Teu Pior Inimigo

Em virtude das restrições de reuniões [em virtude do crise de saúde mundial], não estamos hoje numa reunião normal da igreja, mas estamos falando agora  para cerca de 85 países por meio da transmissão online. É um desafio para o pregador entender a responsabilidade que está a seus mãos, ou seja, falar de uma maneira que faça da mensagem exatamente a verdade clara que possa atingir o coração das pessoas que não conhecem ao Senhor

Estamos vivendo um tipo de ameaça perigosa que nos atingiu com um vírus. Nossa sociedade está muito consciente desse perigo, e de muitos outros perigos que permeiam nossas vidas. Não esquecemos todos os tipos de doenças, todos os tipos de potenciais perigos que nos cercam. Não esquecemos os terroristas, os criminosos que podem causar danos a nós, pois o fazem regularmente em todo o mundo.

Preocupamo-nos com todos os tipos de coisas, porque a morte pode ocorrer de muitas maneiras. Na verdade, sentimo-nos super expostos a perigos que podemos ver – e aos que não podemos ver – que podem tirar nossas vidas. Preocupamo-nos com a vida, a ponto de sermos cautelosos com o que comemos, estando sempre preocupados em usar suplementos, em atentar para os aspectos nutritivos dos alimentos que talvez possam prolongar nossa vida e adicionar maior resistência física, porque, basicamente, temos medo da morte.

E isso é normal, porque a vida é plena e rica, com relacionamentos significativos, para a maioria de nós, e queremos continuar a viver, e também porque muitos de nós não têm certeza do que está por vir após a morte. Então, quero ser muito sincero com você, falar da Palavra de Deus, como mensageiro do Senhor, e quero fazer uma pergunta: O que você mais teme? Do que você mais tem medo?

E quero acrescentar: O que você mais deveria temer? Qual é a maior ameaça à sua vida? Em que momento você deve fazer o que pode ser feito para se proteger da maior de todas as ameaças? Ou, colocando de outra forma:

QUEM É SEU PIOR INIMIGO?

Quem é a pessoa mais perigosa que você terá que encarar? Agora, o seu maior inimigo não é humano. Isso restringe as opções. E alguns de vocês, sem dúvida, estão pensando: “Bem, ele deve estar falando sobre o diabo, deve estar falando sobre Satanás”. Não. Satanás não é seu maior inimigo, nem um pouco. Você está surpreso ao ouvir isso? É verdade.

Seu maior inimigo, o mais mortal e mais destrutivo é, na verdade, Deus. Os demônios sabem disso, Satanás também o sabe, e é por isso que disseram ao Senhor Jesus: “Você veio nos destruir?” Até os demônios sabem que Deus é o juiz e executor final.

Com relação a nós, Mateus 10:28 registra as palavras de Jesus. Ouça as palavras Dele: “não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” Tema aquele que pode mandá-lo para o inferno, e esse é o próprio Deus. Assim, Deus é a maior ameaça à sua vida, à vida de qualquer ser humano.

Você não deve temer nada, no sentido final, limitado a danos físicos ou até à morte física, porque as coisas que podem prejudicar seu corpo não são as que provocam a destruição final de sua alma. Tenha pavor Daquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno. E esse alguém não é Satanás, que não é o soberano do inferno, já que ele está entre os que estarão no lago de fogo sendo eternamente punidos pelo Soberano do inferno, que é o próprio Deus.

Honestamente, em nosso país acreditamos que Deus é nosso amigo, não nosso inimigo. Apelamos constantemente a Deus e dizemos com muita frequência: “Deus abençoe este país! Deus abençoe a América!” Isso não é novo. Em 1918, houve uma conflagração de nações que foi identificada como a Primeira Guerra Mundial, e no mesmo ano de 1918 também tivemos a gripe espanhola, que matou cerca de 100 milhões de pessoas.

