A Escritura é Suficiente
Porque não creem na suficiência das Escrituras, muitos recorrem à psicologia e a outros frágeis recursos humanos. Vão para a direção errada e apenas encontram terríveis problemas. Vivemos em meio a um ataque massivo contra a Palavra de Deus no meio da igreja. Que tragédia!
A suficiência das Escrituras é um assunto vital. Não quero tentar lidar com este assunto de um ponto de vista filosófico ou experiencial, mas que olhemos juntos para a Palavra de Deus e vejamos o que ela diz sobre sua própria suficiência. Para nós, como igreja construída sobre o fundamento da Palavra de Deus, é algo muito importante.
Há uma forte, terrível, penetrante e sutil estratégia satânica contaminando o cristianismo: O ataque à suficiência da Palavra de Deus. Vivemos em meio a um ataque massivo contra a Palavra de Deus. E um foco tem sido de torná-la insuficiente para todas as questões de fé e conduta.
Alguns aspectos dos ataques contra a suficiência das Escrituras
1) Tornou-se comum o uso de técnicas mundanas para determinar a vida da igreja e a formação de liderança. Muitos se curvaram a ideias mundanas, aplicando métodos humanos como se fossem as chaves para expansão do reino de Deus. Trata-se de um ataque à suficiência da revelação de Deus nas Escrituras para as questões de crescimento e desenvolvimento da igreja.
2) Há a invasão do entretenimento no meio cristão, resultado do pensamento de que a Escritura não satisfaz o suficiente a igreja. Esforços são feitos para entreter as pessoas. Ensinar, estudar, aprender e aplicar a Palavra de Deus tem se tornado algo entediante para os desesperados por entretenimento.
Trata-se de um ataque à suficiência da Palavra de Deus de trazer à vida dos crentes tudo o que é necessário, não apenas para a questão da batalha espiritual, mas para a questão da alegria e realização na vida.
3) Há o misticismo ou ocultismo. Muitos que estão insatisfeitos com a Palavra de Deus são atraídos pelo sobrenatural e experiências de êxtase. Eles estão afoitos por milagres, sinais e maravilhas. Há muitos que dizem que o avanço do evangelho depende de operação de grandes sinais e milagres para impressionar as pessoas.
Para eles, o evangelho não é suficientemente poderoso e nem adequado sem sinais e maravilhas operados por líderes supostamente dotados de poder. Ou seja, não podemos alcançar o mundo apenas com a Palavra de Deus, temos que exibir sinais e maravilhas. E assim essas pessoas entram num terreno perigoso de invocações sobrenaturais.
Há os que defendem mantras cristãos, fórmulas para confrontar Satanás e lidar com demônios, confissão positiva, hipnose e técnicas de visualização, onde a pessoa meio que visualiza algo que deseja como se fosse uma realidade. São formas de magia oculta praticadas para ganhar suposto poder divino, e acabam se envolvendo com o inimigo.
Muitas pessoas estão entrando no pensamento oriental e hindu pensando que serão capazes de capturar o poder do mundo oriental se conseguirem entrar no paradigma de seu tipo de pensamento.
Muitos estão reivindicando autoridade sobre o diabo e sobre doenças. Estão andando por aí em nome de algum suposto poder psíquico comandando não apenas Satanás e suas forças, mas doenças, enfermidades, circunstâncias negativas e outras coisas.
4) Outra categoria na qual vemos o abandono da crença na suficiência bíblica é na questão do casamento e da família. Houve um tempo em que a Bíblia era a referência adequada para o ensino sobre o casamento e a família, que somente ela poderia capacitar uma vida plena no lar.
Mas agora vemos todos os tipos de truques, artifícios e técnicas sendo adicionadas à Escritura ou mesmo a substituindo. A ideia hoje é e que a Escritura é insuficiente ou mesmo inadequada. A redefinição do papel da mulher, por exemplo, é lastreada em uma oposição ao ensino bíblico.
5) Certamente um dos maiores ataques à suficiência das Escrituras é a invasão assustadora da psicologia e da psicoterapia no meio da igreja. Há um êxodo em massa da terra tradicional da teologia bíblica para a nova terra prometida da psicologia e psicoterapia.
