A Estabilidade Espiritual – 2
Nota do site: Esta é uma série de quatro preciosas mensagens sobre a estabilidade espiritual do cristão. Veja os links dos outros sermões no fim deste texto.
Eu penso que cada um de nós gostaria de ser capaz de enfrentar a morte ou enfrentar as circunstâncias mais difíceis da vida, com estabilidade espiritual, não é mesmo?
Quero dizer, cada um de nós gostaria de pensar que tem a força para fazer isso. Como podemos ser espiritualmente estáveis nos momentos difíceis que enfrentamos?
Temos aprendido sobre a estabilidade espiritual. Ser forte nos tempos difíceis, nas grandes tentações, provações, perseguições, momentos de grandes perdas, tempos de confusão, momentos de angústia e doenças.
Como podemos ser espiritualmente fortes em meio a tudo isto? Como podemos ter esta estabilidade que não vacila, não duvida e nem entra em equívocos em meio às tempestades da vida? Como podemos ter este tipo de tranquilidade, contentamento e de paz em meio às graves dificuldades?
Eu acho que todo cristão tem fome disto. E é precisamente por isso que cada um de nós deve aprender as grandes verdades que a Palavra nos mostra em Filipenses 4:1-9.
Portanto, meus irmãos, amados e mui saudosos, minha alegria e coroa, sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor. Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor. A ti, fiel companheiro de jugo, também peço que as auxilies, pois juntas se esforçaram comigo no evangelho, também com Clemente e com os demais cooperadores meus, cujos nomes se encontram no Livro da Vida. Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.
Como vimos anteriormente, a chave está no versículo 1: “Permanecei firmes no Senhor”. Ou seja, estar arraigados e alicerçados no Senhor. Este é o fundamento de sustentação que o crente tem para enfrentar as terríveis adversidades que surgem contra ele.
Vimos, no versículo 2, o primeiro princípio para se alcançar a estabilidade espiritual: Estar em um ambiente de paz ou um ambiente de amor na comunhão.
Você deve ser um pacificador, cultivar a paz, na comunhão de amor. Os versos 2 e 3 são chamadas para a harmonia na igreja. Por quê? O amor harmonioso é um estabilizador. Quando você está em um ambiente de harmonia e um ambiente de amor e de paz na igreja, você pode ser estabilizado por esse ambiente.
Por outro lado, a discórdia, a desunião, o caos e a divisão na igreja sempre produzirão uma grande insegurança que vai desestabilizar as pessoas. Então, se você quer ser um cristão estável, cultive a paz, na comunhão de amor.
Em outras palavras, você deve desfrutar a unidade da igreja, fazer tudo o que puder para ser um pacificador, de modo que, na paz da igreja e no vínculo amoroso da igreja, você possa encontrar força espiritual.
Em segundo lugar – outro elemento na estabilidade espiritual é manter um espírito de alegria. O versículo 4 diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor, e novamente eu digo alegrai-vos”.
E esta alegria é baseada em nossa relação com o Senhor, e não nas nossas circunstâncias. Em outras palavras, a nossa alegria é por causa da nossa união privilegiada, permanente com o Senhor.
Isto transcende as circunstâncias, dificuldades, provações, tentações, perseguições, ou o que quer que seja. Devemos cultivar essa alegria profunda advinda de entendermos, contemplarmos e vivermos à luz de uma união privilegiada com o Senhor Jesus Cristo.
Em terceiro lugar, a estabilidade espiritual requer aprender a aceitar menos do que você pensa merecer, aprendendo a aceitar menos do que você pensa que lhe é devido.
E aqui está a graça espiritual da humildade. Este é o contentamento. O versículo 5 diz: “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens”. Isso significa o seu contentamento, a sua graciosidade humilde. É a ideia de que você não espera nada e não procura nada.
E se você não espera nada e não procura nada, se você avalia corretamente a sua pecaminosidade e sabe que não merece nada, então você não se importa quando não ganha nada.
É isto que a Palavra está dizendo. Essa é a essência da humildade. Mas se eu erroneamente avaliar a minha dignidade e assumir que eu sou digno de muito e mereço muito, então, se eu não conseguir muito, ficarei transtornado e instável.
