O Poder do Reino de Deus

Vamos agora prosseguir nossa trilha do evangelho de Marcos. Como você se lembra, Marcos abre sua narração sobre a história da vida e ministério de Jesus no versículo 1, com uma declaração da verdade de que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Marcos provará a veracidade dessa afirmação no seu Evangelho.

Dizer que alguém é o Filho de Deus é uma afirmação grandiosa, devendo ser respaldada em fatos. Portanto, Marcos começa imediatamente a dar testemunho incontestável do fato de que sua afirmação de Jesus ser o Messias, o Filho de Deus, é verdadeira.

O Antigo Testamento prometeu que viria um precursor que anunciaria a chegada do Messias. Marcos nos apresenta esse precursor, João Batista, citando uma fala de João Batista sobre Jesus, no versículo 7: “Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas.” E assim, Marcos primeiro nos dá um testemunho afirmativo da divindade de Jesus e do fato de que Ele é o Messias, e depois nos fala do precursor do Messias, João Batista.

E então, nos versículos 10 e 11, Marcos nos leva imediatamente ao batismo de Jesus. Ele foi batizado por João, no Jordão, no versículo 9. Imediatamente saindo da água, João viu os céus se abrindo, e o Espírito como uma pomba descendo sobre Jesus, e uma voz saindo dos céus. É a voz de Deus Pai: “Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.”

João Batista, o precursor, o último profeta do Antigo Testamento e o maior profeta que já existiu, identificou Jesus como o Messias, o Salvador, o Filho de Deus. O Espírito Santo identifica Jesus como o Filho de Deus, estabelecendo-se com Ele para capacitá-Lo. O Pai O identifica, afirmando-O como Seu Filho amado.

Jesus, então, dá testemunho de Sua própria autoridade, no capítulo 1 e versículo 17, quando diz a alguns pescadores: “Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens.”. Um demônio dá testemunho de Sua identidade, no versículo 24. Quando Jesus entra em uma sinagoga em Cafarnaum, o demônio que vê Jesus ali fica apavorado, entra em pânico e grita: “Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.”

O testemunho do profeta, João Batista, o testemunho do Espírito Santo, o testemunho do Pai, o testemunho do próprio Cristo sobre Seu poder de resgatar os homens, e o testemunho de um demônio sobre a identidade de Jesus Cristo resumem as evidências e os testemunhos imediatos à afirmação de Marcos de que aquele, conhecido como Jesus, é realmente o Messias, o Filho de Deus.

É bom fazer essas afirmações. Mas Jesus pode respaldá-las? Ele pode demonstrá-las? Tais afirmações podem ser comprovadas? Existem evidências sobre elas? Bem, já vimos no último estudo, versículos 21 a 28, que Jesus dá evidência clara de quem Ele é na sinagoga, expulsando aquele mesmo demônio que O identificou. O versículo 25 diz: “Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele.”

O versículo 26 diz: “Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele.” As pessoas ficaram maravilhadas. Elas disseram, verso 27: “Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!”

Nosso Senhor demonstra Sua autoridade sobre as almas dos homens, dizendo: “eu farei que vos torneis pescadores de homens.” Ou seja, “Eu os levarei a resgatar as almas dos homens.” O Senhor demonstra Seu poder sobre o reino espiritual dos demônios, dando uma ordem a um demônio, que instantaneamente obedece, contra sua própria vontade. Quando você chega ao versículo 28, você já reuniu uma grande quantidade de evidências de todos os diferentes testemunhos acerca da divindade e autoridade do Senhor Jesus Cristo.

Isso nos leva ao versículo 29, onde Marcos nos dá uma amostra de um dia na vida do Senhor, de fato, uma parte do dia, ou mais exatamente, o que resta do dia. Você lembra que o versículo 21 diz que eles entraram em Cafarnaum, foram à sinagoga, porque era o sábado, e Jesus estava ensinando, e foi aí que Ele expulsou o demônio. O verso 29 se refere a esse mesmo dia. Isso teria ocorrido pela manhã. Os cultos em uma sinagoga, no sábado, terminavam ao meio-dia, e assim, contamos a história a partir do versículo 29:

29 Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.
30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela.
31 Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia.
32 Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados;
33 e toda a cidade estava reunida à porta;
34 e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam.
35 De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.
36 Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;
37 quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.
38 Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim.
39 Foi, então, por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.

O poder sobrenatural, a autoridade de Jesus sobre todo o Universo, são exibidos como prova de Sua divindade. É inconfundível. Se Ele é o Salvador do mundo, Ele é capaz de resgatar almas de Satanás, Ele é capaz de resgatar almas do pecado. Se Ele quer levar homens e mulheres ressuscitados às glórias do céu, deve ter poder sobre os efeitos da maldição do pecado sobre o corpo, isto é, Ele deve ter poder sobre os efeitos físicos e espirituais da maldição do pecado. Todos nós entendemos que quando Adão pecou, toda a raça humana caiu. Todos nós fomos amaldiçoados, todos carregamos as marcas dessa maldição, tanto espiritual quanto fisicamente.

O Salvador do mundo precisa nos resgatar dos efeitos da maldição no reino espiritual, assim como no físico. E é por isso que quando Jesus veio, Ele mostrou Seu poder sobre o reino espiritual, expulsando demônios, que são seres espirituais, para que ficasse claro que Ele tem controle sobre os seres espirituais o que, obviamente, incluiria os espíritos de homens que poderiam – pelo Seu poder – ser resgatados do pecado e da condenação.

E Ele curou doenças, dia após dia, para mostrar que tem poder sobre os efeitos físicos da maldição do pecado, e que tem poder para criar corpos adequados – ressuscitados – para os que habitarão o céu. Esta é uma evidência poderosa.