Pastores que antes iam para os seminários aprender a Palavra de Deus e dominar as Escrituras, agora estão indo para escolas de psicologia para estudar a sabedoria humana e usá-la para lidar com os problemas das pessoas. Em vez da Palavra de Deus, passam oferecer sabedoria humana.
Assim estão dizendo que a Escritura é insuficiente ou inadequada para lidar com as ansiedades emocionais profundamente arraigadas no homem. Eles dizem que a Bíblia não fala de forma sofisticada sobre esses problemas.
Os seminários estão mudando seus currículos drasticamente, estão contratando psicólogos e psiquiatras para ensinar. Estão substituindo parte do ensino bíblico por psicologia. E isso está acontecendo no meio das igrejas, é um êxodo em massa da Escrituro rumo à sabedoria humana.
O resultado é a invasão do misticismo, preocupação com poderes sobrenaturais, ciência da mente, técnicas de visualização, hipnose e foco na autoestima. Criaram um falso deus para a igreja.
A igreja outrora era atacada por pregar a suficiência plena da Palavra para todas as questões humanas, mas agora, concordando com o mundo, diz que a Bíblia é insuficiente e inadequada para lidar com problemas da alma.
Muitos defendem agora uma salvação psicológica no lugar do novo nascimento. Isso é um humanismo pseudo-evangélico. Essa preocupação com autoestima, amor-próprio e autorrealização que a psicologia trouxe para a igreja não conhece a contrapartida bíblica. A igreja inevitavelmente compra essas coisas e, de fato, o mundo admite mais prontamente o erro dessas coisas do que a própria igreja.
Há pouco tempo houve uma enorme convenção de psiquiatras, psicanalistas e psicólogos na cidade de Phoenix. Havia lá sete mil pessoas. Os mais expressivos nomes mundiais da psicanálise, da psicologia e da psiquiatria estavam reunidos nesse evento.
Um artigo sobre esse evento dizia: “Os heróis estavam lá para avaliar aonde a psicoterapia chegou em cem anos e para onde ela poderia estar indo”. Mas eles realmente não conseguiam concordar em nada.
Um dos participante, célebre por seu trabalho sobre a esquizofrenia, disse que “não conseguia pensar em nenhuma percepção fundamental sobre as relações entre seres humanos que tivesse resultado de um século de psicoterapia”.
Ele não conseguia pensar em nenhuma? Os sete mil psicoterapeutas, psiquiatras, assistentes sociais praticantes e estudantes que compareceram a várias sessões não se intimidaram com os debates e diferenças de opinião.
Obter autógrafos era a prioridade para muitos. Um célebre psicanalista disse que a melhor terapia que ele encontrou para sua ansiedade “era cantarolar uma melodia”. E o triste sobre isso é que a igreja comprou isso como se fosse a salvação do homem.
O ganhador do prêmio Nobel, Richard Feynman, disse: “A psicanálise não é uma ciência”. O que ele quis dizer com isso? Ele quis dizer que não há regras para guiá-la. É muita opinião humana.
Um renomado professor criticou o cristianismo e a igreja cristã por fazer o que ele chamou de “comprar caro e vender barato”, se referindo à ciência social. Ele disse: “A igreja está ansiosa para adotar tendências populares de pensamento quando os profissionais seculares estão começando a criticá-las”. Ele disse: “É uma questão de subir na onda bem quando ela está desacelerando”.
A igreja hoje tende aderir a movimentos que estão quase mortos, que provaram ser um fracasso até mesmo para as pessoas no mundo que os iniciaram.
O que fazer diante desse quadro desastroso?
Estou assustado em ver as incursões do misticismo, da ciência da mente, do ocultismo, da psicologia e de outras coisas na igreja, nas faculdades cristãs e nos seminários. Isso vem como resultado do desprezo pela teologia bíblica e pela suficiência bíblica.
Isso é um terrível e gigantesco problema. Dizer que a Escritura é insuficiente e inadequada é uma visão pecaminosa sobre Palavra de Deus. A igreja está abandonando a convicção da suficiência das Escrituras para a vida e conduta da igreja. Isso é um pecado de graves proporções.
