A Morte que Ensina Como Viver
Quero chamar sua atenção ao texto escrito pelo apóstolo Pedro:
Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos. (1 Pedro 2:21)
É fácil encontrar pessoas afirmando que a vida de Cristo é um exemplo, mas parece estranho dizer que a morte de Cristo é um exemplo. E, no entanto, é exatamente isso que Pedro diz, que Cristo, ao sofrer e morrer, nos deixou um exemplo que devemos seguir.
Entendemos seguir o exemplo de Cristo em Sua vida. A Bíblia nos diz que Ele era: homem perfeito, não conheceu pecado, santo, inocente e não tinha mácula. E assim, a vida Ele é o exemplo perfeito.
A Bíblia diz que, olhando para Sua vida, devemos ser santos como Ele era santo, puros como Ele era puro, sábios como Ele era sábio, humildes como Ele era humilde, obedientes a Deus como Ele era obediente a Deus, servir como Ele serviu e livres do mundo como Ele era livre do mundo.
Entendemos que a vida de Cristo foi uma vida exemplar. Mas a questão diante de nós, neste versículo que Pedro nos dá, não é o exemplo em Sua vida, mas o exemplo em Sua morte. E isso é tão crucial, porque a verdade é que você aprende mais sobre o caráter de uma pessoa nos momentos de provações mais profundas.
A revelação mais verdadeira de você e de mim vem no momento de nossa provação mais profunda. As provações revelam o caráter. A adversidade revela a virtude ou a falta dela. E quanto maior o problema e mais severa a adversidade, mais pura a revelação do que somos.
Não estou convencido de que conheço uma pessoa apenas nos bons tempos. Conheço realmente uma pessoa quando vejo sua reação nos momentos difíceis, nos tempos de lutas, sob estresse, sob pressão. Essa é a revelação mais verdadeira e pura do que você é.
Encontramos então a mais pura e verdadeira revelação do caráter de Jesus Cristo no tempo de Sua maior provação. E aquele foi o tempo de Sua morte. E descobrimos que em Sua morte, Ele foi tão perfeito quanto em Sua vida; e Sua morte apenas confirma o caráter puro e perfeito manifesto em Sua vida.
Em Sua morte, Jesus nos deu revelações de Seu caráter que nos ensinam como viver.
Na maioria das vezes, olhamos para Sua morte e dizemos: “Bem, sua morte nos mostra o significado do pecado. Isso nos mostra como tivemos que ter um Salvador pagando o preço por nossa iniquidade. Sua morte foi, para nós, uma morte substitutiva pela qual Ele tomou nosso lugar, morreu nossa morte, pagou por nossos pecados”.
Mas Pedro diz que há algo mais: Jesus morreu não apenas por nós, mas morreu como um exemplo para nós. Ele morreu para nos mostrar como viver. É nisso que quero que você se concentre agora: o exemplo de Cristo em Sua morte.
Agora, como vamos saber alguma coisa sobre Ele em Sua morte? Como Seu caráter é revelado?
- Não poderia ser revelado em algo que Ele faria porque Ele estava pregado na cruz e não podia fazer nada.
- Não poderia ser revelado a nós em algo que Ele estava pensando, porque não podemos ler Seus pensamentos.
- A única coisa que podemos saber sobre o caráter de Cristo em Sua morte é o que Ele disse. O que Ele disse ao morrer tornou-se princípios para viver.
Vejamos as sete últimas palavras de Cristo antes de sua morte, todas ditas na cruz.
1) “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34)
Ele morreu perdoando aqueles que pecaram contra Ele. É um princípio de vida. Jesus, em Sua morte, revelou um coração perdoador, mesmo a favor daqueles que estavam lhe matando.
- Aquele por quem o mundo foi feito, veio ao mundo, mas o mundo não o conheceu (João 1:10).
- O Senhor da glória habitou entre os homens, mas não foi desejado pelos homens (João 1:11).
- Os olhos que o pecado havia cegado não viram nele nada para o desejar (Isaías 53:2).
- Quando Ele nasceu, não havia lugar na hospedaria (Lucas 2:7), um prenúncio do tratamento que receberia neste mundo.