Então, quando passamos pelo ministério de Jesus e Sua vida, sempre O vemos curando doenças e expulsando demônios, para demonstrar Seu poder sobre os reinos físico e espiritual, que foram devastados pela queda e pelo pecado. E assim, em um breve resumo de apenas um dia, inúmeras curas e libertações ocorreram naquele dia, literalmente parte de um dia, desde o meio-dia até o pôr do sol.

Em Marcos 1:29-39 há três elementos importantes. Chamaremos de: uma prova, um poder e uma prioridade. É claro que se Jesus está se declarando como o Messias, o Salvador do mundo, o Cordeiro de Deus, o Filho de Deus, Ele pode provar isso? Ele tem o poder que pertence somente a Deus? Bem, Ele tem, e demonstra esse poder sobre o reino espiritual – demônios – e sobre o reino físico – doenças e morte.

1 – A PROVA DE QUE JESUS É O FILHO DE DEUS:

Ainda é o sábado. A libertação do endemoniado na sinagoga tinha acabado de ocorrer, conforme registrado nos versículos 21 a 28. O culto do sábado terminou. A partir do verso 29, teremos outra prova de que Jesus é o Messias. Versículo 29: “Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.”

Cafarnaum era a maior cidade do lago da Galileia, o centro da indústria pesqueira e o centro das rotas comerciais. O culto terminava por volta do meio dia no sábado. Logo após, Jesus e Seus seguidores, que seriam Simão e André, seu irmão, e Tiago e João, que também eram irmãos, saíram à casa de Simão e André.

Eles eram todos pescadores. Tinham um negócio na área de pesca, que era um ramo enorme naquele local, nada sofisticado, mas o negócio de pesca no lago da Galileia produzia peixe suficiente para ser transportado e exportado para o mundo mediterrâneo, sendo o peixe a fonte básica de proteína animal no mundo antigo.

Então, eles eram empresários. Eles se conheciam bem. Eram dois conjuntos de irmãos. Eles estavam na sinagoga. Eles estavam seguindo Jesus desde que Ele os chamou. E lemos sobre isso nos versículos 16 e seguintes. Eles deixaram suas redes, deixaram seus negócios para se tornarem seguidores de Jesus em tempo integral. E eles estavam lá na sinagoga.

Esta não foi a primeira vez que aqueles homens viram Jesus fazer um milagre. De acordo com Lucas, capítulo 4, Ele já havia feito muitas obras poderosas em Cafarnaum. Ele havia feito muitas obras poderosas no ano anterior na Judeia, no Sul. Eles conheciam o Seu poder. E, assim, convidaram Jesus para almoçar.

A propósito, os donos da casa eram Simão – que mais tarde ficou conhecido como Pedro – e André. Eles eram originalmente de Betsaida, uma cidade na margem norte do lago da Galileia. João 1:44 diz que eles eram de Betsaida, mas que haviam se mudado para Cafarnaum, sem dúvida por causa dos negócios. E então, eles convidaram Jesus para ir à sua casa. Eles seriam frequentadores regulares da sinagoga em qualquer lugar que estivessem, mas certamente, na sinagoga de sua cidade natal, eles estavam lá quando Jesus pregou.

Simão Pedro era casado. Sabemos disso, pois em 1 Coríntios 9:5 lemos que Simão Pedro tinha uma esposa que o acompanhava nas viagens missionárias. E a igreja apoiava que ele levasse sua esposa em viagens missionárias, o que indicaria que se ele tivesse filhos, esses já teriam condições de cuidarem de si mesmos na ausência do casal. A tradição diz que eles tiveram filhos, embora a Bíblia não diga nada sobre isso.

Mas, nesse ponto em particular no início do ministério de Jesus, Pedro ainda vivia em Cafarnaum, e ele tinha uma casa e tanto. Você diz: “Como você sabe que tipo de casa ele tinha?” Como eu estive lá em Israel, visitei o local atribuído como a casa de Pedro. Mas, não sabemos ao certo se é mesmo a casa dele, embora seja provável que sim, ou se apenas tenha sido atribuída a ele.

Escavações foram feitas naquela área, tendo sido descoberta a sinagoga. A um minuto a pé da encosta onde a sinagoga está, você chega à casa de Pedro. Um escritor a descreve como uma casa que faz parte de um grande complexo de ínsula, em que você tem todas as janelas e portas do lado de dentro, em torno de um pátio, e as paredes não têm janelas no lado da rua.

Você entra em uma porta de entrada, e há um grande pátio com apartamentos ao redor, que eram compartilhados por todos os membros da família. É por isso que Pedro poderia morar lá junto com sua esposa, sua sogra, e até André poderia ter morado lá com sua família.

Isso nos diz um pouco sobre o fato de Pedro não ser apenas um simples pescador com uma rede de pescar. Nas escavações desta casa, encontraram vários fornos, o que significa que havia várias cozinhas ali. Eles encontraram moedores para grãos, escadas para os telhados das habitações. O edifício em si foi originalmente construído em pedra de sal negro de base, e tinha um telhado plano de madeira e palha.

O que é realmente interessante é que as investigações arqueológicas descobriram grafites devocionais sagrados escritos em grego nas pedras, bem como em latim, siríaco e aramaico, riscados também em gesso, indicando que era um local de encontro para cristãos, provavelmente uma igreja no final do primeiro século ou no começo do segundo século. As pessoas dessa época, que transformaram aquela casa em lugar de culto, estavam perto do tempo em que Pedro viveu o suficiente para conhecerem pessoas que conheciam Pedro, que sabiam onde Pedro morava.

Bem, a sinagoga, assim, ficava a um minuto de caminhada até a casa de Pedro. E foi para lá que Jesus foi convidado a ir. Eles veem Jesus estando em Cafarnaum nesta ocasião como uma oportunidade para Ele mostrar Seu poder em favor de um membro da família, a sogra de Pedro, que estava doente, com febre. Lucas, sendo médico, acrescenta: febre alta. Ela teve algum tipo de infecção grave, pois é isso que produz febre, certo? O corpo está trabalhando muito duro para combater a infecção.

