A Grandeza de Ser um Servo

Continuando nossa trilha no Evangelho de Marcos, vamos olhar agora para Marcos 10: 35-45, onde o Senhor estava novamente tentando comunicar uma verdade espiritual muito importante a Seus discípulos, e eles continuaram lutando contra essa verdade, resistindo ao ensino do Senhor.

Conforme vimos em sermão anterior, você lembra que, em Marcos 9:33, quando Jesus e os discípulos chegaram a Cafarnaum, Jesus lhes perguntou: “O que vocês estavam discutindo no caminho?”. E eles ficaram em silêncio, porque eles haviam discutido sobre quem entre eles era o maior (v. 34). E Jesus lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos” (v.35).

E agora, quando Jesus estava prestes a ir para Jerusalém, para a última semana de sua vida, o assunto é abordado novamente (Marcos 10:35-45). E, por incrível que pareça, o mesmo assunto voltou a ser discutido entre eles na última ceia, na noite em que o Senhor foi traído (Lucas 22: 24-27), quando Jesus lhes disse:

Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve (Lucas 22:25-27)

E em nosso texto agora, no final do ministério de Jesus na Galileia, Jesus ensinou mais uma vez esta lição para aqueles homens obstinados e de coração duro.

Marcos 10
35 Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir.
36 E ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça?
37 Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda.
38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado?
39 Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado;
40 quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado.
41 Ouvindo isto, indignaram-se os dez contra Tiago e João.
42 Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade.
43 Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;
44 e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos.
45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

Isso é sobre a grandeza da humildade, a grandeza de servir e de ser um servo. E aqui aparece duas coisas opostas e bem conhecidas: orgulho e humildade.

As Escrituras dizem que Deus odeia o orgulho, a soberba e arrogância. Diz também que Deus ama a humildade. Isso está espalhado por toda a Palavra de Deus. Tais como nesses exemplos:

  • O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância… (Provérbios 8:13)
  • Abominável é ao Senhor todo arrogante de coração; é evidente que não ficará impune. (Provérbios 16:5)
  • A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda. (Provérbios 16:18)
  • Mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra. (Isaías 66:2)
  • Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. (1 Timóteo 3:6)
  • Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. (Tiago 4:6)
  • Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. (Filipenses 2:3)
  • Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça (1 Pedro 5:5)
  • Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade (Colossenses 3:12).

Somos instruídos a nos revestirmos de humildade e a andarmos em humildade. Isso é difícil. O orgulho é o pecado que domina e define a humanidade. Todos os outros pecados são alimentados pelo orgulho.

A razão pela qual uma tentação é uma tentação é porque ela apela para a realização pessoal do homem, satisfação pessoal e desejo pessoal. A inclinação para fazer o que deseja é uma expressão da vontade, do orgulho e do amor-próprio.

O Senhor odeia o orgulho, porque o orgulho é o pecado que leva a todos os outros pecados. E o mundo exalta o orgulho porque o homem ama exaltar a si mesmo e buscar a sua própria realização. Isso é o que significa ser caído, corrupto, não regenerado.

Não nos surpreende que o orgulho domine a cultura de forma tão intensa. A cada geração o homem tem se tornado mais orgulhoso, egocêntrico, egoísta e determinado a buscar a exaltação de si mesmo. Esta é uma realidade muito profunda da humanidade.

É por isso que nosso Senhor teve muitas dificuldade em tratar isto com seus apóstolos. Eles criam e amavam a Jesus, mas ainda possuíam uma visão materialista do reino, que aprenderam no judaísmo apóstata. E aquela visão materialista do reino tinha como causa seus próprios desejos de exaltação e de elevação.

Os apóstolos eram homens comuns, os mais comuns dos homens comuns. Entre eles não havia nenhum nobre ou poderoso. E o pensamento de que eles poderiam ser engrandecidos foi muito tentador por eles.