- Pouco depois de Seu nascimento, Herodes tentou matá-Lo (Mateus 2:16), e essa hostilidade foi apenas o começo do que Ele experimentou ao longo de sia vida.
- Repetidas vezes Seus inimigos buscaram Sua destruição.
E quando chegamos ao tempo da cruz, Ele se entregou nas mãos de pecadores. Após um julgamento com acusações e testemunhas falsas, Pilatos disse: “Não vejo nele crime algum” (João 18:38).
Mas a multidão enfurecida bradou: “Fora! Fora! Crucifica-o … Não temos rei, senão César!” (João 19:15). E assim Pilatos cedeu e concordou com sua crucificação. Os inimigos implacáveis de Jesus fizeram com que Ele morresse da forma mais dolorosa, intensa e vergonhosa.
E enquanto Ele estava pendurado na cruz, sendo zombado, humilhado e escarnecido até a morte, não proferiu palavras de ódio e vingança, mas de perdão. Ele suplicou por seus algozes: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Seu pedido de perdão foi uma compreensão da miséria do coração humano. Jesus entendia a pecaminosidade, cegueira, ignorância e depravação do coração humano.
Eles não sabiam que estavam matando o Príncipe da Vida, o Criador, o Messias, o Cristo, o Salvador. E a ação e a expressão da declaração de Cristo ao dizer: “Eles não sabem o que estão fazendo”, mostra o quanto a mente carnal está em inimizade contra Deus.
Mas eles precisavam de perdão. E Jesus ora de acordo com a necessidade mais profunda daqueles perversos assassinos. Este é o coração magnânimo de Cristo. Pedro escreveu:
“[Jesus] sendo injuriado, não injuriava, padecendo, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (1 Pedro 2:23)
O perdão é a maior necessidade do homem, é a única maneira de o homem ter comunhão com Deus, escapar do inferno e ser abençoado. O perdão é, portanto, o que Jesus orou por seu algozes.
E a primeira lição importante que todos precisam aprender é que somos pecadores. E como pecadores, somos impróprios para a presença do Deus Santo. E por isso é vão o homem buscar qualquer esforço ou ideia e não ter o perdão divino para resolver sua condição de perdição eterna.
O perdão do pecado é a questão mais fundamental da vida. Não importa se o homem tem boa reputação perante todos e vive praticando boas ações, se ele não for perdoado por Deus, ele está perdido. A salvação não é algo que resulta do mérito humano, mas da graça divina.
Jesus morreu orando pelo perdão daqueles que pecaram contra Ele. Aí está, meu amigo, um princípio de vida. Existe uma maneira de viver a sua vida: estar preocupado em Deus perdoar o pecado daquele que pecou contra você, em vez de alimentar sentimento de vingança. Essa é a maneira de viver sua vida.
Estevão estava sendo morto por apedrejamento por proclamar o Evangelho, mas antes de morrer, diante dos seus algozes cruéis, ele ajoelhou-se e clamou a Deus: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7:60). Ele orou pelo perdão de seus algozes.
Como você deve viver? Você deve viver com um coração perdoador para com aqueles que o prejudicam, preocupando-se em que eles sejam perdoados por Deus. E isto, claro, afasta qualquer desejo de retaliação. .
2) “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43)
Essa foi a segunda declaração que Jesus fez na cruz. Havia dois ladrões crucificados com Cristo, um à direita e outro à esquerda. Um desses ladrões disse a Jesus: “Lembra-te de mim quando entrares no teu reino”, ao que Jesus respondeu: “Hoje estarás comigo no Paraíso”.
E isso nos ensina o segundo grande princípio: Jesus morreu trazendo a verdade da vida eterna a uma alma que jazia nas trevas. Essa é a maneira de viver sua vida. Jesus, em sua morte, mostrou seu compromisso de levar os homens a Deus. E Ele fez isso quando estava morrendo, como havia feito durante toda sua vida.
É bastante notável e dramático como esse homem passou a confiar em Cristo. Afinal, olhe para a cena na cruz. O que havia em Jesus Cristo que fosse convincente? O que poderia convencê-lo de que Ele era o Cristo de Deus, o Salvador do mundo, o Messias, o Rei?
