A Aliança Davídica

O cântico de Zacarias (Lc. 1:67-80) fala de três grandes alianças: A Aliança Davídica, Abraâmica e a Nova Aliança. Ele esperava que todas se cumprissem com a chegada do Messias. Ele não sabia que a nação o rejeitaria. Mas o Rei voltará e cumprirá todas as promessas incondicionais do Antigo Testamento.

Seguindo nossa trilha no Evangelho de Lucas, vamos começar a olhar a partir de hoje o cântico de Zacarias (Lucas 1: 67-79), após o nascimento de João Batista, o precursor do Messias, que foi concebido de um casal de idosos (Zacarias e Isabel), conforme o anjo havia anunciado a Zacarias (Lucas 1:8-23).

Após seis meses de gravidez de Isabel, o anjo Gabriel anunciou a Maria a concepção sobrenatural do Messias em seu ventre, ele também falou a Maria sobre o filho no ventre de sua prima Isabel (Lucas 1:26-38).

Deus estava em silencio havia 450 anos, período que não houve profetas, aparecimento de anjo e nem houve milagres. E agora, de repente, duas concepções milagrosas, duas visitas do anjo Gabriel direto da sala do trono do céu e mensagens de Deus. O silêncio foi quebrado e Deus começou a fazer a maior  intervenção na história.

O Messias e as Alianças Abraâmica, Davídica e a Nova Aliança

O cântico de louvor de Zacarias (Lucas 1:67-80) fala de três grandes alianças. É um momento monumental no desenrolar da continuidade da história redentora. A vinda de Jesus se conecta especificamente ao Antigo Testamento. É a conclusão de toda promessaa, aliança e esperança do Antigo Testamento.

É a conclusão da verdadeira religião do Judaísmo. É o cumprimento das maiores promessas de Deus. Na verdade, Zacarias viu a vinda do Messias como o cumprimento das três grandes alianças que envolvem a salvação no Antigo Testamento: A Aliança Davídica, a Aliança Abraâmica e a Nova Aliança.

Em Lucas 1:69 ele menciona a casa de Davi. Em Lucas 1:73 ele menciona o juramento a Abraão. Em Lucas 1:77 ele fala do conhecimento da salvação que inclui o perdão dos pecados. Essas são referências à Aliança Davídica, à Aliança Abraâmica e à Nova Aliança.

Zacarias sabia o que estava acontecendo, por isso ele preferiu tais palavras. Ele e Isabel tinham idades entre 70 e 80 anos. Eles sabiam que não poderiam gerar filhos. Mas milagrosamente geraram o precursor do Messias, que precederia o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão de seus pecados. (Lucas 1:76-77)

Zacarias sabia que o Messias cumpriria as alianças Davídica, Abraâmica e a Nova Aliança. Era o que todo judeu esperava e sonhava, conforme vimos no cântico de Simeão (Lucas 2:25-35) e nas palavras da profetiza Ana (Lucas 2:36-38), quando Jesus foi apresentado no templo.

Ana passou mais de 60 anos no templo, orando e jejuando pela vinda do Messias. E seus olhos viram, e ela anunciou a todos ali sobre isso (Lucas 2:38). Quando Simeão viu Jesus, ainda bebê, ele disse: “Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação” (Lucas 2:29-30).

Esta foi a vinda do Messias. Este foi o alvorecer da redenção. Ele cumprirá a promessa Davídica, Abraâmica e a Nova Aliança. Este foi o ponto alto monumental na redenção de Deus prometida ao Seu povo Israel.

Existem três outras alianças no Antigo Testamento: A Aliança que Deus fez com Noé, de nunca mais destruir o mundo pela água. A aliança sacerdotal no Antigo Testamento, segundo a qual Deus proporcionaria a Israel um sacerdócio perpétuo. E há também a Aliança Mosaica. Essas não eram alianças salvadoras.

Por outro lado, as alianças Abraâmica, Davídica e Nova Aliança só se tornaria realidade através da redenção. Aquele foi um momento monumental e Zacarias sabia disso. Cheio do Espírito Santo, Ele disse:

Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo (Lucas 1:68-69)

Ele sabia que seu filho João Batista seria o precursor do Messias. Ao anunciar a gravidez de Isabel a Zacarias, o anjo lhe disse:

Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João. Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento. Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. (Lucas 1:13-17)

Cheio de entusiasmo com o nascimento de João Batista, ele falou do cumprimento das alianças do plano redentor de Deus, começando da Davídica.

