A Nova Aliança (2)

O pecado é uma força que nos seduz, nos domina e nos controla. A lei do pecado e da morte é um terrível poder que está em nosso corpo. Nenhuma promessa ou advertência de Deus pode nos levar  a superar a lei do pecado, somente um novo coração. 

Continuamos agora o sermão anterior, quando começamos a ver a Nova Aliança no Cântico de Zacarias (Lucas 1:67-80). Após se referir às alianças Davídica e Abraâmica, Zacarias fala da Nova Aliança. Israel só verá o cumprimento das alianças que Deus fez com Davi e Abraão quando receber a Nova Aliança.

Lucas 1
⁷⁶ Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos,
⁷⁷ para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados,
⁷⁸ graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,
⁷⁹ para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

A Nova Aliança traz o perdão dos pecados, produz a experiência pessoal ou o conhecimento pessoal da salvação e estende a terna misericórdia ou graça de Deus para nós.

A Nova Aliança traz o nascer do sol que brilha nas nossas trevas, nos livra da sombra da morte e nos conduz pelo caminho da paz.

A terrível situação da humanidade

Uma verdade fundamental na Bíblia é que todos os homens são pecadores e que o pecado não é apenas um problema de comportamento e de atitude, mas é uma falha profunda em sua natureza. Não é apenas uma questão de como os homens agem ou como falam, mas uma questão do que eles são.

O pecado está na estrutura do homem desde sua queda. Após o pecado de Adão, toda a humanidade mergulhou no pecado. Adão foi amaldiçoado e transmitiu essa maldição a todos os que vieram dele (Romanos 5:12, 17-18).

Então, o homem é pecador e não é apenas um problema menor. Jeremias 17:9 diz que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto”. Paulo escreveu:

Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios, cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. (Romanos 3:10-18)

A terrível força do pecado

A condição do homem caído é tão grave, que Paulo diz:

Vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membro. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? (Romanos 7:23-24)

Em Romanos 8:2 ele chama a “lei do pecado” de “lei do pecado e da morte”. O pecado é uma poderosa força que está em nós, é um poder que habita em nosso corpo mortal. Tal como a lei da gravidade atrai tudo para baixo, a lei do pecado nos atrai para o pecado e para a morte, pois o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23).

O pecado é uma força que nos seduz, nos empurra, nos manipula, nos dobra, nos domina e nos controla. A lei do pecado e da morte é um terrível poder que está em nós, essa lei está na estrutura de todos os homens.

Nenhuma promessa de Deus, por mais repetida e compreendida que tenham sido, pode nos levar  a superar a lei do pecado. Nenhuma ameaça de Deus, não importa quão assustadora possa ser, pode dominar nossa disposição de fazer o mal. Você entendeu isso? É muito importante entender isso.

Deus instruiu e fez obras grandiosas em Israel, fez tremendas e incomparáveis promessas a Israel e fez terríveis e graves advertências sobre as consequências da desobediência. E tudo isso não impediu que a nação se rebelasse contra o Senhor e mergulhasse em toda sorte de pecado.

O cumprimento das Alianças Davídica e Abraâmica dependem da Nova Aliança

Deus chamou Abraão e disse:

De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra. (Gênesis 12:2,3).

Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus. (Gênesis 17:7,8)

Mas essa promessa não tinha capacidade, em si mesma, de fazer Israel obedecer.

Deus fez a promessa a Davi de que o Messias viria de sua linhagem, a semente real, e assumiria o trono em Jerusalém, estabeleceria seu governo sobre as nações em Jerusalém, traria paz a Israel, destruiria todos os seus inimigos e governaria sobre Israel, que teria o glorioso e maravilhoso reino prometido.

Não importa quão maravilhosa fosse a promessa feita a Davi, ela não capacitou Israel a obedecer. Não havia nada nas Alianças Davídica e Abraâmica que pudesse levar Israel a viver de forma que o levasse ao lugar onde seria capaz de receber essas bênçãos.

