A Torre de Babel (1)

O capítulo onze do Gênesis é uma das partes mais conhecidas do livro do Gênesis: A Torre de Babel.

O livro de Gênesis é o livro das origens; é o livro dos começos. Isso é realmente o que “gênesis” significa. É uma revelação incrível de Deus, escrita pela pena de Moisés. E nesse livro, em particular nos primeiros 11 capítulos, temos uma revelação crítica da origem de todas as coisas que constituem uma visão de mundo completa. Descreve o universo em sua origem:

  • A origem do tempo, da ação, do espaço, da matéria. Essa é a origem do sistema solar, da atmosfera, da hidrosfera.
  • A origem de toda a vida, da humanidade, do casamento e da família.
  • A origem do pecado, da culpa, da redenção e do perdão.
  • A origem da cultura, da civilização, da pecuária, da metalurgia, da poesia, da música.
  • A origem das nações, das línguas.

E tudo isso vai até o capítulo onze, de forma que a partir do capítulo doze relata a origem do povo eleito, por meio do qual viria a Palavra de Deus e o Salvador do mundo. Do capítulo 12 em diante, por todo o Antigo Testamento, o foco está em Israel, o povo escolhido de Deus. Tudo acontece dentro, através e ao redor dessa nação.

  • Chegamos ao Novo Testamento. Israel, tendo falhado em cumprir sua responsabilidade para com Deus, de ser a testemunha para o mundo, é temporariamente posto de lado.
  • E no lugar de Israel, Deus estabelece um novo povo escolhido, composto de judeus e gentios, chamado de igreja. E tudo o que acontece no Novo Testamento, então, começa a enfocar dentro, através e ao redor da igreja.

Portanto, a partir do capítulo 12 de Gênesis, está a obra redentora de Deus no mundo, por meio de Israel e da igreja. Mas antes de chegar ao capítulo 12, você tem a origem essencialmente de tudo o mais. Isso prepara o terreno para a obra de redenção.

Os primeiros nove versículos de Gênesis 11 são obviamente breves, pois está compactado. Nestes nove versos, vamos descobrir que temos aqui o único registro verdadeiro da origem das nações e das línguas. As nações e as diferentes línguas passaram a existir essencialmente por um único ato de Deus.

Temos plena consciência de que o mundo em que vivemos acredita na teoria da evolução. Para o mundo, tudo surgiu de um processo lento de evolução. Em oposição a esse engano, a Bíblia ensina que o Universo foi criado por Deus em um período de seis dias. Nações e línguas foram estabelecidas por um ato divino.

Temos a história do homem desde Adão e Eva, o primeiro homem, a primeira mulher, Noé e o Dilúvio. Deus destruiu toda a população do mundo, exceto Noé, sua esposa, seus três filhos e suas três esposas, o que significa que depois que o a Terra foi totalmente inundada, do que decorreu a mudança completa de sua topografia e ambiente, dessas oito pessoas veio o resto dos seres humanos.

O dilúvio está registrado do capítulo 6 ao 9. No capítulo 10, começamos a aprender sobre as famílias que vieram dos três filhos de Noé. No capítulo 11, a partir do versículo 10, vemos a linha que levou a Abrão, que se torna a figura-chave no capítulo 12, porque por meio dele Deus criou o povo judeu, a nação de Israel.

A Bíblia é o único registro preciso de tudo isso. O único registro preciso da Criação e do Dilúvio. Existem mitos sobre o Dilúvio espalhados em diversas culturas, porque todas as pessoas do mundo possuem alguma conexão com os sobreviventes do Dilúvio. E assim, abundam os mitos do Dilúvio, como vimos no nosso estudo do capítulo 10. Mas, o único registro preciso da Criação, de Adão a Noé, e de Noé a Abraão, está contido nas Escrituras. Esta é a palavra exata de Deus.

Não é um relato histórico extenso. É breve e seletivo, mas é verdadeiro e suficiente para dar sentido ao fluxo geral e aos eventos monumentais que pontuaram a vida do homem primitivo, de Adão a Abraão. Já vimos que uma cronologia cuidadosa do livro de Gênesis indica que o homem foi criado entre 6.000 e 7.000 anos atrás. Se você seguir as genealogias cuidadosamente elaboradas e divinamente inspiradas de Gênesis 10 e 11, isso está comprovado.