Mas, na verdadeira humildade, quando não tenho exigências, não busco nada para mim mesmo e sei que eu não mereço nada, nunca ficarei desapontado quando eu não receber nada e quando estou sendo maltratado.
Você Pode ser espiritualmente estável no momento mais difícil, quando é odiado, desprezado, rejeitado e perseguido. Se você entender que, como um pecador indigno, você não merece nada mesmo, você deve ser grato pela graça de Deus, e não esperar nada mais.
Em seguida, em quarto lugar, como vimos na última vez com mais detalhes, a estabilidade espiritual exige que você descanse em uma fé confiante no Senhor.
O versículo 5 diz: “O Senhor está perto”. Em sequência, o versículo 6 diz: “Não estejais inquietos por coisa alguma”. Não estar ansioso por nada.
É verdade que o Senhor está perto, no sentido da sua segunda vinda, mas não é este o foco no versículo 5. O Senhor está perto, em termos de sua presença. E porque o Senhor está perto, não estamos ansiosos por qualquer coisa. Assim, a estabilidade espiritual, então, baseia-se em uma fé confiante no Senhor.
A maneira como você lida com problemas, tentações, provações e dificuldades, é um reflexo de sua visão de Deus. Se você crê que o Senhor é tudo o que a Palavra diz sobre Ele, Seu poder, Suas promessas, recursos, propósitos e planos para você, e também compreende que Ele está sempre perto, então onde está a causa para a ansiedade? Qual a razão da ansiedade?
Se você entender que Deus é soberano, amoroso, que Ele está no controle de tudo em sua vida para a Sua glória, que nada está além do alcance do controle de Deus, e que Ele orquestra tudo para o Seu propósito eterno, você pode descansar em uma fé confiante, permanecendo estável nos momentos mais graves.
Nos momentos mais difíceis, temos que crer que Deus tem um propósito em tudo que nos atinge, temos que ver o propósito do Senhor. Uma fé assim nos sustentará nas mais graves adversidades da vida.
O salmo 31:1-5 diz:
Em ti, Senhor, me refugio; não seja eu jamais envergonhado; livra-me por tua justiça; Inclina-me os ouvidos, livra-me depressa; sê o meu castelo forte, cidadela fortíssima que me salve. Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás. Tirar-me-ás do laço que, às ocultas, me armaram, pois tu és a minha fortaleza. Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu me remiste, Senhor, Deus da verdade.
Em outras palavras, ele diz: “Tu és fiel ao que Tu dizes e eu confio em Ti”. Isto é uma fé confiante que nos capacita a lidar com as dificuldades.
Quando alguém tem dificuldades que não consegue resolver, quando entra em problemas que o debilita, aumenta o seu nível de ansiedade e causa todos os tipos de traumas pessoais, a resposta certa não é: “Você precisa ir para alguém com quem possa falar sobre o seu problema”. Não é esta a saída. Isto é um engano.
A resposta certa é: “Você precisa entender melhor que Deus é soberano sobre o seu problema, e você deve descansar Nele”. Essa é a resposta. É uma falácia supor que algum tipo de análise humana cuidadosa do problema vai fornecer a solução.
A solução é entender “Eu sou uma pessoa caída e vivo em um mundo caído e amaldiçoado. Eu tenho a marca da maldição na minha própria carne caída. Isto é o que é de se esperar. Vou descansar na fé confiante de que o meu Deus é soberano sobre tudo, para realizar Seus propósitos eternos”.
Esta é a solução para o problema, esta é a perspectiva. Um conhecimento adequado de Deus é essencial em matéria de estabilidade espiritual.
A Escritura, por exemplo, é a revelação de Deus. Conhecendo as Escrituras, conhecemos Deus. No conhecimento de Deus, podemos saber como Ele está agindo e quais Seus propósitos.
Calçando os pés com a preparação do evangelho da paz
Em Efésios 6, quando o crente entra em intenso combate espiritual contra as forças do inimigo, hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais, principados e potestades, quando estamos em combate contra os demônios, diz que nossos pés estão calçados com a preparação do evangelho da paz.