Do ponto de vista humano, Jesus estava morrendo derrotado, rejeitado, desprezado, odiado e humilhado. Não havia ninguém ali dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Até seus amigos o abandonaram. Ele veio para pessoas que o rejeitaram e odiaram. Ele estava em uma posição de vergonha.
Na visão do judaísmo apóstata que dominava Israel, sua crucificação era incompatível com o Messias prometido, pois o Messias deveria estabelecer um reino triunfante, derrotando o império romano. Sua condição humilde foi uma pedra de tropeço para os judeus desde o início de seu ministério, e as circunstâncias de sua morte intensificaram isso.
Inicialmente ambos os ladrões crucificados blasfemavam de Cristo (Mateus 27:44). Mas um deles se arrependeu e disse ao outro: “Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez”. (Lucas 23:40-41)
E o pedido do ladrão foi antes que ocorressem os fenômenos sobrenaturais (Mateus 27:45, 51-54) que poderiam convencê-lo de que Jesus era o Messias.
- Houve trevas sobre a terra por 3 horas.
- Após sua morte:
- O véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo.
- A terra tremeu e fenderam-se as rochas.
- Abriram-se os sepulcros e muitos santos ressuscitaram.
- O centurião e os que com ele guardavam a Jesus disseram: “Verdadeiramente este era Filho de Deus”.
Mas o ladrão da cruz não havia visto ainda essas coisas, ele via apenas o Senhor muito ferido, humilhado, ultrajado e pendurado na cruz. Mas ele reconheceu a santidade de Jesus e que ele era o Salvador. E disse: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (Lucas 23:42).
Portanto, ele creu na sua ressurreição e sua segunda vinda. Ele sabia que a morte não era o fim. Ele entendeu a soberania de Jesus nas circunstâncias mais improváveis. E mais, viu Jesus como seu salvador, como um homem santo e como um rei.
Como ele pôde ver isso? Não foi uma obra do homem, a salvação é uma obra de Deus. Ali houve a obra soberana e salvadora de Deus, que moveu seu coração para convencê-lo dessas coisas. A salvação de pecadores perdidos é apenas pela graça incomparável de Deus .
A salvação de um pecador não vem da habilidade do pregador, ou do ato de uma pessoa compartilhar o evangelho, ou do testemunho de alguém, ou o resultado direto de uma oração. Não. A salvação é resultado direto da intervenção da graça soberana de Deus. As demais coisas são apenas instrumentos pelos quais Deus age.
Não importava na cruz as circunstâncias tão negativas para aquele homem perdido. Quando Deus quebrou a escuridão de seu coração, ele creu. Mas, no entanto, por meio da instrumentalidade de Cristo, Deus trouxe uma alma condenada à salvação. Jesus disse “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10).
Em 1 Timóteo 1:15, diz: “Cristo veio para salvar os pecadores”. E é isso que Ele estava fazendo na cruz. Que exemplo. Ele morreu perdoando aqueles que pecaram contra Ele, e Ele morreu trazendo a verdade da vida eterna para uma alma condenada. É assim que devemos viver.
3) “Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe” (João 19:26)
Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa (João 19:26,27)
Jesus morreu expressando amor altruísta (preocupação com o outros). Ao pé da cruz estava um pequeno grupo de cinco pessoas, com comportamento muito diferente da multidão enlouquecida.
Segundo João 19:25, o grupo era formado por: Maria (mãe de Jesus) e sua irmã (possivelmente Salomé, a mãe de Tiago e João); Maria (irmã da mãe de Jesus e mulher de Clopas); Maria Madalena (de quem Jesus expulsou demônios, conforme Lucas 8:2); e o apóstolo João (João 19:25).
Maria estava ferida, perplexa, sem forças e paralisada, mas estava ali sem histeria. Jesus foi crucificado perto do chão, e é razoável supor que as pessoas poderiam tê-lo tocado. Eles estavam perto de Jesus. E o que Jesus diz? “Mulher, eis aí o teu filho!”, falando com Maria (sua mãe).
Você diz: “Por que Ele não chama Maria de Mãe?” Porque aquele relacionamento havia acabado. Ela não é a mãe dele. Uma vez que Ele começou Seu ministério, Ele a identificou como “mulher” nas bodas de Caná (João 2). E agora ela é “mulher” no sentido de que ela deveria olhar para Ele não como seu filho, mas como seu Salvador.