A Aliança Mosaica e a promessa da Nova Aliança no Pentateuco

A Aliança Mosaica foi ainda pior porque apenas aumentou a pecaminosidade de Israel. Deus estabeleceu a lei para que ela fosse obedecida, e disse que Israel só receberia a bênção se a guardasse, caso contrário viriam maldições.

Mas o povo tinha a lei do pecado e da morte dominando seus corações. E tudo o que a lei fez foi provar a incapacidade absoluta de Israel obedecer. A lei mostrou a profundidade do pecado em seus corações. A lei serviu para mostrar que Israel precisava de misericórdia, graça e perdão, o que não estava previsto na lei mosaica.

Então Israel nunca receberia as promessas que Deus fez a Abraão e a Davi? Existiria algum meio pelo qual Israel pudesse obedecer? O que Israel precisava era de outra aliança.

A Alianças Davídica e Abraâmica deu a Israel grandes promessas, mas, antes de tudo, o pecado de Israel e suas violações da Aliança Mosaica teriam que ser perdoados. Israel teria que receber um novo coração para que não vivesse escravo da lei do pecado e da morte. Essa é base para a Nova Aliança.

Deuteronômio 26
¹⁶ Hoje, o Senhor, teu Deus, te manda cumprir estes estatutos e juízos; guarda-os, pois, e cumpre-os de todo o teu coração e de toda a tua alma.

O povo havia dito: “Tudo o que falou o Senhor faremos” (Êxodo 24:3). Estavam bem-intencionados e declaravam que andariam em obediência.

Deuteronômio 26
¹⁸ E o Senhor, hoje, te fez dizer que lhe serás por povo seu próprio, como te disse, e que guardarás todos os seus mandamentos.
¹⁹ Para, assim, te exaltar em louvor, renome e glória sobre todas as nações que fez e para que sejas povo santo ao Senhor, teu Deus, como tem dito.

O povo disse que seria obediente, e se isso fosse uma realidade, Deus cumpriria suas tremendas promessas sobre Israel.

Deuteronômio 26
¹ Moisés e os anciãos de Israel deram ordem ao povo, dizendo: Guarda todos estes mandamentos que, hoje, te ordeno.
² No dia em que passares o Jordão à terra que te der o Senhor, teu Deus, levantar-te-ás pedras grandes e as caiarás.
³ Havendo-o passado, escreverás, nelas, todas as palavras desta lei, para entrares na terra que te dá o Senhor, teu Deus, terra que mana leite e mel, como te prometeu o Senhor, Deus de teus pais.

E o povo continuou a afirmar repetidamente que seria obediente, a ponto de Moisés pedir silêncio (Deut. 27:9) e repetir: “obedecerás à voz do Senhor, teu Deus, e lhe cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno” (Deut. 27:10)

E conforme avançamos no capítulo 27 de Deuteronômio, vemos as maldições pela desobediência. No capítulo 28:1-14 temos as grandiosas bênçãos prometidas se Israel obedecesse. Mas o capítulo 28:15-68 traz as terríveis maldições pela desobediência.

Deus deu a lei mosaica e já havia apresentado a promessa Abraâmica. A promessa Davídica viria mais tarde. Mas para que Israel recebesse as bênçãos, havia a necessidade da obediência. Por isso Deus repete várias vezes o quão era importante para eles obedecerem.

Mas Israel fracassou em obedecer, não importa o quanto tentaram. Romanos 3:20 diz que “ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”. Nem as promessas e nem as advertências de Deus podiam quebrar o poder da lei do pecado que está dentro do homem.

Israel precisava de um aliança que incorporasse o perdão e um novo coração. Isso abriria a porta para o cumprimento das Alianças Davídica e Abraâmica. E é aqui que chegamos à Nova Aliança. Você entende agora qual a sua importância? Por isso Zacarias disse:

Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados, graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas (Lucas 1:76-78)

É a Nova Aliança que ilumina as trevas e nos liberta das trevas e da sombra da morte, que nos tira do caminho da morte e nos leva para o caminho da paz. Tudo o que Zacarias disse é linguagem da Nova Aliança.

