A bênção do arrependimento diário
“Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus”. (Mat. 4:17)
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”. (At. 3:19)
O arrependimento é semelhante a uma pedra atirada no rio, produzindo uma série de ondas em conseqüência daquela primeira onda. Irrompe um movimento espiritual, um movimento do “Reino dos Céus”. Há uma experiência com o poder redentor de Jesus. O arrependimento é a via para o coração do Pai celestial, ao seu amor e o seu perdão. A vida cristã começa com contrição e arrependimento, mas prossegue através de arrependimento diário.
Em nós mesmos não temos forças para perdoar, ser misericordioso, sofrer injustiça ou reagir com mansidão. Somente pecadores arrependidos são inflamados pelo amor a Jesus. Uma vida sem arrependimento diário é vazia. O céu não se aproxima dela. Não existe alegria radiante. Não há verdadeira adoração. Não há ardor por Cristo. Não há poder e nem fruto no serviço. Só haverá bênçãos celestiais nas almas em constante contrição.
Deus, em seu amor paternal, repetidas vezes nos disciplina. Ele sempre espera nossa reação com contrição e arrependimento, para que o céu desça a nós e Ele possa dar-se a si mesmo renovadamente a nós. Deus sempre deseja despertar corações endurecidos pela graça do arrependimento. O céu é trazido a uma alma quebrantada.
“Arrependam-se, pois o Reino dos Céus está próximo.” É esta a base do Evangelho. É a porta de entrada para o Céu. Não deveríamos buscar isto mais que qualquer outra coisa? Ele nos traz vida divina, a vida verdadeira. Sem o arrependimento, estaremos mortos, sem Cristo.
“Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”. (II Cor 7:10)
Aquele que vive em contrição e arrependimento tem as características da vida. Ele chora por aquilo que se deve chorar e lamentar: seus pecados. Pois a permanência neles significa morte e terrível julgamento eterno. Ele sofre entristecido pelo pecado, já não chora por coisas que não valem a pena serem lamentadas, pois comparadas com aquelas que terão conseqüências eternas, são apenas questões passageiras e insignificantes.
Aquele que se perturba e vive lamentando por coisas desta vida, cai numa tristeza que leva à morte. Mas aquele que chora em contrição por aquilo que é verdadeiramente lamentável, e terá tão graves conseqüências, chora pelo motivo autêntico, divino.
Aqueles que vivem um arrependimento diário estão verdadeiramente vivos, porque, após chorarem por seus pecados, irrompem em alegria e cânticos, que são desconhecidos a quem não vive esta experiência. O Senhor desceu dos céus e padeceu tudo por nós, mas sem arrependimento não poderemos participar da alegria dos frutos de sua obra.
Não experimentar um arrependimento diário é sinal de morte espiritual, mesmo para aquele que é um fiel freqüentador de reuniões cristãs. Ele “tem nome de que vive, mas está morto” (Ap. 3:1). Estar espiritualmente vivo é viver em arrependimento. Espiritualmente mortos são os cristãos que não choram pelos seus pecados, e, portanto, não podem se alegrar com a graça perdoadora de Deus.
A contrição e o arrependimento devem ser a própria base na nossa existência. É a única atitude adequada que devemos ter para com Deus. Não há como alguém estar diante de Deus sem uma experiência diária de contrição e arrependimento. “Arrependam-se”! É o chamado das Escrituras. Sem ele não temos vida.
“Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. (Ap. 2:5)
Se insistirmos em nossos próprios pensamentos, adotando uma postura defensiva e de auto-segurança, atitudes totalmente opostas a um coração contrito, entraremos em ruína espiritual, declarando que não precisamos da obra justificadora da cruz. Somente a contrição e o arrependimento podem salvar-nos da morte espiritual e conduzir-nos à vida, uma eterna vida.
Aquele que não vive em arrependimento diário pertence aos espiritualmente mortos, que não podem trazer ninguém à vida. Mas os contritos estão cheios de vida, vida divina, e podem levar outros à vida. Suas palavras passam a ter o poder da vida. O arrependimento e a contrição podem transformar a nós mesmos e também aos outros.
Satanás que nos manter na obscuridade e impedir que enxerguemos o nosso pecado. Ele não quer que estejamos cheios de vida divina, alegria e poder. Não basta orar diariamente para que o Senhor nos dê a luz da verdade. Se quisermos o arrependimento, precisamos submeter-nos cada dia à disciplina do Senhor. Nossa oração deve ser: “Pai, faze comigo o que quiseres. Corrige-me, para que a tua mão me quebrante e me dê um coração humilde e contrito”.
Assim é essencial que a nossa justiça própria seja destronada e despedaçada, para que Jesus possa vir a nós como Salvador. Quem se justifica, em última análise, culpa a Deus. Esta atitude oriunda do Éden é o recurso mais tenebroso que o homem pode se valer. É a essência do orgulho que o pecado produziu no homem. Quando o homem toma sua própria defesa, ele entra no caminho da morte. No labirinto de Satanás.
“Não se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam”. (Mt. 9:17)
O humilde quer ouvir o que os outros têm a lhe dizer. Deseja ser confrontado. Tem a coragem de ouvir a verdade sobre si mesmos e de admitir que precisa de arrependimento. O homem que está sendo trabalhado pelo Espírito Santo é sensível a Palavra de Deus. Seus odres são novos e podem receber vinho novo.
O homem perdido desculpa a si mesmo, encontrando justificativas para seu pecado. O pecado não reconhecido e do qual não tomamos um decidido arrependimento nos separa de Deus e nos fará soçobrar no juízo eterno. O homem que não está sendo trabalhado pelo Espírito Santo não é sensível à Palavra de Deus. Seus odres são velhos e não podem suportar o vinho novo .
“Aquele que diz que está em Cristo, também deve andar como ele andou.” (I Jo 2:6)
Temos um padrão bíblico para nossas vidas: Jesus. Nunca devemos buscar outro qualquer. E olhando para Ele podemos enxergar nossas falhas, ter um coração contrito, receber graça e vencer o pecado.
“Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará”. (Tg. 4: 6-10)
Texto sintetizado,com adaptações, dos escritos de M. Basilea Schhlink (1904-2001)