A Aliança Davídica

Lucas 1
⁶⁷ Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo:
⁶⁸ Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo,
⁶⁹ e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo.

Zacarias sabia que o Messias viria da linhagem real do rei Davi e restauraria o reino, o grande reino de Davi, quando Israel atingiu seu ápice. Os judeus ansiavam pela restauração da grandeza do reino Davídico quando o Messias chegasse. E é sobre isso que Zacarias contempla no nascimento de João Batista. Ele diz:

Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados (Lucas 1:76,77)

Zacarias estava com sua atenção voltada para o Messias que viria e não para seu próprio filho João Batista. A remissão dos pecados viria por meio de Jesus Cristo, a quem João Batista iria preparar seus caminhos. E Zacarias sabia que José e Maria eram da linhagem de Davi.

Há duas genealógicas de Jesus no Novo Testamento. Em Mateus 1:1-17 e em Lucas 3:23-38. Mateus nos mostra a linha real davídica de Jesus através de José, enquanto Lucas nos mostra a linha de sangue davídica através de Maria.

A linha real sempre era passada pelo pai. Mas, Jesus não tinha pai humano. A fim de ter a linha de sangue para reinar, Ele tinha que ser um descendente de Davi através de sua mãe também. Através de Maria, Jesus tem o sangue de Davi e, através de José, Ele tem o direito de reinar no trono que pertencia a Davi, embora José não fosse Seu pai em termos de realidade, ele era Seu pai num sentido legal.

Deus fez uma aliança eterna com Davi

2 Samuel 7 é um dos mais monumentais de todos os capítulos do Antigo Testamento. O rei Davi estava confortavelmente em seu palácio. O Senhor lhe deu um descanso de todos seus inimigos. Mas ele diz ao profeta Natã: “eu moro em casa de cedros, e a arca de Deus se acha numa tenda” (2 Samuel 7:2).

Ele estava preocupado porque morava em um palácio, e a arca de Deus estava em uma tenda miserável que já existia há muito tempo. Sua intenção era construir um templo em Jerusalém.

O profeta Natã, sem consultar o Senhor, se agradou disso (2 Samuel 7:3). Mas, sobre isso, Deus, falando sobre Davi, disse a Natã:

2 Samuel 7
¹¹ desde o dia em que mandei houvesse juízes sobre o meu povo de Israel. Dar-te-ei, porém, descanso de todos os teus inimigos; também o Senhor te faz saber que ele, o Senhor, te fará casa.
¹² Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.
¹³ Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
¹⁴ Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.
¹⁵ Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.
¹⁶ Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.

Esta é a Aliança Davídica: Em vez de Davi construir a casa do Senhor (o templo), seria o Senhor que construiria uma “casa” para Davi, ou seja, uma dinastia. O trono de Davi seria estabelecido para sempre. Foi isso que o anjo Gabriel, falando sobre Jesus, disse a Maria:

Lucas 1
³² Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
³³ ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.

O reinado Davídico de Jesus, no milênio, irá concluir a história da humanidade.

Haveria descendentes intermediários de Davi até a chegada do Messias, os quais Deus castigou pelas suas transgressões (tal como Salomão e descendentes). No entanto, o maior descendente de Davi não seria um pecador como Davi e seus descendentes, mas o Messias. A misericórdia de Deus não se apartaria da casa de Davi, fato que aconteceu com Saul.

Salomão construiu uma casa para o Senhor, mas os babilônios, no ano 586 a.C., reduziram-na a escombros. O reino de Salomão foi passageiro, o pecado corrompeu seu reino e no final o grande reino Davídico se dividiu em dois reinos (Israel e Judá).

Israel (reino do Norte) foi varrido do mapa pelo assírios em 772 a.C. Judá (reino do Sul) foi destruído pelos babilônios entre os anos 603 e 586 a.C. O filho de Davi que estabeleceria o reino sem fim não seria Salomão e nenhum outro a não ser Jesus.

Os judeus entendiam isso como a Aliança Davídica. A palavra “aliança” não é usada em 2 Samuel 7, mas é usada em 2 Samuel 23:3-5, quando Davi disse:

2 Samuel 23
³ Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus.
E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra.
Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo uma aliança eterna, que em tudo será bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nele, apesar de que ainda não o faz brotar.

