A Perseverança dos Santos – 3


Esta é uma série sobre a doutrina da graça. Para melhor entendimento, sugerimos ler a sequência das mensagens, conforme links no fim deste texto.


Faremos hoje a sequência ao estudo que temos feito sobre a doutrina da perseverança dos santos, que é muitas vezes chamada de a doutrina da segurança eterna, ou a segurança do crente.

A base desta doutrina bíblica é que a salvação, recebida por quem é um verdadeiro convertido, nunca poderá ser revertida. Em si mesma, a natureza da salvação é irrevogável.

Apesar da clareza das Escrituras sobre este assunto, no entanto, muitos caíram sob a influência do ensino que nega a segurança da salvação.

Há muitos verdadeiros cristãos que estão vivendo em algum tipo de medo com o pensamento de que, em algum momento da caminhada, eles podem perder a salvação que Deus deu a eles.

Muitos vivem atemorizados de que, sendo verdadeiros crentes, possam se tornar novamente descrentes. Temem que de uma nova criação em Cristo, possam se tornar novamente velha criação. Que de filhos de Deus, possam tornar-se de novo os filhos do diabo. De cidadãos do céu, possam se tornar ocupantes do inferno.

Em suma, eles temem que tudo que nos é dado em Cristo é vulnerável e pode ser perdido a qualquer momento. Vivem como se não houvesse segurança celestial na obra de Cristo em suas vidas. Creem que foram a Cristo por seus próprios meios e se sustentam Nele da mesma forma.

E, inevitavelmente, aqueles que ensinam esta doutrina tentam encontrar apoio nas Escrituras, citando alguns versículos que, segundo eles, respaldariam que não há segurança na salvação.

Nas minhas viagens às repúblicas da então União Soviética, tive que lidar com este assunto com os crentes de lá. Eles haviam sido ensinados que a salvação era algo vulnerável, ou seja, poderia ser cancelada.

Em uma ocasião, fui a um velho acampamento militar comunista, para uma conferência de pastores. Uma mudança interessante, pois onde os soldados comunistas foram treinados, os pastores estavam sendo treinados.

Passei uma semana com eles naquele lugar, onde estudamos a carta de Romanos. Em uma noite havíamos visto o capítulo 8 e falamos acerca da segurança da salvação.


No dia seguinte, 27 pastores, que haviam passado a noite compilando alguns versículos bíblicos, vieram a mim com questionamentos e dificuldades de entender sobre este assunto. E disseram: “Agora queremos que você responda a todos esses versículos”.

Razoável, certo? Se a doutrina é verdadeira, ela deve resistir ao teste das Escrituras, correto? E, assim, trabalhamos com todos os versículos que eles trouxeram.

Muitos de vocês talvez tenham sido ensinados sobre uma salvação perecível, sujeita à revogação, a murchar. Eu quero fazer com vocês hoje o mesmo que fiz na Bielorrússia, ou seja, ver os versículos mais frequentemente usados para fundamentar a ideia de que um verdadeiro crente pode perder sua salvação.

● “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos” (João 8:31).
● “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” (João 15:6).
● “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mateus 24:13).
● “… Os exortavam a que perseverassem na graça de Deus” (Atos 13:43).
● “A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade” (Romanos 2: 7-8).
● “Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado” (Romanos 11:22).
● “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro” (Colossenses 1:21-23).
● “Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim. Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim”. (Hebreus 3:6,14).

Com esses textos muitos concluem que um verdadeiro convertido, alguém que se tornou filho de Deus, pode perder esta condição, voltando a ser um filho do diabo e ir para o inferno. Concluem que alguém que foi alcançado pela graça eterna pode se tornar infiel e abandonar a fé.

Isto os leva a crer que a salvação depende de sua resistência e que há o risco de você não perseverar na graça de Deus e se perder na caminhada.

Mas, esses versículos são avisos para se pôr em dúvida a salvação de um verdadeiro convertido? São avisos de que um verdadeiro cristão pode se tornar um filho do diabo e perder a sua salvação?

Se fosse isto, a Bíblia estaria em contradição. Claramente, as Escrituras ensinam que a salvação é para sempre. Também ensinam que a salvação é de Deus e ninguém pode salvar-se a si mesmo e nem se manter salvo por seus próprios esforços e fé. Temos visto isto nos sermões anteriores.

Esses versículos não são advertências aos verdadeiros crentes para sustentarem a salvação com todas as suas forças, para que não a percam.