Então, Noé e sua família saem da arca no capítulo 9, e eles começam a se reproduzir. O Capítulo 10 narra o desenvolvimento das famílias. Noé teve três filhos, e desses filhos vieram vários filhos e netos e depois famílias, clãs, povos e nações.

Vimos no capítulo 10, a linhagem de Jafé, de Cão e a de Sem até as nações da Terra. E como eu disse, quando chegarmos ao capítulo 11, versículos 10 e seguintes, vamos nos concentrar na linhagem de Sem, que vai direto para Abrão, porque Abrão foi o homem escolhido de Deus a quem foi dada a aliança que resultou em todo o plano de redenção.

Agora, os primeiros nove versículos do capítulo 11 são cruciais, porque nos dão o evento que iniciou a dispersão. Quando eles saíram da arca, eram um grupo de oito pessoas. E eles começaram a se reproduzir e multiplicar. Mas, eles ainda estavam juntos como uma família.

E a questão é: O que os espalhou por toda parte? O que os fez, literalmente, espalharem-se pela face da Terra? Que catalisador causou isso? E a resposta está aqui no capítulo 11, nos primeiros nove versículos.

Gênesis 11
1 E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
2 E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
3 E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume, por cal.
4 E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5 Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6 e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7 Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
8 Assim, o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9 Por isso, se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.

Esta é uma explicação muito simples e direta de como as nações e as línguas se desenvolveram. Deus fez isso em um único ato. É, de certa forma, uma tragédia profunda, pois a humanidade foi separada, fragmentada e espalhada já tendo se rebelado contra Deus. E é mais provável que a Torre de Babel tenha acontecido não mais do que cem anos após o Dilúvio. Podemos identificar a época pela através de uma determinada criança que nasceu.

Gênesis 10
25 E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra; e o nome do seu irmão foi Joctã.

Podemos seguir a genealogia e saber que Pelegue nasceu cerca de cem anos após o Dilúvio. Então, não é muito tempo. Em cem anos, o mundo existente se afastou de Deus. Em cem anos, a população ainda era uma tribo, uma língua, uma nação, uma família, mas desesperadamente já mergulhada na rebelião e no pecado.

E assim, eles precisam de julgamento. E esse julgamento veio através da dispersão. No Dilúvio, foi o julgamento pela destruição. Em Babel, é julgamento por dispersão. E, francamente, o mundo na época de Babel não era diferente do mundo na época do Dilúvio.

Deus teria todos os motivos para afogar toda esta civilização, com exceção de alguns poucos que eram fiéis a Ele, mas Ele não fez isso. Deus prometeu que não destruiria os pecadores dessa forma novamente. Esta seria uma era de graça, paciência e tolerância.

E assim, ao invés de um julgamento de destruição, como no Dilúvio, este é um julgamento por dispersão. Ele os espalha por toda a Terra e muda sua linguagem. E como eu disse, o homem desse tempo não era melhor do que nos dias de Noé, mas a graça comum prevaleceu, e Deus foi paciente com o homem no que diz respeito à destruição do mundo.

Mas eles já haviam virado as costas para Deus. Eles já haviam trilhado o caminho de Romanos 1, e este é um ato de julgamento, bem como um ato, em alguns aspectos, de proteção, como veremos em breve.

  • Quando eles foram espalhados, os filhos de Jafé foram para uma certa área e se dividiram em vários grupos de pessoas. Os filhos de Cam foram para outras áreas e se dividiram em grupos de pessoas, e os filhos de Sem fizeram o mesmo.
  • Vimos que os filhos de Jafé são indicados nos versos 2 a 5 do capítulo 10. Eles se tornaram as nações indo-europeias da Europa Ocidental, e, através do Estreito de Bering migrarsm para a América do Norte e América do Sul. Os filhos de Jafé possuíram a maior parte do território do planeta, mas perderam suas almas.
  • Os filhos de Cam, que foram mencionados em 10: 6 a 20, habitaram a África, Ásia, Extremo Oriente, e alguns deles permaneceram na área ao redor de Canaã.
  • Os filhos de Sem, estabelecidos ao norte e ao leste de Canaã, incluíam o povo semita. E é desse grupo de pessoas – os filhos de Sem – que Abrão veio, e de Abrão vieram os judeus e a nação de Israel. Eles eram o povo a quem Deus deu a lei dos profetas, as alianças, as promessas, as adoções, as Escrituras e o Messias.