Foi durante esse ano, que sob o estresse dessas realidades desastrosas, aquele compositor chamado Irving Berlin escreveu uma música chamada “God Bless America”. Ele pediu a Deus que abençoasse nosso país. Nós ainda cantamos essa música. Foi revisada algumas vezes ao longo das décadas, mas ainda a cantamos e pensamos que merecemos ser abençoados. Achamos que Deus gosta da América. Achamos que somos dignos de bênção, porque amamos a liberdade, amamos a justiça.

Existe um certo tipo de bondade coletiva, filantropia, caridade, cuidado, compaixão que marcam nosso povo. Há um desejo por igualdade. Estamos preocupados com o bem-estar. Estamos preocupados em proteger as pessoas de danos, não apenas as do nosso próprio povo, mas, ao longo dos anos, enviamos nossas tropas ao redor do mundo para proteger outras pessoas.

Temos o cuidado de estarmos na vanguarda – o máximo que pudermos – de todos os avanços científicos que possam melhorar a vida, como os avanços médicos. Nós gastamos nossa riqueza com as pessoas que precisam dela aqui e em todo o mundo. E assim, pensamos que com toda essa bondade certamente poderíamos pedir a Deus que nos abençoe.

E eu acredito que até individualmente, a maioria das pessoas pensa que Deus é amigável com elas. Elas acham que Deus será, talvez, a fonte de boa sorte. Você ouvirá as pessoas que ganharam na loteria dizerem: “Graças ao Senhor!”. Pensamos que há um sentido em que nossa bondade nos traz vitória. Alguém pode agradecer ao Senhor por vencer uma luta de boxe ou de beisebol.

E quando algo corre bem na vida, pensamos que essa é a bênção de Deus e que ela é meio que merecida. Quando as coisas correm bem para nós, acreditamos que isso confirma a ideia de que Deus é nosso amigo e está olhando gentilmente para nós. E, a propósito, essa noção é auxiliada e incentivada por muitos cristãos e muitos pregadores cristãos que dizem – com muita frequência nos dias de hoje – que Deus ama a todos e que ama a todos incondicionalmente, e quer ser amigo de todos e, talvez, especialmente das pessoas em nosso país. Afinal, temos o nome Dele em nossas moedas e em nossa bandeira…

Deixe-me jogar um balde de água fria nessas ideias. Deixe-me trazer alguma verdade à imaginação sentimental de tal pensamento. A verdade é esta: Deus é nosso pior inimigo; nosso sempre presente perigo mortal, nosso eterno juiz e carrasco, que destruirá o corpo e a alma no inferno.

A Bíblia deixa muito claro que a sabedoria começa com o temor a Deus. Provérbios 9:10 diz: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. É aí que a sabedoria começa, com o reconhecimento do papel que Deus desempenha no Universo, e esse é o papel de juiz. Em Provérbios 8:13, lemos o seguinte: “Temer ao Senhor é odiar o mal…”.

O que significa temer ao Senhor? Significa odiar o mal, porque você entende não apenas a natureza do mal, que é destrutivo no sentido temporal, mas o resultado do mal: ele é destrutivo no sentido eterno.

Tema a Deus. Não tema o que só pode destruir seu corpo, tema Aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno. E é isso que a Bíblia ensina. Deus é exatamente Aquele que o mundo diria para você não temer. E muitos pregadores te dizem o mesmo também: “Ele é seu amigo”. Mas, a verdade é que Deus não é seu amigo, Ele é seu inimigo. Você deveria temer a Deus.

Ouça o que a Bíblia diz:

Pois o Senhor, seu Deus, é um fogo consumidor Porque o nosso Deus é um fogo consumidor. (Hebreus 12:29)

Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias. Se o homem não se converter, Deus afiará a sua espada; já tem armado o seu arco, e está aparelhado.
(Salmos, 7:11-12)

Por esse motivo Eu os tratarei com toda a minha indignação; o meu olho não poupará, nem olhará com compaixão ou piedade para nenhum deles. Ainda que berrem aos meus ouvidos, não os ouvirei! (Ezequiel 8:18)

Só pisei uvas no lagar; ninguém dentre todos os povos esteve comigo. Eu as pisoteei na minha ira; movido por toda a indignação que senti Eu as esmaguei; e o sangue delas respingou na minha roupa, e as minhas vestes ficaram tingidas. (Isaías 63:3).