Mas, são declarações de que aqueles que permanecem diante de quaisquer circunstâncias dão provas de que são verdadeiramente salvos.


Ou seja, Jesus está dizendo: “Se você é aquele que permanece em minha palavra, você é um verdadeiro discípulo. Se você é aquele que não permanece, você não é um verdadeiro discípulo. Se você é aquele que persevera até o fim, continua firmemente na esperança do evangelho, você dá provas que tem a verdadeira fé”.

Esses textos definem a natureza da fé salvadora. Eles não são advertências, no sentido de que os verdadeiros crentes precisam ser avisados para não desabarem da salvação.

São advertências aos crentes superficiais
, os professos que não são reais. Se a sua fé é real, ela irá perseverar até o fim, guardada e protegida por Deus.

Mas como ele nos protege? Através da . Deus nos dá uma fé que salva e  que nos faz perseverar até o fim. Fomos salvos pela fé e perseveramos pela fé. Não é natural. É sobrenatural. É um dom de Deus (Efésios 2: 8-9). Somente através desta fé salvadora, que procede de Deus, é que somos salvos e conservados salvos.

É por meio dessa fé sobrenatural que cremos, obedecemos, nos santificamos e perseveramos na obediência até o fim.

A forma de se identificar um verdadeiro crente é a perseverança. O apostolo João descreveu assim os desertores da fé: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” (I João 2:9).

Quando alguém abandona a fé, é a prova de que não tinha a fé salvadora
. Não era a fé sobrenatural que Deus dá, porque não permaneceu, não suportou.

Em 2 Timóteo 2:12 , lemos isto: “Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará”.

Há apenas dois tipos de pessoas que professam a Cristo: o verdadeiro e o falso.
Se perseveramos, somos o verdadeiro e vamos reinar. Se negarmos, Ele nos negará.


Você se lembra do que Jesus disse?

Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus. (Mateus 10:32-33).

Se alguém nega a Cristo definitivamente, nunca possuiu a fé verdadeira. Por quê? A fé verdadeira procede de Deus, é sustentada por Ele e persevera até o fim. Jesus disse:

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que me deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai (João 10:27-29).

Há momentos em que a nossa fé é fraca. E não podemos esquecer as palavras de Jesus, que disse aos seus próprios seguidores devotados: “Homens de pouca fé”. Uma fé que muitas vezes pode falhar, mas nunca falha definitivamente ou completamente.

Pedro foi um forte exemplo da fé que por vezes falha, mas nunca falha completamente ou definitivamente, pois é protegida por Deus.

Em um momento ele negou o Senhor por temer a morte, mas depois morreu de forma terrível por testemunhar do Senhor, pelo poder do Espírito Santo que veio sobre ele.

Sua negação não foi definitiva, ele continuou até o fim. Pedro entendeu plenamente que sua fé foi restaurada e sustentada pelo Senhor.

Vejamos o versículo 5 de 1 Pedro: “Que mediante a fé estais guardados no poder de Deus para a salvação”. Esta é uma afirmação muito importante. Protegidos pelo poder de Deus através da fé. Como Deus nos mantem? Através da nossa fé, através da nossa perseverante e persistente fé.

Pedro está escrevendo aos cristãos que estavam sendo perseguidos e martirizados. Esta carta tratava da perseverança em meio ao sofrimento.


Aqueles irmãos temiam que a fé deles falhasse no meio dos iminentes e reais perigos. Eles não podiam confiar em suas próprias forças.
Pedro fala da segurança que temos em Cristo. Da proteção sobrenatural que temos através de uma fé sobrenatural.

Agora nós estamos olhando para os elementos ou os componentes dessa proteção em I Pedro 1:3-9. Vamos relembrar, por um momento breve, até onde paramos da última vez.

Primeiro de tudo, vimos que nós estamos protegidos por uma esperança viva. I Pedro 1:3-4 diz:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança não perecível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós.

Temos uma esperança viva. O que é isso? Uma esperança que não pode morrer. Esse é o ponto. Ela nunca pode morrer. Hebreus 6:19 diz: “A qual temos como âncora da alma, segura e firme”.

E qual é a nossa esperança? Nossa esperança é o céu. Nossa esperança é ver a Cristo, receber a nossa recompensa eterna, entrar em nosso lar celestial e receber a nossa herança.

Pedro diz que esta é uma herança imperecível. Ela não pode perecer, é imaculada, não pode ser corrompida, não pode ser diminuída, está reservada no Céu. O céu é o lugar mais seguro para se colocar qualquer coisa. Hebreus 6:17-20 diz:

Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote.