Não que Deus os tivesse escolhido simplesmente para serem os destinatários de tudo isso, mas sim os escolheu para serem os proclamadores de toda essa verdade para o resto do mundo. Eles foram escolhidos como uma nação missionária. E o bisneto de Sem, Eber, como observei, deu o nome hebraico a esse povo escolhido – hebreus.

Agora, veremos, a partir do capítulo 10, sobre a dispersão. O capítulo 11, versículos 1 a 9, contam-nos como isso aconteceu. O capítulo 10 termina com as famílias dos filhos de Noé, de acordo com suas genealogias, por suas nações, e todos eles foram separados na Terra após o Dilúvio. O capítulo termina e diz que todos foram dispersos. O Capítulo 11 começa e explica exatamente como isso ocorreu. Essa é uma maneira muito típica em que Gênesis fsz o registro divino da história.

A estrutura do texto é muito simples. É uma estrutura de reversão.

  • Nos versículos 1 a 4, o homem está construindo o que deseja.
  • Versículo 5, Deus intervém;
  • E versículos 6 a 8, Deus destrói o que o homem edificou.
  • É apenas a estrutura de reversão. Os versículos 1 a 4, a ação do homem. Os versículos 5 a 8, a ação de Deus. E essa é uma maneira simples de entender o texto. O versículo 9 é uma síntese feita por Moisés.

A ação do homem é indicada no versículo 3 com esta declaração: “façamos…”. Disseram isto uns aos outros. Eles repetem no versículo 4. Essa era uma espécie de declaração indicando que eles iam lançar sua grande e ambiciosa rebelião. A ação de Deus é descrita no versículo 7, mesmas palavras, só que no sentido de desfazer tudo que eles planejavam. Então, temos a ação do homem nos versículos 1 a 4, a ação de Deus nos versículos 5 a 8.

O contraste neste breve texto é entre o que o homem deseja alcançar, direcionado para a glória própria, que é a autorrealização , e o que Deus faz para mostrar a impotência e o vazio do homem diante Dele. É o homem no seu melhor e mais nobre performance, tentando realizar seu maior ato anti-Deus. E Deus intervém e desfaz tudo. A atitude das pessoas em Babel é essencialmente a mesma que a atitude de Adão e Eva no jardim. É uma atitude de rebelião, de querer viver longe de Deus, movidas pela ambição e orgulho pessoal.

E, curiosamente, os locais são os mesmos. Sinar, a planície em que construíram Babel, ficava muito perto da localização do jardim do Éden. Ambos estavam no vale da Mesopotâmia, o vale do baixo Eufrates, entre o rio Tigre e o rio Eufrates. Então, aquele homem é duas vezes expulso daquele que era o lugar mais bonito do planeta. Antes eram apenas Adão e Eva expulsos do Éden. Agora é toda a população do mundo expulsa da Planície de Sinar.

Depois que o Dilúvio cessou, a arca pousou em nas montanhas de Ararat, ao extremo norte do vale da Mesopotâmia. Mas, eles migraram para o sul, para aquela área fértil. Eles deixaram a área de Ararat e foram um pouco a sudeste, para o vale do Eufrates, onde queriam se estabelecer. Isso é o que indica o versículo 2: “partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinar e habitaram ali.”

Deus instruiu o líder da família, Noé, no capítulo 9, versículo 1: “Seja fecundo e multiplique-se e encha a Terra”. Foi uma reiteração do que Ele disse a Adão. A ordem de Deus era para que as pessoas ocupassem o planeta, encontrando todas as coisas maravilhosas que Deus preparou para o homem. Mas o homem entrou em rebeldia desafiadora.

O versículo 1 diz: “E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.” Isso não é redundante, porque esses dois não são sinônimos. A “mesma fala” significa vocabulário. Eles não apenas tinham a mesma língua, mas falavam com o mesmo vocabulário.

Eu conheço a língua inglesa, é obviamente a minha linguagem. Posso dizer coisas na Inglaterra, na África do Sul, na Austrália, na Nova Zelândia, em Hong Kong, em Cingapura, na Índia e em outros lugares onde se fala inglês, que eles não entendem claramente porque, embora tenhamos um idioma comum, temos variações no vocabulário.

Mas, neste caso, era o mesmo idioma e o mesmo vocabulário. Todos falavam o mesmo, obviamente, porque falavam a língua falada por Noé e sua família. Não havia barreiras para a comunicação. Sem barreiras para a unidade. O hebraico literal aqui é que eles tinham um lábio e um conjunto de palavras.