Tiago e João, em particular, estavam na transfiguração (Marcos 9: 2-8). Eles tiveram uma compreensão elevada da realidade espiritual no que diz respeito a Cristo e ao reino vindouro. E em vez daquela experiência ter desenvolvido humildade neles, alimentou o orgulho em seus corações.

Embora o Senhor tenha dito a eles um princípio que eles deveriam ter entendido: “Muitos primeiros serão últimos, e os últimos, primeiros” (Marcos 10:31), o que significa que todos acabam iguais, eles ainda se consideravam superiores uns aos outros.

Pedro expressou essa atitude perguntando: “Deixamos tudo e te seguimos… O que será de nós?”, ou seja, “o que ganhamos com isso?” (Marcos 10:28; Mateus 19:27). Eles queriam exaltação.

Por isso quando Jesus falava sobre seu próprio sofrimento, eles ficavam incomodados e chocados, a ponto de reprová-lo (Marcos 8:32) e dizer: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá” (Mateus 16:22). O Messias preso, humilhado e morto era um pensamento insuportável para eles.

E era um assunto tão incômodo para eles, que nem queriam saber mais os detalhes. Eles “não compreendiam isto e temiam interrogá-lo” (Marcos 9:32). Eles queriam falar de glória e a exaltação, porque isso é natural ao orgulho humano.

Eles haviam ouvido e visto tantas coisas profundas do Senhor, mas continuavam com perguntas e pedidos bizarros, O orgulho exerce terrível poder nefasto no coração humano caído.

Eles deveriam estar munidos das palavras de Davi, que disse:

Teu, Senhor, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, Senhor, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força. Agora, pois, ó nosso Deus, graças te damos e louvamos o teu glorioso nome. Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos. (1 Crônicas 29:11-14)

Isso é o que deveria ter saído da boca deles. Pensamentos semelhantes ao de Davi foram expressos por tantos homens que Deus usou no Velho Testamento, como aqueles citados em Hebreus 11, cuja humildade os levaram a uma posição de heróis da fé.

E quando veio João Batista, o último dos profetas, ele diz:

Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias (João 1:26,27)

Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? (Mateus 3:14)

Convém que ele cresça e que eu diminua (João 3:30)

Os apóstolo aprenderam a humildade após tudo que viveram e testemunharam. Esta é uma lição que eles acabaram aprendendo, mas não foi fácil. E nunca é fácil para qualquer um de nós aprender a humildade. Pedro escreveu:

Sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes… (1 Pedro 3:8)

Ao olharmos para o nosso texto de hoje (Marcos 10: 35-45), ele mostra dois caminhos possíveis para a grandeza: o carnal, que é o da autopromoção; e o celestial, da autonegação.

O caminho da autopromoção é mundano e modelado por líderes mundanos inspirados por Satanás. O caminho da autonegação é celestial e é modelado por Jesus Cristo.

  • A autopromoção funciona bem no reino do mundo, mas não funciona no reino de Deus.
  • A abnegação funciona no reino de Deus, mas não funciona no reino do mundo.
  • A autopromoção funciona no reino de Satanás, a abnegação funciona no reino de Deus.

O caminho da autopromoção

Marcos 10
35 Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir.

Este incidente também é registrado em Mateus 20: 20-28. Tiago e João gozavam, juntamente com Pedro, de mais intimidade com Jesus. Pedro era o mais íntimo de todos.

Como eles estavam próximos a Jesus diariamente, eles estavam lá na transfiguração. Então consideraram ganhar algum privilégio por isso. Eles estavam certos de que ocupavam uma posição acima dos demais.

E Mateus 20:20 diz que a mãe de Tiago e João veio junto com eles conversar com Jesus, reforçando o pedido de proeminência para eles.

Por que a mãe deles fez esse pedido? Quem era essa mulher?

