O Que é a Liberdade Cristã?

Os Estados Unidos tornaram-se sinônimo de povo livre. Essa é a nossa mais elevada e louvada dentre todas as bênçãos. E agradecemos a Deus pela liberdade que temos. Mas, corremos o risco de perdermos nossa própria liberdade, porque o abuso da liberdade pode levar à morte da liberdade.

Vemos que a criminalidade, as drogas e o álcool estão minando nossa nação. Estamos continuamente fazendo leis tolerantes que permitem mais direitos aos criminosos e mais liberdades para o comércio e uso das drogas e do álcool. A mídia está nos afogando em um esgoto, tudo em nome da liberdade, liberdade de imprensa, liberdade sexual e liberdade de fazer qualquer coisa de qualquer forma. Todas essas características que marcam nossa sociedade são abusos de nossas liberdades.

Em nome da liberdade, mulheres podem assassinar seus filhos ainda não nascidos, ao mesmo tempo em que leis severas protegem o direito de nascimento de animais. Em nome da liberdade, a imprensa ataca nossos líderes, ataca os princípios de nossa nação, construindo desconfiança e fomentando uma revolução contra toda autoridade.

E todo esse abuso da liberdade vai nos conduzir à perda da liberdade. O homem caído em uma sociedade livre abusará dessa liberdade por causa da sua depravação total. O homem é basicamente mau. É da natureza da liberdade que ela possa ser abusada a ponto de ser perdida. E o que é verdade no mundo político e sociológico também é verdade no mundo espiritual. E eu gostaria de nos concentrar nisso hoje, na liberdade cristã e em seu potencial abuso.

Assim como nossa liberdade política pode ser abusada, nossa liberdade espiritual também pode ser abusada. E a Palavra de Deus nos dá alguns fatores controladores para impedir tal abuso. Muitos líderes cristãos estão caindo em pecados morais e saindo do ministério e abusando do privilégio da liderança. Muitos estão caindo em descrédito por causa de seu pecado.

Há pessoas que pensam que porque são livres em Cristo, podem fazer aquilo que satisfaz sua carne. E isso é algo bastante comum hoje, em nome da liberdade cristã. E, porque estamos sob a graça de Deus, eles dizem, e não sob a lei, devemos ser irrestritamente livres.

Vivemos num tempo em que a liberdade cristã está sendo abusada. E eu acho que é importante tocar na base de como pensamos sobre liberdade, bem como na base do que Paulo fala sobre os fatores de controle da liberdade cristã. É algo essencial.

Na carta aos Gálatas, Paulo introduz essa ideia de liberdade em toda a epístola. Ele está conversando com um grupo de pessoas para quem ele pregou o evangelho. A Galácia era uma região em que havia muitas cidades. Paulo pregou lá o evangelho da liberdade da lei e do pecado. Ele pregou o evangelho da liberdade, um evangelho da libertação.

Porém, havia alguns que ensinavam às pessoas que elas tinham que cumprir a lei, manter as cerimônias e rituais, circuncidar-se, seguir todas as tradições e se apegar a todo o legalismo ou, caso contrário, não poderiam agradar a Deus. Houve uma verdadeira batalha sobre essa questão do que é a liberdade cristã, e Paulo escreve sobre essa questão em Gálatas.

Em Gálatas 2:4, ele introduz o assunto dizendo que “falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão”. No capítulo 4, depois de uma analogia entre Sara, que era livre, e Hagar, que era uma escrava, ele diz: “somos filhos não da escrava, e sim da livre”. Em outras palavras, somos um povo que é trazido à liberdade através da salvação.

No capítulo 5, versículo 1, ele diz: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão”. Repetidamente ele menciona o fato de que em Cristo somos livres. No verso 13, ele resume: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade”. E essa é uma verdade maravilhosa e afirmativa. Nós, que estamos em Cristo, gozamos de liberdade.

Em João 8:32, Jesus disse: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. No versículo 36, Ele disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. Somos livres, verdadeiramente livres. E Romanos 6 a 8 nos diz que somos livres do pecado e da lei. Celebramos nossa liberdade em Cristo.