Como veremos na última metade do capítulo 11, o evento com relação a Babel ocorreu cerca de cem anos após o Dilúvio. Cerca de 1.656 anos após a Criação. Isso se dá cerca de 1.756 anos após a Criação, marcada pelo nascimento de Pelegue, logo após o Dilúvio.

Eles ainda estavam falando a mesma língua. As línguas não haviam se desenvolvido; eles eram apenas um povo, todos descendentes de Noé, unidos em torno de uma forma de linguagem e de um vocabulário. Todos eles tinham a mesma história e a mesma liberdade de comunicação. Nada parecido com o mundo em que vivemos, onde todos têm uma história diferente, cada nação tem uma história diferente para contar e as pessoas falam muitas línguas diferentes.

Mas havia um lado gravemente mortal e sombrio nessa unidade. Por serem pecaminosos, rebeldes, orgulhosos e ímpios, eles formavam uma unidade do mal concentrada contra Deus. A humanidade essencialmente liderada pelo mesmo homem, carece dos freios e contrapesos contra o mal, que ajudam a preservar o homem em um mundo pecaminoso. O pecado tinha uma frente unida, uma força unida.

Em Gênesis 11:6, Deus reconhece isso. Ele diz: “Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer”. Parte da liberdade de que desfrutamos hoje se deve ao fato de que houve alguém que impediu tiranos de governar o mundo. Mas se houver um povo, um mundo e um líder, ninguém poderá detê-lo. O sistema de freios e contrapesos no mundo é parte da graça comum que Deus deu para conter o mal.

A unidade mundial é uma maldição. Um governante mundial seria um desastre. Um povo apenas aumenta a força unificada e intrépida do mal. E Deus sabe disso, e Satanás também. Satanás está movendo este mundo de volta para um mundo sem fronteiras, com uma só religião e um governante que é identificado na Bíblia como o Anticristo. E um dia esse reino maligno, operado por demônios, colocará o mundo inteiro sob o poder unilateral, ilimitado e mau.

A explicação dos sociólogos e antropólogos contemporâneos é que o homem é basicamente bom, e que quando o homem faz algo realmente ruim, é porque ele sofreu uma lavagem cerebral. E que essa é a única explicação para o holocausto nazista na Segunda Guerra mundial. Eles dizem que o povo alemão sofreu uma lavagem cerebral tão severa, que o levou a massacrar os judeus. O povo alemão foi apenas vítima, dizem eles. Essa tem sido a resposta padrão da Sociologia e Antropologia evolucionista que acreditam que o homem está em ascensão e melhorando.

Registros históricos da Segunda Guerra relatam massacres de judeus na Polônia por seus próprios vizinhos, sem participação de soldados nazistas. Como isso foi possível? Os sociólogos argumentam que os alemães simplesmente lhes deram permissão. Mas eles não fizeram isso por questões raciais, fizeram porque queriam as fazendas dos judeus, seus implementos agrícolas, móveis, dinheiro, joias e tudo mais que possuíam. Esse é o coração do homem. Nenhuma lavagem cerebral é necessária.

Tudo o que seria necessário para criar um mundo no qual as pessoas massacrassem umas às outras é ter um governo que dissesse: “Você pode fazer isso”. Apenas solte-os. Esse fato na Polônia é um testemunho da miséria do coração humano. Isso é exatamente o que se repetirá em toda a face da Terra durante o reinado do Anticristo. Tudo o que ele tem a dizer é: “Você pode fazer isso”.

Quando os pecadores se concentram sob um único poder em um lugar, a maldade abunda. Onde ocorre a maior quantidade de crimes e maldades do mundo, no campo ou nas cidades? Nas cidades. E quanto maior a cidade, pior é.

Em Babel, Deus sabia o que estava sendo potencializado ali. A maldade do homem se abundaria a tal ponto que não haveria maneira de preservá-lo da autodestruição. A Palavra define precisamente a situação do homem.

Romanos 3
12 Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14 Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 E não conheceram o caminho da paz.
18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.

Deus sabia que a pecaminosidade do povo pós-dilúvio era igual à pecaminosidade do povo pré-dilúvio. E então, Deus espalhou essas pessoas por toda parte, confundindo sua linguagem. As pessoas que podiam se comunicar umas com as outras se agruparam e se separaram das pessoas com quem não podiam se comunicar. Eles nem mesmo entenderam o que estava acontecendo ali, pois até então só havia um idioma e um conjunto de palavras.