Essas são as últimas palavras de Davi. Ele se refere a Aliança Davídica. Ele disse que Deus fez uma aliança eterna com ele, ou seja, irrevogável e inviolável, para lhe dar um descendente maior que estabelecerá um reino eterno. Haveria um Rei da linhagem de Davi que reinará para sempre.

Existem pelo menos 40 passagens do Antigo Testamento diretamente ligadas a esses versículos, tais como 1 Crônicas 17: 4-15, Salmo 89:30 a 37, Salmo 110:1-2. Deus protegeu a linhagem Davídica para que, até o tempo de Cristo, a Linhagem Davídica ainda fosse pura. José e Maria estavam nessa linhagem. Por isso o anjo Gabriel disse a Maria:

Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim. (Lucas 1:31-33)

Os judeus sabiam o que isso queria dizer. Isaías 9:6 diz:

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

O tempo do total cumprimento da Aliança Davídica 

O Salmo 2 diz que o Messias virá e governará as nações com vara de ferro. Zacarias 14:3-4,9 disse que descerá sobre o Monte das Oliveiras para pelejar contra as nações e que “O Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o Senhor, e um só será o seu nome”.

A promessa Davídica diz respeito a vinda de um grande Rei que estabelecerá um reino para sempre, um reino de paz, de justiça e de segurança. O grande Rei governará o mundo inteiro.

Quando João Batista, o precursor do grande Rei, nasceu, e Maria carregava no ventre o próprio Rei, Zacarias sabia o que estava acontecendo. Ele cumpriria a promessa Davídica. O Senhor, o Messias, será Rei sobre a terra, um reino messiânico literalmente terrestre estabelecido na terra.

Zacarias ficou entusiasmado com isso, bem como todos aqueles que esperavam pela redenção de Jerusalém. Ele esperava que tudo se cumprisse imediatamente. Zacarias não sabia o que iria acontecer com o Rei em sua primeira vinda. A nação rejeitou o Rei, o Messias. João 19:14-15 registra a conversa de Pilatos com a multidão:

[Pilatos] disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei. Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César! 

Mas isso não mudou a promessa de Deus. O Rei virá mais uma vez e estabelecerá o Seu reino. Zacarias não poderia ter previsto que o tão esperado Messias seria rejeitado por Seu povo, que ele “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1:11).

Zacarias só imaginava que a Aliança Davídica seria totalmente cumprida na primeira vinda do Rei, ele imaginava que o Rei derrubaria Roma, traria paz e prosperidade a Israel, destruiria seus inimigos hostis, governaria o mundo com paz e justiça em um reinado sem fim.

Os discípulos mostraram a Jesus grandiosidade do Templo de Jerusalém, mas Jesus lhes disse: “Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada” (Marcos 13:2). Isso foi algo chocante para aqueles homens.

Eles foram ensinados desde pequenos que o Messias viria exaltar Israel, mas Jesus diz que o símbolo da nação e de sua religião se tornaria em escombros. Eles não entenderam.

Até mesmo após a ressurreição, no momento da ascensão de Jesus ao céu, eles lhe perguntaram: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (Atos 1:6). 

Jesus lhes respondeu: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade” (Atos 1:7). Ou seja, o dia em que Jesus voltará para estabelecer seu reino messinânico na Terra é um assunto que pertence somente a Deus.

Eles não tinham como saber outra coisa senão que o Messias viria, cumpriria a Aliança Davídica, estabeleceria o reino em Israel, assumiria o trono de Davi, governaria Israel e o mundo e traria um reino de paz.

Antes de ver o Cristo ressurreto, alguns deles, decepcionados, estavam a caminho de Emaús, não reconheceram o Senhor, e falaram da frustração deles:

Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. (Lucas 24:21)

Eles pensavam que a Aliança Davídica significava que o Messias, em sua primeira vinda, derrubaria os romanos, conquistaria todos os inimigos de Israel, estabeleceria Sua autoridade e governaria as nações com vara de ferro (Salmo 2:8-9). Morrer humilhado numa cruz não foi nada compatível com isso.

E esse reino esperado por Zacarias um dia será realidade. Mas isso ocorrerá quando a nação reconhecer Jesus como Rei. É algo que ocorrerá na grande tribulação, quando um terço de Israel (todo o remanescente) reconhecerá Jesus como Rei e chorarão amargamente os séculos em que a nação o rejeitou.