É maravilhoso sermos livres em Cristo. Mas, a questão que vem à mente é: o que exatamente significa nossa liberdade em Cristo? Como desfrutamos de nossa liberdade cristã sem abusar dela? Como podemos nos conter para que nossa liberdade em Cristo não se transforme em loucura pecaminosa? Paulo trata esse assunto na carta aos Gálatas. No capítulo 5:13, ele diz:

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.

Fomos chamados à liberdade. Somos livres em Cristo, e esse é um pensamento maravilhoso, A liberdade é uma coisa maravilhosa. Suas implicações são abrangentes. Mas o que significa ser livre? E como expressamos essa liberdade de uma maneira que agrada a Deus? É um assunto que preocupa, porque o que mais se vê é o abuso disso.

Há muita tolerância ao pecado na igreja. É estarrecedor o que líderes estão ensinando para as pessoas. Literalmente, respaldam práticas pecaminosas como se fossem coisas normais na vida de um cristão. Esse tipo de abuso de liberdade é assustador e causa um tremendo estrago na igreja.

Eu tenho um grande peso em meu coração por uma igreja santa, por uma igreja espiritualmente comprometida com a obediência à Palavra de Deus. Métodos e truques não farão da igreja o que ela deveria ser, mas um compromisso com uma vida de integridade e uma caminhada de pureza e santidade. E se a liderança não está comprometida como isto, há pouca esperança para o resto do povo.

Temos que entender o que significa nossa liberdade cristã, e é exatamente isso que está no coração de Paulo. Não vou lhe dizer nada que seja particularmente novo ou profundo; quero refrescar sua mente sobre esses assuntos e quero relembrar nossa própria posição como igreja, para que possamos saber onde estamos.

Paulo nos dá três conceitos do que a liberdade não é. Primeiro, ele diz que a liberdade cristã não é a liberdade de satisfazer a carne. Em Gálatas 5:13 ele diz: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor”.

Dizer que somos livres em Cristo não significa que somos livres para dar expressão à nossa pecaminosidade. Certa vez, uma pessoa me disse que Deus fica satisfeito quando alguém peca, pois seria uma boa oportunidade para ele expressar Sua graça. Absurdo! Como alguém pode chegar a um pensamento como esse? Eu lhe disse: Você está apenas se valendo de uma ideia combatida veementemente por Paulo. Romanos 6:1-2 diz:

Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?

Romanos 5:20 diz que “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Aqui não se trata de uma licença para pecar, mas o texto diz apenas que a lei tornou os homens mais conscientes de sua pecaminosidade e incapacidade de manter os perfeitos padrões de Deus, e que a graça de Deus é um motivo de profunda gratidão por Deus ter nos perdoado e capacitado a fazer o que a lei jamais poderia ser capaz. O verso 21 diz: “a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”.

O que é a carne? É a nossa humanidade caída, nossa identidade humana não redimida. É o seu corpo físico terreno, mortal. É a nossa humanidade distorcida pelo egocentrismo e propensa ao pecado. É a nossa parte não resgatada.

Em Romanos 6, 7 e 8, aprendemos que quando fomos salvos, nosso homem interior foi recriado. II Coríntios 5:17 diz que “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Romanos 6:6 diz que “nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado”. Crucificação resulta em morte. O nosso velho homem está morto. Os versos 4 e 5 dizem:

De sorte que fomos sepultados com Cristo pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;

Você se levantou para andar em novidade de vida, e a vida de Deus habita em sua alma. E você possui a natureza divina incorruptível. A parte mais profunda de você é uma parte redimida, totalmente transformada e tão ligada a Jesus Cristo que não há como dizer onde você termina e Ele começa. I Cor. 6:17 diz: “o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito”. E é por isso que em Gálatas 2:20, Paulo diz:

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

A parte mais profunda e verdadeira de um cristão está redimida e adequada para o céu. É um ser santo. É uma nova criação na qual habita a justiça. O problema com você é que essa nova parte redimida de você, que é justa, ama a lei de Deus, ama a pureza e a santidade e procura fazer o que é certo, está encarcerada na sua carne. Está presa em sua humanidade. Romanos 7:22-23 expõe esse problema com exatidão:

Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.