Na crucificação, enquanto Jesus jazia na cruz, Mateus, Marcos e João registram três mulheres próxima a ele: Maria, a mãe de nosso Senhor, Maria Madalena, de quem Jesus expulsou sete demônios (Lucas 8:2) e uma terceira mulher. A terceira mulher que está na cruz é identificada de três maneiras diferentes:

  • Mateus a chama de mãe dos filhos de Zebedeu (Mateus 27:56);
  • Marcos a chama de Salomé (Marcos 15:40);
  • João a chama de irmã da mãe da Jesus (João 19:25).

Então a mãe de Tiago e João era tia de Jesus. Talvez ela tenha imaginado ser um assunto familiar. Ela não pediu nada para si mesma, ela queria honra para seus filhos.

E então eles fazem algo típico de uma criança pequena: “Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir” (Marcos 10:35). Algo como um filho dizendo ao pai: “Por favor, diga sim, papai, por favor, diga sim”. E então:

Marcos 10
36 Jesus lhes perguntou: Que quereis que vos faça?
37 Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda.

O Senhor demonstrou uma incomparável humildade caminhando com eles por 3 anos. E agora Jesus se aproximava da última semana de sua vida e da cruz. Será que eles não haviam aprendido nada observando a humilhação de Cristo?

Eles Estavam exalando egoísmo e ambição. Desejaram se engrandecer diante dos demais apóstolos. Isso destrói o bom relacionamento entre as pessoas. E mais a frente Jesus lhes disse:

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros. (João 13:34,35)

A atitude deles foi sinistra. Eles estavam movidos pela ambição, tal como o mundo se move. E o pedido deles foi movido por um orgulho cheio de confiança arrogante. Eles pedem: “Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda” (Marcos 10:37).

Eles criam em Jesus como Salvador e o Messias, por isso pediram isso. Mas, pensarem que eram dignos de tamanha honra, uma amostra de como estava ruim o coração deles.

Marcos 10
38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado?

Beber o cálice e ser batizado são referências ao sofrimento. E o que nosso Senhor está dizendo é: “Olha, vocês estão pedindo por um lugar elevado no reino. Vocês entendem isso é uma recompensa pelo sofrimento?”. Ou seja, “vocês querem glória, não querem sofrimento”.

Quando Jesus falou sobre Sua cruz, eles não quiseram fazer perguntas sobre isso. Eles não queriam mais nenhuma informação, só queriam que Jesus mudasse de assunto. Pedro chegou a dizer: “Isso nunca vai acontecer com o senhor!” (Mateus 16:22).

Eles não queriam nenhum sofrimento, mesmo conhecendo o que os profetas falaram. Eles ignoraram o princípio básico de que recompensa e honra correspondem diretamente ao sofrimento sacrificial.

Jesus iria beber o cálice da ira de Deus. “Beber o cálice” é uma expressão do Antigo Testamento que significa experimentar algo na sua totalidade. Era tão terrível esse cálice que Jesus disse:

A minha alma está profundamente triste até à morte […] meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. (Mateus 26: 38-39)

Jesus quis dizer a eles:

Vocês podem literalmente beber tudo e ficar submerso nisso, porque é isso que vocês realmente estão pedindo, porque se vocês querem a glória, a glória é a recompensa correspondente ao sofrimento.

Marcos 10
39 Disseram-lhe: Podemos…

E aqui está a confiança ridícula e arrogante deles. Isso é excesso de confiança arrogância e audácia. É uma presunção orgulhosa. Isso é típico do orgulho humano.

E, claro, eles não podiam lidar com isso. E Jesus sabia muito bem sobre isso. Quando estava para ser preso, Jesus disse aos discípulos:

Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas. (Mateus 26:31)

Quando o sofrimento deu as caras, eles o abandonaram e fugiram. Eles não podiam lidar com aquilo. Aqui eles queriam toda a glória do reino, mas eles não estariam lá quando chegasse o sofrimento, eles correram para salvar suas vidas.

Após a prisão de Jesus, o que aconteceu? “Então, os discípulos todos, deixando-o, fugiram” (Mateus 26:56). Mas eles estavam certos de que nunca poderia acontecer isso. E a resposta de Jesus foi profética:

Marcos 10
39 Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado.