No mundo antigo, eles não sabiam o que sabemos na medicina moderna. Eles não sabiam sobre vírus e bactérias. As pessoas simplesmente definhavam doentes. Aquela senhora tinha uma infecção grave, produzindo febre alta, o que preocupava muito a filha e o genro Pedro. Então, tratava-se de uma crise familiar. E é claramente a razão pela qual eles convidaram Jesus para almoçar. Veja o versículo 30: “e logo lhe falaram a respeito dela.”

Aqui vemos novamente o sentido de imediatismo de Marcos, quando diz “e logo”. Assim que Jesus chegou à casa, eles pediram a Ele, como nos conta Lucas, no capítulo 4:38, que a curasse: “Ora, levantando-se Jesus, saiu da sinagoga e entrou em casa de Simão; e estando a sogra de Simão enferma com muita febre, rogaram-lhe por ela.” Como eu disse, eles já tinham visto evidências de curas. Veja Lucas 4:23, que diz: “Tudo o que ouvimos teres feito em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.

Bem, Jesus atendeu ao pedido e, o versículo 31 de Marcos 1 nos conta que: “Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou…”. Lucas acrescenta, em 4:39, que: “E ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou…”. Então, ela estava tão febril que estava deitada. Ele estava de pé sobre ela. A febre e a causa da febre desapareceram instantaneamente.

Você se lembra que no versículo 25 Marcos conta que Jesus repreendeu o espírito imundo, o demônio. Aqui Ele está repreendendo a febre. Ele tem total controle soberano sobre o mundo espiritual e total controle soberano sobre o mundo físico. Ele comanda e há resultado instantâneo. Lucas diz que ela se levantou “imediatamente”.

No relato de Marcos, verso 31, “Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia.” Não sei por quanto tempo ela esteve doente, mas esteve doente o suficiente para estar prostrada na cama, deixando todos preocupados em sua casa. Porém, naquele exato momento, a febre a deixou. E diz, no final do versículo 31, “e ela os servia”, “diakoneō”. Ela se levantou e fez o almoço. A infecção se foi. A febre se foi. Os sintomas se foram.

Agora, você sabe, se já teve algum tipo de febre prolongada, que mesmo quando a temperatura começa a diminuir, você se sente fraco, sem energia. Mas, ela não tinha fraqueza, tontura, sudorese ou cansaço. Todos os sintomas se foram. Ela era como se nunca tivesse estado doente. Estava tão bem, que serviu o almoço do sábado. E ela não tinha micro-ondas, não tinha forno a gás, não havia uma loja por perto e ela não tinha um freezer. Ela fez tudo o que você tinha que fazer para alimentar quatro grandes pescadores, Jesus e o resto da família, que teriam estado lá.

Agora, pessoal, este é um momento importante para eu dizer algumas coisas que quero dizer sobre a cura. Estou dizendo isso porque me importo, porque é verdade e é necessário. Sempre houve falsos curadores, que afirmam ser capazes de curar, e que assediam pessoas que sofrem, por dinheiro. Eles são, eu penso, os mais baixos dos mais baixos. Você não pode ser mais baixo do que tentar ficar rico ao prometer uma cura para as pessoas que sofrem, uma cura que você não pode oferecer e uma cura que Deus não prometeu.

Toda vez que ouço Benny Hinn e sua turma dizerem: “Se você me enviar sua semente de fé, você me enviará seu dinheiro, orarei por sua carta e Deus enviará uma cura”, lamento em meu coração. Essas falsas promessas atacam pessoas desesperadas – e o mundo está cheio delas. É, para mim, a mais hedionda possível deturpação acerca de Deus e de Cristo. Para mim, é uma espécie de blasfêmia, porque o efeito final é: eles têm o seu dinheiro, você ainda está doente, e acaba rejeitando a Deus. É horrível!

Olha, desde a queda do homem no Jardim do Éden, a doença tem sido uma realidade terrível, não é? Nos EUA, vivemos em um mundo muito, muito diferente de outras pessoas em nosso planeta, lugares como Índia, Bangladesh e África. Mas, nos tempos antigos, todos viviam como em um país do terceiro mundo. Não havia curas. Não havia capacidade para diagnosticar ou lidar com a doença.

Assim, por milênios, a busca de curas para aliviar doenças e sofrimentos consumiu a humanidade e criou terreno para curadores falsos. As pessoas costumavam viajar pela América, em carroças, vendendo óleo de cobra, certo? Aproveitando-se das pessoas doentes. Seitas prometem cura, porque as pessoas estão desesperadas, totalmente desesperadas.

Posso te dizer uma coisa? Se houvesse um dom de cura nos dias atuais, eu o pediria a Deus. Eu fui ao hospital em outra noite. Um homem que eu conheço há 60 anos estava na UTI com tubos entrando em seu corpo por toda parte. Entrei naquele hospital, vi crianças gravemente doentes. Eu vi todos os tipos de pessoas que estavam sofrendo. Entrei e fiquei ao lado da cama do meu amigo, conversei com ele e orei com ele. Eu teria dado qualquer coisa pelo dom da cura naquele momento.

Eu adoraria poder fazer o que Jesus fez naquele dia com a sogra de Pedro. Eu adoraria entrar em todos os quartos e poder fazer todo mundo levantar curado de seus leitos. A propósito, eu não encontrei nenhum curandeiro lá. Benny Hinn não estava lá…

Estive com os pais de um jovem que luta pela vida em uma enfermaria de terapia intensiva, porque sofreu um acidente de moto. Eu estava impotente para fazer qualquer coisa. Vi pais chorando em um quarto de hospital porque seu filho pequeno está morrendo de leucemia. Eu estive com aquelas pessoas que estão assistindo ao cônjuge morrer de câncer. Eu já estive naqueles lugares em que as pessoas estão em coma e a família está chorando.