Como podemos responder a isso? Eu poderia levar mais algumas horas para delinear o problema para você, mas agora quero lidar com a solução.
Podemos ir para a Palavra de Deus e encontrar nela o que é suficiente para toda a vida e conduta? A resposta é um retumbante sim. E a prova é o testemunho da maior autoridade do universo, ninguém menos que o próprio Deus. E o que eu quero que você veja agora o próprio testemunho de Deus sobre a suficiência da Palavra de Deus.
De quem vem nossa suficiência?
É por intermédio de Cristo que temos confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus (2 Co 3:4-5).
Poderíamos ficar apenas com essa impactante declaração. Nossa suficiência não vem dos homens, nem da sabedoria humana e nem dos recursos humanos. Nossa suficiência vem de Deus.
O que significa “nossa suficiência”? É a nossa capacidade de viver a vida plenamente no plano de Deus. Essa capacidade vem apenas do próprio Deus. Os recursos para a vida são divinos. A sabedoria humana não alimenta e não fornece recursos para uma vida plena.
Isso não quer dizer que tudo fora da Bíblia é inútil ou que não há nada fora da Bíblia que tenha algum valor. Há muitas coisas que têm valor. A graça comum de Deus, que é a graça de Deus sobre todos os homens, cria certas coisas em nosso ambiente humano que são muito úteis.
Mas se for uma questão espiritual, se tiver a ver com a vida de um crente, a vida da igreja, a alma do homem, as lutas do homem, as coisas que estão em sua vida que trazem dificuldade etc., a Bíblia é suficiente.
Tudo o que precisamos saber para as questões mais essenciais da vida é revelado na Palavra do Deus vivo e ministrado a nós pelo Espírito por meio dessa Palavra. E fora da Palavra de Deus não temos que procurar uma suficiência que não seja aquela fornecida nas Escrituras.
Todas as questões que têm a ver com a vida espiritual, conduta e ministério estão na Palavra do Deus vivo e são suficientes. Nossa suficiência vem de Deus. Todos os problemas que envolvem a vida espiritual são respondidos pelas Escrituras.
Deus pode suprir tudo que precisamos para a vida?
Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra […] Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, (2Co 9:8,10).
O texto reafirma que Deus é nossa suficiência, a nossa fonte e que é capaz de nos suprir. Não há limites na capacidade de Deus “para abundar em toda a graça”. Não apenas em alguma graça ou na maioria da graça, mas abundar em toda a graça.
Deus é sempre capaz de fazer toda a graça abundar em nós, não apenas de vez em quando. E mais, para que sempre tenhamos abundância e suficiência em tudo por todo tempo. Não em algumas coisas, poucas coisas ou na maioria das coisas, mas em tudo. E mais: para toda a boa oba. É uma declaração absolutamente incrível.
É um terrível pecado considerar que a Bíblia não é suficiente para responder aos mais profundos problemas do homem. Deus é capaz de prover os recursos para todas as nossas necessidades. Nossa suficiência vem de Deus.
A riqueza incomparável e santificadora da Palavra de Deus
Os recursos que Deus nos dá vêm através do Espírito Santo e da Palavra de Deus. E o foco particularmente hoje é na Palavra de Deus.
Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. (João 17:14-17).
“Santificado” significa “separado do pecado, santo, separado para Deus.” Há uma ideia de perfeição espiritual, completude espiritual, aquilo que deveríamos ser em Cristo. A plena santidade do crente é a obra da Palavra de Deus.
Precisamos apenas da Palavra de Deus para a santificação. Não precisamos de algo adicional do pensamento humano, nem dos decretos da igreja ou de algum ser humano. Tudo que se apresenta como capaz de complementar ou substituir a Palavra de Deus é um atentado contra a suficiência das Escrituras.
A santidade completa do crente é a obra da Palavra de Deus. Deus falando através do profeta Miquéias disse: “As minhas palavras fazem o bem ao que anda retamente” (Mq 2:7).
O ponto é que a Palavra de Deus é a fonte da bondade da vida, é a fonte de benefício para um crente obediente que anda retamente, ela nos traz todo o bem que Deus pode dispensar enquanto andamos em obediência.
