, ele acrescenta: “se não é que crestes em vão.” Esse é o evangelho. Ele fala sobre morte e ressurreição.

Paulo reforça seu argumento de que você não pode ser cristão sem crer na ressurreição. É óbvio que ninguém se torna um cristão apenas por acreditar na ressurreição. Mas, não acreditar na ressurreição é indicativo de que você não conheceu nem creu no evangelho. E isso, necessariamente, traz a condenação. Os demônios acreditam na ressurreição. Satanás acredita na ressurreição. O mundo está cheio de “pessoas cristãs” que dizem crer na ressurreição de Jesus, mas não se arrependeram, confessaram a Jesus como Senhor e foram salvos.

Então, novamente, acreditar na ressurreição não necessariamente traz salvação, mas não acreditar na ressurreição necessariamente traz a condenação. Os coríntios haviam sido transformados; a salvação estava em exibição. Sua fé não era falsa, sua fé era real. Volte ao capítulo 6, versículos 9 e 10, onde Paulo diz:

9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?
10 Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.

Em outras palavras, sua salvação aconteceu através de sua fé no Senhor Jesus Cristo, e essa salvação é evidenciada pela transformação de sua vida. Você não vive mais do jeito que costumava viver. Assim, a própria existência da igreja e a transformação de todo verdadeiro crente são prova da ressurreição. Cristo está vivo e está transformando aqueles que creem Nele. Ele tem o poder de ressuscitar os mortos, e tem o mesmo poder para dar vida aos pecadores mortos e livrá-los de seus padrões condenatórios de vida.

Todos os cristãos verdadeiros creem na ressurreição do Senhor Jesus e esses cristãos são ilustrações vivas do poder da ressurreição. E isso é uma antecipação desse poder especial da ressurreição física que vamos experimentar no futuro. Assim, o primeiro argumento de Paulo é que a igreja, a própria existência de pessoas transformadas, demonstra que Cristo está vivo, porque se eles foram transformados, é porque eles acreditam em Sua ressurreição e, estando Jesus vivo, Ele transformou suas vidas.

Segundo Argumento: O testemunho da Escritura.

Verso 3: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras…”. Essa expressão “primeiramente vos entreguei” precisa de alguma análise mais profunda. Paulo está simplesmente dizendo: “Eu transmiti a vocês o que recebi”. Isso foi o que o apóstolo fez, ele passou adiante o que havia recebido.

No capítulo 11, quando ele estava dando instruções sobre a Ceia, a Mesa do Senhor, ele disse: “Pois eu recebi do Senhor aquilo que lhes entreguei”. Então, lá, ele diz em sentido inverso: “Recebi de o Senhor, eu entreguei a você.” Aqui, ele diz: “Eu entreguei a você o que recebi do Senhor.” A mensagem que Paulo deu era do Senhor, não era uma mensagem inventada humanamente.

Olhe por um momento para Gálatas, capítulo 1. Esse é realmente um capítulo poderoso. Paulo se apresenta e se dirige às igrejas na província da Galácia. Veja a partir do versículo 11:

11 Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.
12 Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.
13 Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava.
14 E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.
15 Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,
16 Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue,
17 Nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco.
18 Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias.

Lembre-se de que Paulo estava na Estrada de Damasco para perseguir os cristãos. O Senhor o impediu, cegou-o, chamou-o, salvou-o e depois ensinou-o por revelação direta durante três anos em Nabateia e na Arábia. Só depois de ter sido preparado por essa revelação, foi que ele se apresentou aos demais apóstolos. E qual foi a mensagem que foi entregue a ele? Esta: que Cristo morreu pelos nossos pecados, de acordo com as Escrituras.

Paulo era um judeu bem versado nas Escrituras do Antigo Testamento. Era um fariseu fastidioso, zeloso e fanático. Ele conhecia o Antigo Testamento, havia sido educado pelo melhor estudioso judeu, Gamaliel, educado nas melhores escolas e sinagogas. Ele conhecia o Antigo Testamento, e foi ensinado pelo próprio Senhor que a morte de Jesus, o sepultamento de Jesus e a ressurreição de Jesus estavam todos no Antigo Testamento.