Jonathan Edwards, talvez o maior teólogo da história americana, pregou um sermão chamado “Pecadores nas mãos de um Deus irado”. Nele, ele disse o seguinte:

Se clamarem a Deus por consolo, ele estará longe de querer vir consolar-vos, ou de querer demonstrar-vos interesse ou favor. Ao contrário, o Senhor simplesmente irá esmagar-vos sob seus pés. E apesar de saber que, ao pisotear-vos, vocês não poderão suportar o peso de sua onipotência, ainda assim ele não vai se importar, e irá esmagar-vos debaixo de seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e fazendo com que o mesmo espirre longe, manchando suas vestes, maculando seu traje. Ele não só irá odiar-vos, como devotará a vós o maior desprezo. Lugar algum será considerado próprio para vocês, a não ser debaixo de seus pés, para serem pisados como a lama das ruas.

Quando Jonathan Edwards pregou esse sermão, no início da história da América, as pessoas que o ouviram pregar clamavam por misericórdia. O livro do Apocalipse, diz no capítulo 20:

11 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.
14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo

Isaías disse: “Porque, eis que o Senhor virá com fogo; e os seus carros como um torvelinho; para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo.” (66:15). Imagine a figura dos carros de Deus se aproximando como um exército dirigido furiosamente, levantando poeira. Deus julgará como um redemoinho, e todos os Seus inimigos sentirão a fúria da Sua ira.

Há uma acusação universal no livro de Romanos, capítulo 1, versículo 18: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.” E o registro bíblico, a história bíblica do trato de Deus com os homens sustenta que Deus é o maior inimigo que a humanidade possui.

Adão e Eva desobedeceram e foram amaldiçoados, assim como seu filho Caim. O mundo inteiro estava ligado ao mal continuamente, e Deus afogou o mundo inteiro no dilúvio universal, em que milhões de pessoas morreram. O mundo pós-dilúvio desobedeceu, e Deus espalhou o povo, confundindo sua língua e dando origem a conflitos nacionais mortais por toda a história da humanidade.

No Egito, Deus matou todos os primogênitos entre os egípcios. Ele destruiu todo o exército do Egito, afogando-os no Mar Vermelho. Ele matou muitos israelitas que adoravam o bezerro de ouro. Ele consumiu com fogo aqueles que O desagradaram, e nomeou o lugar como sepultura dos gananciosos. Ele matou com picadas de cobra aqueles que eram desobedientes. Ele matou 24.000 em uma praga. Ele destruiu 70.000 em outra praga. Tudo isso está registrado no Antigo Testamento.

E embora a maior parte da humanidade, historicamente até o presente tenha sido poupada desse tipo de morte, houve muitos holocaustos ao longo da história. Estamos familiarizados com eles. Mas a maior parte da humanidade foi poupada nesses holocaustos.

Todos nós merecemos morrer. E, ocasionalmente, vemos esse tipo de morte em massa como um lembrete do que todos nós merecemos. Mas Deus, em misericórdia para com a maioria de nós, retém Sua ira.

No contexto do Novo Testamento, em 70 dC, os romanos chegaram a Jerusalém, onde centenas de milhares foram mortos pela espada romana. A história humana é a história da morte. Se você ler o quinto capítulo de Gênesis, encontra a primeira genealogia na Bíblia, sendo que essa genealogia relata exatamente o mesmo destino para cada pessoa: viveu tantos anos e morreu. E em Hebreus 9:27, a Escritura diz: “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo…”.

Agora, quão ampla é essa sentença de morte? Todos nós morreremos, porque somos todos pecadores, e o salário do pecado é a morte. Logo, todos pecaram. O fato de todos nós morrermos é a prova de que somos todos pecadores. E isso também indica que o julgamento de Deus é um julgamento justo. A Bíblia descreve a natureza do homem, no terceiro capítulo de Romanos, reunindo muitas declarações do Antigo Testamento.