Eu estava com um amigo em Houston, que estava indo fazer um transplante de coração. Ele não sobreviveu. Eu estava lá com as pessoas de coração partido. Eu estive lá com as pessoas com deficiência. Conheço muitos deles aqui em nossa própria igreja, que vêm aqui em uma cadeira de rodas, que têm dificuldade para falar, não conseguem andar, precisam ser cuidados.

Eu gostaria de ter esse poder. Eu não tenho esse poder – e ninguém tem. Pense em como seria emocionante, se eu tivesse esse poder ou se alguém tivesse esse poder… Se você pudesse apenas passar pela enfermaria do câncer e curar todo mundo, entrar na clínica da AIDS e curar todo mundo, ir aonde há tuberculosos e pessoas com outras doenças, com tumores, e curar a todos.

Por que os curandeiros não fazem isso? Onde eles estão quando mais se precisa deles? Bem, se todos eles se reunissem, e apenas 20 deles fossem a um hospital, talvez pudessem fazer isso coletivamente. Você nunca verá um deles em um hospital, a menos que estejam visitando seus amigos doentes, ou eles mesmos estejam doentes. Eles precisam ficar na tenda, no prédio ou no estúdio de TV para conseguir fazer seu engodo.

Eles não vão para a África e curam pessoas. Eles não vão para a Índia e Bangladesh. Por quê? Porque eles não podem curar, ninguém pode curar. E ouça o seguinte: mesmo Deus não promete cura a você. O que Ele promete a você é a morte. É designado para os homens uma vez morrerem. Você tem essa promessa de Deus. Você vai morrer. Você não tem promessa de que será curado. Sua fé não tem nada a ver com você estar curado ou não. Você não pode ativar algum tipo de cura apenas acreditando. Esse tipo de pensamento positivo é inútil, e as pessoas estão ficando ricas vendendo essa mentira enganosa.

Eu assisti a um desses falsos mestres outra noite, que disse: “Envie-me mil dólares, e eu conversarei com Deus e sua cura chegará.” O dom da cura foi reivindicado pelo catolicismo romano ao longo dos anos. Eles dizem que têm os ossos de João Batista, os ossos de Pedro, pedaços da cruz de Cristo e um pouco do leite materno de Maria em um frasco, e alegam que se você entrar em contato com isso, poderá ser curado. Olha, as pessoas estão desesperadas por cura. E se você a oferecer, elas soltarão o dinheiro, se você for esperto o suficiente para enganá-las.

Deixe-me contar como Jesus curava. Há seis realidades sobre as curas de Jesus:

Número um: Ele curava com uma palavra ou um toque. Ele repreende a febre, e toca na sogra de Pedro, ela é curada por Sua palavra, seu toque. Esse é um padrão em Suas curas.

Número dois: Ele curava instantaneamente. O servo do centurião, em Mateus 8:13, foi curado na mesma hora. A mulher com o problema de sangramento, em Marcos 5, como veremos, foi curada imediatamente. Jesus curou dez leprosos, em Lucas 17, instantaneamente. Ele tocou o homem com lepra, em Lucas 5, e imediatamente a lepra partiu. Era sempre assim.

Ele curava com uma palavra ou um toque, sem encantamentos, sem fórmulas, uma palavra ou um toque, e a cura se dava instantaneamente. Já ouvi pessoas dizerem: “Fui curado e, desde então, estou melhorando”. O que? Jesus nunca fez nada que levasse as pessoas apenas a começarem a melhorar. Era tudo instantâneo.

Número três: Ele curava totalmente. Em Marcos 1, que acabamos de ler, a sogra de Pedro poderia muito bem estar morrendo de infecção. Jesus vem, repreende a febre e ela passa a agir plenamente, com força total, sem período de recuperação. Ele não disse a ela: “Beba um pouco de mel com água e relaxe por algumas semanas”. Ele não disse: “Reivindique a cura pela fé para garantir que você possa obtê-la!”.

Número quatro: Jesus curava a todos. No relato de Lucas, paralelo a essa passagem, Lucas 4:40, ele nos diz: “E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhes traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava.” Cada um deles. Você não precisava se qualificar para estar no grupo que seria curado.

Você já percebeu que as pessoas com membros faltando no corpo ou as pessoas paralíticas nunca chegam ao grupo que será curado pelos curandeiros gospel na TV? Ou pessoas que não têm olhos em suas órbitas? Mas Jesus curava todo mundo, absolutamente todo mundo.

Marcos nos diz, no versículo 32: “E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados.” E o comentário de Lucas, nessa mesma cena, é que Jesus curou todos eles. E este é apenas um dia no ministério de Jesus. Mas Ele fez isso todos os dias. Ele baniu a doença de Israel.

Número cinco: Jesus curava doenças visíveis, aparentes, notáveis, testemunháveis. Ele não curava dores na região lombar, palpitações cardíacas, dor de cabeça ou outra doença invisível. Ele reverteu paralisia, cegueira, lepra, defeitos físicos, surdez, hemorragia, de forma inegavelmente sobrenatural.

Número seis: Jesus ressuscitou pessoas mortas. Isso não foi mais difícil do que qualquer outra cura, porque em todas as curas Ele exercitou Seu poder criador. Muitas vezes, Ele teve que criar um novo membro, teve que criar saúde onde havia doenças. Tudo era fruto de Seu poder criador.