Quando Deus colocou diante do povo, em Deuteronômio 28, o caminho da benção e da maldição, não havia como o povo vencer a força do pecado neles, a mesma situação acontece hoje com alguém que tenta ser justo por conta própria. E com isso você chega ao capítulo 29, versículo 1, em um dos versículos mais notáveis de todos.

Deuteronômio 29
¹ São estas as palavras da aliança que o Senhor ordenou a Moisés fizesse com os filhos de Israel na terra de Moabe, além da aliança que fizera com eles em Horebe.

Deus fala aqui de outra aliança, além da Aliança Mosaica feita no Monte Horebe (ou Monte Sinai). Se tudo o que eles tinham era a Aliança no Sinai eles estariam todos condenados, porque jamais cumpririam a lei, permanecendo para sempre sob maldição.

Deuteronômio 30
¹ Quando, pois, todas estas coisas vierem sobre ti, a bênção e a maldição que pus diante de ti, se te recordares delas entre todas as nações para onde te lançar o Senhor, teu Deus;
² e tornares ao Senhor, teu Deus, tu e teus filhos, de todo o teu coração e de toda a tua alma, e deres ouvidos à sua voz, segundo tudo o que hoje te ordeno,
³ então, o Senhor, teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá de ti, e te ajuntará, de novo, de todos os povos entre os quais te havia espalhado o Senhor, teu Deus.
Ainda que os teus desterrados estejam para a extremidade dos céus, desde aí te ajuntará o Senhor, teu Deus, e te tomará de lá.
O Senhor, teu Deus, te introduzirá na terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem e te multiplicará mais do que a teus pais.
O Senhor, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o Senhor, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas.
O Senhor, teu Deus, porá todas estas maldições sobre os teus inimigos e sobre os teus aborrecedores, que te perseguiram.
De novo, pois, darás ouvidos à voz do Senhor; cumprirás todos os seus mandamentos que hoje te ordeno.

Essa é a história de Israel. A nação fracassou e o povo foi disperso. Mas o Senhor prometeu que no final reuniria seu povo e o traria de volta, congregaria o povo, circuncidaria seus corações, daria a sua terra, derramaria bênçãos e o livraria das garras de seus inimigos. A promessa é que o Senhor fará uma cirurgia espiritual (circuncisão do coração) para limpar o seu interior.

A bênção depende de a nação se voltar para o Senhor de todo o coração e alma, isso depende de Deus lhe dar um novo coração. Esta é a verdade da Nova Aliança. Deuteronômio 29:6 é a chave: “Deus, o Senhor teu Deus, circuncidará o teu coração. Ele purificará o teu coração”.

A Nova Aliança em diversos livros

Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Sofonias, Zacarias, Malaquias e Paulo falam dessa salvação final da nação de Israel.

As alianças Davídica e Abraâmica são promessas nacionais com implicações universais. A Nova Aliança é uma promessa pessoal que tem implicações nacionais, as pessoas que forem salvas constituirão a nação de Israel no reino milenar.

Assim, os profetas anteciparam o cumprimento da promessa Abraâmica, da promessa Davídica e da promessa da Nova Aliança quando Deus circuncidaria o coração. Essa é a Nova Aliança.

Não haveria nenhuma maneira de guardar a lei de Deus a menos que houvesse um novo coração. As promessas e advertências de Deus não poderiam, em si mesmas, capacitar o homem a vencer a força do pecado, ou seja, a lei do pecado que opera em sua carne.

A Nova Aliança em Jeremias

Jeremias 31 é sempre mencionado quando se fala da nova aliança, é onde a sua tradução é mais explícita. A promessa é a mesma de Deuteronômio 30.

Jeremias 31
³¹ Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.
³² Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o Senhor.
³³ Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
³⁴ Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.

A Nova Aliança não seria como aquela que foi feita no Monte Herobe (ou Monte Sinai), ou seja, a Aliança Mosaica, quando Deus tomou Israel pela mão e o tirou da terra do Egito.

Aquela aliança foi quebrada por Israel. Mas agora Deus fala de um novo coração em que sua lei será gravada. Quando Deus diz: “vou colocar minha lei dentro deles”, Ele está falando sobre uma força justa na vida de Seu povo.