O apóstolo Paulo lista essas declarações do Antigo Testamento, que resumem a natureza pecaminosa de todos nós, em Romanos 3:

11 Não há ninguém que entenda;Não há ninguém que busque a Deus.
12 Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 A sua garganta é um sepulcro aberto;Com as suas línguas tratam enganosamente;Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 E não conheceram o caminho da paz.
18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.

E então, esta acusação final, verso 18: “Não há temor de Deus diante de seus olhos.” Esse é o problema essencial do homem. O princípio da sabedoria é temer ao Senhor: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” Mas não há temor de Deus diante dos olhos do homem e da mulher naturais.

Por que estou dizendo tudo isso? Porque sem isso você não pode entender o que Cristo fez naquela Sexta-feira Santa. Você não pode entender o significado de Sua morte, a menos que entenda o porquê de Ele ter morrido. O evangelho é uma boa notícia sobre o perdão dos pecados. E Jesus, da cruz, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” E Ele poderia oferecer esse perdão e providenciar esse perdão, porque faria o sacrifício que tornaria possível esse perdão.

Veja bem, o evangelho, o cristianismo, não é sobre ter uma vida mais feliz. Não se trata de uma vida social melhor. Não se trata de um casamento melhor. Não se trata de realizar seu potencial, seus desejos, ou ser tudo o que você poderia ser e gostaria ser. Não se trata de acabar com sua insatisfação. Não se trata realmente de se livrar de sua vergonha e sentimentos de culpa.

Todos nós temos consciência, todos nós. E há momentos em que essa consciência trabalha muito sobre nós, acusando-nos. É um presente dado por Deus ter consciência, assim como a dor no seu corpo é um presente dado por Deus, para que você não se machuque até o ponto da morte. A consciência grita com você e diz: “Pare de se comportar dessa maneira imoral, porque você está causando danos à sua alma!”

Mas a mensagem do evangelho e a do cristianismo não devem, de alguma forma, aplacar sua culpa, silenciar sua consciência ativa. Não se trata de dizer: “Bem, você realmente não é o que deveria ser, mas Jesus quer fazer de você tudo o que pode ser feito”. Não. Essa nem é a essência do pecado. A essência do pecado não é definida por minhas falhas, meus maus relacionamentos, meus maus comportamentos.

A definição de pecado não é ofender outra pessoa ou prejudicar outra pessoa. Essa não é a essência do pecado. A própria ideia do pecado é que é uma ofensa contra o Deus Santo. O pecado viola Sua lei e atrapalha o relacionamento de uma pessoa com Ele. O evangelho não é sobre fixar seu relacionamento consigo mesmo, sentir-se melhor consigo mesmo. Não se trata de consertar seu relacionamento com outras pessoas. Trata-se de consertar seu relacionamento com o Deus Santo.

Davi cometeu muitos pecados, como registram as Escrituras. Ele pecou contra Bate-Seba de maneira adúltera. Ele pecou contra o marido dela, matando-o. Ele pecou contra todo mundo que fez parte da operação cúmplice para fazer o pecado de Davi acontecer. Mas quando ele derramou seu coração no Salmo 51, ele disse o seguinte: “Contra Ti e somente eu pequei.” Ele viu o pecado não pelas consequências do pecado, como culpa e remorso. Ele viu o pecado não pelo que fez contra outras pessoas, mas pelo que fez contra Deus.

Como o resultado de todo pecado é ofender a Deus, violando a lei de Deus, estamos todos sob julgamento divino. Temos que ver nossas falhas, nossos fracassos, nossa desobediência, nossas iniquidades, transgressões e pecados à luz da santidade de Deus. E se você não os vê à luz disso, não os vê pelo que realmente são.

Pecado não é um conceito social. Não é algum tipo de falha pessoal. O pecado é um ataque contra Deus. Você nunca sabe o que é o pecado, até pensar nele em termos de Deus, e medi-lo, não pelos padrões humanos, mas pela medida da santidade total de Deus e Suas exigências em nossa vida.