A Palavra de Deus traz a sabedoria de Deus, nos dá a mente de Cristo e nos faz experimentar o poder de Deus.
Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca. Por meio dos teus preceitos, consigo entendimento; por isso, detesto todo caminho de falsidade. Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos (Sl 119:103-105).
A sabedoria de Deus vem a nós através do Espírito Santo, que inspirou as Escrituras, e não por meio de fontes humanas. Nossa suficiência procede de Deus. Paulo escreveu:
A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória. (1Co 2:4-7).
E Paulo completou dizendo:
Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo (1Co 2:12-16).
Há alguma insuficiência na mente de Cristo? Cristo é limitado? Ele sabe algumas coisas, mas também está aprendendo com alguns sábios deste mundo? Claro que não. A mente de Cristo é a mente consumada de Deus, é uma mente onisciente, suprema e autossuficiente.
Temos a Palavra de Deus, não da maneira que o homem ensina, mas ensinada pelo Espírito Santo. Essa Palavra de Deus nos permite julgar, avaliar, apreciar, entender, compreender e raciocinar todas as coisas. Por quê? Porque ela nos traz a mente de Cristo.
Por isso o Senhor Jesus disse: “Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?” (Mc 12:24). Conhecer a Escritura é experimentar o poder de Deus.
Muitos dizem que querem poder e que não podem simplesmente esperar tudo da Escritura, que, para eles é insuficiente. Eles querem poderes sobrenaturais para operar sinais. Esse tipo de mente tomou conta de parte do cristianismo.
Mas Jesus disse que conhecer a Escritura é experimentar o poder de Deus. Quando Jesus lidou com o diabo no deserto (Mt 4:1-12), ele o enfrentou através do poder da Palavra de Deus. Ele não saiu amarrando Satanás e o mandado para o abismo. Ele o enfrentou através do poder da Palavra de Deus.
O poder não está em algum controle mental místico, o poder está na Palavra de Deus. Quando você fala a Palavra de Deus, vive pela Palavra de Deus e crê na Palavra de Deus, há suficiência. O poder de Deus para lidar com qualquer necessidade vem da Palavra de Deus energizada no crente pelo Espírito Santo.
A Palavra de Deus revela nossas mentes e corações
Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas (Hb 4:12-13)
A Palavra de Deus penetra profundamente no coração, na alma e na natureza de uma pessoa, é capaz não apenas de alcançar até a divisão da alma e do espírito, mas de juntas e medulas, e capaz de julgar os pensamentos e intenções do coração.
• Alguns dizem: “Nossa, esse é um problema tão profundo. É melhor fazer psicoterapia”
• Outros dizem: “Nossa, esse é um problema tão profundo, é melhor você ir até uma pessoa que tem um ministério de amarrar o diabo e tirar esses demônios de você”.
• Outros dizem: “Nossa, esse é um problema muito profundo, é demais para nós. É melhor mandar você para um psicólogo que possa lidar com isso.”
A Palavra de Deus é viva, é ativa, é poderosa e é mais afiada do que qualquer outra arma. E ela irá o mais fundo de nosso ser e cortará mais limpo e verdadeiro do que qualquer coisa que exista, para revelar os pensamentos e intenções mais profundos do coração humano.
Ela expõem todas as coisas. Ela fará o que a psicanálise nunca fará. A Palavra de Deus abre a alma. Ela penetra. Ela rompe o coração. Ela revela.
A Palavra de Deis é suficiente porque pode penetrar na parte mais profunda da alma de um crente. Dizer que a Palavra do Deus vivo não pode lidar com um problema é pecar gravemente contra Deus. Pode haver mais suficiência do que a mente de Cristo e a Palavra do Deus vivo? Claro que não!
O Senhor Jesus disse: “bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc 11:28). O que ele quis dizer com isso? Toda suficiência espiritual está vinculada em ouvir e obedecer à Palavra de Deus. “Bem aventurado” significa um estado de vida com paz, alegria, esperança, realização e felicidade. Esse é um testemunho vindo dos lábios de Jesus.