Em Mateus 6:19-20, Jesus disse:

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.

É o lugar mais seguro para você guardar qualquer coisa, porque só os remidos e os justos estarão lá. E o que está no céu é selado.

Volte por um minuto para Efésios 1. Há uma grande declaração feita nos versículos 3 a 14.

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor (v.3-4).

Antes dos tempos dos séculos, Deus nos escolheu para estarmos lá em glória. E, assim, Ele vai nos levar até lá.

E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado (v. 4-5).

Ele nos predestinou para sermos adotados como filhos. Esta era a sua intenção. Esta era a sua vontade. E é para o louvor da glória de Sua graça. Então, Ele determinou na eternidade passada que iria nos levar para a glória. Ele predestinou isto.

Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência. Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade (v. 7-8,11).

Trata-se de uma herança que foi pré-determinada antes dos tempos eternos. Nosso destino eterno estava lacrado, selado e entregue, por assim dizer, antes de o mundo ter sido criado.

Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória (12-14).

Fomos definidos para o louvor de Sua glória e fomos selados Nele com o Espírito Santo da promessa.

Você pode chamar o Espírito Santo de várias formas, mas quando você chama o Espírito Santo de “o Espírito Santo da promessa”, está dizendo que Ele vem como um selo para garantir alguma coisa no futuro, algo não realizado ainda.

O verdadeiro crente foi selado e sua herança é imutável.
Essa é a maneira que Deus planejou na eternidade passada, é seu propósito, é a sua vontade, e isso é exatamente o que Ele vai fazer.


Em Efésios 4:30 diz: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”. Você está protegido pelo poder de Deus através de uma esperança viva.

Em segundo lugar, vimos que estamos protegidos pelo próprio poder de Deus. Em I Pedro 1:5 diz: “Mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo”.

Estamos protegidos pelo maior poder que existe, até a nossa glorificação: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1:6).


O dia de Jesus Cristo é o mesmo que o dia da redenção, o dia que veremos a Cristo e entraremos na glória eterna. Assim expressou João:

Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque o veremos tal como Ele é ( I João 3:2).

Com esta certeza, Paulo disse:

Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (II Timóteo 4:7-8).

Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Romanos 8:38-39).

Em terceiro lugar, e isso é muito importante para nós, estamos protegidos pela esperança. Veja o verso 6: “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias provações”.

As provas são diferentes para todos, porque as necessidades espirituais são diferentes para todos. Todos nós estamos em diferentes pontos ao longo do caminho do desenvolvimento espiritual, e o Senhor precisa fazer coisas diferentes em nossas vidas.

Então temos provas de acordo com a necessidade de que Deus determina, e nos alegramos com essas provas.

Diante das prisões, torturas e martírios, em vez de aqueles irmãos temerem a perda da fé, Pedro os ensinou dizendo: “Para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (I Pedro 1:7).

Deus sustenta a nossa fé, isto não quer dizer que Ele nos mantém longe das provas ou torna as nossas vidas mais fáceis.

Não é isto. Ele faz o contrário. Deus sustenta a nossa verdadeira fé, colocando-nos em momentos difíceis. Ele sustenta a nossa fé por meio de provas.

Deus trabalha em nós por meio das provas e sofrimentos. Isto é oposto ao que diz as heresias ridículas da teologia da prosperidade.


Pedro declarou: “Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis”.

Na parábola dos solos, algumas das sementes caíram em solo rochoso. E surgiram por pouco tempo, e quando a perseguição chegou, o que aconteceu? Elas murcharam e morreram.

É sempre um teste da realidade da vida espiritual.
O falso crente murcha diante das provas, o verdadeiro permanece.

As provas fortalecem e revelam a verdadeira fé. Olhe para Tiago 1:2, que diz: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações”.

Vejo pessoas se perguntando se são salvas. As provações não servem para Deus conhecer se sua fé é verdadeira ou não, mas servem para você saber isto sobre você mesmoO nosso comportamento diante das provações demonstra a realidade da fé que temos, se é verdadeira ou falsa.

Tiago 1:3 diz: “Sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”. Isto é maravilhoso. Quanto mais provada for a verdadeira fé, mais forte ela se torna, mais forte se torna a confiança em Deus.

Em II Timóteo 1:9-10 diz:

Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho.

Paulo fala da eleição, designada antes dos tempos dos séculos. Isto é algo fundamental para nossa segurança.