E Jesus se vira para João e diz: “Eis aí tua mãe!” O que ele estava fazendo? Ele estava entregando sua mãe terrena aos cuidados de João. Provavelmente José já havia morrido. Jesus disse: “Maria, de agora em diante João é seu filho; João, de agora diante Maria está em seus cuidados”. Ele não quis entregá-la a seus meios-irmãos incrédulos, pois em João capítulo 7:5 diz que eles não creram Nele.
E assim, por compaixão, Ele confia Maria a João e João aos cuidados de Maria. E o que isso nos ensina?
O amor altruísta vindo do coração de alguém que estava recebendo o cálice da ira de Deus contra o pecado, uma dor inimaginável, mas estava pensando em ajudar outra pessoa. Uma demonstração de pureza de seu caráter.
É assim que devemos viver: Nunca tão sobrecarregados com nossa própria dor, a ponto de perder de vista as necessidades dos outros, mesmo que elas sejam menores que as nossas. Esse é um grande princípio para viver.
Como vamos viver? Perdoando aqueles que pecam contra nós, trazendo a verdade da vida eterna aos perdidos e expressando amor altruísta aos outros. Até quando eles têm menos dor do que nós.
4) “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46)
Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mateus 27:46)
O que isso nos diz? Que lição aprendemos? Que princípio? Jesus morreu compreendendo a seriedade do pecado. E a implicação do pecado é a separação do homem de Deus.
“Deus meu, Deus meu, Por que me desamparaste?” tem o sentido doloroso e trágico de ser abandonado, deixado sozinho e desolado. Ali Jesus sentiu a breve perda de sua intimidade com o Pai.
Neste momento Jesus estava experimentando o abandono que resultou do derramamento da ira de Deus sobre ele, pois ali Jesus estava carregando sobre si nossos pecados.
O pecado fez o que seria impossível a qualquer outra coisa: Impedir a comunhão de Jesus com o Pai. A consequência do pecado é a realidade mais devastadora do universo. Deus é tão puro que não pode ver o mal (Habacuque 1:13). Por isso o pecado separa o homem de Deus.
Jesus ficou em silêncio quando foi preso, humilhado, agredido cruelmente, caluniado, difamado, zombado, cuspido, açoitado e crucificado, mas quando Deus o abandonou, Ele sentiu uma dor tão dilacerante que o fez dar esse brado.
Nenhuma luta, provação ou problema na vida pode ser comparado às consequências tenebrosas do pecado, que separa o homem de Deus eternamente.
E nenhum problema é tão severo quanto o impacto do pecado, que impede nossa comunhão com Deus. Devemos compreender a todo momento as graves implicações do pecado.
5) “Tenho sede” (João 19:28)
Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! (João 19:28)
Ele estava experimentando os resultados da verdadeira humanidade. Ele estava com muita sede, desidratado. Ele precisava beber água, mas não podia obtê-la para Si mesmo. Ele conheceu a fragilidade humana. Por isso que Ele é um Sumo Sacerdote tão compreensivo e fiel.
Na sua vida ele esteve cansado, com fome, com sede, com sono etc. Houve momentos em que Ele estava feliz e houve momento que Ele se entristeceu. Houve momentos em que Ele estava gemendo, e houve momentos que Ele sentiu toda a emoção da vida humana.
E quando Ele estava com fome, Ele precisava de comida. E quando estava com sono, precisava de um lugar para dormir. E quando Ele estava com sede, Ele precisava de água. E Ele dependia de alguém para dar a Ele. E às vezes eram Maria e Marta. Às vezes era Sua mãe. E aqui Ele diz: “Estou com sede.”
Ele nos mostra que devemos viver da mesma maneira. Devemos viver dispostos a mostrar nossa fraqueza humana e depender de alguém para suprir nossas necessidades. Devemos aprender a viver de forma dependente. Devemos aprender a viver compartilhando necessidades com os outros.
- Devemos viver perdoando aqueles que pecam contra nós, mesmo que isso custe a nossa vida, preocupando-nos com o perdão e nosso relacionamento com Deus, e não com retaliação.