Ele foi a um funeral em uma cidade chamada Nain. Caminhou até o caixão, e disse: “Jovem, digo-lhe, levante-se!”. E o jovem se levantou e começou a conversar. Ele ressuscitou os mortos. Também não vejo os curandeiros gospel no necrotério… Onde eles estão? Ou não os vejo no cemitério… Eu não os vejo nas filas do funeral tentando aliviar o sofrimento das pessoas, ressuscitando seus mortos.

E, a propósito, Jesus fazia toda essa cura à vista do público, todos os dias em um local diferente. Não em algum tipo de ambiente fixo, em circunstâncias de alto controle, mas em qualquer lugar, a qualquer hora, em qualquer condição, em qualquer circunstância e sempre ao ar livre. Ah, e é bom acrescentar que Seus milagres não exigiam fé. Seria muito difícil para as pessoas mortas terem fé… e praticamente todos que Ele curou eram incrédulos.

Alguns deles chegaram à fé como resultado da cura, como um dos dez leprosos, mas não eram crentes quando Ele os curou. Esse não era o ponto. Dizer a alguém: “Somente se você tem fé, pode ser curado”, não encontra respaldo na Bíblia. Os milagres de Jesus aconteceram por todo o Seu ministério, não em ambientes ou circunstâncias especiais controladas. Em todos os lugares, o tempo todo, todos os dias, como uma rotina de atividades diárias. E Ele curava a todos. Não havia categorias que estavam além do Seu poder.

E assim, Ele curou a sogra de Simão. Bem, os versículos 32 e 33 dizem que isso desencadeou uma reação no povo: “E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados. E toda a cidade se ajuntou à porta.”

Por que eles esperaram até o sol se pôr? Porque eles não podiam carregar nada no sábado. Então, assim que escureceu, assim que o sol se pôs sobre as colinas do oeste da Galileia, eles agarraram todas as pessoas possuídas por demônios que conheciam, todas as pessoas doentes que conheciam e as trouxeram. A cidade inteira se reuniu à porta da casa.

Fim de um longo dia e, talvez, Jesus estivesse querendo descansar, mas no crepúsculo daquela noite de sábado, as pessoas fizeram o que não poderiam ter feito antes, porque eram pessoas que guardavam o sábado. Começaram a trazer para Ele, num fluxo constante, indo e vindo, todos os males, pessoas com várias doenças, e os endemoniados, e toda a cidade, finalmente, acaba na porta da casa de Pedro.

Isso é uma multidão – você pode imaginar olhando para essa multidão? Todos os endemoniados, paralíticos e todas as pessoas doentes estão à porta. A propósito, é importante notar que eles trouxeram todos os que estavam doentes, e o versículo 34 diz: “E curou muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades, e expulsou muitos demônios, porém não deixava falar os demônios, porque o conheciam.”

O texto não quer dizer que Ele não curou todos os doentes. Não diz isso. Simplesmente “muitos” aí está nos dizendo que não eram poucos os doentes e endemoniados. Todos foram curados. Lucas, narrando o mesmo acontecimento, diz que “ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhes traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava.” Curou a todos, sendo que muitos na multidão estavam doentes, e muitos deles tinham demônios. Mas Ele os curou.

Não era um número pequeno. De fato, a palavra “muitos” é bastante consistente como uma espécie de expressão semítica, um hebraísmo que significa “o todo”. Você poderia aplicar isso em outras partes da Escritura, como no Sermão da Montanha, em Mateus 7. Eles queriam ser curados. Então, trouxeram todo mundo.

Devo acrescentar, neste ponto, que eles estavam procurando por cura e não por salvação. Eles não estavam procurando sanar as questões da alma, mas as do corpo. Você está surpreso com isso? Se você oferecesse à nossa geração de pessoas, em nossa sociedade, a perfeição física, saúde física total ou salvação espiritual, nove em cada dez deles iriam querer o quê? A saúde física. Já houve uma geração mais obcecada com saúde do que a nossa? Todos querem a cura. Isso não é novidade.

Existem noventa e nove textos nos Evangelhos sobre cura. Durante o ministério de nosso Senhor, houve uma explosão de cura sem paralelo, que praticamente baniu doenças em Israel. Neste pequeno local na terra, a doença foi banida. Nunca houve na história algo assim.

Você sabe, a alegação dos curandeiros modernos é que Deus sempre operou muitas curas, Ele sempre quis curar, e pessoas de fé sempre foram capazes de reivindicar sua cura. Isso simplesmente não é verdade. A primeira cura na Bíblia está em Gênesis 20, na época de Abraão. Isso foi em 2200 a.C, alguns milhares de anos após a criação. Não há curas antes disso. Há muitas outras coisas, como você bem sabe, nos 19 capítulos iniciais do Gênesis, uma visão abrangente de dois mil anos de história, mas não há curas lá.

Há uma cura em Gênesis 20. Depois disso, de Abraão a Isaías, ou seja, de 2200 a.C. ou 2300 a.C. até 750 a.C. você pode pesquisar todo esse período de 1.500 anos no relato das Escrituras e irá encontrar, talvez, vinte intervenções milagrosas de Deus das quais resultaram uma cura. Ou seja, talvez vinte, entre os milhões e milhões de pessoas que viveram nas centenas e centenas de anos que se passaram.

E então, se você quiser ir de Isaías – 750 a.C. – para Cristo, não há curas nas Escrituras. Nenhuma. Mas, durante esse período, doenças e enfermidades estavam por toda parte. Todo mundo estava morrendo. Por isso, quando Jesus fazia um milagre, os judeus ficavam chocados.

Veja Marcos 2:12. Jesus havia acabado de curar um homem paralítico, o homem se levantou, pegou sua esteira – sua cama portátil – e desapareceu da vista de todos, de modo que todos ficaram maravilhados, glorificando a Deus, dizendo: “Nunca vimos nada assim!”. Em Mateus 9:33, em um dos milagres de Jesus, os judeus disseram: “Nunca tal se viu em Israel.”