Em meio aos sofrimentos, sua fé estava sendo fortalecida, até o ponto em que ele diz no verso 12: “E, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia”.

A fé que Deus nos dá sobrevive a tudo. A verdadeira fé emerge das provas mais forte do que nunca. A verdadeira fé nunca falha definitivamente.

Em Romanos 8:35-39, Paulo declara:

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Essas palavras procederam de alguém que passou por todas as provas citadas. Não é um escrito teórico, mas palavras de alguém que esteve em meio a essas provas.

Pedro declara que “no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo” (I Pedro 1:6-7).

As provas produzem angústia por pouco tempo. Elas vêm como o fogo para queimar a escória. E esse é o ponto. Elas revelam sua fé, mas também a purifica.


Em vez de pedir a Deus para protegê-lo das provas, você deve pedir-lhe para que elas aconteçam no sentido de fortalecer a sua fé, trazendo a plena confiança da realidade da verdadeira fé em sua vida.

Eu amo o que diz Atos 5:41, após os apóstolos terem sidos açoitados: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome (Jesus)”.

Eles receberam duras ameaças para não falarem mais de Jesus. Mas, ao saírem dali, “todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo” (v.42).


Eles se alegraram por padecer afrontas, humilhações e espancamentos por causa do nome de Jesus. Eles sabiam que possuíam uma fé real.

O próprio Jesus Cristo foi fortalecido por meio do sofrimento. I Pedro 2:23 diz: “O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente”.

E Hebreus 5:8-9 diz: “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem”.

Então, nós estamos protegidos. Estamos protegidos porque Deus nos deu uma esperança viva. Uma esperança construída em nossa fé que não pode morrer.

Deus nos deu uma fé que é energizada pelo poder divino que não pode ser vencido. E Deus também nos protege através de uma fé que é testada e experimentada.

A quarta verdade que temos em I Pedro 1 é que somos protegidos pelo propósito eterno de Deus. Já vimos isto hoje, não precisamos nos alongar com ele.

No verso 7: “Para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo”.

Nossa fé é projetada para sobreviver até o fim. Esta é uma promessa incrível. Temos uma fé que espera, uma fé que é inatacável, protegida pelo poder divino. Uma fé que se fortalece nas provas. Uma fé visando o cumprimento do propósito e plano de Deus: Nossa união com o Senhor Jesus Cristo, na sua vinda.

Fomos salvos e escolhidos para que pudéssemos ser levados à glória eterna.

Vamos ter um corpo semelhante ao corpo de Cristo. Teremos uma casa celestial. Ele está preparando um lugar para nós. Nós estamos só de passagem por este mundo. Nós não somos cidadãos aqui.

Esta leve e momentânea tribulação que sofremos não é para ser comparada com o peso glorioso de glória que nos espera em sua presença.

Clamamos pela redenção do nosso corpo, porque sabemos o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.

A promessa de Deus é para nos levar a glória eterna. Essa era a sua promessa para nós na eternidade passada, muito antes da criação. Deus predeterminou isto.

Isso quer dizer que você não entende completamente a salvação, se não entende suas três dimensões. Há o ponto em que você crê, em que você é mantido e em que você é glorificado.

E quando Deus predeterminou salvá-lo, Ele predeterminou todas essas dimensões.


Romanos 8:18 diz: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós”.


Por isso, somos protegidos por uma viva esperança, pelo poder divino, provas, e a promessa de glória eterna.

Em quinto lugar, Estamos protegidos por um amor eterno. Verso 8 de I Pedro 1 diz: “A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória”.

Nós temos um amor por Jesus Cristo. 1 Coríntios 16:22 diz: “Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata!”.

Esta é uma declaração profunda sobre a natureza da verdadeira salvação. É caracterizada não somente pela fé em Cristo, mas pelo amor a Ele.

Um falso cristão pode até crer nos fatos sobre Cristo. Os demônios também sabem que esses fatos são verdadeiros. Mas, a questão aqui é amar ao Senhor Jesus Cristo.

Jesus disse: “Se me amais, guardai os meus mandamentos” (João 14:15). A verdadeira fé manifesta a obediência, que é fruto do amor a Cristo.

Se você fosse definir o cristianismo em seu sentido mais puro, você teria que usar a palavra “amor”.

Há bilhões de pessoas que manifestam algum tipo de fé em Cristo. Mas, quantos O amam verdadeiramente? O prazer na obediência é o que define a validade desta fé. Este prazer em obedecê-Lo é fruto do amor a Cristo.