Os pés de um soldado romano eram protegidos por calçados especiais que os firmavam consistentemente no chão. Era um diferencial para as terríveis lutas que eles tinham que enfrentar. Suas botas eram capazes de firma-los no solo, evitando que escorregassem e se tornassem vulneráveis nas batalhas corpo a corpo.
O que Paulo diz é que o que faz você se manter firme, o que ancora seus pés, é o evangelho da paz. Ele diz é que você é um participante da boa notícia de que você está em paz com Deus. Outra maneira de dizer que, “Deus está do seu lado”.
O que lhe firma no campo de batalha é a confiança de que Deus está do seu lado. Ele é seu amigo, seu recurso e o seu poder. Portanto, estou ancorado na batalha espiritual pela confiança que eu estou em paz com Deus; portanto, Deus está em paz comigo; portanto, Deus está do meu lado para ser meu defensor, como disse o salmista: “Tu és a minha rocha e a minha fortaleza, por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás”.
Esta é a estabilidade. Você pode ser estável em qualquer situação, se você entender o seu Deus, entender o Seu controle soberano, Seus propósitos soberanos e Sua grande onipotência que pode dominar qualquer coisa.
A soberania de Deus ou do homem?
Agora, deixe-me divagar por um momento e compartilhar um peso no meu coração. Temos duas linhas pensamentos opostas: Uma diz que Deus é soberano. A outra diz que o homem é soberano, e isto está muito difundido, seja de forma direta ou indireta, no meio da igreja.
O pensamento que diz que o homem é soberano, diz também que Deus está esperançoso com o homem. Diz que o homem tem que encontrar-se em si mesmo para vir e permanecer em Cristo. Embora Deus possa ajuda-lo, o centro está na vontade do homem [Ele vai a Cristo simplesmente porque quis e não porque Deus o levou (cf. João 6:44; 17:6 etc.). Assim, pensa-se que há um mérito humano implícito na salvação].
Assim um homem pensa professar a Cristo e pensa ser um cristão sem nunca experimentar a quebra de sua própria confiança em si mesmo, ou seja, ele pensa ter seus méritos na salvação por ter feito a melhor escolha.
Então ele está agora professando Cristo sem nunca ter experimentado a quebra de sua própria confiança em si mesmo. Ele acredita que tem o poder de escolher a salvação, o propósito de Deus e que, por causa de suas falhas pessoais, é totalmente vulnerável a perdê-la a qualquer momento. Tudo depende dele e não de Deus.
Você pode imaginar enfrentar a morte assim? Prostrado em uma cama e pensando que o sustento de sua salvação está em si mesmo, de ser a salvação algo vulnerável e que Deus pode ter o cortado dela em algum momento?
Não haveria segurança, mas uma terrível ansiedade. Este tipo específico de pensamento leva as pessoas a acreditarem que a busca e manutenção da salvação estão em si mesmas, em suas escolhas e esforços. Assim não há quebra de confiança em si mesmo e impossibilidade de se confiar totalmente em Deus.
Assim, o homem é levado a ver a Deus como uma esperança e alguém útil, em vez de soberano. Ele não confia totalmente em Deus, e, consequentemente, vive sob uma enorme ansiedade.
Ele não entende um Deus soberano; portanto, ele não entende a graça soberana. Ele não entende o poder do trabalho divino do Deus eterno em seu nome.
Ele não entende que foi escolhido por Deus, que foi resgatado por Deus, que é mantido por Deus, que vai ser glorificado por Deus e que cada provação da sua vida está sob o controle total de Deus.
Se o seu problema é um resultado de seu pecado, então será prontamente disciplinado por Deus para fazê-lo perfeito. [Sim, Deus corrige e disciplina seus filhos. Ele não corrige o ímpio e o falso crente (Hebreus 12:5-11)].
Se o seu problema não é resultado de seu pecado, o sofrimento também se encaixa no propósito de Deus, para seu próprio bem e glória de Deus. De alguma forma ele pode, em meio às tribulações, não entender, mas crê que tudo está no plano de Deus.
Mas veja, se você nunca entender a quebra de sua própria confiança em si mesmo e não entregar-se completamente a Ele, então você não vai confiar totalmente em Deus. Haverá sempre uma desconfiança.