Portanto, o que precisamos entender é que a dor na consciência, que sofremos por causa dos nossos pecados, nem sempre pode ser convicção de pecado. Pode ser apenas um sentimento de frustração ou tristeza por causa dos resultados ou consequências do pecado, porque as coisas não deram certo. Não se trata de que você não deva se sentir um fracasso, ou que não esteja enfrentando o seu pecado, ou se sinta infeliz com seus erros.

Não, você precisa entender que todo pecado é um ato aberto de rebelião contra um Deus infinitamente santo, e porque você peca, você está sob Sua condenação. Jesus não aparece como um tipo de super psiquiatra para tentar consertar seu relacionamento consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor. Ele vem consertar seu relacionamento com o Deus Santo.

Ser convencido do pecado significa medir sua vida pela santa lei de Deus e perceber que você basicamente se rebelou contra a autoridade Dele, você O ofendeu, desafiou e até O blasfema. Nós todos o temos feito. O pecador precisa estar aterrorizado. Hoje não vejo muito disso. O pecador precisa estar aterrorizado, e não sentir que Deus é seu amigo, quando o fato é que Deus é o inimigo mais mortal e perigoso que um pecador tem. Para um pecador, ser levado à presença de Deus deveria ser uma realidade aterradora.

Então, essa é a condição de todos nós. O que fazemos sobre isso? Não podemos fazer nada a respeito, “porque pelas obras da lei nenhuma carne será justificada diante de Deus”. Não podemos nos reconciliar com Deus tentando ser bons, porque não podemos ser bons o suficiente. Jesus disse: “Seja perfeito como seu Pai no céu é perfeito.” Você não pode alcançar a salvação por conta própria.

Então, qual é a resposta? Como podemos nos reconciliar com Deus, a quem constantemente ofendemos? A resposta para isso é: através da obra de Jesus Cristo. E sabemos pelo que Ele disse na cruz: “Pai, perdoa-lhes”, que é essencialmente por isso que Ele veio, e Ele estava morrendo voluntariamente para perdoar pecados.

Mas, exatamente, o que precisamos entender?

Vamos voltar ao que dissemos há pouco. O princípio da sabedoria é temer a Deus. Porém, Romanos 3 diz que as pessoas não temem a Deus. Elas temem quase tudo, menos a Deus. Elas temem as coisas que destroem o corpo, mas não Aquele que destrói a alma e o corpo no inferno eterno. Por isso, embora clamemos que Deus nos abençoe, seguimos ignorando a verdade dita no Salmo 115:13,: “O Senhor abençoará os que O temem.”

Temos que mudar nossa perspectiva. O caminho para a bênção começa com pavor santo, terror santo, santo medo de Deus, Aquele que lança os pecadores em castigo eterno. Deixe-me resumir em três pontos o porquê de devermos ver Deus como nosso inimigo e temermos o que Ele pode fazer e fará conosco:

Número um: Deus é o soberano sobre todos os que vivem. Ele possui em Si mesmo autoridade completa e universal, e estabeleceu uma lei moral absoluta, refletindo Sua santa perfeição à qual requer obediência perfeita. E se você não obedece, está sob o julgamento Dele. O pecado é toda e qualquer violação de Sua santa lei, tornando todos nós culpados. Assim, o castigo é justo. Então, Deus é o legislador soberano.

Número dois: Deus é o diretor, o detentor da prisão inevitável de sofrimento, que Ele mesmo preparou, um lago de fogo, diz a Bíblia, um lugar de tristeza e miséria para sempre ocupado pelos culpados. Esse é o lugar onde Ele, o diretor, coloca os infratores aprisionados para sempre.

Número três: Deus é o carrasco dessa prisão eterna. Ele é quem traz o julgamento justo do corpo e da alma. Ele é perigoso. Tenha medo Dele.

Tudo isso é crítico, essencial, para entender o significado da morte de Cristo. Somente se você compreender o que eu te disse até aqui, é que você poderá capturar o valor da morte de Cristo para nós.