A ressurreição é prometida no Antigo Testamento, não apenas a ressurreição dos santos, como eu li em Daniel 12: 2, mas a ressurreição do Senhor Jesus. E, a propósito, a palavra “primeiramente”, no versículo 3, é “prótos”, no original. Significa a primeira coisa, a realidade mais essencial, a principal. Qual é a coisa principal? Qual é a mensagem principal do evangelho? Cristo morreu, foi sepultado e foi ressuscitado no terceiro dia. Essas são as três principais verdades do evangelho. Essas são as primeiras coisas, as prioridades.

A frase “pelos nossos pecados” explica o porquê de tudo isso: foi pelos nossos pecados. Ele não morreu para nos deixar um bom exemplo. Ele não morreu como um mártir bem-intencionado. Ele não morreu mostrando que você poderia triunfar sobre o mal. Ele morreu pelos nossos pecados. Isaías disse isso, não é? Isso está de acordo com as Escrituras.

Você diz: “Onde está dito isso no Antigo Testamento?” Está em Isaías 53, dentre outros textos. Versos 4 a 6:

4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.

O Senhor fez a iniqüidade de todos nós cair sobre Ele. Diz o versículo 10 que “ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.” O Antigo Testamento fala sobre o “servo do Senhor”. Todos os judeus sabiam que o “servo do Senhor” em Isaías era o Messias, que viria e seria morto pelos pecados do Seu povo. Cristo morreu por nossos pecados, de acordo com as Escrituras.

E há muitas outras figuras de Sua morte por todo o Antigo Testamento, no sistema sacrificial que percorre todos os livros do Antigo Testamento. Essa é a mensagem de primeira importância. O Antigo Testamento previu que o Messias viria e morreria pelos pecados do Seu povo. O Filho de Deus veio, morreu em nosso lugar por nossos pecados, tomou nosso castigo, satisfez a ira divina de Deus para que Deus pudesse nos perdoar.

E então, Ele foi sepultado. Por que isso é importante? Porque isso prova que Ele estava morto. Verso 31, de João 19:

Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.

Eles quebravam as pernas dos crucificados para acelerar a morte, pois com as pernas quebradas, eles não poderiam mais erguer o corpo para respirar e, assim, seriam asfixiados. O texto continua:

32 Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado;
33 Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.
34 Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.

Seu coração tinha sido literalmente perfurado. Não havia dúvida de que Ele estava morto. Aqueles soldados romanos eram especialistas em morte. Eles constataram que Jesus estava morto. Em seguida, o versículo 38 diz:

Depois disto, José de Arimatéia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.

Pilatos concedeu permissão. Pilatos pediu informações antes de conceder a permissão, para ter certeza de que o Senhor estava morto. Ele queria ter certeza de que estava morto antes de entregá-lo àquele homem. Marcos 15:44-45:

Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José…

Ele foi sepultado. Não há nenhuma escritura específica no Antigo Testamento que nos fala sobre Seu sepultamento, e é por isso que Paulo não diz “sepultado, de acordo com as Escrituras”. Mas, se alguém está morto, é enterrado. E aquelas pessoas sabiam avaliar quando alguém estava morto, claramente morto, inconfundivelmente morto. Não poderia haver erro nesse ponto.

Em seguida, leia mais em João 19, verso 41: “Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro.” Eles manejaram Seu corpo. Eles usaram especiarias em Seu corpo. Eles envolveram Seu corpo com faixas. E isso implicava manuseá-lo e virá-lo bastante. Claramente Ele estava morto. É de importância essencial que a Sua morte tenha sido atestada. Foi atestada pelos romanos, pelo centurião e até mesmo por aqueles que cuidavam de Seu corpo. Ele estava morto, então ele foi sepultado.