Certa vez eu conversei com uma mulher que estava à beira da morte. Ele me disse que estava apavorada por medo ir para o inferno. Fiz algumas perguntas e ela respondeu que cria no evangelho, que havia entregado sua vida a Cristo e o amava muito.
Porém ela me disse que quando sua doença começou, ela ficou transtornada e amaldiçoou a Deus com palavra profanas. Muitos diriam que ela estava precisando de um psicólogo, ou de alguém para amarrar o demônio da dúvida, ou de alguma técnica de visualização, ou de alguém com uma oração poderosa etc. Isso é muito comum hoje.
Eu me sentei ao seu lado e comecei a ler textos da Escritura para ela. Citei, entre outros textos, um testemunho do apóstolo Paulo:
Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (1Tm 1:12-15).
Ou seja, Paulo foi um blasfemador, perseguidor da igreja, insolente e imundo pecador, mas por meio da graça bendita de Cristo, foi perdoado, salvo e transformado num vaso para uso do Senhor na pregação do evangelho.
Eu lhe disse: “O mesmo Deus que perdoou e salvou o pior dos pecadores, um blasfemador que lutou contra o próprio Jesus Cristo, que perseguiu e matou os santos, pode perdoá-la também”.
Depois eu li vários outros textos que tratam do perdão e da graciosa misericórdia de Deus. Aquela mulher passou a celebrar a real e viva esperança e foi liberta pelo poder da total suficiência da Palavra de Deus.
A Palavra de Deus, quando ensinada, ouvida e crida, é energizada pelo Espírito Santo. Ela é suficiente. E mesmo para alguém à beira da morte, pode haver uma vida feliz se houver confiança na Palavra do Deus vivo.
Tudo o que diz respeito à vida e conduta de um crente está vinculado à Palavra de Deus
Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar (Tg 1:25).
Ou seja, a bem-aventurança, satisfação, realização, tudo o que diz respeito à vida e conduta de um crente está vinculado à Palavra de Deus. Nossa suficiência espiritual vem de Deus, é ministrada da Palavra de Deus pelo Espírito ao coração do crente.
E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. (At 17:10-11)
Os nobres bereanos ponderaram cuidadosamente as provas e concluíram que o evangelho proclamado por Paulo e Silas era a verdade que cumpriu a promessa do Antigo Testamento. Aqueles que honestamente examinarem as Escrituras sempre vão chegar a essa mesma conclusão. Eles receberam a Palavra de Deus e buscaram as Escrituras todos os dias.
A chave para uma vida espiritual triunfante é apenas a Escritura Sagrada. Muitos presumem que os problemas estão além do alcance e da capacidade da Palavra de Deus. A verdadeira espiritualidade está ligada a um estudo diário da Palavra de Deus. É aí que vem a força para lidar com a vida. E é aí que está a suficiência.
Mas, ao não crer na suficiência da Palavra de Deus, muitos recorrem à psicologia, misticismo, entretenimento etc. Vão para a direção errada, não acham solução para coisa alguma e ainda agregam mais problemas.
Em sua carta aos Colossenses, o apóstolo Paulo identifica a chave para uma vida feliz, um coração alegre, um espírito confinante, bom relacionamento com todos, casamento absolutamente rico e estável e vida familiar gratificante.
Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai (Cl 3:16-17).
Você pergunta: “A Bíblia sozinha pode prover tudo isso?”. Sim, exatamente. Para termos uma vida cheia do Espírito precisamos de uma mente controlada pela Palavra. E a mente controlada pela Palavra nos leva à suficiência e adequação.
Salmo 19
7 A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices.
8 Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos.
9 O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente, justos.
10 São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.
11 Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa.
A Palavra de Deus provê crescimento, maturidade e força espiritual
Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação (1Pe 2:2).
O crescimento espiritual, a maturidade espiritual, a força espiritual, o processo de maturação, o movimento em direção à semelhança de Cristo está ligado ao seu desejo pela Palavra de Deus.
Crescemos pela Palavra de Deus. Através do crescimento desenvolvemos força para lidar com as dificuldades. E você faz isso alimentando-se da Palavra de Deus.