- Devemos viver fazendo tudo o que pudermos para estarmos disponíveis para Deus, para que Ele possa nos usar para levar a verdade ao homem perdido.
- Devemos viver amando abnegadamente outros que, muitas vezes, sofrem menos do que nós, esquecendo os nossos problemas em compaixão pelos deles.
- Devemos viver compreendendo as sérias implicações do pecado e, assim, evitando seu tremendo poder de nos separar de Deus e, portanto, da bênção.
- Devemos viver dispostos a reconhecer nossa fraqueza humana e a depender daqueles que podem suprir nossas necessidades.
6) “Está consumado” (João 19:30)
Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito. (João 19:30)
Ao aproximar-se do fim de Sua vida, Jesus fez um pronunciamento triunfante: “Está consumado”. Que princípio você vê aqui? Ele morreu completando a obra que Deus lhe deu para fazer.
Ele havia concluído a obra redentora. Ele veio ao mundo; Ele havia levado os pecados do homem; Ele providenciou a morte sacrificial; Ele havia feito a obra expiatória; sua obra estava terminada.
Ele completou perfeitamente a obra que Deus lhe deu para fazer, e é assim que devemos viver. Devemos estar mais preocupados com o trabalho que Deus nos chamou para fazer do que com a dor que o trabalho nos traz.
Ele suportou a dor porque pôde ver a realização. Esse é sempre o preço de fazer a obra de Deus; é ser capaz a passar pela dor e pela dificuldade de fazer o trabalho. Ele havia dito durante seu ministério: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (João 4:34)
Paulo aprendeu com Jesus e, no final de Sua vida, pôde dizer:
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora me está guardada a coroa da justiça, que o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda. (2 Timóteo 4:7,8).
Igualmente Pedro declarou:
[…] Estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade (2 Pedro 1:14-16).
7) “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46)
Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou (Lucas 23:46).
Que princípio existe aqui? Ouça com atenção: Jesus morreu confiando plenamente ao prometido cuidado de Deus. E é assim que você deve viver, lançando toda sua esperança naquele que cuida de você.
Você deve viver colocando sua vida, sua morte e seu destino no prometido cuidado de Deus. Você deve viver confiando em Deus. Uma vida de fé.
Deus havia prometido ressuscitá-lo dentre os mortos no Salmo 16. Deus havia confirmado essa promessa a Ele, pois muitas vezes Jesus disse que sofreria e morreria, mas ressuscitaria. E Ele se compromete com o prometido cuidado de Deus em Sua morte. Essa é a única maneira de viver: entregar sua vida a Deus.
Ouça, devemos viver uma vida totalmente comprometida com Deus. Romanos 12 diz que devemos apresentar a Deus, como um sacrifício vivo, a nós mesmos e confiar Nele.
Jesus, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente (1 Pedro 2:23). Não importava quanta hostilidade ele sofria, ele se entregou ao Pai. Ele confiava plenamente nas promessas de Deus. Essa é a maneira de viver: confiança plena em Deus.
E assim, o Senhor Jesus Cristo viveu uma vida perfeita e morreu uma morte perfeita. Em Sua vida, Ele nos deu um exemplo de como viver, e em Sua morte, Ele nos deu talvez o maior exemplo de como viver. Nas palavras que Ele disse na cruz, Ele resumiu todos os maiores elementos da vida.
1) Você deve viver perdoando aqueles que pecam contra você.
2) Você deve viver pregando e testemunhando a verdade para os perdidos.
3) Você deve viver amando abnegadamente e ser compassivo com aqueles cuja dor pode ser menor que a sua e certificar-se de que as necessidades deles sejam atendidas.
4) Você deve viver compreendendo as sérias implicações do pecado e seu poder separador.
5) Você deve viver sem medo de admitir sua fraqueza e permitir que outros atendam às suas necessidades para que você possa fortalecer a comunhão.
6) Você não deve viver até que sua vida termine simplesmente, você deve viver para terminar a obra que Deus lhe deu para fazer.
7) E você deve viver e morrer confiando sua vida, sua morte, sua alma e sua eternidade aos cuidados prometidos por Deus.