Mas, Ele foi ressuscitado no terceiro dia, de acordo com as Escrituras. Que escrituras falam sobre Sua ressurreição? Bem, você poderia voltar para Isaías 53, aquela declaração maravilhosa e incrível nos versos 10 e 11:

10 quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.

Preste atenção: se Ele estava morto, como veria a Sua descendência? Todos nós gostaríamos de viver o suficiente para ver as gerações subsequentes que vêm depois de nós. Gostaríamos de saber como serão os filhos dos filhos dos filhos dos filhos de nossos filhos. Nós não os veremos Nós morreremos e deixaremos este mundo. Mas, nosso Senhor comprou uma família em Sua morte e Ele verá Sua descendência. Deus prolongará Seus dias. Ele verá e ficará satisfeito.

Não só isso, mas: “Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo…”, verso 12. Em outras palavras, Deus irá eternamente recompensá-Lo, o que indica que tem que haver uma ressurreição. Quando Pedro pregou no Dia de Pentecostes, se você se lembra daquele sermão em Atos, capítulo 2, ele é essencialmente uma explicação do Salmo 16. Pedro diz, a partir do versículo 24 de Atos 2:

24 Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela;
25 Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido;
26 Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança;
27 Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;
28 Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; Com a tua face me encherás de júbilo.

Essa é uma citação do Salmo 16, prevendo a ressurreição do Senhor Jesus Cristo. E eles pregaram a ressurreição ao longo do livro de Atos. Eles pregaram a ressurreição. Atos 4 descreve os apóstolos pregando no templo. Os sacerdotes, o capitão da guarda do templo e os saduceus vieram até eles, muito perturbados porque os apóstolos estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dentre os mortos. E eles colocaram as mãos sobre eles e os colocaram na cadeia. E isso não os calou.

No versículo 10, Pedro disse: “Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós.” Ele está falando do Messias e cita o Salmo 118, no verso 11 e conclui no verso 12:

11 Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
12 E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.

Eles pregavam a Jesus e a ressurreição como o cumprimento das Escrituras do Antigo Testamento. No capítulo 10 de Atos, Pedro está pregando novamente, a partir do versículo 38, ele abre a boca e diz:

38 Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.
39 E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judéia como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro.
40 A este ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse,
41 Não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos juntamente com ele, depois que ressuscitou dentre os mortos.
42 E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.
43 A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome.

Os profetas deram testemunho. Lembre-se, na Estrada para Emaús, Jesus falava de Si mesmo, do Seu sofrimento e de Sua glória, começando em Moisés, os profetas e todas as Escrituras Sagradas. Haveria sofrimento e depois glória. E isso implica ressurreição. Essa é a mensagem que os apóstolos pregaram através do livro de Atos. Tudo está de acordo com as Escrituras.

Terceiro Argumento: As testemunhas oculares.

Isso é muito, muito importante para o apóstolo Paulo. Começando no versículo 5 de I Coríntios 15:

5 E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze.
6 Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também.
7 Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos.
8 E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.

No mesmo dia da ressurreição, de acordo com Lucas 24, o Senhor ressuscitado encontrou dois de Seus discípulos na Estrada para Emaús. E Ele foi para a casa deles, sentou-Se à mesa com eles, revelou-Se a eles, e eles declararam que seus corações ardiam dentro deles enquanto gozavam daquela comunhão com o Cristo ressuscitado. Também, naquela mesma noite de Sua ressurreição, Ele apareceu no cenáculo a todos os apóstolos reunidos, com exceção de Judas, que havia morrido, e de Tomé, que não estava lá por algum motivo.