“Todos me conhecerão… perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei”. Essa era a única esperança de Israel ver o cumprimento das alianças Davídica e Abraâmica: um novo coração que pudesse obedecer e o perdão dos pecados.

A Nova Aliança nos capacita para a obediência, colocando em nós uma força que é maior do que a força do pecado, e é capaz de lidar com todas as violações que cometemos contra a lei de Deus pelo perdão dos pecados.

É uma aliança incondicional, unilateral, eterna e irrevogável de Deus, assim como as Alianças Davídica e Abraâmica. Deus prometeu um futuro a Israel na terra com bênçãos e prosperidade e, através de Israel, abençoar o mundo.

Deus prometeu um reino a Israel e um Rei, o Messias reinando em Jerusalém sobre Israel e sobre toda a terra, governando com vara de ferro (Salmos 2:8-9) e um reino que nunca terá fim (Daniel 2:44). Mas Israel não pode receber essas coisas porque nunca conseguiu chegar ao ponto de obediência para receber as bênçãos.

Israel tem um grande futuro. Há um Rei, Messias, o Senhor Jesus Cristo, que virá para governar Israel. Ele estabelecerá Seu trono em Jerusalém. Ele governará a terra de Israel e trará a Israel paz e segurança. E eles terão prosperidade e as bênçãos da Aliança Abraâmica. Israel possuirá toda a terra que lhe foi prometida.

Israel será abençoado por Deus para ser uma bênção para o mundo inteiro. Todos os judeus remanescentes conhecerão a Deus. Todos terão novos corações, capazes de servir a Deus e dominar a força do pecado que está neles. Todos eles terão seus pecados perdoados.

Isso está por vir. Ainda não aconteceu porque Israel ainda está tentando evitar ameaças divinas e receber promessas divinas por seus próprios esforços, ou eles desistiram completamente e se tornaram pagãos. As promessas não acontecerão até que recebam o novo coração que vem com a Nova Aliança.

A Nova Aliança em Ezequiel

Ezequiel 36
²² Assim diz o Senhor Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes.
²³ Vindicarei a santidade do meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; as nações saberão que eu sou o Senhor, diz o Senhor Deus, quando eu vindicar a minha santidade perante elas.
²⁴ Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra.
²⁵ Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.
²⁶ Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.
²⁷ Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.
²⁸ Habitareis na terra que eu dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus.
²⁹ Livrar-vos-ei de todas as vossas imundícias; farei vir o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós.
³⁰ Multiplicarei o fruto das árvores e a novidade do campo, para que jamais recebais o opróbrio da fome entre as nações.
³¹ Então, vos lembrareis dos vossos maus caminhos e dos vossos feitos que não foram bons; tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas iniquidades e das vossas abominações.

Isso é a Nova Aliança: Perdão dos pecados e um novo coração onde habitará o Espírito Santo de Deus. Haverá um povo regenerado. E, em função disso, Deus derramará as bênçãos prometidas a Davi e Abraão. Essa promessa Deus fez a Israel e a casa de Judá.

A Nova Aliança no Novo Testamento

Vimos a Nova Aliança em Deuteronômio 30, Jeremias 31 e Ezequiel 36, mas não falamos ainda sobre os meios pelos quais a Nova Aliança é ativada. Sabemos como isso vai acontecer quando chegamos ao Novo Testamento.

Na última ceia, Jesus está com os seus discípulos, toma o copo de vinho depois de terem comido, e diz: “Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue derramado em favor de vós” (Lucas 22:20).

A Nova Aliança é concretizada através do sangue de Jesus Cristo, que produz em nós um novo coração, nos torna habitação do Espírito, circuncida nossos corações e permite a Deus escrever Sua lei em nossos corações. Isso acontece quando o pecador reconhece plenamente, e de forma inequívoca, que Jesus Cristo:

É o sacrifício único pelo pecado;
É o único caminho de salvação;
Carregou seus pecados em seu corpo na cruz;
Não conheceu pecado, mas foi feito pecado por nós;
É o Cordeiro, o substituto sacrificial fornecido por Deus que morreu em seu lugar para levar seus pecados;
É seu Salvador e seu Senhor.