Se você não confia plenamente no Deus soberano, em sua graça e poder, a instabilidade será uma marca em sua vida. Mas, se você confia plenamente em Deus, você é estável.
Assim, os crentes que realmente conhecem o seu Deus, podem dizer: “Meu Deus está nisto; meu Deus tem seus propósitos”. C H Spurgeon disse uma vez:
Se você acredita que tudo depende do livre arbítrio do homem, você naturalmente terá o homem como a figura principal em sua paisagem.
O pensamento do livre arbítrio do homem prende você a um dilema, porque você sabe o quão fraco e inconstante é o homem, então você tem todos os motivos para estar cheio de ansiedades, ou seja, viver em completa instabilidade.
Este tipo de pensamento lança sobre os verdadeiros cristãos uma insegurança sem medida, afinal de contas, são levados a acreditar que eles mesmos orquestram suas vidas, ou seja, uma espécie de “por contra própria”.
O que fazem então? Buscam ajuda de algumas pessoas bem-intencionadas, que possuem algumas fórmulas que pensam poder ajuda-los. Isto é loucura.
Vemos pessoas dando ordens: “Eu te ordeno Satanás… Eu te amarro Satanás”. Só que Satanás não o escuta e nem o homem tem poder sobre ele.
Nem mesmo o Arcanjo Miguel ousou trazer juízo de maldição contra Satanás, mas disse: “O Senhor te repreenda” (Judas 9). Mas o que assistimos são homens dizendo a Satanás: “Eu mando… Eu ordeno… Eu te repreendo”.
O que você pensa que está fazendo? Você não tem qualquer poder para mandá-lo fazer qualquer coisa. Quem é Você? Você não consegue nem mesmo que uma pequena criança faça o que você ordena.
E muitos ainda apontam o dedo para o ar e fazem ameaças a Satanás. Não faça tal coisa ridícula! Nenhum poder emana de você, mas do Senhor.
De onde vem tudo isto? O pensamento que você deve ser muito poderoso, pois está assumindo uma posição que só pertence a Deus. Esta é uma visão exaltada de si mesmo.
É melhor você voltar à realidade. Quebre a sua confiança em si mesmo e a coloque totalmente no Deus soberano e eterno. Na luta contra as trevas, recorra a quem tem o domínio sobre tudo, inclusive sobre Satanás.
Todas as aberrações advindas do pensamento de domínio do homem produzem graves instabilidades e ansiedades. Não tarda de o homem perceber que este domínio é falso, resultando em profunda instabilidade.
Assim, a estabilidade espiritual é o resultado de permanecer firme em Cristo, em uma forte paz, na comunhão de amor. Também é o resultado de um coração alegre em todas as situações, por causa da maravilhosa relação com Cristo.
Também é o resultado da aceitação humilde de todas as dificuldades e injustiças sofridas, porque, de qualquer maneira, sabemos que não merecemos nada. É o resultado de uma forte fé confiante em nosso grande Deus.
Agora continuaremos de onde paramos na vez passada, vamos ao quinto princípio de uma vida espiritual estável. Já falamos sobre quatro princípios: Paz, amor, alegria, humildade e fé. Aqui está outra virtude de um cristão estável: Gratidão.
Este ponto nos chama a reagir aos problemas com a oração de gratidão. Filipenses 4:6 diz: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças”.
Agora não vamos falar sobre os aspectos da oração, mas apenas enfatizar a importância da oração e da atitude da oração.
Há três palavras diferentes para a oração usadas aqui. São traduzidas como petições, oração e súplicas. Todas elas têm a ver com petições.
E a suposição é que, quando você entrar em um problema, você vai clamar a Deus, certo? Quero dizer que é natural. Você vai clamar a Deus.
Mas o que Paulo está dizendo é que, em meios às suas dificuldades, você não deve clamar com dúvidas, questionamentos, insatisfações e descontentamentos, mas você deve clamar a Deus com ação de graças, com gratidão.
Você diz: “Por quê?”. Bem, porque você sabe que Ele é o Deus da promessa, e que Ele fez uma promessa de que nada vai lhe atingir acima do que você possa suportar (I Cor. 10:13).
E além disto, Ele nos fez outra maravilhosa promessa:
E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá ( I Pedro 5:10).