Os julgamentos em tribunais humanos sempre funcionam melhor quando são fornecidas evidências através do depoimento de testemunhas oculares, especialmente testemunhas oculares inteligentes, competentes, objetivas e sadias. Então, Paulo apela para isso nesse texto que estamos examinando. As testemunhas oculares são confiáveis. Ele apareceu para Cefas (o nome aramaico do apóstolo Pedro). Pedro foi a primeira testemunha ocular apostólica. Lucas 24:34, “O Senhor ressuscitou…” – diz Maria – “e apareceu a Simão”.

O Senhor apareceu primeiro aos discípulos na Estrada para Emaús, para as mulheres no sepulcro e depois, para a primeira aparição apostólica, a Simão Pedro. Quão gracioso isso é, se considerarmos que Pedro foi quem O negou três vezes. Esse é o começo da restauração desse apóstolo. Thomas Arnold, chefe de quatorze anos da Academia de Rugby na Inglaterra, autor dos três volumes da História de Roma, responsável pela Cadeira de História Moderna em Oxford, no passado, disse:

A evidência da ressurreição de nosso Senhor foi minuciosamente examinada por dezenas de milhares de pessoas. Eu mesmo fiz isso muitas vezes, não para persuadir os outros, mas para me satisfazer. Não conheço nenhum fato na História da humanidade que seja provado por evidências melhores e mais completas de todos os tipos do que a morte e ressurreição de Cristo.

O grande teólogo Charles Hodge disse: “É o evento melhor autenticado na História Antiga.” Ele foi visto. Ele apareceu literalmente. Ele apareceu a Pedro; e não apenas Pedro, depois aos onze. Ele apareceu para eles de novo e de novo e de novo. Isso aconteceu naquela noite do domingo de Sua ressurreição, no domingo seguinte à noite após a ressurreição, e desta vez Tomé estava lá. E, então, repetidamente, como eu li antes, no livro de Atos. Durante um período de quarenta dias, Ele continuou aparecendo várias vezes. Em Atos, capítulo 1, versículos 21 e 22, temos:

É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.

Os apóstolos estão dizendo: “Nós temos que escolher alguém para ocupar o lugar de Judas.” Eles puseram dois homens à frente e oraram, versos 24 e 25:

Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar.

Eles tiraram sorte, e Matias foi acrescentado aos onze apóstolos. Mas, para poder ser escolhido para ocupar o lugar de Judas, Matias tinha que também preencher uma exigência: ele tinha que ser uma testemunha da ressurreição.

Aqueles eram homens de qualidade. Eram os melhores dos homens. Aquelas não eram testemunhas oculares marginais, mas os apóstolos que tiveram comunhão com o Cristo ressuscitado repetidamente. O verso 6 diz: “Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também.” Quinhentas testemunhas oculares, a maioria das quais ainda estavam vivas quando Paulo escreveu 1 Coríntios.

Nós não sabemos exatamente onde isso aconteceu. Há boas razões para pensarmos que foi na Galiléia, uma vez que em Jerusalém havia apenas cento e vinte discípulos reunidos no Pentecostes. E qual foi a mensagem das quinhentas testemunhas? Ele está vivo!. Eles foram testemunhas oculares.

Finalmente, no versículo 7, “Ele apareceu a Tiago…”, provavelmente não é o apóstolo Tiago ou Tiago, filho de Alfeu, mas é Tiago, irmão de nosso Senhor. Por que eu digo isso? Porque em Gálatas 1, quando Paulo diz no verso 19: “Eu fui a Jerusalém…”, ele disse não ter visto nenhum outro apóstolo, exceto Tiago, o irmão do Senhor. Note que esse Tiago não era um dos Doze, mas um apóstolo ou enviado da igreja, um pregador.

Isso é importante, se for mesmo o irmão do Senhor, porque seus irmãos não criam Nele antes. Eles realmente pensaram que Ele fosse louco, de acordo com Marcos 3. Mas eles passaram a acreditar Nele depois da ressurreição. Houve, então, todos os tipos de testemunhas oculares, em vários locais. O Senhor ficou aparecendo a eles por um período de quarenta dias depois que Ele saiu da sepultura. A evidência está sendo montada para estabelecer a ressurreição corporal de Jesus Cristo.