Assim o pecador cumpre as condições da Nova Aliança e Deus, em sua grande graça, circuncidará seu coração, lhe dará um novo coração, escreverá nele sua lei e plantará seu Espírito dentro dele.

A Nova Aliança e Israel

Até que Israel não receba um novo coração e tenha seus pecados perdoados não receberá a bênção Abraâmica e Davídica.

Há dois mil anos atrás Zacarias provavelmente imaginou que tudo se cumpriria durante o ministério de Cristo. Mas não foi isso aconteceu, Israel rejeitou seu Messias e Rei. No julgamento de Jesus, eles disseram a Pilatos: “Fora! Fora! Crucifica-o! Não temos rei, senão César!” (João 19:15).

O profeta Zacarias escreveu que um dia todo o Israel remanescente pranteará amargamente sua rejeição a Jesus Cristo. Um dia eles entenderão que seus antepassados morreram na condenação, haverá um profundo lamento e arrependimento nacional.

Zacarias 12
¹⁰ E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito.
¹¹ Naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom, no vale de Megido.

Romanos 11
²⁵ Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios.
²⁶ E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades.
²⁷ Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados.

Enquanto isso não acontece, a verdade da Nova Aliança é aplicada a todo aquele que crê, seja judeu ou gentio. Todos os redimidos foram salvos pela morte substitutiva de Jesus Cristo.

Mesmo as pessoas da época patriarcal, até mesmo Abraão, foram considerados justos diante de Deus porque creram em Deus (Hebreus 11). A salvação sempre foi pela fé e nunca por obras.

Abraão não sabia sobre Cristo, mas ele creu em Deus e mesmo que Cristo ainda não tivesse morrido, Deus perdoou os pecados de Abraão e imputou os pecados de Abraão a Cristo, que um dia morreria por ele. Através da cruz, Deus não somente perdoou os pecados de Abraão, bem como imputou a justiça de Cristo a Abraão.

Os santos do Antigo Testamente foram salvos olhando para a frente, para a obra redentora que Cristo iria consumar na cruz. Os santos do Novo Testamento foram salvos olhando para trás, para a obra redentora que Cristo consumou na cruz.

Não existe o tempo na economia de Deus, e é por isso que Ele fala do Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo (Ap. 13:8; 1 Ped. 1:18-21). Nos propósitos de Deus, o Cordeiro foi morto antes que o homem fosse criado. Todos que creram, em qualquer tempo, foram alcançados pelo seu sacrifício substitutivo. 

Os verdadeiros cristãos receberam um novo coração e são habitação do Espírito Santo, Deus escreveu sua lei em seus corações e os capacitou a obedecer e a amar a Deus de todo o coração, alma, mente e força.

Os verdadeiros cristãos não são perfeitos, pois ainda possuem sua humanidade não redimida. Mas um dia a obra redentora será completada, quando os redimidos receberão novos corpos glorificados.

A igreja é constituída apenas de crentes da Nova Aliança. Todos que creram foram salvos pelos termos da Nova Aliança, isto é, pela expiação do sangue sacrificial de Jesus Cristo na cruz. Todos que já foram salvos ao longo da história foram salvos pela morte de Jesus Cristo

A Nova Aliança: A Igreja e Israel

Mas a Nova Aliança tem uma aplicação única ao povo de Israel. Como compromisso especial para com o povo de Israel, não foi cumprida porque Israel, como nação, não creu. Mas um dia Israel crerá.

Deus fez uma promessa a Davi que um dia ele teria um reino. É uma promessa irrevogável. Um dia ela se cumprirá.
Deus fez uma promessa a Abraão, que Israel teria sua terra e bênçãos. É uma promessa irrevogável. Um dia ela se cumprirá.