E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito. (Zacarias 12:10)

Em toda a terra, diz o Senhor, dois terços dela serão eliminados e perecerão; mas a terceira parte restará nela. Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O Senhor é meu Deus. (Zacarias 13:8,9)

Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados. (Romanos 11:25-27)

Quando isso acontecer, então o reino chegará. Apocalipse capítulo 19 relata este momento. No retorno de Jesus Cristo Israel verá o seu Messias, eles crerão. 144 mil judeus, de todas as tribos de Israel (Ap. 7:4-8; 14:1-5) pregarão o evangelho em todo o mundo.

As testemunhas judaicas em Jerusalém terão um impacto tão grande que parte da cidade de Jerusalém se arrependerá e crerá no Messias. Um anjo estará voando pelo céu pregando o evangelho (Ap. 14:6), de modo que o evangelho será literalmente pregado em toda a face da terra. Muitos se converterão.

Neste ponto Israel está salvo, conforme escrito no livro do profeta Zacarias. Eles olharão para o cordeiro e chorarão amargamente por tê-lo rejeitado (Zac. 12:10), eles saberão que os judeus que morreram rejeitando a Cristo pereceram eternamente.

A gloriosa volta de Cristo e o reino  

A volta de Jesus será em glória retumbante, assim descrito por João no livro de Apocalipse:

Apocalipse 19
¹¹ Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça.
¹² Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo.
¹³ Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus;
¹⁴ e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro.
¹⁵ Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso.
¹⁶ Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

O Rei voltará em glória e poder para julgar e estabelecer seu reino, não será como há dois mil anos atrás em que ele morreu numa cruz para cumprir o plano redentor eterno. Apocalipse 20 é um dos textos da Escritura que descreve seu reino milenar.

Ele prenderá Satanás por mil anos e o lançará no abismo durante todo o reino milenar. Os apóstolos se assentarão sobre tronos e governará Israel no Milênio.

E eu vos destino o reino, como meu Pai me destinou, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel (Lucas 22:29-30).

E então se estabelecerá o reino de Cristo na terra:

Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. (Apocalipse 20:4).

Isso só vai acontecer após a volta de Cristo, no final da grande tribulação. A Palavra de Deus é irrevogável. Mas Zacarias não sabia que haveria dois mil anos entre a primeira vinda e a segunda vinda do Rei. Ele esperava o cumprimento imediato da Aliança Davídica.

Existem centenas de escrituras do Antigo Testamento que falam sobre o futuro Reino Davídico, tal como em Isaías, Ezequiel, Daniel, Miquéias etc.

Síntese do que diz Isaías sobre o reino davídico no milênio

1) 0 Senhor restaurará o remanescente fiel de Israel à Terra Prometida para que ocupe o reino em seu início (1.9,25-27; 3.10; 4.3; 6.13; 8.10; 9.1; 10.20,22,25,27; 11.11-12,16; 14.1-2; 14.22,26; 26.1-4; 27.12; 28.5; 35.9; 37.4,31-32; 40.2-3; 41.9; 43.5-6; 46.3-4; 49.5,8; 49.12,22; 51.11; 54.7-10; 55.12; 57.13,18; 60.4,9; 61.14,7; 65.8-10; 66.8-9,19).

2) Assim como o Senhor destrói os inimigos de Israel, ele proverá proteção para o seu povo (4.5-6; 9.1,4; 12.1-6; 13.4; 14.2; 21.9; 26.4-5; 27.1-4; 30.30-31; 32.2; 33.16,22; 35.4; 99.8-9; 49.17-18; 52.6; 54.9-10; 55.10-11; 58.12; 60.10,12,18; 62.9; 66.16).

3) Israel desfrutará de grande prosperidade de muitos modos (26.15,19; 272,13; 29.18-20; 22.22-23; 30.20; 32.3; 32.15-20; 33.6,24; 35.3,5-6,8-10; 40.11; 42.6-7,16; 43.5-6,8,10,21; 44.5,14; 46.13; 48.6; 49.10; 52.9; 54.2-3; 55.1,12; 58.9,14; 60.5,16,21; 61.4,6-10; 62.5; 65.13-15,18,24; 66.21-22). 

4) A cidade de Jerusalém se desenvolverá e atingirá a preeminência mundial (2.2-4; 18.7; 25.6; 40.5,9; 40.19-21; 60.1-5,13-15,17; 62.3-4).

5) Israel será o centro da atenção mundial (23.18; 54.1-3; 55.5; 56.6-8; 60.5-9; 66.18-21).

6) A missão de Israel será glorificar o Senhor (60.21; 61.3).