E, claro, isso se cumpriu. Todos os apóstolos sofreram duras perseguições, açoites, e prisões. Muitos tiveram mortes terríveis. Tiago teve sua cabeça cortada e João teve uma morte lenta e agonizante no exílio na ilha de Patmos.

Então, de fato, Tiago e João iriam experimentar o sofrimento por Cristo que eles disseram estar dispostos naquele momento, mas que de fato não estavam. O Senhor sabia disso, mas também confiou plenamente na obra que o Espírito Santo faria em todos eles após sua ressureição e ascensão. E Jesus completou:

Marcos 10
40 Quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado.

Ou seja, Jesus estava lhes dizendo: 

Tiago e João, vocês sofrerão por mim, beberão o cálice e serão imersos no sofrimento, mas não serão apenas vocês que passarão por isso. E é meu Pai quem concederá a posição que vocês estão pedindo. E Ele a dará para quem Ele preparou.

Quem estará à direita e à esquerda de Cristo no reino milenar? Eu não faço ideia. Não será nenhum de nós, com certeza. E aqui nosso Senhor demonstra mais uma vez sua submissão ao Pai.

Você diz: “Bem, eles parecem muito mais carnais do que o resto, fazendo isso.” Na verdade, não.

Marcos 10
41 Ouvindo isto, indignaram-se os dez contra Tiago e João.

Os demais ficaram furiosos, não porque foram ofendidos espiritualmente, mas porque se sentiram passados para trás na disputa por glória. Eles estavam competindo.

Mais tarde, no cenáculo, nos últimos momentos antes da cruz , Lucas registra:

Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. (Lucas 22:24)

O caminho da autonegação

Em sua bondade e paciência, Jesus os chamou para perto de si e ensinou uma tremenda e preciosa lição.

Marcos 10
42 Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade.

Jesus quis dizer:

Onde vocês aprenderam e viram esse tipo de atitude? De onde isto vem? O governantes deste mundo é que são ambiciosos, arrogantes e dominadores. Eles mandam nas pessoas e querem o lugar mais alto. Eles querem que todos os sirvam, os honrem, os respeitem e façam o que eles querem.

O mundo sempre esteve cheio desse tipo de gente. Quanto mais corruptos e inescrupulosos eles são, mais provável é que eles ambicionem a qualquer preço os lugares mais altos. Assim, o mundo está cheio de pessoas ambiciosas, presunçosas e competitivas, que não conhecem limites para suas ambições. São movidos por corações corruptos e orgulhosos.

Mas Jesus diz:

Marcos 10
43 Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;
44 e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos.

O reino de Deus tem valores opostos ao mundo. Por isso Jesus disse: “Meu reino não é deste mundo” (João 18:36). Enquanto os pagãos buscam a grandeza em serem servidos, os discípulos do Senhor buscam a grandeza em servir aos outros. São valores totalmente opostos, são reinos diferentes e inconciliáveis.

Esse é o grande contraste que diferencia os figurões deste mundo e os servos do Senhor. Quem quiser ser grande no mundo se enche de ambição pelas coisas e posições do mundo, orgulho e desejo de ser servido. Os grandes no reino de Deus são os servos humildes, que buscam servir e que almejam os tesouros celestiais.

O desejo que domina o servo do Senhor é a glória celestial. Por isso Paulo, no fim de sua vida, disse:

Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. (2 Timóteo 4:7,8)

A preocupação do servo do Senhor não é como o mundo o avalia por seus critérios, mas como o Senhor o vê. Esso é o pensamento nobre de cidadãos da pátria celestial.

Então você quer isso? Não seja a pessoa a quem todos servem, seja a pessoa que serve a todos. Grande diferença! Você é o servidor, não o servido. Isso é o que é ser um servo.

Jesus disse: “e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Marcos 10:44). O sentido original é “escravo de todos”. Os escravos eram inferiores aos servos. Os criados faziam um trabalho; os escravos eram possuídos, totalmente controlados.