Eu quero que você olhe 1 Pedro 3:18. Ouça: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito.” Isso é tão profundo, tão abrangente que renderia pelo menos uma série de sermões de dez semanas só nesse versículo.

Vamos examinar por partes essa profunda revelação de 1 Pedro 3:18:

Primeiro, “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados…”. Cristo morreu pelos pecados. Essas são as melhores, mais esperançosas e maravilhosas boas notícias que poderiam ser dadas a um mundo de pecadores. Ele morreu pelos pecados. De quem eram esses pecados? Não eram Dele. Ele era santo, inofensivo, imaculado e separado dos pecadores. Ele era o Santo de Deus. Por quais pecados Ele morreu? Os pecados de todos os que creriam Nele.

Olhe para o Seu sofrimento, foi até o limite máximo: Ele morreu. Algumas pessoas podem sofrer alguma dor para beneficiar outra pessoa, mas não necessariamente desistem de sua própria vida. Algumas pessoas podem até sofrer alguma privação para atender às necessidades de outras pessoas, mas não necessariamente desistirem de sua vida. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.” (João 15:13).

Então, foi um sacrifício final. Estava relacionado a pecados. Ele morreu pelos pecados, não por Seus próprios, Ele não tinha nenhum. Olhe para o capítulo 2, versículo 22, de 1 Pedro, onde diz respeito a Cristo: “Ele não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca.”

E assim, o versículo 24 diz: “Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados.” Ele morreu pelos pecados, mas Ele não tinha nenhum. Ele morreu pelos nossos pecados. O objetivo de Sua morte foi lidar com pecados.

O verso de 1 Pedro 3:18 também afirma que “Cristo padeceu uma vez pelos pecados…“. Cristo morreu pelos pecados uma vez apenas, mas com validade perpétua, estendendo-se através da história e nunca precisando ser repetido. Isso é muito diferente do sistema de sacrifício do Antigo Testamento, onde os animais eram abatidos todas as manhãs e todas as noites, todos os dias, durante séculos, e nenhum sacrifício de animais podia tirar o pecado.

Através de uma morte, Jesus pela única oferta de Si mesmo, santificou Seu povo para sempre. A propósito, isso expõe o erro da missa católica, que é uma espécie de recrucificação simbólica de Jesus. Então, a morte Dele foi o sacrifício supremo, foi pelos pecados, além de única e abrangente. Ele morreu de uma vez por todas. Todos os que entrariam no céu estavam reunidos naquela única morte.

Veja 2 Coríntios 5:14: “Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram.” E o versículo 15 diz: “E ele morreu por todos”. Ele morreu por todo o Seu povo. Ele morreu por todos que creriam Nele. Uma morte pelo pecado foi tudo o que foi exigido por Deus, de eficácia abrangente a todo o Seu povo em todo o mundo, através de toda a história humana.

O sacrifício no Antigo Testamento foi repetido incontáveis vezes. O sacrifício oferecido no Antigo Testamento era de eficácia individual, ou seja, quando as pessoas levavam o sacrifício ao templo era para uma determinada pessoa ou uma família. Nunca houve sacrifício pelo mundo, um sacrifício abrangente.

1 João 2:2 diz: “Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não apenas pelos nossos, mas pelos pecados do mundo inteiro.” E, é claro, o objetivo do evangelho e da morte de Cristo é garantir a reconciliação dos pecadores com Deus, porque seus pecados são pagos.

E esta é a próxima parte do versículo 18 de 1 Pedro 3: “o justo pelos injustos”. O Justo morrendo pelos injustos. Deus castigou Jesus pelos pecados de todos os que iriam crer Nele. Hebreus 9:28 coloca desta maneira: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.”

Em seu sermão em Atos 3, Pedro chamou Jesus de Santo e Justo. O Perfeito, o Sem Pecado levou nossos pecados em Seu corpo na cruz, tomou sobre Si toda a fúria da ira de Deus, tomou o inferno em nosso lugar. Você diz: “Como Jesus pôde absorver toda a ira de Deus no lugar de todos os pecadores que creriam nele através de toda a história humana?”.