E, a propósito, pesquisas indicam que milhares de línguas humanas caminham para a extinção. Metade da população mundial fala essencialmente 15 idiomas. E 90% por cento do mundo fala 100 idiomas. Das 6.800 línguas, apenas 600 estão sendo ensinados para crianças. O resto não sobreviverá, porque não há outra geração para falar. O mundo está ansioso para aprender inglês. É possível que o inglês será o idioma de escolha no reino do Anticristo.

Gênesis 11:2 diz: “E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali”. Essa é a chave. Isso é exatamente o que Deus disse a eles para não fazerem. Eles disseram: “Este é o lugar para construir nossa civilização mundial. Não vamos espalhar como Deus disse. Vamos ficar juntos e teremos mais poder aqui”. Rebelião desafiadora.

Agora, não sabemos quantas pessoas eram. Suponho que você pudesse fazer algum tipo de cálculo, tal como: a partir de oito pessoas, quantas pessoas poderiam ter nascido dentro de um século? Mas certamente não seria um grande número, seriam alguns milhares de pessoas. E eles decidiram que não iriam a lugar nenhum. “Queremos ficar juntos. Gostamos de estar juntos. Não queremos enfraquecer nosso poder dividindo o talento, os recursos, as pessoas”.

Havia um líder. Em Gênesis 10:8 diz que Cuche, o filho de Cam, se tornou pai de um homem chamado Ninrode, cujo nome significa rebelde. Ele se tornou poderoso na Terra. O verso 9 diz que ele era um caçador poderoso.

A palavra traduzida como caçador significa um guerreiro. Isso não significa que ele caçava animais, mas que era um matador de pessoas. Ele era bisneto de Noé. Ele liderou a rebelião aberta contra Deus. Ele alcançou a posição de líder pela maldade e tirania. Ele era um assassino. O texto bíblico diz que Deus reconheceu sua incrível demonstração de força rebelde.

Nos versos 8-12 de Gênesis 10, Cuche é retratado como tendo um grande reino centrado em Babel, a capital do império que ele estava construindo no vale da Mesopotâmia. Ele constrói um reino do mal, um reino de rebelião, idolatria e orgulho, muito parecido com o posterior rei da Babilônia com o nome de Nabucodonosor. Daniel 1:3 diz que Nabucodonosor levou Israel cativo para a terra de Sinar. Babilônia é apenas uma versão posterior de Babel, império mundial estabelecido por Ninrode, na mesma área onde o jardim do Éden foi criado por Deus.

O empreendimento humano passa a ser o tema. Gênesis 11:3 diz: “E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume, por cal”. Eles são engenhosos. Isso é resultado da capacidade que Deus deu somente ao ser humano. O homem pecador, orgulhoso e rebelde usa sua engenhosidade para fortalecer sua maldade. E no verso 4, eles disseram:

Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

Aqui estava o plano de três fases: uma cidade, uma torre e um nome.

1. Em primeiro lugar, eles disseram: “Vamos construir uma cidade”.

Esse é o seu objetivo social. A torre tinha a ver com seu objetivo religioso, e o nome tinha a ver com seu objetivo psicológico. “Vamos construir uma cidade para nós mesmos” – não para Deus, não para a glória de Deus, não para a honra de Deus, mas para nós mesmos. Essa é a primeira cidade depois do Dilúvio. A cidade pelo homem, do homem, para o homem, sem Deus.

Isso também leva meu pensamento imediatamente ao quarto capítulo de Daniel, onde Nabucodonosor olha para a Babilônia. Ele está caminhando no telhado de seu palácio real na Babilônia – Daniel 4:30 – “Não é esta a grande babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?”.

É a mesma coisa: “Vamos construir uma cidade para nós mesmos e teremos um povo e um governante.” E eles estão fazendo isso por motivos malignos, contra Deus. O poder do mal é maior quando ele está concentrado. O poder do mal é maior quando ele está livre e irrestrito e não há freios e contrapesos. Basta reunir um grupo de pessoas em um lugar e o mal abunda.

Aparentemente, eles tinham habilidades de construção civil. Eles queriam construir uma cidade onde pudessem viver juntos para sua própria realização e satisfação.

2. Em segundo lugar, eles queriam construir uma torre.

Esta é realmente a parte mais curiosa disso. Qual era objetivo com essa torre? No verso 4 de Gênesis 11 eles disseram: “uma torre cujo cume toque nos céus”. Era sua suposta conexão com deuses, o que indica que eles já haviam começado a adorar falsos deuses.