Um bebê cresce tomando o leite materno. Pedro está dizendo que, assim como um bebê deseja intensamente o leite materno, temos que ter a mesma devoção pelo genuíno leite espiritual, ou seja, a Palavra de Deus.
É assim que um crente deve ansiar pela Palavra de Deus. Quando seu coração busca isso e deseja isso diariamente, você encontrará a força espiritual. A Palavra fornece todos os recursos espirituais para o fortalecimento.
A Palavra de Deus nos dá os recursos que nos permitem enfrentar qualquer coisa
Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude (2Pe 1:3).
O poder divino de Deus não nos deu apenas algumas coisas, mas “todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade”. Quando chegamos a conhecê-lo por meio de sua Palavra, recebemos os recursos que nos permitem enfrentar qualquer coisa. Temos todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade.
Amados, tudo o que precisamos para a vida e piedade, ou seja, tudo o que precisamos em toda a nossa vida cristã está vinculado à Palavra de Deus.
É profundamente lamentável ver pessoas considerando a Palavra de Deus como insuficiente. Essas pessoas recorrem ao pensamento humano para obter recursos que acham necessários. Mas a verdade suprema é que a Palavra de Deus, energizada pelo Espírito de Deu, é suficiente para a vida e a piedade.
Somente na Palavra de Deus temos provisão para a vida espiritual e necessidades do coração, da alma e da mente em seu nível mais profundo
Quando Paulo se reuniu com os anciãos de Éfeso, na sua despedida, ele disse:
Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, 27 porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus […] Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados (At 20: 20,27,32)
Ou seja, apenas todo o conselho de Deus estava nos lábios do apóstolo, sem acréscimo de coisa alguma. Ele viu na revelação de Deus a suficiência total. A Bíblia é suficiente para nos edificar. Negar isso é um ato de séria traição. A Palavra é tudo o que precisamos.
Escrevendo ao colossenses, Paulo disse que em Cristo “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2:3). E ele adverte: “Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes” (Cl 2:4). E completa:
Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças. Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo, porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade. (Cl 2:7-10).
Ou seja, temos que ficar longe da filosofia humana, ela não pode falar sobre assuntos espirituais e das necessidades do coração, da alma e da mente do homem, em seu nível mais profundo. Somente Deus provê nossa suficiência por meio de Sua Palavra.
João declarou: “vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento” (1Jo 2:20). Que declaração! O que ele quis dizer com “todos tendes conhecimento”? Aquela em relação à sua vida espiritual. Ele completa, dizendo:
Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou (1Jo 2:27).
Escrevendo aos tessalonicenses, Paulo disse:
E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória. Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes (1Ts 2:11-13).
Ele diz que aqueles irmãos foram exortados, consolados e admoestados para viver de modo digno de Deus. E que incansavelmente eles receberam a Palavra de Deus e não de palavra de homens. E que a Palavra de Deus estava operando eficazmente entre os que creram.
E o que a Palavra de Deus estava operando naquela igreja? Amadurecimento, fortalecimento e crescimento, tornando os que creram semelhantes a Cristo. A obra que a Palavra de Deus fez é suficiente. Por isso Paulo iniciou essa carta dizendo:
Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia. Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma (1Ts 1:6-8).
As pessoas lutam com todos os tipos de problemas na vida. Você faz como os nobres bereanos, pesquisando as Escrituras todos os dias? Jó declarou: “Do mandamento de seus lábios nunca me apartei, escondi no meu íntimo as palavras da sua boca” (Jó 23:12). Você vive como Jó?
É autoestima que você busca, ou é a estima da Palavra de Deus? Nós nos metemos em problemas emocionais porque nos concentramos em nós mesmos em vez da Palavra do Deus vivo. Por estimar as palavras da boca de Deus mais do que qualquer coisa em sua vida, é que Jó pôde suportar o que suportou, e, no final, dar glória a Deus.
A caminho de Canaã, Deus disse ao povo de Israel:
Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas (Dt 6:6-9).