O homem interior, recriado por Cristo, anseia por fazer o que é justo, mas o pecado que habita na carne batalha em sentido oposto. Romanos 8:6 diz que “a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz”. A carne não foi recriada e perecerá, pois a “inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus” (Rom. 8:7). Mas o novo homem interior está apto para o céu na nova criação. Tudo o que esperamos é a redenção do nosso corpo. E essa é a parte completa da salvação pela qual esperamos. Filipenses 3:20-21 expressa com exatidão essa verdade:

Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.

Então, ainda estamos esperando a redenção do nosso corpo, a redenção da nossa carne, a salvação do homem exterior, para acompanhar a salvação do homem interior. E é por isso que ainda não está manifesto ao mundo quem somos. I João 3:2 diz:

Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.

Essa será a nossa libertação total, quando nossa salvação for além do homem interior. Seremos salvos também do homem exterior, quando receberemos um novo corpo glorificado como o de Cristo. Mas até aquele momento, temos o problema do novo homem lutando contra essa carne. Não é mais o pecado reinante, pois o reino do pecado foi quebrado, mas é o pecado residual que está alojado em nossa carne.

Infelizmente, a inclinação de muitos é dizer que somos livres e, como todos os nossos pecados estão cobertos, podemos transigir com a carne e confiar na promessa do perdão de Deus. Isso é um abuso da sua liberdade. É o tipo de abuso ensinado pelos falsos profetas, conforme apontou o apóstolo Pedro:

Esses tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas; porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que andam no erro, prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor. Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro.
(2 Pedro 2:17-20)

A liberdade que temos em Cristo não é liberdade para fazer o que a carne deseja. A liberdade cristã é liberdade do pecado e não liberdade para pecar. É ter a mesma ambição suprema de Cristo, que era de agradar ao Pai em tudo e não agradar a Si mesmo (Rom. 15:3).

A liberdade cristã não significa que fazemos o que queremos fazer. Em II Tim. 2:4, Paulo diz que “ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”. Vivemos não para agradar à carne, mas para agradar ao Senhor. E isso é básico.

Os teólogos da heresia do antinomianismo dizem que não há leis morais que Deus espera que os cristãos obedeçam. Eles dizem que Cristo cumpriu a lei e que, portanto, não há nenhuma lei moral que Deus espera que os cristãos obedeçam. E aí reside a justificativa para a liberdade de agradar a carne. A Escritura desmente completamente essa heresia. Por exemplo, Romanos 6:1-2 diz: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?”.

Portanto, o primeiro parâmetro essencial para controlar e restringir nossa liberdade aos limites ordenados por Deus é o autocontrole, e não satisfazer o prazer da carne. Se você acha que o evangelho da graça é uma licença para o pecado, você está mergulhado em uma heresia que destrói o sentido real da liberdade cristã.

O homem verdadeiramente regenerado é liberto do domínio do pecado e almeja agradar a Deus em tudo. Isso é a verdadeira liberdade cristã. O homem regenerado foi capacitado a uma vida de santidade impossível a um homem não regenerado. Jamais a regeneração pode produzir homens que buscam satisfação de suas próprias vontades.

Então, desde que fomos chamados à liberdade, em primeiro lugar, não significa que somos livres para ceder à carne e, em segundo lugar, e isso é muito importante, não significa que somos livres para ferir os outros.

Existe também a ideia de que nossa liberdade significa que podemos fazer o que quisermos, não importa como isso afete alguém. Vemos isso na sociedade como um todo, ela está muito preocupada em dar direitos aos pervertidos. E isso também chegou à igreja, onde as pessoas na igreja estão mais preocupadas consigo mesmas do que com qualquer outra pessoa. E, assim, elas, em nome da liberdade, pensam que podem fazer o que quiserem e realmente não se importam como isso afeta qualquer outra pessoa. Em Gálatas 5, é dito:

13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.
14 Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos.