Portanto, a ideia de que a explosão de cura que ocorreu em torno do ministério de Jesus Cristo é algum tipo de procedimento operacional padrão de Deus entre Seu povo, simplesmente não é verdadeira. Jesus tinha o poder de curar e o poder de expulsar demônios, e delegou esse poder aos grupos: os setenta, que O representavam, os doze e Paulo. Por quê? Porque eles estavam sendo enviados para pregar o evangelho.

Como alguém saberia se o que eles estavam pregando era a verdade? Pois havia muitos outros pregando. A capacidade de demonstrar poder sobre doenças, e poder sobre forças demoníacas, era para referendar que a mensagem de Jesus Cristo é a mensagem daquele que tem poder sobre os efeitos físicos e espirituais da maldição do pecado. Era uma autenticação sobrenatural sobre os pregadores.

A propósito, se Deus desse o dom da cura hoje, Ele não o daria a pessoas com teologia muito, muito ruim. Ele autenticaria essa pregação? Você acha que Deus está autenticando a teologia de Benny Hinn, que escreveu um livro que diz que há nove membros da Trindade, e que cada membro é ele próprio uma trindade? Não, Deus não autentica a teologia ruim, dando capacidade de operar milagres às pessoas que defendem a heresia.

As únicas pessoas que já fizeram milagres foram as que receberam esse poder diretamente de Jesus – os setenta e os doze, e Paulo – para que sua mensagem pudesse ser autenticada. Mas esse dom desapareceu muito rapidamente, porque uma vez que o Novo Testamento começou a ser escrito, então qualquer verdadeiro pregador poderia ser avaliado no sentido de se ele estaria ou não de acordo com as Escrituras.

Nota: John MacArthur não está afirmando que Deus deixou de operar curas e milagres, ele apenas diz que homens especialmente dotados com dons de cura e milagres foram reservados por Deus para momentos importantes de revelação divina, especificamente nos tempos de Moisés e Josué, Elias e Eliseu e Cristo e os apóstolos. A finalidade desses dons no contexto da igreja foi referendar a mensagem dos primeiros pregadores. Após a Escritura ter sido completada, esses dons cessaram, pois perderam a função.

Hoje, ninguém precisa fazer sinais para provar que é um verdadeiro profeta. Posso avaliar isso através da fidelidade que a pessoa tem para com as Escrituras. Mas, antes de o Novo Testamento ser escrito, esses eram sinais de autenticação. À medida que as Escrituras são escritas, à medida que a mensagem do evangelho se torna clara e conhecida, o dom de cura começa a desaparecer.

Você entra no Novo Testamento, no livro de Atos, nas epístolas de Paulo, as epístolas gerais e, de repente, adivinhem: Paulo está doente. Trófimo está doente, e Paulo o deixa doente. Timóteo está doente. Epafrodito está doente. Não há menção de cura nas epístolas pastorais finais, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. Não há menção, você sabe, a ter um ministério de cura. Não há promessa de cura para o futuro.

A explosão de cura não era para fornecer saúde; mas para autenticar o verdadeiro evangelho e o verdadeiro Messias, mostrar Seu poder sobre doenças e demônios, mostrar Seu poder sobre o mundo físico e espiritual, mostrar que Ele tinha o poder de vencer o pecado e Satanás, de resgatar almas, e mostrar que Ele tinha o poder de nos ressuscitar, num corpo perfeito e glorificado.

No relato de Mateus sobre esse mesmo milagre da cura da sogra de Pedro, há uma declaração no final que vale a pena notar. Mateus, capítulo 8, diz que Jesus entrou na casa de Pedro, viu sua sogra deitada na cama com febre, tocou sua mão, a febre a deixou. Ela se levantou e foi servi-los. E quando a tarde chegou, trouxeram a Ele muitos que eram possuídos por demônios, Ele expulsou os espíritos com uma palavra e curou todos os que estavam doentes. Novamente, era com um toque ou uma palavra, e eles foram totalmente curados.

E então, este comentário final, versículo 17, “Isto foi para cumprir o que foi falado por meio de Isaías, o profeta.” E o que foi dito por meio do profeta Isaías? Isaías 53:4: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si...”. O profeta disse que o Messias teria o poder de pôr fim a nossas doenças, nossas enfermidades. Ele curará todas as nossas doenças? Sim, no futuro. Mas Ele provou que é capaz de fazer isso no futuro, fazendo-o quando esteve aqui.

A propósito, volte ao texto de Marcos, no versículo 34, que diz que Jesus expulsou os demônios. Gostaria de ter esse poder, porque assim eu iria a todo culto falso e expulsaria todos os demônios que agem através dos falsos mestres, pois esses pregam doutrinas de demônios, de acordo com 1º Timóteo 4.

Todos os deuses das nações são demônios, diz o Antigo Testamento. Você consegue imaginar isso? Por trás dos falsos cultos, há demônios. No versículo 34, Jesus “porém não deixava falar os demônios, porque o conheciam.” Jesus não queria nenhuma publicidade vinda dos demônios. O que eu quero dizer com isso? Veja, a forma mais perigosa de religião é a que afirma Cristo, mas ensina mentiras.

Eu me encontrei, algumas vezes, com os líderes da igreja Mórmon, alguns anos atrás. E eu lhes disse: “Por que vocês estão aqui para se encontrar comigo?” A resposta: “Porque nós realmente apreciamos o que você escreve.” Eu disse: “Como assim?” Eles disseram: “Bem, seu livro, O Evangelho Segundo Jesus, nós o usamos…”. “O que? ” Eu tenho que voltar e escrever isso de novo…[risos].