Ou seja, Deus disse para povo se alimentar de sua Palavra, ensinar aos filhos, falar sobre ela ao se levantar, se sentar, se deitar-se e andar no caminho. Escrevê-la na mão, na cabeça, nas portas e por onde que ele o povo fosse. Eles deveriam estar sempre cientes da Palavra do Deus vivo.
Esta é a chave para viver. Este é o projeto de Deus para a vida do Seu povo. A Escritura é suficiente. Ela deve ocupar toda a atenção do povo de Deus como a fonte de tudo. Isso nunca mudou.
Precisamos apenas pregar a Palavra e não persuadir as pessoas com outras coisas
Em Lucas 16:19-31 temos um relato de Jesus sobre o “o rico e o mendigo Lázaro”. Não se trata de Lázaro, irmão de Marta e Maria, que Jesus havia ressuscitado (Jo 11). Como foi a única vez que Jesus citou o nome de alguém em sua parábola, não sabemos se foi mais uma parábola de Jesus ou algo que realmente aconteceu.
Nesse relato Jesus fala da suficiência das Escrituras. O homem rico viveu pomposamente enquanto Lázaro, que vivia na porta daquele homem, ansiava por comer das migalhas que caia de sua mesa. Um dia Lázaro morreu e foi levado para o céu, que é figurado aqui como “seio de Abraão”, expressão usada pelo Talmude como uma representação do céu.
O rico morreu depois e foi para inferno. E de lá clamou a Abraão por seus familiares dizendo: “Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento” (Lc 16:27-28).
Mas Abraão respondeu: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos […] Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lc 16:29,31).
Em Lucas 16:30 o rico sugeriu que se seus parentes vissem algum sinal, ele creriam. Mas Abraão refutou essa afirmação, afirmando que o que está nas Escrituras (Moisés e os profetas) era suficiente.
O Senhor deu mais um testemunho da plena suficiência das Escrituras. O evangelho puro é poderoso e suficiente. Deus não precisa de sinais e maravilhas para fazer sua Palavra ser poderosa e suficiente em relação a todos os assuntos da alma do homem em relação a Deus e em relação ao próximo.
Para concluirmos por hoje, há uma declaração incrível na segunda carta a Timóteo:
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 2:14-17).
Que declaração abrangente. A Escritura é suficiente? Sim. É suficiente para tornar o homem sábio para salvar, doutrinar, repreender, corrigir e instruir para a justiça. É suficiente para tornar o homem de Deus perfeito, completamente preparado para toda boa obra, não lhe faltando absolutamente nada. A Palavra de Deus, absolutamente suficiente.
Porém, se alguém afirma que a Escritura é a santa Palavra de Deus. completa, inspirada e suficiente, mas não se ocupa em estudá-la todos os dias para aprender dela e obedecê-la, a afirmação dessa pessoa não tem qualquer eficácia ou valor, são apenas palavras jogadas ao vento.
Você pode afirmar a mesma coisas quantas vezes quiser, mas se você não estuda a Escritura em busca da verdade, você apenas fala levianamente, suas palavras são desprezíveis. A Escritura deve ser estudada, crida e obedecida, e nisso está a suficiência. Vamos nos curvar em oração.
Agradecemos a Ti, nosso Pai, por este dia que nos deste para adorar. E sabemos que Tu mesmo disseste que exaltastes a Tua Palavra acima de tudo. E se Tu és suficiente, e Tu és, então Tua Palavra é suficiente também.
Somos grato por termos a Bíblia completa que não deixa nada de fora, cujas verdades podem nos levar a sermos completamente equipados para toda boa obra. Tuas verdades podem nos trazer uma bem-aventurança de vida em todas as dimensões.
Pai, salva a Tua igreja do pecado hediondo de acreditar que temos uma Bíblia insuficiente. E, Senhor, oramos por cada necessidade de cada vida hoje, para que a suficiência da Palavra de Deus no poder do Espírito de Deus possa ser aplicada a cada vida. Pelo amor de Cristo, Amém.
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Este texto é uma síntese do sermão “The Sufficiency of Scripture, Part 1″, de John MacArthur em 29/12/1985.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/80-18/the-sufficiency-of-scripture-part-1
Tradução e síntese feitas pelo site Rei Eterno