7) Os gentios receberão bênçãos por meio do canal da fiel Israel (11.10; 19.18,24-25; 42.6; 45.22-23; 49.6; 51.5; 56.3,6-8; 60.3,7-8; 61.5; 66.19).

8) Sob o governo do Príncipe da Paz, a paz mundial prevalecerá (2.4; 9.5-6; 11.10; 19.23; 26.12; 32.18; 24.14; 57.19; 66.12).

9) As condições morais e espirituais alcançarão o seu ponto mais alto desde a queda de Adão (27.6; 28.6,17; 32.16; 42.7; 44.3; 45.8; 51.4; 61.11; 65.21-22).

10) A liderança governamental será suprema sob o comando do Messias (9.6-7; 11.2-3; 16.5; 24.23; 25.3; 32.1; 32.5; 33.22; 42.1,4; 43.15; 52.13; 53.12;55.3-5 ).

11) Os seres humanos desfrutarão de vida longa (65.20,22).

12) O entendimento acerca do Senhor será universal (11.9; 19.21; 33.13; 40.5; 41.20; 45.6,14; 49.26; 52.10,13,15; 54.13; 66.23).

13) O mundo da natureza passará por uma grande renovação (12.3; 30.23-26; 32.15; 35.1-4,6-7; 41.18-19; 43.19-20; 44.3,23; 55.1-2,13; 58.10-11).

14) Os animais “selvagens” serão domados (11.6-9; 35.9; 65.25).

15) Nãó existirão tristeza e pesar (25.8; 60.20).

16) Um reinado eterno, como uma parte da nova criação de Deus, seguir-se á ao reinado milenar (24.23; 51.6; 51.16; 54.11-12; 60.11,19; 65.17).

17) O rei punirá o pecado visível (66:24)

É o reino em que se cumprirá a Aliança Davídica. Será um reino de paz e justiça, conforme Deus prometeu a Davi. Todos os redimidos estarão lá.

A noiva de Cristo no Milênio

Em Apocalipse 19:7-9 descreve as bodas do Cordeiro. A sua noiva, a igreja, virá com o Rei em sua volta triunfal. Haverá pessoas ainda vivas na terra naquele momento. E quando Jesus voltar para estabelecer Seu reino, Ele destruirá apenas os ímpios.

O Israel salvo entrará no reino junto com os gentios que crerão e serão salvos durante o tempo da grande tribulação. Mas a igreja voltará como santos glorificados, com corpos ressurretos. Interagiremos com os santos vivos na terra, semelhante à forma como os anjos interagiram com os santos na história da redenção.

Assim como Gabriel veio da presença de Deus e conversou com Isabel e com Maria, assim poderemos interagir e conversar com as pessoas da terra. Estaremos com Cristo no governo do Seu reino, assim como Israel e os santos na terra. Juntos seremos a igreja triunfante.

As imagens do Apocalipse descrevem-na em parte como uma noiva. O todo de toda a humanidade redimida estará finalmente contida na noiva de Cristo que ocupará a cidade nupcial, a Nova Jerusalém, que paira sobre a terra durante o reino. Esse é o maior momento da história da redenção.

Zacarias foi o pai do precursor do Rei, do Messias, que estava concebido por Deus no ventre de Maria, uma jovem virgem de 13 anos de idade. E o Messias nasceria em breve. Zacarias e Isabel certamente sonhavam testemunhar o Messias estabelecendo seu reino naqueles dias. Eles queriam estar lá vendo a queda de Roma e a destruição dos inimigos de Israel. Zacarias disse:

Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas, para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam; para usar de misericórdia com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança (Lucas 1:68-72).

Eles pensaram que, antes de tudo, o Messias derrubaria os romanos. Eles estavam cansados do jugo dos romanos. Eles queriam a independência e liberdade da nação. Ele sonhavam ver Israel livre dos ídolos romanos e a profanação de suas terras por pagãos. Eles estavam muito entusiasmados.

Mas Zacarias não esperava apenas pelo cumprimento da aliança Davídica, ele também esperava pelo cumprimento da aliança Abraâmica.

Para usar de misericórdia com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança e do juramento que fez a Abraão, o nosso pai, de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, o adorássemos sem temor, em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias. (Lucas 1:72-75)

A Aliança Abraâmica era diferente da Aliança Davídica. A Aliança Abraâmica não falou sobre um reino, mas de outra coisa. Foi uma aliança que Deus fez com Abraão e a repetiu a seu filho, Isaque, e a seu filho, Jacó. Foi reiterada oito vezes no livro de Gênesis. A Aliança Abraâmica foi unilateral, foi o próprio Deus que a fez. É irrevogável e eterna. É incondicional, ou seja, acontecerá.