Em outras palavras, você vê, em todas as dificuldades, o propósito de Deus, e tem por Ele profunda gratidão. Você crê que tudo está em Suas mãos, inclusive sua vida. Você se deleita no maravilhoso atributo da fidelidade de Deus.
Quando você orar, suplicar e pedir a Deus, você o faz com ações de graças. Gratidão por Seus propósitos, Sua providência, Seu poder, Suas promessas, Sua obra de nos aperfeiçoar, pela esperança de socorro, pela esperança da glória, pela Sua perfeita vontade.
É uma oração com gratidão na qual você reconhece que Ele está fazendo exatamente o que Ele quer fazer em sua vida, uma gratidão pelas misericórdias passadas que é a base das bênçãos futuras.
A oração deve ser sempre com gratidão. Isto imediatamente me liberta do medo e da preocupação, porque vejo o propósito de Deus em tudo.
Eu nunca questiono seu propósito. Eu sei que meu Deus é soberano. Eu sei que Ele organiza todas as coisas para o meu bem e Sua glória (Romanos 8:28).
Eu sei disso. O que quer que possa vir, Ele pode usar para Seu louvor e para o meu crescimento, por isso eu sou grato. Eu sou grato que Ele conhece o problema e pode lidar com ele. Eu sou grato por Seu conhecimento, Seu poder e Sua promessa.
Oração, súplica e petição. Todos eles presumem que há dificuldades, e assim você vai a Deus, mas a questão aqui é o coração agradecido. E se você realmente conhece o seu Deus e pode ser grato a Ele no meio das adversidades, você tem a estabilidade espiritual.
Isto é tão básico. Eu vejo pessoas que estão preocupadas, ansiosas e perturbadas com tudo, e a razão de tudo é que elas não confiam que tudo está sob o controle de Deus, para o seu bem e para a glória de Deus.
Elas não podem lidar com as adversidades. Ou elas não compreendem o seu Deus ou o pecado fez com que elas tenham uma fé fraca no Deus que elas dizem saber ser um Deus soberano.
- Se você entende que o seu Deus suprirá todas as suas necessidades (Filipenses 4:19).
- Se você entende que Deus sabe tudo em sua vida e se preocupa com ela.
- Se você entende que Deus tem o poder sobre todas as dificuldades.
- Se você entende que Deus o está aperfeiçoando a ser como Cristo.
- Se você entende que nada escapa a Deus e nada está fora de seu controle e propósito.
- Então por que você tem medo e está ansioso sobre qualquer coisa?
Qual é o resultado de um coração grato? Filipenses 4:7 diz: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”.
Atrevo-me a dizer que qualquer um que está com um problema gostaria de encontrar a paz, certo? De encontrar a tranquilidade, contentamento, uma espécie de calma interior no meio da dificuldade.
Note que exatamente isto que o versículo 7 promete. No meio da dificuldade, quando você está pedindo, suplicando e orando a Deus, tendo um coração agradecido, a resposta não é a questão, mas a paz que Ele concede.
Você ouviu isso? A resposta não é a questão. Ele não está dizendo que se você orar, suplicar e pedir a Deus com ações de graças, Deus responderá sua oração da maneira que você quiser. Não diz isto.
Ele diz que independente de qualquer coisa, “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”.
O que é a paz de Deus? É a paz que Deus possui e dá para nós. É a paz interior, a paz divina que nos foi dada. Isso é o que fornece a calmaria no interior do homem.
- Se você está em um ambiente de amor e paz;
- É um pacificador;
- Se concentra em seu relacionamento com o Cristo vivo;
- Tem um coração humilde;
- Não exige qualquer coisa para si mesmo;
- Começa a conhecer, compreender e confiar em seu Deus, mesmo em meio às graves dificuldades;
- Derrama suas orações diante Dele com ações de graças;
- Deus, em resposta a esse tipo de atitude do coração, concede a Sua paz. Esta é a promessa.
Ouça Isaías 26:3, que diz: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti”. É isso aí. Você confia em Deus, você tem uma mente firme, Deus mantém você em paz. Isto é como enfrentar a vida com estabilidade.