E a resposta é: por Ele ser uma pessoa infinita, poderia suportar uma quantidade infinita da fúria de Deus, e Deus ficou satisfeito. Como você sabe que Deus ficou satisfeito? Porque Deus O ressuscitou dentre os mortos, validando a eficácia de Seu sacrifício.

O Filho de Deus passou da eternidade para o mundo temporal a fim de morrer em nosso lugar. Ele levou sobre Si todos os nossos pecados. Deus fez Dele o alvo da fúria, da ira eterna contra esses pecados e, como lemos em Isaías, “a iniquidade de todos nós caiu sobre Ele”, e o julgamento de Deus também. E é por isso que houve trevas da sexta à nona hora quando Ele absorveu a fúria divina. Seu sofrimento, então, foi definitivo.

Volte ao versículo 18, que assim continua: “para levar-nos a Deus”. Aqui é declarado o propósito da morte de Cristo: levar-nos a Deus. O sentido do verbo”levar” aqui é introduzir ou fornecer acesso ou trazer alguém para um relacionamento. Literalmente, você pode traduzir: “Para nos apresentar a Deus”. Ou melhor ainda: “Para nos dar acesso a Deus”.

Jesus é o porteiro oficial, divinamente designado, que abre as portas da sala do trono por Seu sacrifício pelo pecado, e nos leva a Deus. De fato, Hebreus 2:10, diz que em Sua morte: “Ele estava trazendo muitos filhos para a glória”. Isso é o que estava acontecendo na cruz. Surpreendentemente, Pedro resume tudo neste versículo de 1 Pedro 3:18. Ele conclui: “mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito”, ou seja, Ele sofreu para trazer reconciliação.

A propósito, o texto diz que Ele foi “mortificado, na verdade, na carne…”– mas o versículo termina – “mas vivificado pelo espírito”. Seu corpo estava morto, Seu Espírito estava vivo e, como todos sabemos, saiu da sepultura no terceiro dia, naquele glorioso domingo.

Esse é o significado da cruz. É isso que faz de Deus nosso amigo. Mas, fora da fé em Cristo, fora de crer nEle como Senhor e Salvador, Deus é seu inimigo, e Ele é de longe o pior inimigo que você jamais poderia ter, porque Seu julgamento é eterno.

Então, Jesus veio, enviado de Deus, para que, através do amor de Deus, salvasse-nos da ira de Deus. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira…” – o mundo que estava sob a Sua ira, Ele amou – “que enviou Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Vamos orar.

Pai nosso, chegamos a Ti agora em ação de graças. As profundas realidades da morte de nosso Salvador na cruz escapam à maioria das pessoas. Alguns a consideram um tipo de experiência sentimental de um bom mestre bem-intencionado. Alguns olham para Jesus como se Ele estivesse um pouco equivocado, e entrou no lado errado do establishment religioso, perdendo a vida e morrendo como um mártir. Mas, sabemos que Cristo morreu pelos pecados de uma vez por todas, o Justo pelos injustos, para que Ele nos trouxesse a Ti. Reconcilia-nos para que, uma vez inimigos, tornemo-nos amigos. E não apenas amigos. Jesus disse aos Seus discípulos: “Vocês são meus amigos.” Mas é mais do que isso: amigos que se tornam filhos de Deus, amigos que se tornam herdeiros em conjunto com Cristo, amigos para quem há um lugar sendo preparado no céu, para bem-aventurança e alegria eternas, satisfação e gozo. Que essa verdade, pelo poder do Teu Espírito Santo, se mova no coração de todos os que a ouvem, e que o Senhor seja glorificado e honrado em nossa resposta a tal verdade. E agradeceremos a Ti, em nome de nosso Salvador, a quem amamos. Amém.


Este texto é uma síntese do sermão “Enemies of God″, de John MacArthur em 10/04/2020.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/82-14

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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