A palavra traduzida como “ocasião” no grego é um termo militar, significa uma base de operações. Ele quer dizer: não use sua liberdade em Cristo como base de operações a partir da qual sua carne é ativada. E ele acrescenta um segundo fato: “sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor”.

O versículo 15 trata da destruição atravésatravés de morder e devorar. A imagem é de animais selvagens atacando e matando com brutalidade uns aos outros. Uma imagem vívida do que acontece na esfera espiritual, quando os cristãos não amam e não servem uns aos outros. O verso 14 diz que se um cristão ama genuinamente os outros, ele cumpre todas as exigências morais da lei.

Nossa liberdade é para servirmos as pessoas e não para ferirmos as pessoas. Não é a liberdade que diz: “Ei, sou livre em Cristo, então eu faço o que quero e não me importo como isso afeta você.” Isso não é liberdade cristã, é apenas uma atitude carnal egoísta e egocêntrica.

A palavra “amor”, usada no verso 13 para qualificar como devemos servir uns aos outros, é “ágape”, e significa o amor sacrificial. E a palavra traduzida como “servos” é “doulos”, que significa escravo. O verso 13 quer dizer: “sede escravos um dos outros através do amor sacrificial, o amor que busca o interesse dos outros e não os seus próprios interesses”.

Então, nossa liberdade é uma espécie de escravidão. Somos livres, mas, em certo sentido, nossa liberdade envolve uma escravidão às necessidades dos outros. E a essência da verdadeira liberdade cristã é o paradoxo da liberdade e da escravidão, no qual sou livre para fazer o que é certo, sou livre para servir ao Senhor, mas minha liberdade é limitada pelo fato de não ser livre para fazer qualquer coisa que fere o outro. Minha liberdade é controlada por isso.

Em Romanos 14, Paulo está lidando com um problema muito comum. Ele retrata a situação de um gentio convertido, que antes da conversão havia mergulhado no paganismo, idolatria, sacrifícios aos ídolos, festas, orgias, bebedeiras, consumia carnes oferecida aos ídolos etc. Ele chega à fé em Cristo e sua vida é totalmente transformada. E tudo aquilo que fazia parte de sua vida se torna algo repulsivo. Ele não quer mais tocar essas coisas e nem quer chegar perto daquelas coisas.

Mas, ao se relacionar com um irmão, ele observa que o irmão adquiriu carnes possivelmente sacrificadas a ídolos para um banquete. Aquilo, literalmente, ofende sua consciência. Toda aquela realidade do passado ainda está forte em sua mente.

A mesma situação seria você oferecer a um judeu recém-convertido um alimento considerado imundo na lei. E você vai em frente, não se importando em violar a consciência do irmão, que ainda não é maduro o suficiente para entender que consumir tais alimentos não significa um sacrilégio. Paulo diz:

Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu. Não seja, pois, vituperado o vosso bem. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.
(Romanos 14:15-17,19)

Em outras palavras, coisas que não são necessariamente questões morais, como se você come ou não, ou se come algo comprado no mercado que estava conectado ao templo pagão ou não, ou se você cultua neste dia ou não adora nesse dia, ou se você passa por algum festival judaico ou não. Não entre em polêmica por estas coisas; apenas receba o irmão na fé. No verso 13, Paulo diz: “seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão”. E no verso 21, ele completa:

É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer.

A sociedade mundana não se importa com isso. A perversão é estimulada, mesmo que a prejuízo dos outros. É uma liberdade egocêntrica e egoísta, que diz: “eu farei o que quero, não importa o que você pensa”. É uma liberdade cheia de abusos. E esse comportamento tem sido imitado por muitos na igreja, e tem sido uma tragédia. Se você age assim, destruirá os outros e você mesmo será destruído no processo.

A liberdade cristã não é liberdade para saciar a carne e nem para ferir os outros. E em terceiro lugar, a liberdade cristã não é liberdade para ignorar a lei de Deus. E isso também é incompreendido.

Algumas pessoas pensam que quando a Bíblia diz que estamos livres da lei, significa que não somos mais responsáveis por obedecer aos mandamentos morais de Deus. Um pensamento assim é completamente distante da verdade bíblica. Não há respaldo bíblico em uma ideia como essa.