Então, no versículo 8 – e isso é importante – Paulo se volta para o testemunho de uma testemunha especial, e isso traz um novo nível de objetividade. Alguns críticos dizem: “Bem, achamos que os apóstolos inventaram a ressurreição, visto que eles a queriam tanto, que a inventaram.” Isso, claro, é uma mentira. Os apóstolos sequer creram na ressurreição quando Jesus lhes disse repetidamente que iria morrer e voltar a viver ao terceiro dia. E quando os apóstolos souberam da ressurreição, também não creram de primeira.

Mas há alguns que dizem: “Eles eram seguidores de Jesus, eles O desejavam tanto que criaram, inventaram a ressurreição, e assim, o testemunho deles é questionável ”. Para resolver essa questão, chegamos aos versículos 8 e 9: “E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus.“ Em outras palavras, Paulo está dizendo: “Não só eu O vi, não apenas Ele apareceu para mim, mas Ele me transformou de perseguidor em pregador. Ele transformou minha vida”.

Agora, precisamos entender o que ele quer dizer com isto: “a mim, como a um abortivo”. O que é isso no versículo 8? No original é “tō ektrōmati”. “Ektrōma” significa um nascimento prematuro ou um feto abortado. Em outras palavras, referia-se a um nascimento que não estava correto, não estava no momento certo. Era cedo, era prematuro, ou talvez até tarde e natimorto. Paulo diz: “Eu sou um aborto espontâneo. Eu sou como um aborto”. O que você está dizendo, Paulo? “Estou dizendo que não sou a pessoa que inventaria a ressurreição de Jesus Cristo. Eu estava no meu caminho para perseguir os cristãos, quando Ele apareceu para mim. Sou a última pessoa no mundo a querer inventar uma história como essa”.

No idioma original, ele usa um artigo definido aqui. Ele diz: “como o aborto” , ou seja, morto, vil, sem vida, um pedaço de carne sem valor, perseguidor da igreja. Em outras palavras, “Ele apareceu para mim. Eu não tinha nenhuma expectativa de que isso acontecesse”. No capítulo 9, ele diz: “não sou um apóstolo? Não vi Jesus nosso Senhor?” Sim, ele o viu na estrada de Damasco. Mas essa não foi a única vez que ele O viu. Nosso Senhor apareceu a ele em algumas outras ocasiões também.

E, a propósito, o Senhor não apareceu a ninguém depois de Paulo até que Ele apareceu finalmente, no final do primeiro século, a João. Então, quando as pessoas dizem que o Senhor apareceu para elas, você pode ter certeza de que isso não aconteceu. E Paulo sabia que aquilo tinha sido um ato de graça, versículo 10: “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”.

Ele está reconhecendo que era o menor, nada além de um aborto, nada além de algo vil, inútil e morto, o menor de todos os apóstolos, não apto a ser chamado de apóstolo, pois era um anticristão, um anticristo. Uma pessoa como Paulo (melhor, Saulo) não inventaria a ressurreição de Cristo. Por que ele faria isso? Ele diz, em Gálatas 1:22-24: “Eu não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía.E glorificavam a Deus a respeito de mim.”

Sua incrível história de conversão vem no capítulo 9 de Atos, na Estrada de Damasco. É um relato impressionante e chocante de como o Senhor o escolheu e o fez apóstolo dos gentios e autor de treze livros do Novo Testamento.

Então, olhe, Jesus ressuscitou dos mortos? Você tem o testemunho da igreja. O próprio fato de que a igreja existe, é porque ela acredita em um Cristo ressuscitado. Você tem o testemunho das Escrituras do Antigo Testamento predizendo a ressurreição, e isso foi cumprido em Cristo. Você tem o testemunho de muitas e diversas testemunhas oculares. E, além disso, você tem o testemunho de uma testemunha especial, completamente indiferente – o testemunho de um incrédulo transformado, Paulo.