E Deus fez uma promessa em Deuteronômio 30 e reiterou, por exemplo, em Jeremias 31, que um dia uma fonte de bênção seria aberta para Israel, eles receberiam um novo coração, totalmente regenerado, e o perdão dos pecados, e que todos o conheceriam. É também uma promessa irrevogável. Um dia se cumprirá.

O elemento terreno do reino Davídico ainda não chegou. Mas Cristo é seu Rei e nosso. Herdamos a essência espiritual da promessa Davídica.

A bênção Abraâmica não veio em suas características terrenas, mas temos sido “abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef. 1:3). Não temos uma Terra Prometida terrena, mas temos uma terra prometida celestial.

Israel ainda não chegou à salvação da Nova Aliança como nação, mas nós entramos nisso e recebemos pela graça de Deus um novo coração.

O sacerdote Zacarias, ao ver o nascimento de João Batista, o percussor do Rei, pensou que tudo isso aconteceria imediatamente. Ele estava certo quando cria que as promessas eram irrevogáveis e viriam, mas não naquele momento, por causa da incredulidade de Israel.

Cada vez que participamos da ceia do Senhor, sempre nos lembramos das Palavras de Cristo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim” (1 Coríntios 11:25). Lembramos que Deus fez uma Nova Aliança e somos abençoados por ela..

Não há dúvidas sobre o futuro de Israel. O futuro de Israel é que eles serão salvos. Eles receberão um novo coração e o perdão dos pecados. O Espírito será plantado neles.

Eles conhecerão a Deus. E quando conhecerem a Deus, entrarão na plenitude de todas as promessas de Deus feitas a Davi e Abraão. A Nova Aliança é incondicional no sentido de que acontecerá. É unilateral no sentido de que depende apenas de Deus. É irrevogável.

O sacerdote Zacarias estava certo, ele sabia do que se tratava da Nova Aliança em Lucas 1:76-79. É muito salutar vermos a entrelaçamento do cântico de Zacarias (Lucas 1:67-80) com as alianças do Antigo Testamento. Compreender isso é compreender o Antigo Testamento, bem como o Novo Testamento e o fluxo da história redentora.

Na próxima vez vamos continuar esse assunto olhando para Lucas 1:79-80, em que Zacarias diz: “graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz”. Vamos orar juntos.

Pai, a riqueza inconfundível das Escrituras nos surpreende. Não crer em Tua Palavra é uma estupidez. A coesão das Escrituras é impressionante. A evidência de que existe um autor, Tu mesmo, que derramou a verdade através de muitos escritores, torna-se clara para nós quando olhamos para o quadro geral.

Oh Pai, como te agradecemos pela Nova Aliança, como te agradecemos porque nós que, que realmente não somos um povo, como Paulo diz, recebemos a bênção da Nova Aliança. Fomos abençoados com o fiel Abraão e nos tornamos súditos do grande Rei. Fomos transportados do reino das trevas para o reino do querido Filho de Deus.

Estamos desfrutando do governo do grande Rei de Davi, nosso Messias. Desfrutamos do Seu governo, do Seu governo soberano em nossas vidas agora mesmo. Desfrutamos de todas as bênçãos, todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo Jesus, tudo e muito mais do que nunca foi prometido a Abraão porque recebemos a Nova Aliança.

Nossos pecados foram perdoados e recebemos um coração purificado e a Tua lei foi escrita como uma força poderosa em nossos corações. Ansiamos que isso aconteça com a nação de Israel. Ansiamos pelo dia em que isso acontecerá, para que a plenitude de todas as promessas possa acontecer e o Rei possa reinar sobre a terra e enchê-la com Suas bênçãos.

Até aquele dia, possamos pregar o evangelho da Nova Aliança e que muitos creiam e sejam salvos para a Tua glória, oramos. Amém.


Sermões desta série sobre o Cântico de Zacarias:

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos do Evangelho de Lucas.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos sobre escatologia.


Este texto é uma síntese do sermão “Zachariah’s Song of Salvation: The New Covenant, Part 2”, de John MacArthur, em 23/5/1999.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/42-20/zachariahs-song-of-salvation-the-new-covenant-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

Compartilhe

You may also like...

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.