Você diz: “Bem, o que significa estar livre da lei?” Significa estar livre de tentar obter a salvação através do cumprimento da lei. Significa estar livre de tentar manter o padrão de santidade de Deus sem a capacitação divina.

Veja bem, se você não conhece a Cristo e não possui o Espírito de Deus, você está tentando ganhar sua própria salvação guardando a lei, você está tentando ser santo e justo pelo esforço humano, e isso é uma coisa impossível. Essa luta é uma escravidão que danifica a alma. Quando você vem a Cristo, está livre de ter que ganhar sua salvação através da guarda da lei e está livre de tentar seguir o padrão de Deus por si mesmo. Você entende? Essa é a liberdade, não a liberdade de fazer o errado.

Estar livre da lei não significa que sou livre para fazer o que quiser, quando quiser. Não é isso mesmo. Romanos 6:4 diz que “fomos sepultados com Cristo pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”. O verso 2 diz que “estamos mortos para o pecado”. Os versos 14 a 16 dizem:

14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
15 Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.
16 Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?

Estávamos sob a escravidão da lei, tentando manter a lei e a lei nos deixava uma sentença de morte, pois “o salário do pecado é a morte” (v.23). Quando morremos com Cristo, a penalidade do pecado é consumada, ressurgimos com Cristo para andar em novidade de vida, e agora estamos livres da lei, no sentido de que estamos livres da penalidade da lei. Estamos livres de tentar manter a lei sem sucesso e, portanto, sermos mortos pela lei eternamente. Nós morremos em Cristo para ressuscitar com Ele e andar em novidade de vida.

Isso é o que é liberdade cristã. Liberdade para obedecer ao mandamento moral de Deus, e liberdade da penalidade da lei, pois ela não poderia produzir em nós a capacidade dessa obediência. Quando você coloca sua fé em Cristo, você morre em Cristo, você se eleva em Cristo, sua penalidade foi paga.

Você está livre dessa luta sem fim da conquista humana para tentar agradar a Deus pelo esforço da carne. Não é liberdade para ignorar a lei. Gálatas 5:14 aponta isso: “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. O homem regenerado cumpre a lei pelo poder do Espírito.

Romanos 8 diz que éramos escravos da lei do pecado e da morte, e que era impossível que a lei nos libertasse dessa condição sinistra. A lei era impotente para isso. Os versos 3 e 4 dizem:

Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.

A justiça da lei agora está cumprida em nós. A lei está cumprida. O amor é o cumprimento de toda a lei. Romanos 13: 8-10 diz:

A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.

Se eu amo a Deus verdadeiramente e amo aos outros com amor verdadeiro, então cumprirei toda a lei. A lei é simplesmente uma lista de coisas que serão cumpridas por um coração verdadeiramente amoroso. Então, para o que Deus está nos chamando, é a uma liberdade para guardar a lei moral de Deus, com a capacidade que Ele nos deu através de Cristo, algo que era impossível à temporária lei de Moisés. Gálatas 3:24 diz que “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé”.

Você diz: “Mas como isso pode ser feito? Onde está o poder para isso?” Gálatas 5:16 diz: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”. E assim, a lei se cumprirá em nós, pois Romanos 8:4 diz: “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

Agora ouça, quando você se torna cristão, em vez de ter uma enorme lista de regras a cumprir, você tem uma presença pessoal interna que o leva à retidão. Antes de você ser cristão, as lei estava lá, mas você não tinha capacidade de cumpri-las. Agora que você é cristão, a lei ainda está lá, mas o Espírito de Deus em você te capacita para que você cumpra a lei.

Portanto, a liberdade cristã não é liberdade para ignorar a lei, é liberdade para obedecer à lei. Antes, você não tinha capacidade de fazer isso. Você era escravo do pecado, mas agora você é livre para cumprir a lei de Deus no poder do Espírito Santo.