Ele está dizendo: “Considere todos como pessoas a serem servidas” . Você não só tem a oportunidade de servir, como também tem a obrigação de servir. E quem é o modelo para isso?

Marcos 10
45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

Jesus deu o maior exemplo de como viver para servir. Ele não veio para ser servido. Ele não é como os outros reis. Ele não veio apenas para ser Senhor e Mestre, Ele veio era escravo de Seu Pai e fazia apenas vontade de Seu Pai.

Ele disse: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (João 4:34).

Jesus realmente ofereceu um nível de obediência que poderia ser considerado escravidão. Veja o que Paulo diz em Filipenses 2.

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. (Filipenses 2:3).

É exatamente isso que Jesus estava ensinado aos discípulos em Marcos 10: 35-45.

Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. (Filipenses 2:4)

Ou seja, não procure apenas o seu próprio interesse pessoal, mas o interesse dos outros.

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (Filipenses 2: 5-8)

O texto que diz “assumindo a forma de servo” tem o sentido original “assumindo a forma de escravo”. Foi exatamente isso que o Senhor demonstrou em toda sua vida. E qual foi o resultado?

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2: 9-11).

Ele recebeu o nome mais alto porque fez o maior sacrifício. Esse é o princípio. Quanto maior o sacrifício, maior a glória. O maior sacrifício obtém a maior glória. Esse é o modelo que Cristo viveu e ensinou. Esse é o padrão.

Você quer grandeza no reino? Siga o modelo ensinado por Cristo. Ele disse: “o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10: 45).

A quem foi pago o resgate? Para Deus. O preço que Cristo pagou satisfez a Deus, propiciou Sua ira, estabeleceu Sua justiça. Ele fez isso por muitos.

O que isso significa? Qual é a ênfase aí? Por que a palavra “muitos” aparece? Porque é justaposto com “Filho do Homem”. Os resgatados comprados pela morte sacrificial de Cristo são muitos em contraste com o único Filho do Homem.

O caminho para a glória no reino de Deus é através do sacrifício humilde, vendo a si mesmo como servo e escravo. E seu modelo é Cristo. Ele foi levantado e exaltado por Seu Pai e recebeu um nome acima de todo nome.

Os nomes que vêm sob Ele, na glória por vir, serão os nomes daqueles que serviram e se sacrificaram, sendo considerados por Deus como estando no nível mais alto.

O caminho para a verdadeira grandeza não é o caminho do mundo, mas o caminho de Deus. A maneira do mundo funciona no mundo e é efêmera, a maneira de Deus funciona no reino de Deus e é eterna.

Pai, agradecemos  por este dia maravilhoso em que Te adoramos e temos comunhão uns com os outros. Agradecemos pela verdade das Escrituras, são lições que todos nós precisamos tanto aprender e reaprender.

Que possamos dar nossas vidas a serviço como escravos de todos, assim como somos escravos de Cristo. Este é um privilégio elevado e santo, e é assim que o amor opera dentro da família de Deus.

Senhor, sabemos que temos pessoas que estão aqui conosco hoje que estão fora do reino. Eles estão no mundo, fazem parte do mundo. Nós oramos, Senhor, para que seus corações sejam abertos ao evangelho. Através da morte e ressurreição de Jesus Cristo o perdão dos pecados está disponível para todos que crerem Nele.

Que este seja um dia de fé quando os pecadores abandonem seus pecados e abracem a salvação que está em Cristo, e recebam o privilégio de servir uns aos outros e o privilégio de um dia serem exaltados e glorificados no reino vindouro.

Obrigado por aplicar isso em nossos corações e nos encher dessa verdade.  Que ela possa sondar nossos corações e nos transformar, e que também nos ajude a instruir os outros. Oramos em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série


Este texto é uma síntese do sermão “The Greatness of Being a Slave”, de John MacArthur em 26/12/2010

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-54/the-greatness-of-being-a-slave

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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