Você pode definir um cristão por seu amor a Cristo. Isto é um regozijo na vida de um novo nascido. Um cristão verdadeiro é encantado por Cristo.

Foi sobre isto que Jesus perguntou a Pedro três vezes: “Tu me amas?”.
Ele disse que sim. Jesus, então, lhe falou: “Apascenta minhas ovelhas”. Está é a chave da vida cristã: amar a Cristo.

“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (I João 4:19). Você sabe que um verdadeiro relacionamento humano requer amor e confiança. Um verdadeiro cristão ama a Cristo e cresce neste amor. E tudo isto porque ele foi amado primeiro.

“O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”
(Romanos 5:5), por isto nada pode nos separar do amor de Cristo, nada mesmo.

O amor eterno se detém sobre nós. É um componente da nossa fé. E qual o resultado? “Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas” (I Pedro 1:9).

É por isso que dizemos que esta doutrina deve ser chamada “a perseverança dos santos”, ou, melhor ainda, “a perseverança da fé”.

Foi-nos dada uma fé que não perece. Uma fé que é protegida pelo poder de Deus. Uma fé que tem uma esperança que nunca morre.

Uma fé sustentada por um poder divino que não pode ser derrubado. Uma fé que está provada, testada, reforçada através de provas , uma fé que é projetada para o cumprimento da glória eterna, que foi prometida antes dos tempos dos séculos.


Uma fé que contém em si um amor eterno por Cristo. E o resultado desta fé será a obtenção da salvação final das nossas almas.

O resultado dessa fé salvadora é a sua salvação final. A presente salvação que você agora experimenta é um resultado dessa fé. A salvação inicial é um resultado dessa fé.

E a salvação final será sua, porque essa fé irá perseverar e perseverar até o fim. Essa é a natureza desta fé. Não é nada menos do que um dom permanente de Deus.

Até mesmo a considerar a possibilidade de que você pode perder sua salvação é uma deturpação da graça de Deus. É uma deturpação da natureza da fé, o dom do Seu amor, o trabalho do Seu Espírito.

É uma deturpação do Seu poder e do Seu propósito. É uma deturpação do Seu decreto eterno na vida dos Seus eleitos.


Marchamos com a certeza de “que aquele que em nós começou a boa obra, a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1:6).

Senhor, obrigado por este tempo maravilhoso meditando nessas verdades. Muito enriquecedor para nós. Obrigado por este presente, tão imerecido. Obrigado pela alegria que vem porque sabemos que é para sempre.

Enche nossos corações de alegria inefável e de glória. Ajude-nos a nos regozijarmos com a permanência deste dom da graça.

Obrigado pela fé duradoura, pelo amor duradouro e esperança duradoura. Obrigado por tudo isto ter começado antes que o tempo existisse, e será consumado na eternidade ainda por vir, sendo que tudo isso redundará na Tua glória, no Teu louvor, que é a nossa mais alta alegria.

Agradecemos os testemunhos que ouvimos esta noite, daqueles que Tu escolheste e que agora chegaram à fé e estão no caminho da salvação final.


E, Senhor, sabemos, como disse Paulo, que agora a nossa salvação, a nossa salvação final está mais próxima do que quando cremos, e sabemos que em breve Jesus Cristo dividirá os céus e nos reunirá para si mesmo.


E aquele dia, aquele dia de redenção, esse dia de Cristo será a realidade, aquela gloriosa eternidade à qual nossa perseverante fé nos levará estará além de qualquer coisa que possamos imaginar. Obrigado por esta graça e esta salvação, em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de 10 sermões sobre a doutrina da graça, conforme links abaixo.

01. A Perseverança dos Santos – Parte 1
02. A Perseverança dos Santos – Parte 2
03. A Perseverança dos Santos – Parte 3
04. A Doutrina da Eleição – Parte 1
05. A Doutrina da Eleição – Parte 2
06. A Doutrina da Eleição – Parte 3
07. A Doutrina da Incapacidade Absoluta do Pecador
08. A doutrina da Expiação Eficaz, Parte 1
09. A doutrina da Expiação Eficaz, Parte 2
10. O chamado Eficaz de Deus


Este texto é uma síntese do sermão “The Perseverance of the Saints, Part 3″, de John MacArthur em 12/09/2004.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/resources/sermons/90-272/The-Perseverance-of-the-Saints-Part-3

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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