Tanto conselho errado. Tanta confiança na capacidade do homem. Tanta desconfiança na soberania de Deus. Amados, não importa qual seja o problema em sua vida. Se você entender o que o seu Deus é, se você pode cultivar um coração agradecido em meio a qualquer coisa, você ora e clama, Ele vai lhe dar paz.
Uma paz que excede todo o entendimento. O que isso significa? Não é uma paz humana, racional, ela excede as forças intelectuais, transcende a análise, visão, compreensão, definição e explicação do homem.
Não é uma paz humana. Não procure o homem para obter esta paz. Você ouviu isto? Não procure esta paz em ninguém deste mundo. Você tem que ir a Deus, somente Ele pode te conceder esta paz.
Não há nenhum conselheiro no mundo que pode dar esta paz a você. Não há nenhuma terapia no mundo que pode dar esta paz a você. Não há nenhuma técnica no mundo que possa dar esta paz a você.
É um dom de Deus para o crente, que, com toda confiança, compreende e confia no seu Deus. E tendo um coração grato, Deus lhe concede a paz – a paz sobrenatural.
Há um monte de substitutos baratos sendo oferecidos por aí. Mas a paz que vem do alto é superior à maquinação humana, aos dispositivos humanos, às soluções humanas, a qualquer título humano.
Eu posso simplesmente resumir dizendo que este é o verdadeiro desafio da vida cristã. Ouça bem isto: O verdadeiro desafio da vida cristã não é se ver livre de todos os problemas desconfortáveis da vida, mas poder confiar no Deus soberano, poderoso e infinitamente santo, no meio de cada situação e ter a Sua paz perfeita.
As pessoas estão correndo por aí tentando criar um mundo perfeito, pensando que assim serão felizes. Mas elas estão sempre insatisfeitas com tantas coisas, e sempre estarão.
A verdade é que vivemos em um mundo caído, e neste mundo caído nada se produz para uma satisfação sustentável. Tudo aqui está manchado pelo pecado.
Na queda, o homem deixou de habitar em um mundo perfeito e passou a conviver com a realidade desastrosa do pecado. Jesus disse: “Neste mundo tereis tribulações, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33).
Quando é que vamos começar a viver no plano sobrenatural e aceitar que vivemos em um mundo caído e esperar que Deus opere Sua obra em nós aqui e um dia na glória por vir?
Eu devo aceitar o fato de que eu sou uma pessoa caída, vivendo com pessoas caídas, em um mundo caído com manifestações dessa natureza caída em todo o lugar.
Nunca haverá a tranquilidade que eu gostaria circunstancialmente neste mundo, mas eu posso encontrar minha paz em Deus, enquanto confio tudo plenamente a seu cuidado.
Observe o que faz esta paz: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”. (Filipenses 4:7).
Guardará do quê? Da ansiedade, da dúvida, do medo, da angústia. Esta é uma grande verdade.
Esse termo “guardará” é um termo militar. Significa literalmente que deve manter a proteção. Os filipenses viviam em uma cidade com guarnições de soldados romanos, eles sabiam o que era uma sentinela, sua função era proteger, guardar.
É neste sentido que Paulo está falando. Quando você conhece a Deus, sabe que Ele está próximo, põe Nele toda a sua confiança, conserva um coração grato por saber que Ele está executando seus propósitos em você, mesmo nas dificuldades lhe é concedida uma paz inexplicável.
Esta paz vai lhe proteger da ansiedade, angústia, insatisfação, descontentamento e da dúvida.
Quando Cristo está fora de nossos pensamentos, quando você já não vê as coisas como Ele as vê, quando já sua confiança não está plenamente Nele, restam-lhe a mente perturbada e o coração perturbado.
Mas quando você tem a plena confiança no Senhor, a ponto de ter um coração grato em meio a seus clamores, desfruta de uma paz indescritível, uma paz que guarda e protege sua mente e coração das perturbações e ansiedades.
Por que ele menciona corações e mentes? Alguns dizem: “Bem, há uma distinção”. Acho que não. Ele está apenas tentando fazer uma declaração abrangente.
Poderíamos dizer que o coração é a sede da personalidade e a mente é a sede do pensamento, ele está dizendo que Ele vai guardar toda a sua pessoa interior.