Eu continuei: “Do que vocês estão falando?”. Eles disseram, “bem, gostamos do fato de que você ama a Cristo e honra a Cristo.” E eles me convidaram para fazer uma palestra em sua faculdade. E eu disse: “Não”. Eu não preciso do respaldo de uma religião demoníaca que pensa representar Cristo. Lembre-se de Atos 16. Temos a garota possuída por demônios seguindo Paulo, e dizendo: “Oh, ele fala por Deus”. Mas Paulo não aceitou a publicidade feita por demônios, e os expulsou da jovem.

Não, se eu tivesse o poder de expulsar demônios – e algumas pessoas pensam que o têm – eu não estaria tentando livrar pessoas do “demônio do gotejamento pós-nasal” ou do “demônio da ansiedade” ou outros assim. Eu atacaria o centro do sistema falso de Satanás, toda representação falsa de Jesus Cristo, e eu diria: “Fora! Todos vocês!” Eu não tenho essa autoridade, então, tenho que passar minha vida lutando com eles de outra maneira, escrevendo livros, pregando sermões e confrontando todas as pessoas que falsamente representam Jesus Cristo.

Nem gastaria muito tempo atacando os demônios que agem no budismo, no islamismo e em outras falsas religiões como essas, porque elas não invocam o nome de Jesus Cristo. Não há sutileza lá. Mas, quanto ao sistema de falso cristianismo, que incorpora o nome de Jesus Cristo, mas o deturpa totalmente, isso está além da tolerância para mim e eu quero silenciá-lo.

Fui contactado pelo History Channel para ser contratado como comentarista sobre a religião cristã para o canal Eu disse: “De jeito nenhum!” Ora, quando você liga o History Channel e ouve algo sobre Jesus Cristo, os Evangelhos, a Bíblia, Deus, pode ter certeza de que é um monte de mentiras. Eu não vou me jogar lá com um sorriso bobo no rosto e dar credibilidade a tudo o que tem o nome de cristianismo. Não. Se eu tivesse o poder de expulsar demônios, eu poderia consertar esse canal…

Se eu tivesse o poder de expulsar demônios, também poderia consertar o National Geographic Channel e expulsar todos os demônios da evolução. Jesus não quer publicidade de pessoas que dizem coisas boas sobre Ele e, ao mesmo tempo, sugam as pessoas para o reino das trevas.

Nota: John MacArthur está se referindo a uma capacitação específica que Jesus concedeu aos apóstolos e aos 70, pela qual esses podiam ordenar a libertação de um endemoniado. Teve o mesmo papel dos dons de operação de milagres e curas, como já mencionamos acima, para referendar a mensagem pregada pelos primeiros enviados de Cristo. Após essa fase, diante de alguém possuído por forças demoníacas podemos orar a Deus por sua libertação e lhe pregar o evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo o que crer.

2 – A FONTE DO PODER DE JESUS:

Veja o verso 35, de Marcos 1: “E, levantando-se de manhã, muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava.” O dia de intensa atividade de Jesus, demonstrando seu poder sobre as doenças e sobre o reino das trevas, tinha acabado. É a manhã seguinte. Gente, é simples assim: a fonte de Seu poder estava na oração.

A prova de que Ele era, de fato, o Messias estava nos milagres. Mas a fonte de Seu poder estava na oração. Por quê? Porque Ele estava sujeito à vontade do Pai e ao poder do Espírito, e assim foi perante o Pai buscar Sua vontade e o poder do Espírito de Deus. Comunhão crítica e dependência de Seu Pai.

O texto diz que antes mesmo de o sol nascer, Ele se levantou, o que indica que estava dormindo. E isso nos mostra a humanidade Dele. Ele vai para um lugar isolado. A palavra usada aqui é “erēmos”. É traduzida como região selvagem quatro vezes neste capítulo. Aqui está traduzido como um lugar isolado, longe das pessoas. Ele foi orar, porque era totalmente dependente da vontade do Pai, totalmente dependente do poder do Espírito.

Lembre-se, eu disse que o Espírito veio sobre Ele porque o Espírito intermediou Sua divindade e Sua humanidade. Três vezes Marcos nos diz que Ele foi a esse tipo de lugar isolado para orar – Marcos 1, 6 e 14. Mas, não só nessas ocasiões Ele orava, pois o fazia o tempo todo.

Você olha para os quatro Evangelhos, Ele orou antes do Seu batismo, antes de chamar os doze, antes de alimentar a multidão, Ele orou na transfiguração. Ele orou antes de ensinar aos discípulos como orar. Ele orou antes de ressuscitar Lázaro. Ele orou na última noite com Seus discípulos no cenáculo. Ele ainda orou no Getsêmani, e até orou pendurado na cruz.

Por quê? Porque Ele estava sujeito à vontade do Pai e ao poder intermediário do Espírito Santo, e Ele se colocou sempre sob o poder do Pai, sob a vontade do Pai e sob o poder do Espírito. Ele orou para que todas as coisas que estavam na vontade de Deus fossem cumpridas. Você pode ler como Ele orou em João 17, pois há um modelo de Suas orações bem ali. A comunhão com Deus era crucial para Ele. Lembre-se que Jesus tinha deixado de lado Suas prerrogativas como o Filho de Deus.

É isso que Filipenses 2 quer dizer quando afirma que Ele se esvaziou. Jesus não renunciou a Sua divindade, mas apenas renunciou o livre exercício dela, e Se submeteu ao Pai e ao Espírito como parte de Sua humilhação. Por isso, Ele disse: “Eu faço apenas o que o Pai Me diz para fazer, o que o Pai Me mostra. Eu só faço o que vejo o Pai fazer. Eu só faço o que agrada ao Pai. Eu ajo no poder do Espírito. E, se você diz que eu faço isso pelo poder de Satanás – como em Mateus 12 – blasfema contra o Espírito Santo.” Maravilhosa dependência da vontade de Deus e do poder do Espírito! Essa dependência é manifestada em Sua vida de oração.