Quarto Argumento: O testemunho da mensagem comum.

Versos 11 e 12: “Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido. Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?” Todos eles pregavam a mesma coisa, seja Paulo, o apóstolo nascido fora do tempo, ou todos os outros. E os coríntios criam na ressurreição de Cristo.

Então, ele conclui no versículo 12, afirmando que se Cristo é pregado, e já que Ele foi ressuscitado dos mortos, como alguns dizem que não há ressurreição dos mortos? Esse é um argumento poderoso. Em outras palavras, Paulo estava dizendo: “Todos vocês ouviram a pregação de que Cristo morreu e ressuscitou. Vocês creram nela. Se Cristo ressuscitou, por que vocês estão questionando a ressurreição?” Ele ressuscitou e é o primeiro fruto de todos os que dormem. Paulo ainda diz, a partir do versículo 13:

13 E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou.
14 E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.
15 E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam.
16 Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.

Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. E se Ele não ressuscitou, então nossa pregação é vã, sua fé é vã, somos todos testemunhas falsas e mentirosas. Você crê que Cristo ressuscitou, portanto, você já acredita em uma ressurreição corporal. A ressurreição de Cristo é o primeiro fruto, o protótipo da ressurreição de todos os crentes para a glória eterna.

Veremos mais da próxima vez. Vamos nos curvar em oração:

Pai, mais uma vez, essa é uma porção tão poderosa das Escrituras, por mais que tentemos extrair o máximo dela, sentimos que nós sempre ficamos aquém. Senhor, nós não questionamos a ressurreição de Cristo. Tu nos concedeste a verdade a respeito disso nas Escrituras. Tu nos deste a fé para acreditar. Tu superaste nossa morte e ignorância espiritual. Tu nos deste luz e vida. Nós nos gloriamos na ressurreição de Cristo; e porque Ele vive, nós viveremos.

A primeira ressurreição começa com Cristo e abrange todos os crentes em toda a História. Todos seremos ressuscitados com corpos como o Dele. Essa é a nossa mensagem para o mundo: há uma vida por vir, você viverá para sempre, você terá um corpo adequado para o céu, se você crer que Jesus ressuscitou dos mortos e confessá-lo como seu Senhor. E essa é a nossa esperança brilhante, e, Senhor, é porque temos essa esperança de ressurreição, uma ressurreição gloriosa para a alegria eterna, que colocamos nossas afeições nas coisas do alto e não nas coisas da Terra.

Leva-nos a buscar as coisas do alto. Que não fiquemos presos nas vaidades passageiras desta vida. Ajuda-nos a viver com o céu em vista e a nos alegrar já com o que o Senhor preparou para nós, o que o Senhor garantiu ao nos dar o Teu Espírito Santo. Agradecemos pela grande e gloriosa esperança e promessa que nos espera. Dá-nos corações ansiosos em viver vidas tão preocupadas com o céu, que a primeira coisa em nossos lábios seja não falar sobre a Terra, mas sobre o céu, mesmo com aqueles que não conhecem a verdade, mas precisam desesperadamente conhecê-la.

Nós somos cidadãos não deste mundo, mas do Teu reino. O céu é nosso lar; nosso Salvador está lá, nosso Pai está lá, nossa vida está lá, nossa esperança está lá, nossa recompensa está lá, nossos verdadeiros amigos estão lá, tudo o que Tu preparaste para nós eternamente está lá. Que possamos viver à luz disso, com alegria e antecipação. Ajuda-nos, Senhor, a fazer isso, oramos em nome do nosso Salvador. Amém.


Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre a Realidade da Ressurreição. Abaixo links dos sermões já publicados.


Este texto é uma síntese do sermão “The Reality of Resurrection, Part 2″, de John MacArthur em 04/09/2016.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/90-492/the-reality-of-resurrection-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


Leia também: 


 

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