A paz de Deus. Ele vai guardá-los em Cristo Jesus. Porque você está em união com Cristo, você tem essa tutela.
Conclusão
- Como você pode enfrentar o dia inevitável da sua morte?
- E se você tem alguma doença mortal?
- E se um filho é tragicamente tirado de você?
- E sobre as dificuldades que você enfrenta neste momento em sua vida, como você pode enfrentá-las com estabilidade espiritual?
- Como você pode manter o seu fundamento?
Eis a respostas que vemos na Palavra de Deus:
- Primeiro de tudo, é necessária, creio eu, a estabilidade da igreja. Eu acredito que todos nós temos que sustentar um ao outro. E onde você tem uma igreja forte, pacífica e amorosa, você encontra grande força nos membros individuais.
- Em segundo lugar, você deve manter um espírito de alegria, e isso significa que constantemente deve cultivar a sua relação com o Cristo vivo. Ele é a fonte de alegria para você o tempo todo, não importa o que possa estar acontecendo ao seu redor.
- Em terceiro lugar, você tem que aprender a ser humilde e não esperar nada, porque você não merece nada mesmo. Não se sinta injustiçado por qualquer coisa. Nunca considere que Deus está sendo rigoroso com você.
- Em quarto lugar, você deve repousar sobre uma fé confiante no Senhor, compreender e confiar Nele conforme Seus atributos revelados na Palavra.
- Em quinto lugar, reaja aos seus problemas com a oração agradecida, desfrutando a promessa de que a paz de Deus vai protegê-lo, guarda-lo. Paz, tranquilidade e contentamento.
Bem, há tantas coisas mais a dizer, continuaremos na próxima vez. Vamos nos inclinar em oração.
Nosso Pai, nós Te agradecemos pela confiança que temos em Ti. Agradecemos-Te também pela falta de confiança que temos em nós mesmos. Agradecemos-Te pela quebra da nossa confiança em nós mesmos, que nos leva a confiar totalmente em Ti.
Ó Deus, nós entregamos nossas vidas a Ti e oramos com ações de graças, não importando quão difíceis sejam as circunstâncias, pois sabemos que o Senhor tem um propósito para nosso bem e para Tua Glória. E nossa paz procede desta confiança que temos em Ti e em Teu propósito.
Que possamos viver em tal tranquilidade de coração, que o mundo em torno de nós fique espantando com a paz que reina em nossos corações diante das terríveis tribulações.
Dê-nos essa estabilidade para permanecermos confiantes, alegres e jubilosos, não importando o que aconteça ao nosso redor.
Nós Te amamos. Nós confiamos em Ti. Cremos que o Senhor cumprirá em nós os Teus santos propósitos. Em nome de Jesus, amém.
Esta é uma série de sermões sobre estabilidade espiritual, conforme textos listados abaixo.
01. Estabilidade espiritual – Parte 1
02. Estabilidade espiritual – Parte 2
03. Estabilidade espiritual – Parte 3
04. Estabilidade espiritual – Parte 4
Este texto é uma síntese do sermão “Spiritual Stability, Part 4: Thankful Prayer”, de John MacArthur, em 24/09/1989.
Você poderá ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/resources/sermons/50-40/spiritual-stability-part-4-thankful-prayer
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno
Enquanto o padecer te é molesto e procuras fugir-lhe, andas mal, e em toda parte te persegue o medo da tribulação.
Se levares a cruz de boa vontade, ela te há de levar e conduzir ao termo desejado, onde acaba o sofrimento, posto que não seja neste mundo.
Se a levares de má vontade, aumenta-lhe o peso e fardo maior te impões; contudo é forçoso que a leves. Se rejeitares uma cruz, sem dúvida acharás outra, talvez mais pesada.
Pensas tu escapar àquilo de que nenhum mortal pôde eximir-se? Que santo houve no mundo sem tribulação? Nem Jesus Cristo, Senhor Nosso, esteve uma hora, em toda a sua vida, sem dor e sofrimento.
Se houvera coisa melhor e mais proveitosa para a salvação dos homens do que o padecer, Cristo, de certo, o teria ensinado com palavras e exemplo.
“Quem quiser vir após mim renuncie a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me” (Lc 9:23).
Tomas de Aquino (1225-1274)