Não é surpreendente. Satanás se disfarça de anjo de luz, e seus ministros se disfarçam de anjos de luz. A religião falsa é assunto dele. Não demorou muito para que ele desenvolvesse neles uma falsa religião para tomar o lugar da adoração do Deus vivo e verdadeiro. E eles conectaram essa falsa religião aos céus.

Esse tipo de torre se tornou muito comum na religião mesopotâmica. Eram os “zigurates”, uma forma do templo comum para os babilônios. Supostamente, uma escada pela qual os deuses podiam descer e subir e fazer conexão com os homens. Podia ser feita de tijolos e argamassa, geralmente era retangular ou quadrada na base, e havia um templo ali.

Ninrode, que rejeitou o Deus verdadeiro, sabia que o povo precisava da religião. E então, ele inventou algum tipo de religião associada a um zigurate. E na base havia uma área de templo para adoração de falsos deuses.

As culturas suméria e babilônica falam de um antigo povo unido com uma língua. Portanto, o verdadeiro relato aqui é transmitido através da tradição desses povos. Na verdade, na Babilônia posterior, cada cidade importante tinha um zigurate, uma torre semelhante – mesmo na Babilônia de Nabucodonosor – e foi introduzida por Ninrode em Babel. Ele sabia que as pessoas precisavam de religião. Elas precisavam preencher o vácuo, ao rejeitarem o Deus verdadeiro. E então, ele inventou essa religião falsa, obviamente auxiliado e estimulado por Satanás.

A Bíblia rastreia todas as religiões falsas até a Babilônia (Apocalipse 17, 18). Eles rejeitaram o Deus verdadeiro. Eles desenvolveram a crença em falsos deuses. Cultos de mistérios da Babilônia desenvolveram-se a partir disso e se espalharam por todo o mundo.

E quando Deus os espalhou, isso não resultou num avivamento espiritual. Eles pegaram pedaços daquela falsa religião e a espalharam por toda a Terra. E é por isso que as Escrituras indicam em Apocalipse 17: 5 que todas as religiões falsas do mundo encontram seu caminho de volta a Babel. Até mesmo a forma de religião que caracteriza o Anticristo no final dos tempos, Apocalipse 18, é chamada de Babilônia.

Os deuses de Roma, da Grécia, Índia, Egito, o panteão original dos babilônios, todos procedem de Babel. Um historiador diz: “O próprio Ninrode foi aparentemente deificado como o deus principal Marduque (ou Merodaque) da Babilônia posterior.”

3. O terceiro elemento era psicológico: eles queriam “fazer para nós um nome”.

Isso indica seu orgulho, sua obstinação, sua revolta tenebrosa. Eles não queriam fazer um nome para Deus; eles deram as costas a Ele. Essa é sua grande ambição.

E, como veremos na próxima vez, Deus intervém. Vamos orar.

Bem, Senhor, agradecemos por nos dar a revelação para que possamos entender as coisas como realmente aconteceram e como realmente são. Obrigado pela atenção maravilhosa e fiel de Teu povo à Tua verdade, e que eles sejam grandemente recompensados por sua vontade de aprender. E que eles sejam abençoados ao Te adorar e louvar como o Deus verdadeiro e vivo, tragicamente rejeitado por tantos ao longo de toda a história, mesmo por aqueles que tiveram um testemunho familiar em primeira mão sobre o Dilúvio. Quão inimaginável é que aqueles que sobreviveram ao Dilúvio ainda estivessem vivos na Torre de Babel, e ainda assim seu testemunho do julgamento divino deve ter caído em ouvidos surdos, mesmo em sua própria família. Quão mal é o homem, quão vicioso, quão perverso, quão exaltante, e ainda hoje dizendo: “Venha, vamos construir nossas cidades de maldade, construir nossas religiões falsas, construir nossa auto-estima psicológica”, como nos dias de antigamente, ter tudo revertido em um ato vindouro de julgamento divino.

Pai, que possamos levar a mensagem, a verdade a todos ao nosso redor, para que outros possam vir até mesmo nessas águas do batismo e testificar de Teu poder salvador e Tua libertação, oramos em nome de Cristo, amém.


Sermões desta série

Clique aqui e leia sermões traduzidos de John MacArthur sobre Gênesis.


Este texto é uma síntese do sermão “Judgment of the Rebellion at Babel, Part 1″, de John MacArthur em 26/08/2001.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/90-267/judgment-of-the-rebellion-at-babel-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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