E o que  aliança Abraâmica diz? Uma grande nação, uma terra que eles possuiriam, bênçãos abundantes, inéditas e inigualáveis para eles e através deles para outras nações; um Redentor e a redenção. A Aliança Abraâmica focou mais na bênção; a Davídica, mais sobre um trono e um governo e soberania sobre o mundo.

A Aliança Davídica é sobre libertação das mãos dos inimigos, para que o povo pudesse servir a Deus sem medo, em santidade e justiça diante Dele todos os dias.

A aliança Abraâmica diz sobre desfrutar do pleno serviço de Deus, da plena bênção de Deus, da plena utilidade para Deus que foi prometida.

Zacarias esperava um governo soberano do Messias sobre o mundo inteiro e bênçãos, serviço a Deus, santidade e justiça todos os dias. Foi isso que ele pensou, e com razão, porque foi isso que Deus prometeu e é isso que Deus vai fazer no futuro para o Israel remanescente.

A Aliança Abraâmica e a Aliança Davídica ainda não foram cumpridas, mas ouça isto, elas também não foram revogadas. É por isso que cremos que Deus ainda está revelando o futuro para o povo de Israel.

Na próxima vez examinaremos a Aliança Abraâmica, e em seguida a Nova Aliança. Vamos orar.

Pai, verdadeiramente a Tua Palavra ilumina. Estamos entusiasmados por compreender o grande drama abrangente da redenção, por compreender as alianças como Tu as identificaste nas Escrituras.

Se tudo o que tivéssemos fosse a Aliança Noéica, tudo o que saberíamos seria que poderíamos perecer, mas não seria por afogamento.

Se tudo o que tivéssemos fosse uma aliança sacerdotal, saberíamos que havia alguém para orar por nós, mas não teríamos qualquer esperança de que as nossas orações seriam respondidas.

Se tudo o que tivéssemos fosse a Aliança Mosaica, saberíamos que havia leis a obedecer, mas não poderíamos obedecê-las, então tudo o que aquela aliança fizesse nos condenaria.

Por isso, agradecemos-te porque também houve uma Aliança Davídica que prometia justiça final e paz sobre o mundo daqueles governados pelo Messias, que só entrariam naquele reino se tivessem sido redimidos.

Nós Te agradecemos porque existe uma Aliança Abraâmica, que haveria bênçãos para aqueles de fé que crêem. E principalmente Te agradecemos porque existe uma Nova Aliança que proporciona o perdão dos pecados e um novo coração e a implantação do Espírito Santo através da obra poderosa do Messias na cruz quando Ele morreu em nosso lugar e ressuscitou.

Agradecemos-te porque é a salvação proporcionada na Nova Aliança que abre a porta para o cumprimento davídico e abraâmico e para o caráter abrangente da nossa gloriosa e eterna redenção.

Pai, que desdobramento imenso e glorioso da saga da salvação que as Escrituras nos dão e estamos maravilhados, se não chocados, por Tu, por Tua graça soberana, nos teres escolhido desde antes da fundação do mundo para participarmos. Agradecemos-te porque, embora nós, que estamos fora da nação de Israel, não possamos afirmar ser filhos de Abraão ou de David, podemos, pela Nova Aliança, tornar-nos filhos de Abraão pela fé e sujeitos ao glorioso reino do Messias através da graça da salvação.

Nós Te agradecemos por esta misericórdia. Encha os nossos corações de gratidão e de esperança pelo que nos espera nas glórias daquilo que ainda não vimos, mas que certamente veremos num futuro não muito distante. Dê-nos a alegria de Zacarias pelo cumprimento da promessa messiânica e pelo fato glorioso de que participaremos. Sim, isso foi planejado para nós pela Tua grande graça. Nós Te agradecemos em nome do nosso Cristo. Amém.


Sermões desta série sobre o Cântico de Zacarias:

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos do Evangelho de Lucas.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos sobre escatologia.


Este texto é uma síntese do sermão “Zachariah’s Song of Salvation: The Davidic Covenant”, de John MacArthur, em 25/04/1999.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/42-17/zachariahs-song-of-salvation-the-davidic-covenant

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

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