É assim que se vive. Jesus viveu uma vida perfeita e morreu uma morte perfeita. E como resultado disso, Deus o ressuscitou dentre os mortos, e o colocou à sua direita em glória.
E Deus prometeu que ressuscitaria aqueles que são perfeitos. Você diz: “Bem, isso não parece uma boa notícia para mim, eu sou pecador, não sou perfeito. Então eu nunca vou ressuscitar porque Deus nunca vai afirmar que sou perfeito”.
Você tem razão. E é justamente o fracasso em viver assim que manda toda a raça humana para o inferno.
Você diz: “Bem, então que esperança eu tenho?”.
Temos uma esperança inabalável. Hebreus 10:14 diz:
Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.
Ninguém jamais poderia alcançar a ressurreição. Ninguém jamais poderia viver uma vida que Deus honraria como Ele honrou a vida de Cristo. Ninguém jamais poderia ter uma morte que Deus honraria como Ele honrou a morte de Cristo. Ninguém jamais pode ser perfeito, e é por isso que todos estão condenados.
Deus nos dá a própria perfeição de Cristo. Ele nos aperfeiçoou. Ele nos cobre com a perfeição de Cristo. Ele nos coloca em Cristo para que a perfeição de Cristo nos esconda para que possamos dizer que somos perfeitos em Cristo.
Os filhos de Deus estão em Cristo. Se eles não estivessem em Cristo, não seriam perfeitos e não entrariam na glória eterna. Eles são perfeitos em Cristo, porque Cristo é perfeito e eles estão escondido Nele.
Esse é o evangelho. A perfeição de Cristo se torna nossa quando o recebemos como Salvador. Quando você entrega sua vida a Jesus Cristo, Sua justiça o veste, Sua perfeição o esconde e, assim, Deus também o levará à glória. Esse é o evangelho.
Você diz: “Bem, isso significa que uma vez que você se torna um cristão, você é realmente perfeito?”
Não. Ainda lutamos nesta vida. Um dia seremos perfeitos, quando chegarmos ao céu. Mas, enquanto isso, somos cobertos pela perfeição de Cristo para que nosso pecado seja escondido de um Deus Santo e intolerante com o pecado.
Esse é o evangelho. Porque Ele vive, podemos viver.
Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória (Colossenses 3:3,4)
Você diz: “E quanto a viver de maneira diferente?”
Bem, isso se torna a busca de todo cristão. Porque Cristo me cobriu com Sua perfeição, quero fazer tudo o que puder para viver o mais perfeitamente possível.
Eu quero ser o tipo de pessoa que Ele era. Eu quero andar como Ele andou. Eu quero perdoar como ele e pregar o evangelho como Ele. Eu quero ser amorosamente altruísta. Eu quero ser livre do pecado. Quero estar aberto para compartilhar minhas necessidades. Quero terminar a obra que Deus me deu e quero confiar totalmente em Deus;
Mas estou motivado a fazer isso não para ganhar a perfeição, mas para viver de acordo com a perfeição que Cristo me deu quando O recebi como Salvador. Esse é o evangelho.
Vamos orar
Pai, agradecemos pelas grandes verdades que Jesus nos ensinou em Sua morte. Oramos para que cada um de nós estude essas verdades e as veja se tornarem realidade em nossas próprias vidas.
Pai, sei que nesta congregação nesta manhã há alguns que não alcançaram a Tua perfeição, que não vivem de acordo com este padrão, mas que não têm a perfeição de Cristo ocultado suas vidas porque nunca O receberam como Senhor e Salvador.
Ó Deus, que este seja o dia em que eles abram seus corações ao Cristo vivo e recebam Sua perfeição por sua imperfeição e com isso a esperança do céu eterno.
Para aqueles de nós como cristãos que receberam a perfeição de Cristo, podemos, com um novo zelo, nos comprometer a viver de acordo com Sua vida e morte e seguir o padrão que Ele estabeleceu. E que a mais pura revelação de Seu caráter, conforme a vemos na cruz, torne-se o objetivo de nossa própria vida, para que Ele seja glorificado e nós sejamos abençoados. Em nome de J Amém.
Este texto é uma síntese do sermão “Jesus’ Death Shows Us How to Live”, de John MacArthur, em 26/03/1989.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/80-62
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.