O que significa andar no Espírito? Caminhar, andar é uma ideia de conduta diária. E como você anda no Espírito? Muito simplesmente, onde o Espírito revela Sua vontade? Onde o Espírito nos dá Sua direção? Na Palavra de Deus. Andar no Espírito não é algo místico ou algum tipo de experiência emocional. Andar no Espírito é andar em obediência à mente e vontade do Espírito de Deus.

E isso significa estar cheio da Palavra de Deus, para que a Palavra de Cristo habite em nós ricamente e que, então, essa palavra se torne o fator de controle usado pelo Espírito de Deus para nos levar à obediência. Não é suficiente tornar-se cristão e, em seguida, permanecer no vácuo do conhecimento, sem nenhuma informação da Palavra de Deus, e esperar que tudo dê certo. Temos que estar cheios da Palavra de Deus diariamente, para que a Palavra de Deus implantada na mente e no coração se torne o veículo de controle pelo qual o Espírito de Deus nos guia, conforme vivemos o dia a dia. E quando estivermos cheios da Palavra de Deus, controlado pelo Espírito de Deus, andarmos em obediência à vontade revelada de Deus, não cumpriremos a concupiscência da carne, mas cumpriremos a lei amando uns ao outros.

Eu desejo muito que nossa nação entendesse os limites da liberdade, que a liberdade não é veículo de onde fluem o egoísmo e egocentrismo. Mas, pior ainda, receio que a igreja, em certa medida, tenha sido vítima dessa mesma mentalidade, e precisamos ser lembrados de que somos livres, mas a liberdade não é meio para saciar a carne, ferir outras pessoas e escarnecer da lei de Deus.

Nossa liberdade é controlada por três agentes: pureza, amor e obediência à Palavra de Deus. São as coisas que nos levam a andar no Espírito e desfrutarmos ao máximo a liberdade que temos em Cristo. Ande no Espírito, ande de acordo com a Palavra de Deus revelada. Quando você mergulha na Palavra de Deus, ela entrará profundamente em seu coração e passará a controlar seu comportamento.

Há pessoas que acham que você pode controlar sua liberdade estabelecendo regras que não podem produzir nada de real. Devemos ensinar nossos filhos a uma vida disciplinada, isso é ótimo. Mas nunca confunda isso com espiritualidade. Algumas pessoas estão arbitrariamente estabelecendo padrões de disciplina como se isso fosse espiritualidade. Essas regras não têm absolutamente nenhuma capacidade de restringir a carne. A única coisa que pode restringir a carne é o Espírito de Deus.

O legalismo não pode restringir a carne. Somente a verdadeira espiritualidade pode fazer isso. E essa é a obra do Espírito. Legalismo sem santidade é hipocrisia impotente. O Espírito de Deus é a questão, andar no Espírito. Isso significa ser controlado pela Palavra de Deus. Vamos desfrutar de nossa liberdade, mas vamos entender seus limites e nos alegrar com a bem-aventurança que vem quando obedecemos. Vamos orar.

Pai nosso, chegamos a esta hora encerrando nosso maravilhoso tempo juntos nesta manhã com corações agradecidos. Nós bendizemos Teu nome pelo privilégio de adorar. Agradeço-Te por esta preciosa congregação, esta igreja amada, esta obra poderosa que o Senhor chamou para este tempo e este lugar na história. E agradeço, Senhor, pelo que Tu nos deste, por nos liderar e nos guiar através da Tua Palavra e do Teu Espírito. Senhor, desejamos desfrutar de nossa liberdade, viver a plenitude de nossa liberdade e, ainda assim, saber que nossa liberdade tem seus limites, para que possa ser desfrutada e mantida. Ajude-nos, Pai, a entender esses limites e procurar cumprir a liberdade ao máximo, andando no Espírito, controlados pela Palavra de Deus, com a Palavra de Cristo habitando em nós ricamente, cumprindo Teu santo propósito para toda vida. Nós Te agradecemos pelo amor de Cristo. Amém.


Este texto é uma síntese do sermão “The True Meaning of Christian Freedom″, de John MacArthur em 07/07/1985.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/80-11/the-true-meaning-of-christian-freedom

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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