3 – A PRIORIDADE DO MINISTÉRIO DE JESUS:

A prioridade de Sua missão é: pregar. Veja o versículo 36. Simão e seus companheiros procuraram por Ele. Eles acordam, pela manhã, e: “onde Jesus está?” Eles procuram por Ele. O verso 37 diz: “E, achando-o, lhe disseram: Todos te buscam.” Bem, no dia anterior eles tinham trazido todos os doentes e todos os endemoniados, você sabe, e agora eles estão de volta.

Para que eles voltaram? Oh, talvez tivessem reunido mais doentes, talvez com doenças menos graves, você sabe, um dedo ferido, um machucado aqui, o que restou a ser atendido… Ou talvez eles tenham se distanciado mais de Cafarnaum e reunido mais pessoas e voltaram, lembrando João 6, onde Jesus alimentou os cinco mil à tarde, e eles estavam de volta ao outro lado do lago pela manhã, clamando por um café da manhã grátis. Eles voltaram.

Lucas 4:42 diz, sobre o mesmo acontecimento: “E, sendo já dia, saiu, e foi para um lugar deserto; e a multidão o procurava, e chegou junto dele; e o detinham, para que não se ausentasse deles.” Em outras palavras: “Você precisa voltar. Ei, é isso que esperávamos! Você é popular, você entende isso? Este é o seu momento. Uau, é isso! Você precisa capitalizar isso. Todos estão de volta, vamos lá!”

A resposta de Jesus, no versículo 38, de Marcos 1, foi: “Vamos às aldeias vizinhas, para que eu ali também pregue; porque para isso vim.”. Eu gosto disso! A missão de Jesus não era sobre todo mundo recebendo sua pequena cura, mas sobre provar quem Ele é, indo a outros locais para dar demonstração de Seu poder, com a finalidade de pregar, pois, como Ele deixa claro, “para isso vim”.

Se você perguntar por que Jesus veio, a resposta é: Ele veio para ser um pregador. “O Filho do homem veio buscar e salvar os perdidos.” “Eu não vim chamar os justos, mas pecadores ao arrependimento”, Marcos 2:17. Aqui, Ele diz: “Eu vim para pregar”. Como Ele chama pecadores ao arrependimento? Como Ele busca e salva os perdidos? Pregando. Foi para isso que Ele veio, para pregar. Lembra quando Ele foi à sinagoga de Nazaré, pouco antes deste evento? Ele entrou na sinagoga e abriu Isaías 61: “O Senhor me ungiu para pregar o evangelho”.

“Deus tinha um Filho, e Ele era um pregador.” Por isso Ele veio pregar. Os milagres apenas verificaram a autoridade e a veracidade de Sua mensagem, mas não havia salvação nos milagres, a salvação estava em crer na pregação.

E assim, no versículo 39, Jesus não voltou a Cafarnaum: “E pregava nas sinagogas deles, por toda a Galileia, e expulsava os demônios.” Nesse versículo, Marcos resume semanas, senão meses, de Jesus fazendo exatamente o que havia feito em Cafarnaum, pregando e expulsando demônios. É tudo sobre pregação, pessoal.

Eu não posso curar. Não consigo expulsar demônios. Mas eu posso pregar. Você não pode curar e não pode expulsar demônios, mas pode pregar. Pregar é diferente de ensinar? O conteúdo é o mesmo. Mas, pregar é mais elevado. É uma proclamação, tem uma natureza de comando e não didática, como acontece com o ato de ensinar.

E assim, Jesus foi embora. Isso é muito importante. Ouça Romanos 10:13-15:

13 Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
15 E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas.

Jesus era um pregador, porque a fé vem por ouvir a Palavra. Assim, durante semanas, até meses, Ele foi de cidade em cidade, vila em vila, pregando e provando a veracidade de Sua mensagem por milagrosas libertações de demônios e curas. O Salvador não apenas atestava quem Ele é, mas proclamava a salvação pela fé em Seu nome.

E assim, Marcos reúne essas três realidades que veremos representadas em todo o ministério de nosso Senhor: um ministério de prova de quem Ele é, um ministério de oração e um ministério de pregação. Vamos orar.

Pai, obrigado novamente por este excelente texto e por sua natureza fascinante e convincente. Somos muito abençoados por conhecermos a verdade. Proteja o nome de Cristo de todos os charlatães, falsificações, enganos e fraudes que tiram proveito as lutas, dores, sofrimentos, medo das pessoas, com falsas promessas que o Senhor nunca fez. Silencie-os e levante aqueles que são os verdadeiros pregadores. Faça-os ouvir a Tua verdadeira Palavra, o verdadeiro evangelho.

Senhor, sabemos que não temos uma promessa de cura nesta vida, mas temos uma promessa de cura na vida futura. E essa vida é apenas um vapor, aparecendo por um pouco de tempo e desaparecendo. O evangelho cristão não é que Jesus nos quer saudáveis, mas é que Jesus nos quer no céu, onde não há doença, tristeza, morte ou lágrimas. Há cura na expiação? Absolutamente. Cura eterna.

Pai, oramos por aqueles que possam estar aqui hoje e que não conhecem a Cristo, que ainda não vieram a Ele em arrependimento e fé. O Senhor faria esse milagre em suas vidas agora? O Senhor os libertaria do poder de Satanás e do poder do pecado? Abriria o coração deles para entenderem o evangelho, a beleza de Cristo, o perdão do pecado que está disponível simplesmente pela fé? Conceda-lhes a fé para alcançar, arrepender-se, confessar seus pecados e abraçar Jesus como Senhor. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.


Este texto é uma síntese do sermão “Kingdom Power”, de John MacArthur em 26/04/2009.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-6/kingdom-power

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

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